terça-feira, 2 de maio de 2017

Setores ligados à exportação começam a mostrar recuperação do emprego



Saldo de vagas passou de negativo para positivo
em relação ao mesmo período do ano anterior




Balança comercial ; exportação e importação ; exportações e importações ; PIB do Brasil ; comércio mundial ; contêineres ; porto de Paranaguá ;  (Foto: Divulgação)


Os primeiros sinais de recuperação do emprego com carteira assinada começam a aparecer. Um estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, aponta que, dos 25 segmentos monitorados no cadastro, 13 melhoraram o desempenho no primeiro trimestre: o saldo de vagas passou de negativo para positivo em relação ao mesmo período do ano anterior ou ficou mais positivo na mesma base de comparação.

O ponto em comum nesses segmentos que melhoraram o desempenho, de acordo com a CNC, é sua ligação com o comércio externo. Mais voltados à exportação - principalmente o agronegócio -, eles se beneficiam da recuperação que vem sendo apresentada há algum tempo na balança comercial.

A retomada, porém, ainda é incipiente. O saldo total de postos de trabalho, levando-se em conta todos os 25 segmentos do Caged, ainda encerrou o primeiro trimestre no terreno negativo, com 64,4 mil vagas fechadas. No entanto, esse resultado negativo foi bem menor do que o registrado no mesmo período de 2016. No primeiro trimestre do ano passado, entre abertura e fechamento, o saldo negativo do emprego formal tinha sido de 303,1 mil vagas.

"O número geral é negativo, mas, quando colocamos a lupa, conseguimos enxergar alguma recuperação do emprego", afirma Fabio Bentes, economista sênior da CNC e responsável pelo estudo.

O grande destaque em relação às vagas foi para a indústria, que teve saldo positivo na geração de empregos em nove segmentos, e o agronegócio, com a geração líquida de 14 mil vagas. "A indústria foi o primeiro segmento a fazer o ajuste no emprego e agora começa a se recuperar", observa Bentes.


Mercado externo

O desempenho mais favorável do emprego no agronegócio e na indústria em relação aos serviços, que ainda patinam, está associado, na opinião do economista, ao aquecimento das exportações.

Enquanto a produção industrial cresceu 0,3% no início deste ano, o preço médio das exportações brasileiras aumentou 21,3% no primeiro trimestre na comparação anual e mais que compensou o recuo do câmbio no mesmo período, explica Bentes. Por conta disso, as exportações de produtos básicos cresceram 39,1% no primeiro trimestre, enquanto as vendas externas de semimanufaturados aumentaram 14,9% e de manufaturados, 11,6%.

A tração das exportações na geração do emprego fica nítida no resultado do primeiro trimestre para a indústria calçadista. De acordo com os dados do Caged, o saldo da geração de vagas do setor calçadista somou 19,4 mil no primeiro trimestre, o melhor desempenho entre os segmentos industriais. O desempenho favorável do setor calçadista é confirmado por outro dado do Caged.

A cidade de Franca, no interior do Estado de São Paulo e tida como a capital do calçado masculino, foi a que mais gerou vagas entre os municípios brasileiros - 4.685. Também a cidade de Birigui, no interior de São Paulo, polo de produção de calçado infantil, está no ranking entre os municípios brasileiros que mais abriram vagas. O saldo líquido do município no primeiro trimestre foi de 2.120 postos de trabalho.

Outro recorte do estudo mostra a geração de emprego por faixa etária e nível de escolaridade. No primeiro trimestre deste ano, a geração líquida de postos formais de trabalho foi positiva apenas entre os trabalhadores mais jovens com até 24 anos de idade. Nessa faixa etária, o saldo foi de 175,3 mil vagas, um número 120% maior do que no mesmo período de 2016.

Em relação ao nível de escolaridade, geração de vagas no mercado formal favoreceu os trabalhadores mais qualificados. De janeiro a março foram abertas 63,1 mil vagas para trabalhadores com nível superior completo e incompleto. "As contratações estão ocorrendo para os trabalhadores bons e baratos", observa Bentes. Na questão salarial, o economista diz que, em média, o salário dos trabalhadores menos experientes é 52,5% menor do que o das pessoas com mais de 25 anos de idade.

Com os resultados ainda negativos acumulados no primeiro trimestre e a perspectiva de crescimento de apenas 0,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, Bentes projeta estabilidade para a geração liquida de postos formais de trabalho em 2017, depois de dois anos seguidos de fechamento de vagas. Em 2015, o saldo do Caged foi negativo em 1,5 milhão e, no ano passado, em 1,3 milhão de vagas.

R$ 126 bi dos recursos legalizados na ‘repatriação’ permanecem no exterior


O Banco Central registrou a entrada no país de R$ 26,6 bilhões


Real ; dinheiro ; moeda brasileira ; notas de real ; câmbio  (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)


Apesar de ser chamado de "repatriação", essa não é a melhor definição para o programa que legalizou bilhões em recursos clandestinos no exterior. Um levantamento feito pelo Estado, por meio da Lei de Acesso à Informação, identificou que a imensa maioria do dinheiro não voltou para o Brasil. Segundo a Receita Federal, foram regularizados R$ 152,7 bilhões até agora, mas permanecem lá fora R$ 126,1 bilhões - quase 83% do total. O Banco Central registrou a entrada no país de R$ 26,6 bilhões. Detalhe: o grosso, R$ 151,6 bilhões, pertence a pessoas físicas. Segundo advogados que trabalharam na regularização, essa parcela menor foi trazida, principalmente, pelos pequenos investidores, com menos de R$ 1 milhão. Tanto é assim que os quase R$ 27 bilhões repatriados entraram no Brasil por meio de 10.194 contratos de câmbio. Isso indica que, na média, cada contrato foi de R$ 260 mil.

Investidores com valores maiores ainda resistem. Contam que tiraram o dinheiro do país para ter uma espécie de "seguro" contra a instabilidade do Brasil e não acham que é hora de voltar. "A maior parte dos investidores prefere deixar o dinheiro lá fora até as coisas se acalmarem; querem ter uma reserva em moeda forte contra os riscos econômicos e políticos daqui. Tem crise, desemprego, Lava Jato. Ainda não estão acreditando no Brasil", diz Ordélio Azevedo Sette, sócio fundador do Azevedo Sette Advogados, que já fez mais de 100 procedimentos de regularização.

A legalização mostrou que é antiga a prática de "exportar" capital clandestinamente em tempos mais sensíveis. Pode-se dizer que o fluxo do dinheiro ilegal conta a história das crises brasileiras. "No meio do trabalho da repatriação, a gente pode ver, claramente, que os grandes movimentos de envio de recursos para o exterior foram em momentos pré-riscos políticos", diz o advogado tributarista Tiago Dockhorn, sócio do escritório Machado, Meyer, que coordenou pessoalmente mais de uma centena de repatriações. Dockhorn pontua as ocasiões que mais lhe chamaram a atenção: 1986, época do Plano Cruzado, do presidente Sarney; 1990, no confisco de Fernando Collor de Mello; 2002, quando ficou claro que Luiz Inácio Lula da Silva ganharia as eleições. "Passamos por tudo isso e estamos todos aqui, vivos, com o país aberto e funcionando."


Câmbio
 

Há razões financeiras também para manter o dinheiro fora do Brasil. Se o recurso foi conquistado no exterior, não está sujeito à tributação. Mas se for dinheiro gerado no Brasil e remetido para fora, a variação cambial vai fazer a diferença na volta. É preciso pagar imposto de 15% a 22,5%, dependendo do tamanho do ganho com a oscilação do valor da moeda. Pela lei da repatriação, o patrimônio mantido no exterior foi declarado com base num dólar a R$ 2,65. Hoje a cotação passa de R$ 3. Quem trouxer o dinheiro agora vai ter um custo.

Pesa também a questão da diversificação. "A realidade do mercado lá fora é totalmente outra: tem cultura de investimento de longo prazo, uma enorme diversificação de produtos que a gente ainda não encontra aqui, por mais que o mercado local já tenha se desenvolvido", diz Adalberto Cavalcanti, sócio da RB Capital, uma subsidiária do grupo financeiro Orix. O Orix serve de exemplo. Tem sede no Japão, está presente em 37 países e oferece alternativas de investimento como obras de infraestrutura em municípios, construção de aeroportos e projetos de energia solar.

Os especialistas também acreditam que, após estruturar um investimento no exterior, fica desconfortável voltar atrás, de uma hora para outra. "Há também uma razão psicológica para esse dinheiro não estar voltando: a pessoa organizou esse dinheiro lá fora, muita gente até herdou ou está com o dinheiro há muito tempo no exterior, e não pensou na sua situação patrimonial em termos de lá fora e aqui dentro - mantém lá fora para não ter de tomar a decisão agora", diz Beny Podlubny, sócio da XP Investimentos, a maior corretora do país.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com base em nova lei, juiz não reconhece vínculo de trabalhadora terceirizada

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A entrada em vigor da Lei 13.429/2017 passou a permitir terceirizações que antes eram proibidas apenas por conta de entendimentos jurisprudenciais. Com essa tese, o juiz Marco Aurélio Marsiglia Treviso , da 1ª Vara do Trabalho de Uberlândia (MG), não acolheu pedido de uma atendente de telemarketing para que tivesse vínculo de emprego reconhecido com o banco para o qual prestava serviços.

O juiz explicou que a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho e a Súmula 49 do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais estabeleciam a ilegalidade da terceirização de serviços de operação de telemarketing ligada ao setor bancário.

Porém, para Treviso, a nova lei autoriza a terceirização de serviços específicos e elimina conceitos jurídicos indeterminados como eram o de atividade-fim e atividade-meio. “De acordo com a nova sistemática legal, essa diferenciação deixa de existir”, explicou.

Para o julgador, o cancelamento da Súmula 331 do TST é “medida inafastável”, porque a jurisprudência que ela estabelece contraria a nova lei, que para ele disciplinou completamente a questão da terceirização.

Treviso também ressalta que seu entendimento não é aplicação retroativa da Lei 13.429/2017. “Na verdade, a referida disposição normativa apenas reforça o convencimento de que os entendimentos expostos na Súmula 331 do TST (e, por conseguinte, a Súmula 49 do TRT-3) estavam absolutamente equivocados, no plano jurídico, no que se referem à diferenciação entre atividade-fim e atividade-meio”, afirmou.


Aplicação retroativa


Professor do Direito de Trabalho e Processo Civil, Ricardo Calcini não concorda o entendimento do julgador. “A Lei da Terceirização não pode ser aplicada a fatos pretéritos anteriores à sua vigência.

Isso porque, segundo expressa previsão do artigo 6º da LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), o advento da nova normatização deve respeitar, obrigatoriamente, o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”, ressaltou Calcini.

O professor lembra que posição já havia sido adotada pelo TST na Súmula 441, quando da edição da Lei 12.506/2011, que regulamentou a proporcionalidade do aviso prévio, e que passou a valer apenas para rescisões contratuais ocorridas a partir de 13 de outubro de 2011.

“Seguindo idêntico raciocínio, apenas as novas relações jurídico-trabalhistas, que se formarão a partir de 31 de março de 2017, data da publicação da Lei 13.429/2017, é que passarão a ser regidas pela Lei da Terceirização”, finalizou Calcini.


Clique aqui para ler a decisão. 


http://www.conjur.com.br/2017-abr-29/base-lei-juiz-nao-reconhece-vinculo-terceirizada

Empresa indiana de TI Infosys planeja contratar 10 mil nos EUA


Medida surge no momento em que a Infosys se tornou alvo político nos EUA por trazer estrangeiros ao país com visto temporário para atender clientes

 






São Francisco / Mumbai – A empresa indiana de tecnologia da informação Infosys informou que planeja contratar 10 mil trabalhadores norte-americanos nos próximos dois anos e abrir quatro centros de tecnologia nos Estados Unidos, começando em agosto com um em Indiana, Estado do vice-presidente Mike Pence.

A iniciativa surge no momento em que a Infosys e alguns pares indianos, como a Tata Consultancy Services e a Wipro, se tornaram alvo político nos EUA por trazer estrangeiros ao país com visto temporário para atender clientes.

Empresas de tecnologia da informação dependem muito do programa de vistos H1-B, que o presidente norte-americano, Donald Trump, pediu que agências federais revisem.

Em entrevista por telefone à Reuters, o presidente da Infosys, Vishal Sikka, disse que a companhia planeja contratar trabalhadores norte-americanos em áreas como inteligência artificial.

“Quando você pensa sobre isso do ponto de vista dos EUA, obviamente criar mais empregos e oportunidades aos norte-americanos é uma coisa boa”, afirmou Sikka.

Embora empresas indianas de terceirização estejam recrutando nos EUA, a Infosys é a primeira a apresentar números concretos e prazos após a revisão das regras de visto anunciada por Trump.

No mês passado, duas fontes do setor disseram à Reuters que a Infosys estava requerendo apenas mil vistos H-1B neste ano. Uma delas afirmou que foram 6.500 pedidos em 2016 e cerca de 9 mil em 2015.


Embraer diz que Republic Airways expandirá frota com leasing


Na segunda-feira, a Republic anunciou que saiu do processo de recuperação judicial com uma frota de 170 E-Jets da Embraer

 




São Paulo – A norte-americana Republic Airways Holdings, maior operadora de aeronaves comerciais fabricadas pela Embraer, expandirá sua frota neste ano por meio de acordos de leasing, informou nesta terça-feira o diretor financeiro da companhia brasileira, José Filippo.

Na segunda-feira, a Republic anunciou que saiu do processo de recuperação judicial com uma frota de 170 E-Jets da Embraer e que planejava adicionar à frota outros 18 até o fim de 2017.

Em novembro, a Embraer informou que havia transferido uma encomenda de 24 jatos E-175 da Republic Airways para a United Airlines.

Cientistas lutam para salvar humanidade de um mundo sem café

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Enquanto Washington debate se a mudança climática é mentira ou ameaça iminente, a indústria mundial de café não espera que o governo americano tome providências para proteger seus negócios.

Os cafezais são ameaçados pela derrubada de florestas, por temperaturas atipicamente elevadas, pela falta de chuvas e por pragas. O mercado global provavelmente terá seu quarto ano consecutivo de déficit, segundo estimativas do Rabobank International.

Enquanto isso, a demanda global pela bebida deve bater recorde neste ano, puxada pelos jovens consumidores dos EUA. A produção precisará aumentar pelo menos 50 por cento até o meio do século para acompanhar a demanda, de acordo com a organização ambiental Conservation International. Para dar conta, o setor tenta desenvolver plantas com capacidade de adaptação ao novo meio ambiente.

As terras próprias para cultivo da espécie arábica, preferida do Starbucks e outros torrefadores especiais, diminuirão pela metade até 2050, segundo o Instituto Mundial de Pesquisa em Café (WCR, na sigla em inglês). No Espírito Santo, por exemplo, a produção desabou, principalmente para a variedade robusta. Nos últimos três anos, a região recebeu somente 50 por cento da média de chuvas, enquanto a temperatura ficou 3 graus Celsius acima do normal. “Foi a pior seca em 80 anos”, disse Romário Gava Ferrão, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Segundo ele, alguns fazendeiros migraram para outras regiões ou investiram em novas culturas.

Doenças causadas por fungos que afetam as espécies arábica e robusta, também estão devastando o setor. Entre 2011 e 2016, foram perdidas para essas pragas aproximadamente 18,2 milhões de sacas, avaliadas em US$ 2,5 bilhões, segundo o WCR. Com isso, 1,7 milhão de pessoas ficaram sem trabalho. O aquecimento do planeta significa que os cafeicultores enfrentarão ameaças mais frequentes, disse Christophe Montagnon, geneticista do WCR que lidera uma equipe global de pesquisadores para encontrar plantas capazes de sobreviver em um clima diferente. “O aquecimento global significa que os únicos lugares que continuarão aráveis são mais frios ou estão em altitudes maiores”, afirmou Montagnon, falando de Lyon, na França.

Em uma experiência recente, a equipe dele colocou 30 variedades de plantas de 20 países em um ambiente controlado no Laos, onde foram submetidas a temperaturas que baixaram até 2 graus Celsius. As sete variedades sobreviventes ao frio agora serão levadas a outras nações, do Brasil à Guatemala, para verificar se são capazes de progredir em solo estrangeiro e condições não controladas. Eventualmente, as plantas consideradas mais resistentes a temperaturas mais frias e à ferrugem serão selecionadas.
“Agora temos essas variedades resistentes à geada”, disse Montagnon. O próximo passo é desafiar essas variedades em ambientes diferentes, ele conta.

 (Bloomberg)


A nova onda das empresas fundadas por “ex-googlers”


É cada vez mais comum encontrar empreendedores que saíram da gigante do Vale do Silício para fundar a própria startup

 







São Paulo – Nos Estados Unidos há um termo para se referir aos funcionários do Google: os googlers. Em 71 cidades espalhadas pelo mundo, de São Francisco a Tóquio, passando por São Paulo, existem mais de 72 000 deles. É gente que costuma ter orgulho da empresa onde trabalha e gosta das regalias sempre presentes nos locais de trabalho, como comida gratuita, dos salários acima da média do mercado e da autonomia para definir projetos.

Para os jovens que desejam entrar no mercado de tecnologia, o Google é um dos lugares dos sonhos. No entanto, uma parte dos googlers desiste dessa vida. São engenheiros e executivos que largaram o conforto dos escritórios para empreender. Não existem dados oficiais a respeito, mas atualmente há pelo menos cinco dezenas de empresas nos Estados Unidos fundadas por ex-googlers. Em escala menor, a mesma tendência começa a ocorrer no Brasil.

Diego Nogueira e Davi Reis, fundadores da WorldSense, startup com sede em Belo Horizonte, estavam na primeira turma de engenheiros contratados pelo Google no Brasil em 2005. Nogueira e Reis passaram quase dez anos trabalhando na companhia, aprimorando os sistemas de busca, de mapas e também o desenvolvimento de algoritmos para o software de publicidade. Em 2015, a dupla pediu demissão, fundou a própria empresa e criou uma ferramenta de propaganda online.

A WorldSense faz o casamento entre, de um lado, os anunciantes e, de outro, blogs e sites de notícias em busca de publicidade. Com seu sistema, encontra palavras-chave do interesse dos anunciantes nos textos e coloca junto delas um link com a propaganda. “Ficamos muito tempo com a ideia de criar esse recurso. Mas só depois que saímos do Google é que conseguimos colocá-la em prática”, diz Reis. Saiba mais: Amplie o alcance da sua marca com links contextuais, clique e conheça mais sobre a WorldSense Patrocinado.
 
Especialistas são unânimes em dizer que a experiência de trabalhar numa grande empresa costuma ser parte fundamental na formação de um bom profissional. No caso das gigantes do Vale do Silício, essa tendência geralmente é ainda mais forte. Com muito dinheiro e uma imagem positiva, companhias como Google e Apple conseguem atrair alguns dos melhores talentos do mundo. E esse seleto grupo, formado em grande parte por engenheiros, é treinado e motivado a produzir num ambiente de alta excelência.

Quando um desses funcionários decide sair da empresa para empreender, leva com ele todo o aprendizado. Um exemplo é o americano Marc Benioff, fundador da Salesforce, maior empresa de software de gestão de vendas do mundo. Quando perguntado sobre sua formação, Benioff sempre cita o período que trabalhou como estagiário na Apple nos anos 80.

O caso mais famoso envolvendo um ex-googler é o de Kevin Systrom, fundador e presidente do aplicativo de fotografia Instagram. Antes de criar o aplicativo em 2010, juntamente com o brasileiro Michel Krieger, Systrom trabalhou no Google como gerente de marketing. Com a venda do Instagram ao Facebook por 1 bilhão de dólares há cinco anos, Systrom tornou-se bilionário antes de completar 30 anos de idade, algo notável mesmo para o Vale do Silício. “Companhias como Google conseguem formar bons empreendedores porque promovem a troca de conhecimento. As pessoas saem de lá muito preparadas”, diz Alex Cowan, professor de empreendedorismo na escola de negócios Darden School of Business, da Universidade de Virgínia.

 

Cartão de visita


Para parte dos empreendedores, a vivência profissional em grandes empresas de tecnologia também pode ser a senha para receber investimentos. No ano passado, o fundo First Round Capital, um dos principais grupos que investem em startups nos Estados Unidos, fez uma avaliação de todas as 300 empresas em que havia investido nos dez anos anteriores (o aplicativo de transporte Uber é uma delas).

As startups em que pelo menos um fundador trabalhou numa grande companhia de tecnologia — como Google, Amazon, Apple, Facebook, Microsoft ou Twitter — tiveram, na média, um desempenho financeiro 160% melhor do que as demais. Segundo o fundo, as habilidades adquiridas pelos empreendedores e as redes de contatos formadas por eles são alguns dos fatores que favorecem as startups. Uma das conclusões é que empreendedores que passaram por grandes empresas são mais preparados para enfrentar as adversidades comuns numa startup.

No Brasil, o que chama a atenção é a falta de experiência dos empreendedores, algo que tem dado ainda mais valor aos ex-googlers. Uma pesquisa recente da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas perguntou a investidores em operação no mercado brasileiro o que os leva a negar um investimento numa empresa de tecnologia. Para 93% deles, a falta de uma equipe experiente é um problema. Há outras questões, claro, mas elas não aparecem com tanta frequência. Baixa demanda para os produtos ou serviços oferecidos é apontada por 51% dos entrevistados, falta de inovação por 35% e falhas no modelo de negócios por 12%.

O empreendedor paulista Deli Matsuo acredita que seu currículo pesou quando ele captou 1,5 milhão de reais para sua startup, a Appus, em 2015 (outro 1,5 milhão de reais foi investido do próprio bolso). Durante seis anos, ele foi chefe do departamento de recursos humanos do Google na América Latina. Em 2011, ele saiu para trabalhar na RBS, grupo da área de comunicação com sede em Porto Alegre. Três anos depois, ao participar de um projeto para criar um software de análise de dados para o setor de recursos humanos da RBS, teve a ideia de empreender.

Hoje, a Appus desenvolve programas que usam os dados dos funcionários para fazer um acompanhamento da satisfação no trabalho, do comportamento deles e também para construir planos de carreira mais adequados. “No Google, já se usava ferramentas desse tipo e vi que poderia aplicar a mesma tecnologia em outras empresas”, diz o empreendedor. Entre os clientes estão o banco Itaú, a siderúrgica Gerdau e o Grupo Boticário, de produtos de beleza. A startup tem 20 funcionários e escritórios comerciais em São Paulo e Porto Alegre.

De todos os ex-googlers brasileiros, o mais famoso é Ariel Lambrecht, um dos fundadores do aplicativo de transporte 99 (o antigo 99táxis). Depois de receber um aporte de 100 milhões de dólares da chinesa Didi Chuxing e do fundo americano Riverwood no começo do ano, a 99, com 140 000 taxistas e 10 000 motoristas particulares, consolidou-se como a grande rival do Uber no Brasil.

Antes de criar a empresa,  Lambrecht  trabalhou  quatro  anos  no escritório do Google em Dublin, na 
Irlanda, como gerente de produto. Hoje, ele tenta reproduzir na 99 parte do que aprendeu na companhia. Pelo menos uma vez por semana, a 99 organiza confraternizações entre os funcionários para compartilhar o que tem sido feito na empresa. “O principal aprendizado que trouxe do tempo que trabalhei na Irlanda é a transparência. Lá todo mundo sabia o que estava sendo desenvolvido pelos colegas”, diz Lambrecht. Aos poucos, o Google vai fazendo escola no Brasil.