terça-feira, 24 de maio de 2016

Suíça e Singapura aprovam venda do BSI, do BTG para o EFG






Bloomberg/Nicky Loh
Banco BSI
Banco BSI: conclusão da venda para EFG ainda depende de autorizações regulatórias
 
Marcelle Gutierrez, do Estadão Conteúdo


São Paulo - As autoridades Swiss Financial Market Supervision Authority (FINMA), da Suíça, e Monetary Authority of Singaporte (MAS), de Singapura, aprovaram a venda do banco suíço BSI pelo BTG Pactual para o EFG International.

A conclusão da operação ainda depende de outras aprovações regulatórias e, segundo o BTG Pactual, deve ser concluída até, no máximo, o quarto trimestre deste ano.
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O BTG Pactual fechou acordo para vender a subsidiária suíça no dia 22 de fevereiro deste ano, pelo valor de 1,33 bilhão de francos suíços (US$ 1,34 bilhão).

O BSI havia sido adquirido pelo BTG cinco meses antes da venda, antes de o então executivo-chefe do banco brasileiro, André Esteves, ser afastado por suposto envolvimento em um escândalo de corrupção.

Segundo o comunicado enviado hoje à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a FINMA e a MAS também informaram os resultados das investigações referentes a contas bancárias mantidas no BSI em Singapura associadas ao 1MDB, fundo soberano da Malásia, no período compreendido entre 2011 e abril de 2015.

"Como consequência de falhas de controle e compliance, a FINMA impôs ao BSI a reversão dos lucros obtidos com as referidas operações faltosas no montante de 95 milhões de francos suíços. A MAS, por sua vez, impôs multa no montante de SGC 13 milhões", informa o BTG Pactual, no comunicado.

Como as falhas que deram origem às perdas e multas ocorreram no período anterior à conclusão da compra do BSI pelo BTG Pactual, o BTG alega que buscará indenização com o grupo Generali.

Conforme havia sido acordado com a FINMA, Roberto Isolani, foi nomeado como CEO do BSI. Já Renato Cohn assumiu como CEO do BSI Singapura há duas semanas. Ambos são parceiros do BTG Pactual.

Por que o escândalo envolvendo o BSI pode atrapalhar o BTG






Arnd Wiegmann/Reuters
BSI
BSI: investigado em escândalo de corrupção na Ásia, banco vendido pelo BTG Pactual terá de pagar multas
 
 
 
 
São Paulo - O BTG Pactual recebeu nesta terça-feira (24) a aprovação dos órgãos regulatórios Swiss Financial Market Supervision Authority (FINMA), da Suíça, e Monetary Authority of Singapore (MAS), de Singapura, para vender o controle do banco BSI ao suíço EFG International.

Ao mesmo tempo, ambas as entidades anunciaram punições ao BSI por conta de investigações sobre lavagem de dinheiro e falhas de compliance.
 
As penalidades, uma reversão de lucros no valor de 95 milhões de francos suíços (cerca de 339,15 milhões de reais) e uma multa de 13 milhões de dólares de Singapura (algo em torno de 33,28 milhões de reais), vão reduzir o valor que a EFG International pagará ao BTG pelo banco.

"A multa e a pena vão resultar em uma redução no preço de compra", disse em nota.

O BTG, entretanto, reclamará o ressarcimento das perdas junto ao grupo italiano Generali, antigo dono do ativo.

"As falhas que lhes deram origem ocorreram em período anterior à conclusão da aquisição do BSI pelo BTG Pactual", diz a companhia, em nota.

A possibilidade da indenização, segundo a empresa, está contemplada no contrato firmado com o Generali.

A venda do BSI para o EFG International foi fechada em fevereiro, por 1,33 bilhão de francos suíços (na época, aproximadamente 5,4 bilhões de reais).

O acordo envolvia o pagamento de 975 milhões de francos suíços em dinheiro e 52,6 milhões de ações do EFG. Dessa forma, o BTG ainda teria 20% do banco combinado das duas operações.

Apesar do sinal verde da FINMA e da MAS, a conclusão do negócio ainda depende de outras aprovações regulatórias, que devem ocorrer até o quatro trimestre deste ano.
 

Entenda o caso


Apenas cinco meses após comprar o BSI, o BTG Pactual fechou acordo para vendê-lo ao banco suíço EFG International, em fevereiro.

Naquela época, o banco se desfez de diversos ativos para levantar capital e atravessar a turbulência causada pela prisão de seu então presidente, André Esteves, acusado de tentar obstruir a operação Lava Jato.

Porém, o BSI já era investigado em um dos maiores escândalos de corrupção da Ásia.

A empresa é acusada de lavar dinheiro vindo do fundo de investimentos soberano da Malásia 1MDB e transferi-lo para contas privadas do primeiro-ministro malaio Najib Razak, ou de pessoas próximas a ele.
 
Segundo o The Wall Street Journal, investigadores acreditam que mais de 1 bilhão de dólares provenientes do fundo podem ter sido desviados para o bolso de Razak através de "estruturas financeiras complexas".

Como resultado das apurações, além das multas, o BSI teve seis executivos denunciados em Singapura, incluindo o CEO local Hans Peter Brunner, e perdeu a aprovação para atuar como banco comercial no país, a primeira proibição do tipo desde 1984.

Nesta terça-feira, o BTG anunciou que Brunner foi substituído por Roberto Cohn há duas semanas e também que Roberto Isolani é o novo presidente global do BSI, no lugar de Stefano Coduri.

"Inspeções feitas em 2015 revelaram falhas de controle generalizadas que levaram a inúmeras violações graves de vários regulamentos contra lavagem de dinheiro", disse a MAS, entidade regulatória de Singapura, em nota.

Já a FINMA, instituição regulatória da Suíça, relatou que, entre 2011 e abril de 2015, o BSI apresentou graves deficiências na identificação de transações de risco aumentado.

"Essas falhas eram relacionadas particularmente a relações comerciais com pessoas politicamente expostas, cuja origem dos ativos não era suficientemente clara, e cujas duvidosas operações envolvendo centenas de milhões de dólares norte-americanos não foram satisfatoriamente analisadas", afirmou em nota.

"No contexto do 1MDB, o banco mantinha negócios com uma série de fundos soberanos cujas contas eram mantidas na Suíça e em Singapura", prossegue a FINMA.

Por isso, o órgão determinou a restituição dos lucros gerados ilegalmente – o dinheiro irá para o governo suíço – e aprovou a aquisição do banco pelo EFG desde que ele seja dissolvido integralmente em até 12 meses após a transação.

Outra condição imposta foi a de que nenhum dos executivos do topo da companhia responsáveis pela má conduta assuma posição de liderança na empresa combinada.

Monsanto rejeita oferta de compra da Bayer





Daniel Acker/Bloomberg
Logo da Monsanto
Monsanto: porém, a empresa "continua aberta a manter discussões construtivas para determinar se uma transação"
 
Da REUTERS


Monsanto, maior empresa de sementes do mundo, rejeitou uma oferta de aquisição feita pela Bayer de 62 bilhões de dólares, considerando-a "incompleta e financeiramente inadequada", mas disse que estava aberta a se envolver em mais em negociações.

A decisão da Monsanto, noticiada em primeira mão pela Reuters nesta terça-feira, pressiona a Bayer a decidir se aumentará sua oferta, mesmo com a empresa enfrentando críticas de alguns acionistas de que sua oferta de 122 dólares por ação e dinheiro já é muito alta. As outras opções são desistir ou apresentar uma oferta hostil.
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A Bayer não comentou imediatamente.

As ações da Monsanto subiram 2,5 por cento, para 108,70 dólares em negociações durante a tarde em Nova York, mas permaneceram muito abaixo do preço oferecido pela Bayer, ressaltando o ceticismo de alguns investidores de que um acordo possa ser feito. As ações da Bayer subiram 3,23 por cento, a 87,15 euros em Frankfurt.

"A proposta atual desvaloriza significativamente nossa empresa e também não soluciona adequadamente ou fornece garantias para alguns dos potenciais riscos de execução financeiros e regulatórios relacionados à aquisição", disse o presidente-executivo da Monsanto, Hugh Grant, em comunicado.

Não ficou claro por qual preço a Monsanto estaria disposta a ser adquirida. Vários analisas sugeriram que a Bayer teria que pagar muito mais de que sua oferta atual para fechar negócio.


AB InBev ganha aval condicional da UE para comprar SABMiller





Sean Gallup/Getty Images
Fábrica de cervejas da SABMiller
Fábrica de cervejas da SABMiller: venda para a AB Inbev foi aprovada na União Europeia sob condições


Bruxelas - A União Europeia autorizou hoje a compra da SABMiller pela AB Inbev por US$ 108 bilhões, sob a condição de que a empresa se desfaça de quase todos os negócios da SABMiller na Europa.

A Comissão Europeia, órgão antitruste da UE, disse que inicialmente tinha preocupações de que o negócio levaria a um aumento dos preços, mas acrescentou que as concessões da AB InBev amenizaram essas preocupações.
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A AB InBev se comprometeu a vender suas marcas premium Peroni e Grolsch, bem como a marca britânica de cerveja artesanal Meantime, ao grupo Asahi Holdings por US$ 2,9 bilhões. A empresa também se comprometeu a vender ativos da SABMiller na Europa Central e Oriental, mas ainda não encontrou um comprador

"A decisão de hoje vai assegurar que a competição não seja enfraquecida nesses mercados e que o consumidor não seja prejudicado", disse Margrethe Vestager, presidente da comissão antitruste.

A fusão da AB InBev com a SABMiller, anunciada em novembro, deve estar fechada até o segundo semestre deste ano e criará o maior grupo de cerveja do mundo, responsável por cerca de 30% do mercado global. A compra também é avaliada por órgãos reguladores dos Estados Unidos, China e África do Sul, entre outros mercados. Fonte: Dow Jones Newswires.

Congresso analisa vetos, mas votação da meta deve demorar






Pedro França/Agência Senado
Congresso Nacional
Congresso Nacional: a previsão, entre consultores legislativos e políticos, é que a sessão deve adentrar a noite e, possivelmente, a madrugada.
 
Da REUTERS


BRASÍLIA - O Congresso Nacional iniciou a votação de vetos presidenciais em sessão conjunta da Câmara e do Senado nesta terça-feira, mas a análise do projeto que altera a meta fiscal deste ano ainda deve demorar horas para ocorrer.

Deputados e senadores precisam analisar 27 vetos da presidente afastada Dilma Rousseff para então se debruçarem sobre a nova proposta da meta fiscal, do governo do presidente interino Michel Temer.


Dentre os vetos em análise, 13 foram destacados do grupo principal para serem votados separadamente, um a um, seguindo rito que prevê aproximadamente 1 hora de discussão, encaminhamento e votação para cada item. O vetos votados em bloco foram todos mantidos.

A probabilidade de derrubada de vetos que resulte em impactos fiscais para a União é pequena, uma vez que o governo de Temer, ainda nos primeiros dias de teste no Congresso, conta com uma numerosa base.

A previsão, entre consultores legislativos e políticos, é que a sessão deve adentrar a noite e, possivelmente, a madrugada. Tanto é, que o próprio presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), vinha declarando que destinaria a semana --reduzida por um feriado-- para garantir a aprovação da mudança da meta.

A medida abre espaço para o governo central (governo federal, Previdência e Banco Central) registrar um déficit primário recorde de 170,5 bilhões de reais, ante meta ainda vigente de superávit 24 bilhões de reais.

As reuniões da Comissão Mista do Orçamento (CMO) marcadas para esta terça-feira com o objetivo de votar a nova meta fiscal foram canceladas, levando a matéria para apreciação direta do plenário do Congresso.

O relator do texto na CMO, deputado Dagoberto (PDT-MS), avaliou que faltou mobilização por parte do governo para que o projeto já ganhasse sinal verde na comissão, o que facilitaria sua aprovação no Congresso.

"Se tivesse votado lá teria muito mais força, viria com chancela da CMO", disse ele, acrescentando que a indefinição de líder do governo no Senado pode ter atrapalhado a orientação de presença para garantia de quórum na comissão. Dagoberto será o relator do projeto também no plenário do Congresso.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Marcela Ayres)

Temer defende aprovação de medidas econômicas para conter déficit


Governo foca controle das despesas e busca pela melhoria do desempenho da prestação de serviços 

Por Agência Brasil 
 Temer defende aprovação de medidas econômicas para conter déficit

O presidente interino Michel Temer criticou nesta terça-feira (24) a oposição, que promete obstruir a votação da nova meta orçamentária no Congresso Nacional. Temer fez a declaração nesta manhã, antes do anúncio de medidas para controlar o déficit público. Na segunda-feira (23), o presidente interino Michel Temer foi ao Congresso Nacional entregar pessoalmente a proposta da nova meta fiscal para este ano, com previsão de déficit de R$ 170,5 bilhões. “Estamos governando junto com senadores e deputados. Muitas vezes, leio e ouço que estou instituindo uma espécie de semiparlamentarismo. Isso me envaidece. Significa que estamos reinstitucionalizando o país”, declarou. 

Ele destacou que, no dia de hoje, há a votação de matéria importante para o governo, que é a análise da meta. Segundo ele, a votação representa o primeiro teste do governo no Congresso. “Estamos trabalhando e exercendo regularmente nossas funções. Todos querem testar as instituições nacionais. Muitos até propuseram a modificação da meta, mas [agora] anunciam que vão impedir a votação”, lamentou. De acordo Temer, isso revela a absoluta discordância com a normalidade institucional do país. Segundo ele, a oposição existe para ajudar a governar. Ele lembrou que projeto original com um déficit orçamentário, de mais de R$ 90 bilhões, foi remetido por quem estava no poder. “Ontem, tivemos que rever o montante do déficit”, enfatizou. De acordo com ele, a visita ao Congresso ocorreu com o objetivo de mostrar a indispensabilidade de votar a matéria [a mudança da meta]. “Estou pedindo aos senhores que se esforcem hoje. Preciso concretizar, não posso ficar na teoria”.


Fundo soberano
 

O presidente anunciou ainda que irá usar os recursos do Fundo Soberano para conter o deficit público. Ele destacou que os recursos estão próximos de R$ 2 bilhões. O fundo foi criado após o anúncio do programa de exploração do pré-sal, com o objetivo de funcionar como uma espécie de poupança com o excedente do superávit primário. Entre as finalidades apresentadas para justificar sua criação estão a proteção da economia brasileira contra crises financeiras, formação de uma poupança pública e promoção de investimentos em ativos no Brasil e no exterior. 

Temer também espera um total de R$ 100 bilhões em pagamentos da dívida do BNDES junto ao Tesouro Nacional. Os recursos seriam divididos em um pagamento de R$ 40 bilhões e outros dois de R$ 30 bilhões. Isso deve levar, segundo ele, a uma economia de R$ 7 bilhões ao ano para o Tesouro.


Previdência
 

De acordo com o presidente interino, a proposta para a Previdência só será apresentada ao Congresso quando houver uma concordância ao menos de amplíssima maioria. Temer afirmou ainda que grande parte da população está a favor de algumas das medidas já anunciadas preliminarmente em relação à reforma da Previdência. “O governo não realizará uma reforma sem concordância com a sociedade”, afirmou.


Medidas
 

Temer anunciou também que mandará uma emenda constitucional ao Congresso para limitar gastos públicos. As despesas do setor público, segundo ele, se encontram em uma trajetória insustentável. 

"Vamos apresentar a proposta de emenda que limitará o crescimento dos gastos", pontuou. 

As medidas de política econômica que o governo anunciou são focadas no controle das despesas primárias e financeiras, na eliminação de ineficiências do gasto público e na busca pela melhoria do desempenho da prestação de serviços às camadas mais pobres da população, como antecipou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante participação em um seminário em São Paulo.

De acordo com Meirelles, a ideia é exatamente um plano de voo, com medidas que tenham efeitos plurianuais e impactos permanentes. A ênfase, portanto, será menos numa melhora pontual do resultado primário e mais na tentativa de colocar a dívida pública em uma trajetória de sustentabilidade no longo prazo, informou o Ministério da Fazenda. Meirelles tem dito que, se nada for feito, a dívida pode ultrapassar, em alguns anos, a marca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB), aproximando-se do dobro da média dos países emergentes. “A combinação de aumento permanente da carga tributária com contenção temporária das despesas não se aplica mais”, criticou Meirelles. “Em último caso, em algum momento, pode-se temporariamente estabelecer ou propor algum imposto, se for necessário, à frente. Há consenso de que a carga tributária brasileira hoje já está num nível elevado. É importante não sobrecarregar ainda mais a sociedade com impostos”, revelou Meirelles.

Temer enviou mensagem ao Congresso solicitando a retirada da urgência de três projetos de lei, entre eles o que estabelece um plano de auxílio aos Estados e medidas de reequilíbrio fiscal (PL 257). O projeto foi encaminhado em março pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff.


Lava Jato
 

Temer afirmou que as investigações da Lava Jato não serão interrompidas. “Não posso invadir a competência de outro poder. Não vamos impedir a apuração com vistas à moralidade pública e administrativa. Ao contrário, vamos sempre incentivá-la. Por mais que eu diga, vejo que sempre sai notícia que tem 'um esquema para fazer isso ou aquilo'. Ninguém quer isso”, afirmou, referindo-se à força-tarefa - composta por integrantes do Ministério Público e da Justiça Federal - responsável pelas investigações e julgamento das ações provenientes dos inquéritos da operação. A Lava Jato já teve desdobramentos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), bem como a atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR).


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Temer defende aprovação de medidas econômicas para conter déficit

Governo foca controle das despesas e busca pela melhoria do desempenho da prestação de serviços

Por Agência Brasil

Temer defende aprovação de medidas econômicas para conter déficit
O presidente interino Michel Temer criticou nesta terça-feira (24) a oposição, que promete obstruir a votação da nova meta orçamentária no Congresso Nacional. Temer fez a declaração nesta manhã, antes do anúncio de medidas para controlar o déficit público. Na segunda-feira (23), o presidente interino Michel Temer foi ao Congresso Nacional entregar pessoalmente a proposta da nova meta fiscal para este ano, com previsão de déficit de R$ 170,5 bilhões. “Estamos governando junto com senadores e deputados. Muitas vezes, leio e ouço que estou instituindo uma espécie de semiparlamentarismo. Isso me envaidece. Significa que estamos reinstitucionalizando o país”, declarou.
Ele destacou que, no dia de hoje, há a votação de matéria importante para o governo, que é a análise da meta. Segundo ele, a votação representa o primeiro teste do governo no Congresso. “Estamos trabalhando e exercendo regularmente nossas funções. Todos querem testar as instituições nacionais. Muitos até propuseram a modificação da meta, mas [agora] anunciam que vão impedir a votação”, lamentou. De acordo Temer, isso revela a absoluta discordância com a normalidade institucional do país. Segundo ele, a oposição existe para ajudar a governar. Ele lembrou que projeto original com um déficit orçamentário, de mais de R$ 90 bilhões, foi remetido por quem estava no poder. “Ontem, tivemos que rever o montante do déficit”, enfatizou. De acordo com ele, a visita ao Congresso ocorreu com o objetivo de mostrar a indispensabilidade de votar a matéria [a mudança da meta]. “Estou pedindo aos senhores que se esforcem hoje. Preciso concretizar, não posso ficar na teoria”.
Fundo soberano
O presidente anunciou ainda que irá usar os recursos do Fundo Soberano para conter o deficit público. Ele destacou que os recursos estão próximos de R$ 2 bilhões. O fundo foi criado após o anúncio do programa de exploração do pré-sal, com o objetivo de funcionar como uma espécie de poupança com o excedente do superávit primário. Entre as finalidades apresentadas para justificar sua criação estão a proteção da economia brasileira contra crises financeiras, formação de uma poupança pública e promoção de investimentos em ativos no Brasil e no exterior. 
Temer também espera um total de R$ 100 bilhões em pagamentos da dívida do BNDES junto ao Tesouro Nacional. Os recursos seriam divididos em um pagamento de R$ 40 bilhões e outros dois de R$ 30 bilhões. Isso deve levar, segundo ele, a uma economia de R$ 7 bilhões ao ano para o Tesouro.
PrevidênciaDe acordo com o presidente interino, a proposta para a Previdência só será apresentada ao Congresso quando houver uma concordância ao menos de amplíssima maioria. Temer afirmou ainda que grande parte da população está a favor de algumas das medidas já anunciadas preliminarmente em relação à reforma da Previdência. “O governo não realizará uma reforma sem concordância com a sociedade”, afirmou.
Medidas
Temer anunciou também que mandará uma emenda constitucional ao Congresso para limitar gastos públicos. As despesas do setor público, segundo ele, se encontram em uma trajetória insustentável. "Vamos apresentar a proposta de emenda que limitará o crescimento dos gastos", pontuou. 
As medidas de política econômica que o governo anunciou são focadas no controle das despesas primárias e financeiras, na eliminação de ineficiências do gasto público e na busca pela melhoria do desempenho da prestação de serviços às camadas mais pobres da população, como antecipou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante participação em um seminário em São Paulo.
De acordo com Meirelles, a ideia é exatamente um plano de voo, com medidas que tenham efeitos plurianuais e impactos permanentes. A ênfase, portanto, será menos numa melhora pontual do resultado primário e mais na tentativa de colocar a dívida pública em uma trajetória de sustentabilidade no longo prazo, informou o Ministério da Fazenda. Meirelles tem dito que, se nada for feito, a dívida pode ultrapassar, em alguns anos, a marca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB), aproximando-se do dobro da média dos países emergentes. “A combinação de aumento permanente da carga tributária com contenção temporária das despesas não se aplica mais”, criticou Meirelles. “Em último caso, em algum momento, pode-se temporariamente estabelecer ou propor algum imposto, se for necessário, à frente. Há consenso de que a carga tributária brasileira hoje já está num nível elevado. É importante não sobrecarregar ainda mais a sociedade com impostos”, revelou Meirelles.
Temer enviou mensagem ao Congresso solicitando a retirada da urgência de três projetos de lei, entre eles o que estabelece um plano de auxílio aos Estados e medidas de reequilíbrio fiscal (PL 257). O projeto foi encaminhado em março pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff.
Lava Jato
Temer afirmou que as investigações da Lava Jato não serão interrompidas. “Não posso invadir a competência de outro poder. Não vamos impedir a apuração com vistas à moralidade pública e administrativa. Ao contrário, vamos sempre incentivá-la. Por mais que eu diga, vejo que sempre sai notícia que tem 'um esquema para fazer isso ou aquilo'. Ninguém quer isso”, afirmou, referindo-se à força-tarefa - composta por integrantes do Ministério Público e da Justiça Federal - responsável pelas investigações e julgamento das ações provenientes dos inquéritos da operação. A Lava Jato já teve desdobramentos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), bem como a atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Sergio Moro explica sua visão da Justiça





Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Folhapress
Corrupção
Os federais em ação: práticas de corrupção se “naturalizaram” nos contratos públicos
 
Sergio Moro, da Revista EXAME
Sergio Moro – juiz federal da 13ª Vara Federal de Curitiba e um dos responsáveis pela Operação 

Lava-Jato – escreveu este artigo especialmente para EXAME.

"Passados mais de dois anos do inÍcio da fase ostensiva da assim denominada Operação Lava-Jato, o momento é propício para algumas reflexões baseadas nos casos já julgados. Tais reflexões não se aplicam necessariamente aos casos ainda pendentes de julgamento, já que, no processo penal, há situações particulares, e a responsabilidade criminal é sempre dependente de provas específicas.

Tratando dos casos já julgados, foram, até o momento, cerca de dez sentenças tendo por objeto específico crimes de corrupção em contratos da Petrobras. Em sete delas, foram condenados dirigentes de várias das principais empreiteiras do país como corruptores, diretores da Petrobras como beneficiários de vantagens indevidas e intermediários entre esses dois polos.

Mas o esquema criminoso que contaminou a Petrobras vai além da corrupção de agentes da empresa. Em pelo menos dois casos houve a condenação de ex-parlamentares federais que haviam sido beneficiados pelas propinas acertadas com funcionários da Petrobras e, em um terceiro caso, foi provado que o dinheiro da propina tinha sido direcionado ao financiamento ilícito de partido político.

Em um contexto mais amplo, a progressiva revelação dos fatos teve consequên­cias fora do processo penal. A Petrobras, de uma postura de negação geral no primeiro semestre de 2014, quando não reconhecia nenhum problema de governança, passou paulatinamente a admitir os crimes, culminando no reconhecimento oficial, em seu balanço de 2015, de perdas com a corrupção de cerca de 6 bilhões de reais.

Algumas das empreiteiras envolvidas nos crimes passaram, louvadamente, a reconhecer sua responsabilidade. Duas grandes empreiteiras celebraram acordos de leniência com o Ministério Público Federal, comprometendo-se a revelar os ilícitos, abandonar práticas criminosas, implementar sistemas eficientes de compliance e indenizar os cofres públicos em mais de 1 bilhão de reais.

O relato geral do ocorrido não faz jus à dramaticidade dos eventos. O mais perturbardor, nesse quadro, foi a constatação de que práticas corruptas haviam se ‘naturalizado’ no âmbito dos contratos públicos. O indicativo principal é o fato de as propinas serem negociadas com base em taxas previamente estabelecidas, em percentual fixo calculado em cima dos contratos, ou seja, a regra do ‘x por cento’.

Como regra, o pagamento de 1% a 2% de propinas incidentes sobre os contratos. De forma semelhante, pré-existentes regras de divisão da propina entre intermediários, funcionários da Petrobras e políticos ou partidos. Para ilustrar, extrai-se o seguinte trecho do interrogatório de um dos envolvidos no esquema criminoso: 

‘Ministério Público — Quando eu questionei sobre o pagamento de propina, essa expressão ‘regra do jogo’ que o senhor usou, exatamente como acontecia?
Depoente — A regra do jogo a que me referi é que não havia contrato na Petrobras se não houvesse um acordo de pagamento desses va­lores para a diretoria de abastecimento e para a diretoria de engenharia e serviços.

Ministério Público — Isso já era uma regra conhecida, já era uma prática conhecida?
Depoente — Uma regra de mercado’.
Outro indicativo consiste na falta de respostas mais concretas acerca do motivo das propinas. Mesmo empresários que confessaram o pagamento tiveram dificuldade em esclarecer por que agiam desse modo, assim como agentes da Petrobras confessos negaram que teriam propiciado benefícios mais concretos aos corruptores.

Ainda a ilustrar a magnitude das práticas corruptas, um gerente da Petrobras, após acordo de colaboração, devolveu, ele sozinho, cerca de 97 milhões de dólares em propinas que mantinha em contas secretas no exterior. Mais um fato desalentador foi a constatação de que alguns personagens tinham um histórico de envolvimento em outros esquemas criminosos.

Ilustrativamente, ficou provado que um ex-parlamentar federal, que havia sido condenado na conhecida Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal, também recebeu propinas no esquema criminoso da Petrobras, tendo alguns dos recebimentos ocorrido mesmo enquanto a Suprema Corte debatia, em julgamento público, a responsabilidade do mesmo indivíduo no crime anterior.

Todos esses fatos perturbadores permitem concluir que foi descoberto um quadro de corrupção sistêmica. A corrupção, como crime isolado, existe em qualquer lugar do mundo, mas a corrupção sistêmica, o pagamento de propina como regra do jogo, não é assim tão comum, representando uma severa degeneração dos costumes públicos e privados.

O custo da corrupção sistêmica é gigantesco não só para os cofres públicos como também para a economia e a sociedade em geral. O mais óbvio é o custo da propina, que pode reduzir a margem de lucro das entidades privadas ou, como é mais comum, ser transferido ao contrato público, gerando consequentes impactos no orçamento público.

 

Investidores afugentados


Mais do que isso, a necessidade de gerar recursos para pagamento da propina em esquemas de corrupção sistêmica pode afetar decisões de investimento, gerando prejuízos ainda maiores.

Talvez alguns maus investimentos feitos pela Petrobras no período de corrupção sistêmica possam ser explicados não como produto de uma escolha ruim mas bem motivada, e sim pelo fato de a prioridade dos agentes envolvidos consistir em gerar propina, e não em tomar a melhor decisão do ponto de vista econômico para a companhia.

Elevações extraordinárias de custos de obras, como o da Refinaria Abreu e Lima, de cerca de 2 bilhões para 18 bilhões de dólares, talvez possam ser compreendidas nesse contexto. Esquemas de corrupção sistêmica afastam investidores internos e externos. Se o mercado não é limpo, se é possível trapacear com propinas, investidores potenciais que não desejam se envolver em práticas criminosas serão afastados.

Mais do que tudo, esquemas de corrupção sistêmica são danosos porque impactam a confiança na regra da lei e na democracia. Se a lei não vale para todos, há uma progressiva erosão da confiança na democracia, com efeitos colaterais preocupantes. Diante da revelação da corrupção sistêmica, o que fazer? O sistema de Justiça criminal deve funcionar.

Crimes descobertos e provados devem, respeitado o devido processo, ser punidos. A Justiça funciona quando o inocente vai para casa e o culpado para a prisão. O resultado não deve depender das condições econômicas ou políticas do acusado.

Ainda há muito a avançar nesse aspecto, mas a Operação Lava-Jato, assim como outras recentes, revela que muito pode ser feito, mesmo no sistema atual, desde que o problema seja tratado com seriedade. A Justiça não pode ser um faz de conta, com processos que não terminam e culpados que não são punidos.

O adequado funcionamento do sistema de Justiça criminal é condição necessária, mas não suficiente, para eliminar a corrupção sistêmica. É preciso que as outras instituições públicas, Executivo e Legislativo, adotem políticas públicas de prevenção e combate à corrupção. A corrupção sistêmica não é unicamente um problema da Justiça.

O governo é o principal responsável por criar um ambiente político e econômico livre da corrupção sistêmica. Ele, com maior visibilidade e poder, ensina pelo exemplo. Agentes corrompidos devem ser expulsos da vida pública.

Leis melhores podem ser aprovadas tanto para aprimorar o sistema de Justiça criminal como para incrementar a transparência e a previsibilidade das relações entre o público e o privado, assim diminuindo incentivos e oportunidades para práticas corruptas. Liberdade de imprensa e acesso à informação são essenciais.

O controle dos governantes pelos governados exige cidadãos bem informados sobre a gestão da vida pública. A iniciativa privada tem um papel relevante. A corrupção envolve quem paga e quem recebe. 
Ambos são culpados.

Pontualmente, empresas podem ser vítimas de extorsão, mas não raramente o pagamento de propina em contratos públicos envolve a obtenção de um benefício indevido pelo agente privado — por exemplo, a limitação da concorrência leal em uma licitação. Empresas devem fazer sua lição de casa.

Dizer não ao pagamento de propina, implantar mecanismos eficientes de controle interno para prevenir corrupção pública e privada e denunciar solicitações ou exigências de pagamento de propina. É também importante agir coletivamente para que empresas envolvidas em práticas corruptas sejam isoladas do mercado em vez de assumir uma posição de proeminência.

Muito pode ser feito pela iniciativa privada, independentemente do governo. Dois exemplos de fora. A famosa Operação Mãos Limpas, irmã italiana e mais velha da Operação Lava-Jato, iniciou-se com a denúncia de um empresário de que um diretor de um instituto filantrópico de Milão so­licitara o pagamento de propina em um contrato público.

Foi a coragem de um empresário que deu o pontapé inicial à mais abrangente e profunda ação judicial conhecida contra um esquema de corrupção sistêmica.

Outro exemplo do mesmo país. Na Sicília, onde negócios sofrem extorsão cotidiana da Cosa Nostra, empresários, pequenos ou grandes, associaram-se em organizações como o AddioPizzo (‘adeus, propina’) e recusam-se coletiva e publicamente a pagar propina. Muito pode ser feito e é preciso ter presente que a corrupção sistêmica é produto de uma fraqueza institucional e cultural.

Nenhum país está fadado a conviver com ela, pois não se trata de algo natural. Descobri-la, ainda que gere impactos no curto prazo, faz parte não do problema, mas do processo de cura. Uma vez descoberta, devem ser adotadas as políticas públicas necessárias para superá-la. Não se resolve o problema varrendo-o para debaixo do tapete.

A Operação Lava-Jato, talvez mais do que qualquer outra no passado, pela dimensão dos fatos que foram revelados, propicia ao Brasil a oportunidade para que sejam tomadas as providências necessárias para superar essa vergonhosa prática.

Para tanto, é imprescindível a ação das instituições públicas e privadas. Agindo juntas, é possível que a corrupção sistêmica se torne uma triste lembrança de um passado sombrio e não mais represente o futuro do país.”