São Paulo - Estados Unidos, China e Alemanha: com um esforço conjunto, esse trio poderia fazer a diferença na demanda global e impulsionar um crescimento.que anda medíocre.

A má notícia é que eles provavelmente eles não farão isso, diz um relatório recente do HSBC assinado por Stephen King.

"Apesar de um acordo ser desejado - daria impulso ao comércio global, reduziria pressões deflacionárias e pavimentaria o caminho em direção a taxas de juros mais toleravelmente altas - as chances de que isso aconteça são baixas: as divergências políticas e sobre prescrição e políticas públicas não serão facilmente superadas", diz o texto.

O diagnóstico do banco é que o primeiro trimestre de 2016 terminou melhor do que começou, pelo menos no mercado financeiro, mas o crescimento e inflação continuam baixos demais.

Novos estímulos fiscais tem sido pedidos por gente grande de Wall Street como Larry Fink e Jamie Dimon, presidentes da BlackRock e Goldman Sachs, respectivamente.

Histórico


Diante da crise de 2008, o G-20 se comprometeu a fazer uma política expansionista por quanto tempo fosse necessário. Os bancos centrais continuam cumprindo a promessa, mas a expansão fiscal teve vida curta mesmo onde havia espaço para ela.

A China continuou com estímulos, mas eles começaram a criar desequilíbrios - não só internos, mas também nos mercados emergentes que esquentaram demais.

Já Estados Unidos e Alemanha, que tinham espaço para continuar com uma política fiscal mais frouxa, logo recuaram - resultado de pressões políticas internas por austeridade e uma avaliação de que a economia global já havia se recuperado, o que se provou ilusório.

Quando um país poupa mais do que investe ou gasta, gera um excesso na balança de pagamentos que, por definição, flui para outro país. Quando chega lá, deprime as taxas de juros e favorece empréstimos - gerando consumo e um déficit na balança da pagamentos.

Mas e se os juros no destino já estiverem baixos demais, o resultado pode ser uma espiral em que ninguém se ajuda. Em outras palavras: falta ao mundo o chamado "consumidor de última instância".

Solução


Segundo o HSBC, três países estão bem posicionados para isso. Um deles é o EUA, que historicamente fez o papel e tem privilégios únicos já que o dólar é a moeda de reserva mundial.

Já a China precisa rebalancear sua economia em direção a menos investimento e mais consumo - e imagine o que mais crédito para 1 bilhão de chineses poderia fazer pela demanda global.

A Alemanha, historicamente obcecada por poupar, diz que está juntando dinheiro para as aposentadorias da sua população envelhecida - mas essa visão mercantilista significa que na prática, esse dinheiro financia o consumo de outros países.

A referência histórica é o Acordo de Plaza em 1985, quando EUA, Japão, Alemanha, França e Reino Unido fizeram um acordo para enfraquecer o dólar e conter os desequilíbrios causados pela luta do Fed contra a inflação nos anos 70.

Ninguém espera que um acordo seja feito por caridade, já que o trio também se beneficiaria de mais crescimento e menos instabilidade no mundo, mas os sinais vindos do G7 são de que a postura "cada um por si" deve continuar prevalecendo.

Alguns obstáculos no caminho: a possível desintegração da União Europeia e a eleição presidencial americana. Há urgência e confiança de menos combinada com rigidez e hesitação demais. Por enquanto, a mediocridade terá que ser suficiente.