Arnd Wiegmann/Reuters
BSI: investigado em escândalo de corrupção na Ásia, banco vendido pelo BTG Pactual terá de pagar multas
São Paulo - O BTG Pactual recebeu nesta terça-feira (24) a aprovação dos órgãos regulatórios
Swiss Financial Market Supervision Authority (FINMA), da Suíça, e
Monetary Authority of Singapore (MAS), de Singapura, para vender o
controle do banco BSI ao suíço EFG International.
Ao mesmo tempo, ambas as entidades anunciaram punições ao BSI por conta
de investigações sobre lavagem de dinheiro e falhas de compliance.
As penalidades, uma reversão de lucros no valor de 95 milhões de francos
suíços (cerca de 339,15 milhões de reais) e uma multa de 13 milhões de
dólares de Singapura (algo em torno de 33,28 milhões de reais), vão
reduzir o valor que a EFG International pagará ao BTG pelo banco.
"A multa e a pena vão resultar em uma redução no preço de compra", disse em nota.
O BTG, entretanto, reclamará o ressarcimento das perdas junto ao grupo italiano Generali, antigo dono do ativo.
"As falhas que lhes deram origem ocorreram em período anterior à conclusão da aquisição do BSI pelo BTG Pactual", diz a companhia, em nota.
A possibilidade da indenização, segundo a empresa, está contemplada no contrato firmado com o Generali.
A venda do BSI para o EFG International foi fechada em fevereiro, por 1,33 bilhão de francos suíços (na época, aproximadamente 5,4 bilhões de reais).
O acordo envolvia o pagamento de 975 milhões de francos suíços em
dinheiro e 52,6 milhões de ações do EFG. Dessa forma, o BTG ainda teria
20% do banco combinado das duas operações.
Apesar do sinal verde da FINMA e da MAS, a conclusão do negócio ainda
depende de outras aprovações regulatórias, que devem ocorrer até o
quatro trimestre deste ano.
Entenda o caso
Apenas cinco meses após comprar o BSI, o BTG Pactual fechou acordo para vendê-lo ao banco suíço EFG International, em fevereiro.
Naquela época, o banco se desfez de diversos ativos para levantar capital e atravessar a turbulência causada pela prisão de seu então presidente, André Esteves, acusado de tentar obstruir a operação Lava Jato.
Porém, o BSI já era investigado em um dos maiores escândalos de corrupção da Ásia.
A empresa é acusada de lavar dinheiro vindo do fundo de investimentos
soberano da Malásia 1MDB e transferi-lo para contas privadas do
primeiro-ministro malaio Najib Razak, ou de pessoas próximas a ele.
Segundo o The Wall Street Journal,
investigadores acreditam que mais de 1 bilhão de dólares provenientes
do fundo podem ter sido desviados para o bolso de Razak através de
"estruturas financeiras complexas".
Como resultado das apurações, além das multas, o BSI teve seis
executivos denunciados em Singapura, incluindo o CEO local Hans Peter
Brunner, e perdeu a aprovação para atuar como banco comercial no país, a
primeira proibição do tipo desde 1984.
Nesta terça-feira, o BTG anunciou que Brunner foi substituído por
Roberto Cohn há duas semanas e também que Roberto Isolani é o novo
presidente global do BSI, no lugar de Stefano Coduri.
"Inspeções feitas em 2015 revelaram falhas de controle generalizadas
que levaram a inúmeras violações graves de vários regulamentos contra
lavagem de dinheiro", disse a MAS, entidade regulatória de Singapura, em
nota.
Já a FINMA, instituição regulatória da Suíça, relatou que, entre 2011 e
abril de 2015, o BSI apresentou graves deficiências na identificação de
transações de risco aumentado.
"Essas falhas eram relacionadas particularmente a relações comerciais
com pessoas politicamente expostas, cuja origem dos ativos não era
suficientemente clara, e cujas duvidosas operações envolvendo centenas de milhões de dólares norte-americanos não foram satisfatoriamente analisadas", afirmou em nota.
"No contexto do 1MDB, o banco mantinha negócios com uma série de fundos
soberanos cujas contas eram mantidas na Suíça e em Singapura", prossegue
a FINMA.
Por isso, o órgão determinou a restituição dos lucros gerados
ilegalmente – o dinheiro irá para o governo suíço – e aprovou a
aquisição do banco pelo EFG desde que ele seja dissolvido integralmente
em até 12 meses após a transação.
Outra condição imposta foi a de que nenhum dos executivos do topo da
companhia responsáveis pela má conduta assuma posição de liderança na
empresa combinada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário