segunda-feira, 30 de maio de 2016

Eurodeputados pedem que UE não negocie com governo de Temer






Adriano Machado / Reuters
Presidente interino do Brasil, Michel Temer, apresenta medidas econômicas, dia 24/05/2016
Michel Temer: em um documento, assinado por mais de 30 eurodeputados, o grupo denuncia a falta de "legitimidade democrática" do governo
 
 
Da EFE


Bruxelas - O eurodeputado partido espanhol do Podemos, Xavier Benito, enviou uma carta para a Alta Representante da União Europeia (UE) para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, para que não negocie com o presidente interino Michel Temer, que lidera o acordo comercial entre o bloco e o Mercosul.

No documento, que foi assinado por mais de 30 eurodeputados de diferentes grupos políticos e nacionalidades, Benito denuncia a falta de "legitimidade democrática" do governo de Temer, que substitui Dilma Rousseff enquanto a presidente passa pelo processo de impeachment.

"O acordo comercial com Mercosul", argumenta Benito na carta, "não só se limita a bens industriais ou agrícolas, mas inclui outros afastados como serviços, licitação pública ou propriedade intelectual. 

Por isso, é extremamente necessário que todos os atores implicados nas negociações tenham a máxima legitimidade democrática: a das urnas", afirmou.

Benito, também primeiro vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu (PE) para as relações com o Mercosul, lembra na que estes acordos devem levar em conta "a dignidade das pessoas e os direitos humanos, e não devem nunca priorizar o lucro econômico ao bem-estar das pessoas", disse.

"Duvidamos que este processo de negociação tenha a legitimidade democrática necessária para um assunto desta magnitude", afirmou, ao tempo que considera que "o mandato de Dilma Rousseff só pode ser mudado mediante o único método democraticamente aceitável: as eleições".

Benito assegura, por outro lado, "compartilhar a preocupação expressada também pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela Unasul sobre a severa situação na qual Dilma Rousseff foi condenada por um Congresso doente de corrupção e claramente orientado por obscuras intenções", afirmou o comunicado.

"É necessário suspender as negociações entre a UE e Mercosul já que tal acordo comercial não deveria ser negociado com o atual governo brasileiro", frisou.

"Reivindicamos que a UE dê o seu total apoio e envolvimento para o restabelecimento da ordem democrática no Brasil", acrescentou.

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