sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Com Abilio Diniz em jogo, SPFC lançará fundo de investimento


Raul Junior/EXAME.com
 
Abilio Diniz
Abilio Diniz: Empresário diz que o fundo dará certo se for interessante não apenas para são-paulinos, como para investidores de torcidas adversárias

São Paulo - O São Paulo Futebol Clube deve lançar em breve um fundo de investimento voltado a investidores abastados. A criação do fundo faz parte do projeto de reestruturação financeira do clube, que conta com a participação especial de um torcedor fanático pelo São Paulo: Abilio Diniz

O empresário é membro do Conselho Consultivo do time, grupo composto por torcedores ilustres que aconselham o clube, mas que até a entrada de Abilio não exercia muita influência.

O fundo é um dos pilares do projeto que a direção do São Paulo tenta conduzir, com o auxílio de Abilio Diniz, para profissionalizar a gestão do clube e eliminar sua atual dívida de 273 milhões de reais.
Fontes que participam desse processo revelaram a EXAME.com que o fundo deve ser voltado a pessoas físicas, mas o investimento mínimo deve restringir bastante a participação dos interessados: o aporte exigido será de nada menos que 1 milhão de reais.

Apesar do tíquete alto, a intenção é que o fundo seja competitivo e ofereça retornos graúdos, capazes de atrair não só investidores são-paulinos, como das torcidas adversárias. 

Essa talvez seja uma orientação de Abilio Diniz. Em um post no seu blog do UOL, o empresário afirmou que conversou com os conselheiros do São Paulo e disse que o fundo só dará certo se tiver transparência, gestão profissional e remunerar satisfatoriamente os investidores.

"O fundo precisa ser capaz de atrair investidores do mercado e não são-paulinos apaixonados. Paixão e investimento geralmente não combinam. Se o fundo não atrair recursos de não-são-paulinos, é sinal de que pode não ser um bom investimento, e aí ele não vai cumprir seus objetivos", disse Abilio no post.

Pessoas envolvidas no projeto dizem que se tratará de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), tipo de fundo que tem a maior de sua carteira composta por direitos creditórios, títulos que são baseadas nos créditos que uma empresa tem a receber, como duplicatas, cheques, contratos de aluguel e outros.

No caso do São Paulo, o fundo deve incluir no portfólio direitos creditórios baseados nas multas rescisórias dos jogadores e outras garantias do clube, de forma que o produto cumpra as exigências da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade reguladora do mercado de investimentos.

Detalhes como a rentabilidade esperada do fundo e quem fará sua gestão ainda estão em aberto. A expectativa é que o fundo seja lançado dentro de 40 dias.

 

Reestruturação


O projeto de reestruturação financeira do São Paulo vem se desenrolando desde o ano passado. Em agosto de 2014, o clube contratou o Instituto Áquila, consultoria que ficou responsável por identificar os principais entraves na sua gestão.

Empenhado na missão, o clube também acatou a indicação de Abilio Diniz e contratou em junho deste ano Alexandre Bourgeois, matemático com experiência em bancos internacionais e principal executivo da Teísa (Terceira Estrela Investimentos), empresa fundada em 2010 e posteriormente transformada em um fundo que detinha direitos econômicos de atletas do Santos, entre eles Neymar.

O fundo do São Paulo não é uma ideia nova. Ele foi proposto no início de 2014, na campanha do então candidato à presidência do clube Carlos Miguel Aidar, que foi eleito em abril do ano passado.

Com Abilio em campo, no entanto, a ideia ganhou corpo. O empresário é um dos principais incentivadores do fundo e pretende não apenas fazer alguns aportes, como atrair recursos de outros empresários.

Para entrar de cabeça no fundo e nos outros projetos de reestruturação do São Paulo, Abilio espera algumas contrapartidas. Uma delas, porém, parece já ter sido rechaçada por Aidar: a transição do clube de um sistema presidencialista, para parlamentarista, com a presença de um comitê formado por conselheiros, o presidente do Conselho e dois torcedores ilustres, entre eles Abilio.

Apesar dessa negativa, Abilio continua em campo. Mas seu apoio pode minguar, junto com seus valiosos palpites, se a direção do São Paulo não mostrar que está realmente comprometida com a tarefa de deixar para trás a ineficiência que vem assombrando a gestão do clube nos últimos anos.

Júlio Casares, vice-presidente do São Paulo, garante que esse processo já está em curso. “Existe uma convergência de ideias entre o que pensam o empresário Abilio Diniz, o Instituto Áquila e o presidente do São Paulo. Essa reestruturação é uma trégua nas disputas políticas e um grande pacto a favor da recuperação do clube”, diz.

Assim esperam os torcedores do São Paulo - e ter Abilio Diniz na jogada é motivo mais do que suficiente para acreditar que as coisas podem mudar.

Após cinco décadas no comando do Pão de Açúcar, grupo criado por seu pai nos anos 40, Abilio conseguiu transformá-lo no maior varejista do país. Hoje detém uma participação de 12% no Carrefour Brasil, preside o conselho de administração da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e tem uma fortuna estimada pela Forbes de  4,4 bilhões de dólares, que o coloca em sétimo lugar entre os brasileiros mais ricos e na 369ª posição entre os maiores bilionários do mundo.

Um toque de riqueza assim não faria nada mal ao São Paulo, sua torcida e às partidas de futebol do time, acompanhadas fielmente por Abilio.

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