São Paulo – Antes um gigante da internet, o
Yahoo
está em sérias dificuldades. A empresa enfrenta queda nas receitas e
discussões com seus acionistas e parte deles quer inclusive trocar toda a
diretoria.
Com
prejuízo bilionário de US$ 4,4 bilhões em 2015, a companhia
demitiu 1.200 pessoas só no último trimestre.
No meio desse turbilhão, a
presidente Marissa Mayer
não tem conseguido reerguer o negócio, contrariando expectativas que
surgiram quando ela saiu do Google para liderar a empresa em 2012.
Ainda que enfrente intensas disputas com seus investidores, seu problema
é ainda mais profundo. "O Yahoo está decaindo há quase 10 anos”, disse
Paul Sweeney, analista da Bloomberg Inteligence em
entrevista por email à EXAME.com.
Com pouco mais de 20 anos de existência, o Yahoo está atrasado em
relação ao mercado e seus principais concorrentes, diz ele. Enquanto o
mercado de anúncios digitais cresceu 15% nos últimos anos, o faturamento
da companhia decaiu nesse período.
A empresa "depende de expor anúncios, mas perdeu a evolução da
propaganda, pesquisa e redes sociais da internet", afirmou o
especialista.
Quando Marissa Mayer assumiu o comando, ela tentou colocar a companhia
de volta nos trilhos com foco em pesquisa e anúncios em plataformas
mobile.
Também fez algumas aquisições, como a compra do Tumblr em 2013 por US$ 1,1 bilhão, para trazer novos talentos à empresa.
"Ainda que ela tenha feito progresso em algumas dessas áreas, não foi o suficiente para acertar o rumo", afirmou Sweeney.
Brigas com os investidores
A empresa tem um valor de mercado bastante expressivo, de US$ 35,25
bilhões, segundo o Wall Street Journal. No entanto, grande parte desse
valor não vem de seus ativos principais ou de seu negócio na internet.
Sua fatia no comércio eletrônico chinês Alibaba Group, comprada há 10
anos, é o que mais pesa e equivale a cerca de US$ 30,3 bilhões.
Em crise, a companhia anunciou a intenção de vender sua participação no
Alibaba, o que causou graves divergências entre seus acionistas.
O mais enfático de todos foi o grupo de investimentos Starboard Value, que tem divulgado cartas abertas e relatórios
contra a gestão de Mayer.
À venda
Depois de não conseguir vender sua participação na varejista chinesa, o Yahoo
decidiu vender seus próprios ativos.
A empresa
está buscando compradores
para seu negócio principal, que concentra sites, email, pesquisa,
Tumbrl, Flickr, produção de conteúdo e de notícias e, principalmente,
sua divisão de anúncios na internet.
Segundo análise da SunTrust Robinson Humphrey, esses ativos poderiam
valer até US$ 8 bilhões – com desconto de impostos e taxas, o valor
líquido poderia chegar a cerca de US$ 6 bilhões.
Em outro relatório, a consultoria diz acreditar que o negócio de
patentes também pode ser bastante valioso, com mais de 6.000 adquiridas
durante sua trajetória e com a compra de mais de 100 empresas desde sua
fundação, em 1995.
O principal possível comprador é a empresa de telefonia Verizon. Como
ele comprou a AOL recentemente, poderia estar interessado em integrar o
Yahoo ao seu segmento de internet.
O
grupo Alphabet, empresa mãe do Google, o conglomerado Time Inc., a Microsoft, o jornal britânico
Daily Mail e o grupo de private equity TPG também estão entre as empresas que fizeram ofertas pelos ativos.
Ligação perdida
No entanto, Marissa Mayer não está respondendo às ofertas. Segundo a jornalista
Kara Swisher, do Re/Code, ela não retorna as ligações de potenciais compradores, atrasando as negociações.
Para o analista Robert Peck, da SunTrust, o Yahoo está frustrando
compradores em potencial por não ser claro o que ele quer vender.
Peck também afirmou que a demora em se decidir pela venda e falta de
diálogo com os possíveis compradores levanta mais dúvidas do que
respostas, tanto para investidores quanto para funcionários, parceiros e
anunciantes.
Enquanto o processo de venda está sendo discutido, o Yahoo implementa um
plano para que seu negócio “chegue ao máximo que puder valer", disse
Marissa Mayer à Bloomberg TV.
Entre as ações previstas pela empresa, ela pretende enxugar mais de US$
400 milhões em custos até o fim do ano e gerar US$ 1,8 bilhão em
faturamento de seu negócio principal, além de cortar 15% de toda sua
força de trabalho.