iStockphoto
Sistemas de automação na área da saúde: hospitais e laboratórios mais eficientes
Assim como aconteceu com a indústria, nos últimos 30 anos, a área médica
foi beneficiada com o avanço da automação. Se no chão de fábrica os
processos automatizados geram maior eficiência, nos hospitais e
laboratórios a maior vantagem é garantir procedimentos menos invasivos e
mais assertivos. Ganham os médicos, que podem ter mais controle, e os
pacientes, que se recuperam rapidamente e com mais conforto.
Um exemplo desse movimento é a utilização de tecnologia robótica nas
salas de cirurgia. Especialidades como urologia, ginecologia e
cardiologia têm aproveitado o potencial dos robôs para procedimentos
médicos. Com a ajuda das máquinas, as operações provocam menos
sangramentos e suturas menores – o que diminui a probabilidade de
complicações no pós-operatório. O uso dessa tecnologia também vem se
disseminando em cirurgias do tórax, do aparelho digestivo e de cabeça e
pescoço.
No Brasil, os maiores centros de referência para procedimentos
robotizados estão na capital paulista. São realizadas, em média, 1 200
cirurgias robóticas ao ano, segundo estimativa da Sociedade Brasileira
de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil).
Antes de começar a operar com robôs, os médicos passam por treinamentos.
De maneira geral, eles precisam cumprir 40 horas de prática em um
simulador. Depois, participam de pelo menos cinco cirurgias como
observadores e de outras 20 na companhia de profissional já treinado.
“Numa cirurgia, os médicos ficam no comando de um console. Por meio
dele, movimentam os braços do robô, que conseguem fazer movimentos de
rotação completa”, diz Carlos Eduardo Domene, presidente da Sobracil.
“Isso é essencial para operações em regiões de difícil acesso, como o
diafragma e a saída do esôfago.”
A robotização é apenas uma das tendências para o futuro do atendimento
médico. Aos poucos, a indústria tem descoberto novas maneiras de fazer
com que o atendimento seja cada vez mais automatizado. Conheça outras
três grandes tendências que dão uma ideia de como serão os hospitais e
laboratórios do futuro.
1_Salas híbridas
A adoção da cirurgia robótica levou à criação de outro tipo de espaço em
hospitais brasileiros: as salas híbridas. Elas unem centro cirúrgico e
sala para procedimentos não cirúrgicos, com equipamentos de imagem de
alta definição. A ideia é que esses espaços sejam usados antes, durante e
depois das cirurgias. Assim, um paciente não precisa deixar a sala
durante um procedimento para fazer exames, como uma tomografia ou
ressonância.
Os aparelhos de tomografia e raio X em 3D podem ajudar a visualizar
tumores e problemas cardiovasculares. As imagens ainda podem ser
sobrepostas para dar mais precisão à cirurgia em casos complexos. O
médico pode visualizar as imagens em múltiplos monitores e recorrer a
softwares que o ajudam a ser mais exato no manuseio.
Em alguns casos, as salas híbridas permitem procedimentos
multidisciplinares, em que até três especialistas trabalham em
conjunto.
No Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, as salas híbridas possuem
tecnologias que aliam alta qualidade de imagem e dose de radiação até
75% menor. No Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, elas contam com
câmeras e sistemas de transmissão de imagens para fins educacionais e de
telemedicina. As intervenções são gravadas em 3D e podem ser
transmitidas para qualquer lugar do mundo.
2_Ressonância de alta potência
A ressonância magnética começou a tomar a forma atual na década de 1970.
Mas, nos últimos anos, o avanço dos sistemas permitiu que as imagens
ficassem cada vez mais nítidas, o que gera benefícios para o diagnóstico
precoce.
Recentemente, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
adquiriu um equipamento que exemplifica o atual momento. Trata-se de um
aparelho de ressonância magnética cuja potência é de 7 teslas.
Para se ter uma ideia, até o início da década passada prevaleciam as
máquinas com potência de 1,5 tesla. Mesmo os equipamentos mais avançados
do mercado atual não ultrapassam 3 teslas – o que já as torna capazes
de detectar nódulos de 0,8 centímetros.
O aparelho instalado no campus da USP consegue mostrar nódulos com menos
de 0,5 centímetros – o que aumenta a possibilidade de detecção precoce
de um tumor, por exemplo. Há, no mundo, apenas 40 máquinas com essa
capacidade.
Atualmente, o equipamento é utilizado apenas em pesquisas. Além do uso
em testes de câncer, o aparelho também permite aplicações em
neurociência, proporcionando melhores condições de estudo de doenças
degenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
3_Laboratório hi-tech
No dia a dia de um laboratório, o trabalho é complexo. Além dos exames, o
manuseio dos resultados demanda extrema organização e segurança para
que nada saia errado.
Por isso, a automação laboratorial vem se tornando uma realidade,
principalmente em grandes laboratórios. Ela permite que atividades de
registro – geralmente responsáveis por 50% do tempo produtivo de uma
instituição do tipo, segundo o Conselho Federal de Química – sejam
feitas com velocidade. Assim, podem ser otimizadas rotinas como o
registro de informações de rastreabilidade e elaboração de resultados e
de relatórios. O transporte e o armazenamento também podem se beneficiar
de soluções automatizadas.
No Hospital da Santa Casa de Porto Alegre, o laboratório de análises
clínicas processa automaticamente quase todas as informações referentes
aos procedimentos realizados. Antes de a automação ser implantada, eram
realizados 2,2 milhões de testes ao ano. Com o novo sistema, ativo desde
2013, esse número passou para quase 3,1 milhões.
O sistema automatizado permite que as amostras dos pacientes cheguem por
tubos pneumáticos, em um percurso que demora menos de um minuto após a
coleta. Recebidas, as amostras passam por triagem automática e, então,
são levadas por um robô a uma esteira de 32 metros que contém 20
unidades de análise com a tecnologia conhecida como point in space. Um
software faz o controle dos resultados obtidos e exibe em telas a
informação em tempo real. A equipe do laboratório pode analisar e
acompanhar o trabalho.
O funcionamento do sistema é ininterrupto e está programado para atender
de forma flexível aos diferentes prazos estabelecidos pela equipe do
hospital. Como a informação é exibida também nas telas disponíveis onde o
atendimento ocorre, essa agilidade pode representar um diferencial que
salva vidas no caso de emergências e prioridades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário