sexta-feira, 20 de maio de 2016

Vale mistura otimismo e cautela com maior parceria do setor




Dado Galdieri/Bloomberg
Caminhão da Vale transportando minérios de ferro na mina de Brucutu, em Barão de Cocais
Caminhão da Vale: acordo tornaria o minério de qualidade superior da Vale mais comercializável e elevaria o valor do produto da Fortescue
 
Jasmine Ng e David Stringer, da Bloomberg

A Vale disse que está adotando uma postura “reservada e conservadora” a respeito de quando entrará em vigor sua parceria com a Fortescue Metals para a venda de minério mesclado à China.

“Primeiro ela precisa ser transformada em um acordo vinculante”, disse Claudio Alves, diretor global de marketing e vendas de minério de ferro, em entrevista na quinta-feira. Só depois disso os parceiros poderão determinar “quando exatamente e mesclagem começará, e se começará”. Indagado se havia sido estabelecida uma meta para os volumes neste ano, Alves disse que “não há números. Ainda não temos nenhum plano concreto”.

A Vale, maior produtora do mundo, e a terceira maior exportadora da Austrália assinaram um acordo em março para a criação de joint ventures para mesclar seus minérios, que são diferentes. O acordo também dá à Vale a opção de comprar até 15 por cento da mineradora de propriedade do bilionário Andrew Forrest.

O acordo, que tornaria o minério de qualidade superior da Vale mais comercializável e elevaria o valor do produto da Fortescue, tem o potencial de sacudir a indústria global aumentando a concorrência com a Rio Tinto Group e a BHP Billiton. A Fortescue disse no mês passado que espera ver o primeiro minério mesclado no segundo semestre, segundo o CEO Nev Power.
 

Discussões substanciais


“Estamos muito otimistas de que os méritos estarão lá e serão reconhecidos e de que seremos capazes de chegar a um acordo”, disse Alves em Cingapura, após discursar em uma conferência. “Eles estão muito otimistas, nós estamos otimistas, mas preferimos ser mais reservados e conservadores no que diz respeito a determinar quando começaremos”.

O memorando de entendimento com a Vale “oferece uma série de oportunidades para trabalharmos juntos, com nosso foco inicial na exploração do potencial de mistura para produzir um novo produto atraente para os nossos clientes chineses”, disse a Fortescue em comunicado enviado por e-mail na sexta-feira. “Há discussões substanciais sobre os detalhes dos acordos em andamento”.

Em abril, o diretor financeiro da Vale, Luciano Siani Pires, disse que a possível aquisição da participação de 15 por cento na Fortescue “é uma possibilidade mais teórica”. Na conferência de lucros, ele disse: “Obviamente não contamos com os recursos, nem com o balanço para fazer isso agora”.

O acordo de mistura prevê a criação de joint ventures para a produção de cerca de 80 milhões a 100 milhões de toneladas do minério de referência mais usado pelas siderúrgicas chinesas para competir mais de perto com a BHP e a Rio Tinto. A mistura Pilbara da Rio Tinto, com cerca de 62 por cento de conteúdo, é o produto de minério de ferro mais negociado globalmente.

“Temos um material de qualidade muito alta chegando com 66 por cento”, disse Alves. “Para desfrutar do melhor valor por este minério, precisamos também da qualidade inferior para misturar. É assim que funciona”. Ele acrescentou: “Acredito que isto pode ser muito competitivo, ainda mais competitivo que a mistura Pilbara”.


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