Agência esperava que Levy conseguiria entregar um
ajuste fiscal mais robusto
Por Infomoney
O temor
do governo se concretizou: o Brasil teve a sua perspectiva de rating reduzida
de neutra para negativa pela Standard & Poor's, mantendo a nota do País em
"BBB-", no limite do grau de investimento. E, com a decisão, a
agência de classificação de risco sinaliza que o Brasil poderá a ter grau
especulativo em breve. "O Brasil deve perder o grau de investimento entre
o final deste ano e o primeiro semestre de 2016", avalia Daniel Weeks, o
economista-chefe da Garde Asset. Conforme o analista, o corte na perspectiva
pela agência já era esperado e, agora, fica a expectativa pelo rebaixamento do
rating pela Moody's a um degrau do grau especulativo e equiparando-se à
S&P.
Existem
alguns fatores que devem ser olhados para saber as causas pelas quais a agência
revisou a sua classificação de risco. Segundo Weeks, a equipe da S&P percebeu
que a capacidade do Brasil crescer ficou bem comprometida e que a recessão deve
ser ainda mais longa. Além disso, se esperava que o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy (foto), conseguiria entregar um ajuste fiscal de maior qualidade e
mais robusto.
Com as revisões das metas de superávit primário na semana passada, passando de
1,13% do PIB para 0,15% do PIB, tanto por conta do cenário político deteriorado
quanto pelos gastos engessados (somado a uma carga tributária já bastante
alta), o cenário se evidenciou ainda mais complicado. "Havia uma certa
crença nos superpoderes do Levy", recorda Weeks. Contudo, não é isso que
aconteceu, avalia o economista, destacando ainda que o poder do ministro ficou
mais enfraquecido depois da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff
deu aval para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que defendia a
redução da meta e um ajuste mais suave. O economista ainda ressalta que isso
representa uma mudança bastante significativa ao comparar com os discursos do
início do ano do titular da Fazenda, de "tirar o band-aid de uma vez
só", ou seja, de fazer um ajuste mais rápido.
Luz no
fim do túnel?
"Dado
que tudo isso foi por água abaixo, ainda não dá para falar que temos uma luz no
fim do túnel", alega o economista, avaliando que o cenário de deterioração
da confiança dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. As incertezas são
grandes, avalia, e os riscos de curto prazo aumentaram. Além disso, há outras
questões: qual é o novo modelo de crescimento brasileiro? Sem as reformas
necessárias, profundas, o cenário que se aponta é de piora.
Desta
forma, o economista da Garde e o economista da Quest Investimentos, André
Muller, ressaltam que um dos maiores riscos apontados é o político. Por isso, é
necessário que sejam feitas rediscussões no Congresso sobre o ajuste fiscal. Um
dos pontos ressaltados pela S&P, aponta Muller, é o cenário de aumento do risco
político. "[A manutenção do grau de investimento] está bastante
atrelada ao cenário político e à sustentabilidade fiscal, com o Congresso tendo
de aprovar medidas para a realização do ajuste fiscal". Já para Weeks, é
difícil que o Brasil consiga manter o selo de bom pagador.
E, com um
cenário ainda mais hostil no âmbito político, como fazer para que o Congresso
passe as medidas de ajuste? Cabe lembrar que, em evento realizado pelo LIDE na
última segunda-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), viu uma possibilidade nula do governo cumprir a meta de superávit e
ainda fez críticas contundentes ao Palácio do Planalto sobre a tramitação das
medidas de ajuste e a articulação política, o que mostra o grau de animosidade
entre os poderes Legislativo e o Executivo para a aprovação das medidas.
Para
Weeks, a presidente Dilma fazer uma mea-culpa e tentar se aproximar de outros
segmentos políticos não culpando mais fatores externos para a forte queda da
economia, pode ser um ponto positivo para a aproximação e conciliação em buscas
de reformas mais profundas.
Efeitos
de curto prazo
No curto
prazo, a conclusão que se tira é de que, mais uma vez, sobrará para o Banco
Central, através da política monetária, tentando assim equilibrar a política
fiscal malsucedida até agora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve
elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano, na reunião de
quarta-feira (29).
"O
Brasil está apenas a um degrau acima do grau de investimento. Perdendo a nota,
muitos fundos lá fora não poderão mais investir aqui e venderão participações,
o que trará uma pressão negativa para a Bolsa", explica Ricardo Kim,
analista da XP Investimentos. No entanto, ele acredita que há muitas incertezas
no cenário ainda antes que se possa falar com certeza que o Brasil vá cair para
o grau especulativo, mesmo que os Credit Default Swaps [contrato no qual o
comprador faz um ou vários pagamentos ao vendedor e, em troca, recebe um
pagamento do vendedor se o instrumento de crédito não for honrado]
brasileiros já precifiquem isso.
- See more at:
http://www.amanha.com.br/posts/view/831#sthash.sbIcgDF8.dpuf
S&P altera perspectiva do Brasil: o que esperar agora?
Agência esperava que Levy conseguiria entregar um ajuste fiscal mais robusto
O temor do governo se concretizou: o Brasil teve a sua
perspectiva de rating reduzida de neutra para negativa pela Standard
& Poor's, mantendo a nota do País em "BBB-", no limite do grau de
investimento. E, com a decisão, a agência de classificação de risco
sinaliza que o Brasil poderá a ter grau especulativo em breve. "O Brasil
deve perder o grau de investimento entre o final deste ano e o primeiro
semestre de 2016", avalia Daniel Weeks, o economista-chefe da Garde
Asset. Conforme o analista, o corte na perspectiva pela agência já era
esperado e, agora, fica a expectativa pelo rebaixamento do rating pela
Moody's a um degrau do grau especulativo e equiparando-se à S&P.
Existem alguns fatores que devem ser olhados para saber as causas pelas quais a agência revisou a sua classificação de risco. Segundo Weeks, a equipe da S&P percebeu que a capacidade do Brasil crescer ficou bem comprometida e que a recessão deve ser ainda mais longa. Além disso, se esperava que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), conseguiria entregar um ajuste fiscal de maior qualidade e mais robusto.
Com as revisões das metas de superávit primário na semana passada, passando de 1,13% do PIB para 0,15% do PIB, tanto por conta do cenário político deteriorado quanto pelos gastos engessados (somado a uma carga tributária já bastante alta), o cenário se evidenciou ainda mais complicado. "Havia uma certa crença nos superpoderes do Levy", recorda Weeks. Contudo, não é isso que aconteceu, avalia o economista, destacando ainda que o poder do ministro ficou mais enfraquecido depois da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff deu aval para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que defendia a redução da meta e um ajuste mais suave. O economista ainda ressalta que isso representa uma mudança bastante significativa ao comparar com os discursos do início do ano do titular da Fazenda, de "tirar o band-aid de uma vez só", ou seja, de fazer um ajuste mais rápido.
Luz no fim do túnel?"Dado que tudo isso foi por água abaixo, ainda não dá para falar que temos uma luz no fim do túnel", alega o economista, avaliando que o cenário de deterioração da confiança dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. As incertezas são grandes, avalia, e os riscos de curto prazo aumentaram. Além disso, há outras questões: qual é o novo modelo de crescimento brasileiro? Sem as reformas necessárias, profundas, o cenário que se aponta é de piora.
Desta forma, o economista da Garde e o economista da Quest Investimentos, André Muller, ressaltam que um dos maiores riscos apontados é o político. Por isso, é necessário que sejam feitas rediscussões no Congresso sobre o ajuste fiscal. Um dos pontos ressaltados pela S&P, aponta Muller, é o cenário de aumento do risco político. "[A manutenção do grau de investimento] está bastante atrelada ao cenário político e à sustentabilidade fiscal, com o Congresso tendo de aprovar medidas para a realização do ajuste fiscal". Já para Weeks, é difícil que o Brasil consiga manter o selo de bom pagador.
E, com um cenário ainda mais hostil no âmbito político, como fazer para que o Congresso passe as medidas de ajuste? Cabe lembrar que, em evento realizado pelo LIDE na última segunda-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viu uma possibilidade nula do governo cumprir a meta de superávit e ainda fez críticas contundentes ao Palácio do Planalto sobre a tramitação das medidas de ajuste e a articulação política, o que mostra o grau de animosidade entre os poderes Legislativo e o Executivo para a aprovação das medidas.
Para Weeks, a presidente Dilma fazer uma mea-culpa e tentar se aproximar de outros segmentos políticos não culpando mais fatores externos para a forte queda da economia, pode ser um ponto positivo para a aproximação e conciliação em buscas de reformas mais profundas.
Efeitos de curto prazoNo curto prazo, a conclusão que se tira é de que, mais uma vez, sobrará para o Banco Central, através da política monetária, tentando assim equilibrar a política fiscal malsucedida até agora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano, na reunião de quarta-feira (29).
"O Brasil está apenas a um degrau acima do grau de investimento. Perdendo a nota, muitos fundos lá fora não poderão mais investir aqui e venderão participações, o que trará uma pressão negativa para a Bolsa", explica Ricardo Kim, analista da XP Investimentos. No entanto, ele acredita que há muitas incertezas no cenário ainda antes que se possa falar com certeza que o Brasil vá cair para o grau especulativo, mesmo que os Credit Default Swaps [contrato no qual o comprador faz um ou vários pagamentos ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento do vendedor se o instrumento de crédito não for honrado] brasileiros já precifiquem isso.
- See more at: http://www.amanha.com.br/posts/view/831#sthash.sbIcgDF8.dpufExistem alguns fatores que devem ser olhados para saber as causas pelas quais a agência revisou a sua classificação de risco. Segundo Weeks, a equipe da S&P percebeu que a capacidade do Brasil crescer ficou bem comprometida e que a recessão deve ser ainda mais longa. Além disso, se esperava que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), conseguiria entregar um ajuste fiscal de maior qualidade e mais robusto.
Com as revisões das metas de superávit primário na semana passada, passando de 1,13% do PIB para 0,15% do PIB, tanto por conta do cenário político deteriorado quanto pelos gastos engessados (somado a uma carga tributária já bastante alta), o cenário se evidenciou ainda mais complicado. "Havia uma certa crença nos superpoderes do Levy", recorda Weeks. Contudo, não é isso que aconteceu, avalia o economista, destacando ainda que o poder do ministro ficou mais enfraquecido depois da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff deu aval para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que defendia a redução da meta e um ajuste mais suave. O economista ainda ressalta que isso representa uma mudança bastante significativa ao comparar com os discursos do início do ano do titular da Fazenda, de "tirar o band-aid de uma vez só", ou seja, de fazer um ajuste mais rápido.
Luz no fim do túnel?"Dado que tudo isso foi por água abaixo, ainda não dá para falar que temos uma luz no fim do túnel", alega o economista, avaliando que o cenário de deterioração da confiança dos agentes econômicos pode piorar ainda mais. As incertezas são grandes, avalia, e os riscos de curto prazo aumentaram. Além disso, há outras questões: qual é o novo modelo de crescimento brasileiro? Sem as reformas necessárias, profundas, o cenário que se aponta é de piora.
Desta forma, o economista da Garde e o economista da Quest Investimentos, André Muller, ressaltam que um dos maiores riscos apontados é o político. Por isso, é necessário que sejam feitas rediscussões no Congresso sobre o ajuste fiscal. Um dos pontos ressaltados pela S&P, aponta Muller, é o cenário de aumento do risco político. "[A manutenção do grau de investimento] está bastante atrelada ao cenário político e à sustentabilidade fiscal, com o Congresso tendo de aprovar medidas para a realização do ajuste fiscal". Já para Weeks, é difícil que o Brasil consiga manter o selo de bom pagador.
E, com um cenário ainda mais hostil no âmbito político, como fazer para que o Congresso passe as medidas de ajuste? Cabe lembrar que, em evento realizado pelo LIDE na última segunda-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viu uma possibilidade nula do governo cumprir a meta de superávit e ainda fez críticas contundentes ao Palácio do Planalto sobre a tramitação das medidas de ajuste e a articulação política, o que mostra o grau de animosidade entre os poderes Legislativo e o Executivo para a aprovação das medidas.
Para Weeks, a presidente Dilma fazer uma mea-culpa e tentar se aproximar de outros segmentos políticos não culpando mais fatores externos para a forte queda da economia, pode ser um ponto positivo para a aproximação e conciliação em buscas de reformas mais profundas.
Efeitos de curto prazoNo curto prazo, a conclusão que se tira é de que, mais uma vez, sobrará para o Banco Central, através da política monetária, tentando assim equilibrar a política fiscal malsucedida até agora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano, na reunião de quarta-feira (29).
"O Brasil está apenas a um degrau acima do grau de investimento. Perdendo a nota, muitos fundos lá fora não poderão mais investir aqui e venderão participações, o que trará uma pressão negativa para a Bolsa", explica Ricardo Kim, analista da XP Investimentos. No entanto, ele acredita que há muitas incertezas no cenário ainda antes que se possa falar com certeza que o Brasil vá cair para o grau especulativo, mesmo que os Credit Default Swaps [contrato no qual o comprador faz um ou vários pagamentos ao vendedor e, em troca, recebe um pagamento do vendedor se o instrumento de crédito não for honrado] brasileiros já precifiquem isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário