Divulgação/Piti Reali
PwC: empresa de auditoria está sendo cautelosa com balanço da Petros por causa de rombo de R$ 6 bilhões declarado em janeiro.
Fernanda Nunes, do Estadão Conteúdo
Rio de Janeiro - Assim como ocorreu com a Petrobras em 2014, a Petros, sua fundação de seguridade social, está com dificuldade de fechar o balanço financeiro anual porque a empresa de auditoria PwC resiste a assinar o documento.
A contabilidade foi concluída, mas investimentos duvidosos, questionados
em investigação interna da Petros, estão levando a PwC a ser mais
rigorosa.
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A Petros informou em janeiro à Petrobras que faltam US$ 6 bilhões em seu
caixa para dar conta do compromisso firmado com os empregados da
petroleira nos próximos anos.
Parte do rombo decorre de maus investimentos no mercado financeiro e em
participações em empresas de alto risco, como a operadora de plataformas
Sete Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial na semana
passada.
De olho nas possíveis irregularidades e temerosa de ter sua
credibilidade questionada, segundo fontes, a auditora PwC tem sido
minuciosa na análise do balanço da Petros e exigido muitos documentos
para evitar questionamentos. Procurada, a PwC não comentou o assunto.
A Petros, tradicionalmente, conclui seu balanço anual em abril. Neste
ano, corre contra o tempo para cumprir o prazo de 31 de julho imposto
pela Superintendência de Previdência Complementar (Previc), reguladora
dos fundos de pensão.
Oficialmente, a Petros afirma que não há atraso na conclusão das
demonstrações de 2015, "que serão divulgadas dentro do prazo planejado e
da data limite".
O cronograma de publicação, no entanto, chegou a ser tratado em reunião
entre representantes do conselho fiscal da Petros e do conselho de
administração da Petrobras no dia 15 de abril.
Diante do apelo, os conselheiros da Petros receberam da patrocinadora a
indicação de que uma mensagem seria enviada à diretoria da fundação
pedindo que, daqui para a frente, seu balanço financeiro seja publicado
antes do da Petrobrás, para evitar distorções em sua contabilidade.
Se o número final a ser divulgado pela Petros for muito diferente do
informado à petroleira em janeiro, a Petrobras será obrigada a
republicar o balanço aprovado por acionistas em assembleia realizada
neste mês.
"A Petrobras dificilmente terá de republicar o seu resultado de 2015, o
que seria uma medida traumática para a empresa. Provavelmente, qualquer
mudança ou aporte (na fundação) serão remetidos ao balanço de 2016, a
tempo suficiente do dólar e do mercado acionário se recuperarem",
avaliou o especialista em seguridade Ricardo Weiss, da consultoria
Rweiss.
A Petrobras admite, porém, falhas no cálculo atuarial da Petros que
podem exigir novos aportes. No relatório 20-F, em que comenta suas
demonstrações de 2015 e os riscos do negócio à agência reguladora dos
EUA (SEC), a petroleira admite que o compromisso com o plano de pensão e
com o seu plano de assistência médica (AMS) "pode ser maior do que o
previsto, e podemos ser obrigados a fazer contribuições adicionais de
recursos para Petros".
Se for o caso, um novo aporte deverá ser negociado com a Previc 60 dias
após a apresentação do balanço da Petros. O pagamento pode ser parcelado
em décadas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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