Adriano Machado / Reuters
Michel Temer: em um documento, assinado por mais de 30 eurodeputados, o
grupo denuncia a falta de "legitimidade democrática" do governo
Bruxelas - O eurodeputado partido espanhol do Podemos, Xavier Benito, enviou uma carta para a Alta Representante da União Europeia (UE) para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, para que não negocie com o presidente interino Michel Temer, que lidera o acordo comercial entre o bloco e o Mercosul.
No documento, que foi assinado por mais de 30 eurodeputados de
diferentes grupos políticos e nacionalidades, Benito denuncia a falta de
"legitimidade democrática" do governo de Temer, que substitui Dilma
Rousseff enquanto a presidente passa pelo processo de impeachment.
"O acordo comercial com Mercosul", argumenta Benito na carta, "não só se
limita a bens industriais ou agrícolas, mas inclui outros afastados
como serviços, licitação pública ou propriedade intelectual.
Por isso, é
extremamente necessário que todos os atores implicados nas negociações
tenham a máxima legitimidade democrática: a das urnas", afirmou.
Benito, também primeiro vice-presidente da delegação do Parlamento
Europeu (PE) para as relações com o Mercosul, lembra na que estes
acordos devem levar em conta "a dignidade das pessoas e os direitos
humanos, e não devem nunca priorizar o lucro econômico ao bem-estar das
pessoas", disse.
"Duvidamos que este processo de negociação tenha a legitimidade
democrática necessária para um assunto desta magnitude", afirmou, ao
tempo que considera que "o mandato de Dilma Rousseff só pode ser mudado
mediante o único método democraticamente aceitável: as eleições".
Benito assegura, por outro lado, "compartilhar a preocupação expressada
também pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA)
e pela Unasul sobre a severa situação na qual Dilma Rousseff foi
condenada por um Congresso doente de corrupção e claramente orientado
por obscuras intenções", afirmou o comunicado.
"É necessário suspender as negociações entre a UE e Mercosul já que tal
acordo comercial não deveria ser negociado com o atual governo
brasileiro", frisou.
"Reivindicamos que a UE dê o seu total apoio e envolvimento para o
restabelecimento da ordem democrática no Brasil", acrescentou.
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