Marcello Casal/Agência Brasil
Energia elétrica: recebíveis desses contratos são utilizados pelas
empresas de geração como garantia para tomar financiamentos em bancos
privados e no BNDES
Luciano Costa, da REUTERS
São Paulo - A inadimplência de algumas distribuidoras de eletricidade
que compraram energia em leilões é um tema "bastante preocupante" para
os bancos que financiam projetos de novas usinas de geração no Brasil,
disse nesta quarta-feira o chefe de project finance do Banco Santander,
Edson Ogawa, após participar de evento de energia eólica em São Paulo.
Os recebíveis desses contratos são utilizados pelas empresas de geração
como garantia para tomar financiamentos em bancos privados e no Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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"O contrato no Brasil, quando se compara a outros países, é um ponto
positivo no mercado. Desde que funcione como sempre funcionou. Essa
inadimplência que está acontecendo agora nas distribuidoras é bastante
preocupante", disse Ogawa a jornalistas.
Segundo ele, uma eventual mudança na percepção dos bancos sobre a
qualidade dos recebíveis atrelados a esses contratos pode ter um
"impacto brutal" sobre a viabilidade de projetos futuros.
"(Tem impacto) no custo com certeza, mas pode ir além do custo...e os
bancos até reavaliarem a exposição a esse tipo de risco", explicou.
A Reuters noticiou recentemente que empresas do Grupo Eletrobras e a
estatal CEA, do Amapá, estão inadimplentes com geradores, o que gerou
queixa dos afetados junto ao órgão regulador do setor, a Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Ogawa afirmou que os contratos de compra e venda de energia possuem um
sistema de constituição de garantias para evitar calotes, mas isso não
tem funcionado como antigamente, criando problemas para as geradoras e
preocupando bancos.
"Sempre teve uma estrutura de garantias muito forte..talvez não funcione
como o mercado esperava", afirmou Ogawa, que considera importante que
governo e agentes do setor elétrico avaliem uma solução para a questão
"no curto prazo".
"É de conhecimento do mercado que algumas distribuidoras não passam por
situação financeira corfortável, há bastante tempo...fato é que os
contratos têm essa estrutura de garantias. O trabalho tem que ser na
estrutura de garantias a ser dada", afirmou.
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