Para o ano, o Tesouro manteve a projeção de que ela vá ficar entre 3,1 trilhões e 3,3 trilhões de reais em revisão do Plano Anual de Financiamento
Brasília – A dívida pública
federal rompeu pela primeira vez a barreira de 3 trilhões de reais em
setembro, informou o Tesouro Nacional nesta terça-feira, reduzindo a
previsão do peso dos títulos ligados à Selic na dívida para 2016, ao mesmo tempo em que elevou a fatia esperada dos papéis prefixados.
Em setembro, a dívida registrou alta de 3,10 por cento na comparação com o mês anterior, alcançando 3,047 trilhões de reais.
Para o ano, o Tesouro manteve a projeção de que ela vá ficar
entre 3,1 trilhões e 3,3 trilhões de reais em revisão do Plano Anual de
Financiamento (PAF). Em dezembro de 2015, o patamar foi de 2,793
trilhões de reais.
Após iniciar o ano estimando que os títulos ligados à Selic
representariam de 30 a 34 por cento do total da dívida em 2016, o
Tesouro agora vê de 27 a 31 por cento. Só em setembro, eles caíram a
26,54 por cento, ante 26,94 por cento em agosto.
Esses papéis pós-fixados são mais demandados por
investidores quando há percepção de aumento do risco, num ambiente de
inflação e juros elevados, como o vivido pelo país de maneira mais forte
no início do ano.
Eles tiram previsibilidade para a dívida, já que flutuam com os juros básicos.
“O planejamento de longo prazo da dívida é de fato reduzir a
parcela ligada à taxa flutuante e aumentar prefixado”, afirmou a
jornalistas o subsecretário da Dívida Pública, José Franco Morais.
“Ao
longo deste ano, o cenário realizado foi bem melhor do que as
expectativas. Isso se refletiu nos preços dos ativos e consequentemente
na estratégia de emissão de títulos públicos”, acrescentou.
O Banco Central iniciou, na semana passada, novo ciclo de
afrouxamento monetário ao reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto
percentual, a 14 por cento.
Já para os títulos prefixados, a previsão do Tesouro é que
sigam respondendo pela maior fatia da dívida, mas numa faixa de 33 a 37
por cento, acima dos 31 a 35 por cento de antes.
Esses papéis alcançaram 37,71 por cento do total no último mês, ante 36,85 por cento em agosto.
No mesmo período, os títulos corrigidos pela inflação
chegaram a 31,47 por cento da dívida, contra 31,82 por cento de agosto. A
meta no PAF neste caso foi mantida em 29 a 33 por cento do total em
2016.
Para os títulos ligados ao câmbio, o Tesouro também não
mudou a faixa de 3 a 7 por cento da dívida em 2016. Em setembro, esses
papéis foram a 4,29 por cento do total, contra 4,39 por cento em agosto.
Interna x Externa
Ainda segundo o Tesouro, a dívida pública mobiliária federal
interna subiu 3,21 por cento em setembro sobre agosto, a 2,921 trilhões
de reais, afetada pela emissão líquida de 62,12 bilhões de reais e pela
apropriação positiva de juros de 28,59 bilhões de reais.
A dívida externa, por sua vez, subiu 0,81 por cento na mesma
base, a 126,03 bilhões de reais, diante da apropriação positiva de
juros de 1,15 bilhão de reais, compensada em parte pelo resgate líquido
de 140 milhões de reais.
A participação dos investidores estrangeiros em títulos da
dívida interna recuou a 14,97 por cento em setembro, contra 15,67 por
cento de agosto.