Adriano Machado / Reuters
Presidente provisório Michel Temer: "o Brasil tem neste ano o pior
governo do mundo, pior que o da Venezuela, que o da Mongólia ou da
Ucrânia", afirmou diretor da CMC
Da EFE
Lausanne - O relatório anual do Centro Mundial da Competitividade (CMC) divulgado nesta segunda-feira evidenciou as dificuldades que a América Latina
enfrenta para avançar neste tema e expressou uma preocupação especial
com o Brasil, que ocupa um dos últimos lugares de seu ranking de países
mais competitivos.
Dos 61 países que estão na classificação, liderada por Hong Kong, o
Chile é o único país latino-americano que está entre os primeiros 40
colocados, em 36º - uma posição abaixo da que havia conseguido no ano
passado. Os outros seis países da região mencionados neste documento
estão nas últimas 20 posições.
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O segundo país latino-americano melhor colocado é o México, em 45º,
seguido de Colômbia (51º), Peru (54º) e Argentina (55º). O Brasil, que
perdeu um posto em relação ao ano passado, aparece em 57º, e a Venezuela
fecha a lista, em 61º.
"O Brasil tem neste ano o pior governo do mundo, pior que o da
Venezuela, que o da Mongólia ou da Ucrânia", afirmou à Agência Efe o
diretor do CMC, Arturo Bris, em referência à avaliação feita no
relatório sobre a eficiência dos governos.
Neste indicador, especificou Bris, "o Brasil está no último lugar entre
todos os países. Já estava no 58º posto em 2014, no 60º em 2015 e agora
está em 61º, que é o último".
"O Brasil está na lanterna em transparência, burocracia, corrupção, em
barreiras à entrada de capitais, à criação de empresas, pelo número de
dias para criar uma empresa. É um desastre institucional", criticou o
responsável pelo CMC.
Bris afirmou que o caso do Brasil mostra que o crescimento econômico "não é condição suficiente para a competitividade".
"É possível crescer, mas se o governo não faz seu trabalho, que é ter
uma boa regulação e ser transparente, então o país fracassa", ressaltou.
O Brasil levará "gerações" para se recuperar, previu Bris, ao detalhar
que, além dos problemas relacionados com suas instituições, enfrenta um
déficit de infraestruturas físicas e carências graves em educação e
serviços de saúde.
De acordo com análise que acompanha o ranking, os setores públicos dos
países latino-americanos em geral são um "empecilho" para suas
economias.
Ainda segundo o relatório, a América Latina é uma região onde há
carência das qualidades dos países que estão nas primeiras 20 posições:
uma legislação favorável para os negócios e os investimentos,
infraestruturas físicas e intangíveis (educação e sistemas de saúde) e
instituições inclusivas.
"Atualmente, nenhuma das economias latino-americanas está perto de
possuir estas qualidades da maneira necessária para progredir no
ranking", comentou Bris.
O relatório do CMC também aborda a questão da desigualdade, que
considera em muitos casos "o preço a pagar" pelos países que querem
aumentar sua competitividade.
"É um dilema que os países têm que resolver, já que, se não se quer
pagar o preço da desigualdade, então se é a Venezuela", concluiu Bris.
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