Em cinco anos no país, a fabricante de equipamentos de áudio do Sul quadruplicou de tamanho
São cinco anos, mas poderiam ser cinco
décadas. A Harman
ainda é uma criança no mercado brasileiro, mas suas conquistas são de
gente
grande. Desde 2010, quando entrou no Brasil através da aquisição
da gaúcha Sellenium, a fabricante de equipamentos e soluções de áudio
quadruplicou de tamanho e faturamento, abriu duas novas fábricas e foi a
fornecedora principal de sistemas de som para os estádios da Copa do
Mundo e do
Fifa FunFest. Os R$ 400 milhões de receita ainda representam pouco
dentro do
universo de US$ 5,9 bilhões da Harman global (presente nas Américas,
Europa e
Ásia), mas a unidade brasileira quer mostrar que pode ser uma das
protagonistas
do futuro da companhia.
Quando chegou ao Brasil, a Harman estava de olho numa
economia emergente e que abrigaria grandes eventos esportivos, como a Copa do
Mundo e a Olimpíada de 2016. O ritmo brasileiro impulsionou os investimentos da
Harman no país, que construiu duas fábricas em Manaus para a produção de
centrais multimídias para automóveis, amplificadores e home theaters, e ampliou
a unidade de autofalantes de Nova Santa Rita (RS), herdada da Sellenium. A
companhia abriu ainda um escritório técnico e comercial em São Paulo, onde está
localizado o centro de competência para a tecnologia de áudio automotivo
pós-venda. Animada com os bons ventos da economia em seus primeiros anos de
Brasil, a Harman chegou a trabalhar com a meta de chegar a R$ 1 bilhão de
faturamento em 2017.
À medida que o cenário macroeconômico foi nublando, a meta,
obviamente, acabou abandonada. Ainda assim, a Harman do Brasil prevê um
crescimento de 15% no faturamento neste ano (no ano fiscal que vai de julho a
junho) – bem acima do que estipula a administração central para todas as suas unidades, que é crescer quatros vezes o
PIB do país no qual está localizada. Para garantir este incremento, a Harman está de olho na
Olimpíada que será realizada no Brasil ano que vem. A companhia quer fazer
valer a experiência da marca em jogos olímpicos anteriores para garantir sua
vaga na edição brasileira. Por enquanto, ela já está presente como fornecedora
de soluções de áudio e de comunicação interna do centro de treinamento oficial
de Fortaleza. O impacto de um grande evento não é pequeno no balanço: a Copa do
Mundo de 2014, por exemplo, alavancou em 20% o faturamento da empresa no país.
Outro arma da Harman para se manter em alta frequência no
mercado brasileiro é a diversificação do portfólio de produtos e soluções, o
que possibilita pulverizar seus públicos-alvo. Novidade, garante Rodrigo
Kniest, diretor presidente da Harman no Brasil, é o que não falta. Afinal,
praticamente todas as operações que são agregadas pela unidade internacional
ganham uma representação em terras tupiniquins. No ano passado, a multinacional
comprou a AMX, empresa de automação e vídeo, e, neste ano, a Symphony Teleca,
desenvolvedora de softwares. “Já lançamos a AMX aqui. Agora estou montando o
plano para trazer os serviços Symphony para cá. E isso acontece todo ano,
sempre tem uma tecnologia ou empresa nova”, comemora Kniest. Graças a essas aquisições, a Harman passou, a partir deste
ano, a atuar no Brasil também como provedora de tecnologia e conectividade,
oferecendo serviços de análise de dados e mobilidade.
A nova divisão de
trabalho se une às duas linhas já existentes no país: a lifestyle e a profissional
– que, até o momento, respondiam
praticamente pelo mesmo percentual do faturamento. A primeira é dedicada ao
consumidor final e contém no portfólio rádios para carros, fones de ouvido e caixas de som domésticas. A
segunda é direcionada a shows e eventos e conta com amplificadores, caixas de
som e mesas de mixagem. Mesmo que o consumidor brasileiro demonstre estar menos
confiante e mais comedido nos gastos, Kniest não está preocupado com uma
possível queda nas vendas. “Nós estamos com uma rentabilidade mais saudável na lifestyle,
por incrível que pareça.
O brasileiro é muito hedonista, gosta de se dar
presente”, analisa. Por isso também, a crise de produção no setor automotivo
brasileiro não é tão temida pela Harman. A maior parte dos produtos para automóveis
é comercializada após a aquisição do veículo. A empresa começou recentemente,
com a construção de uma das fábricas em Manaus, a produção de equipamentos a
serem vendidos diretamente para a montadora. “O mercado OEM [direcionada às montadoras] ainda não é tão grande para nós, então não nos
afeta tanto”, admite Kniest. A apreensão de Kniest está no arrefecimento dos
investimentos em eventos e instalações de som profissionais.
“É um mercado que
continua bom, mas não está crescendo como antes. E, no momento em que uma
empresa, uma prefeitura ou uma universidade posterga um investimento, aí saio
perdendo”, comenta. Um sinal de que os próximos cinco anos vão exigir ainda
mais fôlego e energia da companhia, pois a
vida da Harman no Brasil está só começando.
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