terça-feira, 31 de maio de 2016

CEO da Bayer propõe debate sobre aquisição da Monsanto

Bayer faz proposta de US$ 62 bilhões pela Monsanto (Foto: Marco Bello/Reuters/Arquivo; Brendan McDermid/Reuters/Arquivo)


Werner Baumann, concedeu entrevista a um jornal alemão.
 
Ele convidou grupos ambientalistas e outras partes interessadas a discutir.

Em meio à tentativa de aquisição da Monsanto pela Bayer, o CEO da empresa alemã, Werner Baumann, concedeu entrevista a um jornal alemão e convidou grupos ambientalistas e outras partes interessadas a debater os possíveis desdobramentos do eventual negócio. Uma possível união criaria a maior empresa de sementes e agrotóxicos do mundo, além de impulsionar para mais de 40% a participação do setor agrícola nas vendas da Bayer.
 
Baumann tratou dos riscos de reputação e admitiu que alguns investidores têm se mostrado preocupados com esta questão, assim como sinalizou que a marca Monsanto pode desaparecer se a operação se confirmar. "Conhecemos a força da marca Monsanto", afirmou, antes de ponderar sobre a estratégia da Bayer. "Ainda assim, nossa marca tem um grande reconhecimento e apelo em todo o mundo. É algo que devemos aproveitar."
 
Temores e preocupações têm sido apresentados por organizações não governamentais (ONGs) e outros grupos de interesse, diante da posição dominante da futura empresa no mercado de sementes e agrotóxicos. A avaliação é de que o negócio poderia causar uma escalada dos preços, em virtude das alternativas limitadas no mercado, além de facilitar a entrada de lavouras transgênicas e do glifosato na Europa, onde há restrições e forte oposição aos produtos oferecidos pela Monsanto.
 
Na entrevista, Baumann se mostrou aberto para conversas e convidou opositores a dialogar com a Bayer. "Da mesma forma que falo com nossos investidores para convencê-los sobre o negócio, estendo o convite a grupos ambientalistas e outras ONGs. Vamos conversar sobre a questão e as perspectivas", disse.
 
Conforme o executivo, a Bayer pretende alterar e melhorar algumas práticas na Monsanto após a aquisição. "A maneira como fazemos negócio pode ser diferente do que é feito na Monsanto. Posso garantir que conduziremos os negócios com o mesmo padrão e empenho da nossa operação atual", afirmou.
 
Analistas têm apontado que a transação pode representar um esforço financeiro muito grande para a Bayer e que o acordo provocaria uma mudança na vocação da empresa, que passaria a focar mais no agronegócio do que medicamentos humanos e produtos químicos.
 
Ainda assim, outros avaliam que o negócio faz sentido, considerando o movimento de consolidação que ocorre no setor. Se confirmado, o acordo pode representar a etapa final de uma rodada de consolidação do setor agroquímico, que já teve a fusão entre as norte-americanas Dow e DuPont, além da aquisição da suíça Syngenta pela estatal chinesa ChemChina.
 
O executivo reiterou que a Bayer não precisará vender nenhum segmento de negócio para financiar a operação, que deverá ser bancada por uma combinação de oferta de ações e emissão de títulos de dívida. No início da semana passada, a Monsanto rejeitou uma oferta de US$ 62 bilhões, equivalente a US$ 122 por ação, da Bayer. Apesar da negativa, a empresa afirmou que continua aberta a conversas 

(Agência Estado, 30/5/16)

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