NTT72USA/WikimediaCommons
Escultura de material reciclável do mito de Atlas colocada no National Mall em Washington DC nos EUA
São Paulo - Estados Unidos, China e Alemanha: com um esforço conjunto, esse trio poderia fazer a diferença na demanda global e impulsionar um crescimento.que anda medíocre.
A má notícia é que eles provavelmente eles não farão isso, diz um relatório recente do HSBC assinado por Stephen King.
"Apesar de um acordo ser desejado - daria impulso ao comércio global,
reduziria pressões deflacionárias e pavimentaria o caminho em direção a
taxas de juros mais toleravelmente altas - as chances de que isso
aconteça são baixas: as divergências políticas e sobre prescrição e
políticas públicas não serão facilmente superadas", diz o texto.
O diagnóstico do banco é que o primeiro trimestre de 2016 terminou
melhor do que começou, pelo menos no mercado financeiro, mas o
crescimento e inflação continuam baixos demais.
Novos estímulos fiscais tem sido pedidos por gente grande de Wall Street
como Larry Fink e Jamie Dimon, presidentes da BlackRock e Goldman
Sachs, respectivamente.
Histórico
Diante da crise de 2008, o G-20 se comprometeu a fazer uma política
expansionista por quanto tempo fosse necessário. Os bancos centrais
continuam cumprindo a promessa, mas a expansão fiscal teve vida curta
mesmo onde havia espaço para ela.
A China continuou com estímulos, mas eles começaram a criar
desequilíbrios - não só internos, mas também nos mercados emergentes que
esquentaram demais.
Já Estados Unidos e Alemanha, que tinham espaço para continuar com uma
política fiscal mais frouxa, logo recuaram - resultado de pressões
políticas internas por austeridade e uma avaliação de que a economia
global já havia se recuperado, o que se provou ilusório.
Quando um país poupa mais do que investe ou gasta, gera um excesso na
balança de pagamentos que, por definição, flui para outro país. Quando
chega lá, deprime as taxas de juros e favorece empréstimos - gerando
consumo e um déficit na balança da pagamentos.
Mas e se os juros no destino já estiverem baixos demais, o resultado
pode ser uma espiral em que ninguém se ajuda. Em outras palavras: falta
ao mundo o chamado "consumidor de última instância".
Solução
Segundo o HSBC, três países estão bem posicionados para isso. Um deles é
o EUA, que historicamente fez o papel e tem privilégios únicos já que o
dólar é a moeda de reserva mundial.
Já a China precisa rebalancear sua economia em direção a menos
investimento e mais consumo - e imagine o que mais crédito para 1 bilhão
de chineses poderia fazer pela demanda global.
A Alemanha, historicamente obcecada por poupar, diz que está juntando
dinheiro para as aposentadorias da sua população envelhecida - mas essa
visão mercantilista significa que na prática, esse dinheiro financia o
consumo de outros países.
A referência histórica é o Acordo de Plaza em 1985, quando EUA, Japão,
Alemanha, França e Reino Unido fizeram um acordo para enfraquecer o
dólar e conter os desequilíbrios causados pela luta do Fed contra a
inflação nos anos 70.
Ninguém espera que um acordo seja feito por caridade, já que o trio
também se beneficiaria de mais crescimento e menos instabilidade no
mundo, mas os sinais vindos do G7 são de que a postura "cada um por si" deve continuar prevalecendo.
Alguns obstáculos no caminho: a possível desintegração da União Europeia
e a eleição presidencial americana. Há urgência e confiança de menos
combinada com rigidez e hesitação demais. Por enquanto, a mediocridade
terá que ser suficiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário