São Paulo - As farmacêuticas que produzem
genéricos estão concentrando seus esforços para produzir medicamentos que perderam a
patente no ano passado ou tinham apenas versões similares no mercado.
Levantamento feito pela Associação Brasileira das Indústrias de
Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos) mostra que, em 2015, foi
autorizada a reprodução de cópias de 35 medicamentos.
A expectativa das indústrias do setor é de uma receita extra de R$ 615 milhões por ano.
Empresas como a EMS, NeoQuímica (da
Hypermarcas) e Medley (da francesa
Sanofi)
já começaram a colocar no mercado alguns dos medicamentos mais vendidos
da lista dos produtos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (
Anvisa), apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
A lista de princípios ativos que poderão ser transformados em genéricos
deverá engrossar ao longo dos próximos anos. A Pró Genéricos estima
receita extra de R$ 1,7 bilhão até 2025.
Com uma expectativa de crescimento menor para este ano, o setor
farmacêutico, até então blindado pela crise econômica, começou a ficar
em alerta.
Os altos custos de produção estão espremendo ainda mais as margens das
indústrias, que já começaram a reduzir os descontos nos medicamentos no
varejo, segundo fontes.
Como boa parte dos insumos farmacêuticos é importada - a valorização do
dólar afeta o setor -, os custos com mão de obra e energia, além do
reajuste abaixo da inflação para os remédios controlados pelo governo,
as indústrias já projetam um crescimento entre 5% e 7% em 2016, frente a
10% no passado, segundo Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma.
As indústrias de genéricos, que sempre cresceram acima de dois dígitos
desde o início dos anos 2000, quando a Lei dos Genéricos entrou em
vigor, afirmam que avançaram "apenas" 8% no acumulado dos 12 meses, até
fevereiro.
"As incertezas sobre a crise política e econômica não nos permitem fazer
uma projeção para o ano. A nosso favor conta o fato de os medicamentos
genéricos serem mais baratos que os de referência (com patente). Com a
crise, os consumidores estão substituindo produtos de referência pelos
sem marca", diz Telma Salles, presidente da Pró Genéricos.
Em unidades, a fatia dos genéricos respondeu por 29,2% do total dos
medicamentos vendidos no País, nos 12 meses encerrados em fevereiro.
Estratégia
A Neo Química tem sido uma das mais agressivas nesse mercado. A empresa
já colocou no mercado o Torsilax, versão similar - também conhecida como
"genérico de marca" - do anti-inflamatório Tandrilax, um dos
carros-chefes do laboratório nacional Aché. A estimativa é de que a
versão genérica do Tandrilax movimente, sozinha, quase R$ 80 milhões dos
R$ 615 milhões de faturamento estimados para a lista dos 35
medicamentos.
O laboratório da Hypermarcas informou que planeja lançar em 2016 ao
menos três produtos entre os que tiveram queda de patente recentemente:
tadalafila, celecoxibe e cloridrato de olopatadina. Todos devem chegar
às farmácias no segundo semestre.
Líder no segmento de genéricos, a EMS, de Hortolândia (SP), informou que
já tem a aprovação da Anvisa para produzir até dez medicamentos, que
serão lançados nos próximos três meses. Entre eles, está a versão
genérica do antidepressivo Donaren, que movimentou cerca de R$ 50
milhões e é o segundo mais vendido no segmento, atrás do Tandrilax, na
lista dos liberados pela Anvisa em 2015.
Outra aposta da EMS é a versão genérica do Ezetimiba+Sinvastatina, que
combate o colesterol e deve ser a responsável por uma das maiores
receitas dessas novas safras, com um mercado de R$ 150 milhões.
Carlos Aguiar, diretor de negócios do Medley, informou que ao longo de
2015 a empresa lançou dois genéricos: a tadalafila (versão do Cialis),
para disfunção erétil, e o antidepressivo escitalopram (Lexapro). Para
este ano estão previstos quatro lançamentos - dois deles já feitos no
primeiro trimestre.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.