quarta-feira, 10 de maio de 2017

O dia do depoimento de Lula ao juiz Moro em Curitiba


O depoimento de Lula a Moro começou às 14h desta quarta-feira (10)

 


São Paulo – Pela primeira vez desde o início da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz federal Sergio Moro estão frente a frente desde às 14h desta quarta-feira (10), quando o petista – que é réu em cinco ações penais – começou a ser interrogado pelo magistrado.

Essa é apenas mais uma das inúmeras fases de um processo penal. Mas, em tempos de polarização política, o evento ganhou conotação de espetáculo com direito a atos pró e contra Lula agendados em todo o Brasil. Sem contar a ofensiva da defesa do ex-presidente para cancelar a audiência.

A última tentativa veio no final da tarde de ontem com a apelação dos advogados do ex-presidente ao STJ.  O Tribunal, porém, indeferiu os três recursos protocolados


ACOMPANHE O DEPOIMENTO DE LULA EM CURITIBA AO VIVO


16h55 – Depois quase 3 horas Moro faz rápido intervalo no depoimento 
O depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, que começou por volta das 14h15, fez uma pequena pausa após algumas perguntas ao ex-presidente.

16h42 – Moro e Lula “invertem gravatas”
Para o seu depoimento ao juiz federal Sergio Moro, o ex-presidente Lula decidiu usar uma gravata com com as cores azul, verde, amarela e branco. Em contrapartida, Moro escolheu uma da cor vermelha – tom símbolo do Partido dos Trabalhadores.
(Rodrigo Sanches/EXAME.com)


16h22 – Em Curitiba, ambulantes vendem “Pixulecos” e bonecos “Moro-herói”


16h11 – Veja as fotos do dia do depoimento de Lula ao juiz Moro em Curitiba

16h05 – Como assistir ao depoimento de Lula a Sergio Moro na internet
O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro será disponibilizado no sistema eletrônico da Justiça Federal do Paraná entre 17h30 e 18h, logo após o fim do interrogatório.
EXAME.com irá publicá-lo na íntegra, assim que o vídeo for liberado.

15h58 – Movimento Vem Pra Rua Brasil também comercializa boneco Pixuleco
Além do MBL, que anunciou desconto para quem usar o cupom “lulapresoamanhã”, o Vem Pra Rua Brasil também aproveitou o momento para impulsionar as vendas do boneco.


15h18 – Ação contra Lula pode ser julgada por Moro entre junho e julho
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser sentenciado pelo juiz federal Sérgio Moro  até o final de junho – se não houver suspensões do andamento processual -, por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá (SP).

O interrogatório de hoje, o Dia D da Lava Jato, marca o final da etapa de oitiva dos réus do processo em que ele é acusado pela Procuradoria da República por suposto recebimento de R$ 3,7 milhões em propinas da construtora OAS.

Terminada a fase de interrogatórios dos réus, o juiz abre prazo de 10 dias para o Ministério Público Federal fazer suas alegações finais da acusação contra Lula e os demais réus. Entregue os memoriais ao juízo, é aberto mais 10 dias para as alegações finais da defesas.

Superada essa etapa, Moro começa a contar o prazo para sua sentença.


15h10 – Hashtag criada em apoio ao ex-presidente está nos trending topics mundiais
A hashtag #MoroPersegueLula está na segunda colocação do Trending Topics mundial do Twitter.
Na manhã desta quarta-feira (10), o tópico #MoroOrgulhoBrasileiro também ficou entre os assuntos mais comentados da rede social em todo o mundo.

14h50 – Advogados de Lula convocam entrevista coletiva às 18h
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, os advogados do petista devem falar sobre o depoimento.
A expectativa, segundo a publicação, é que o interrogatório termine antes das 17h.

14h40 – MBL anuncia venda de boneco “Pixuleco” com desconto
Em protesto contra o ex-presidente Lula, o Movimento Brasil Livre (MBL) está anunciando a venda do boneco com desconto de R$ 5 para quem utilizar o cupom “lulapresoamanhã”.


14h36 – “Lula está muito tranquilo, muito sereno e com a verdade”, diz Gleisi Hoffmann


14h25 – Depoimento de Lula começou às 14h10, diz VEJA
De acordo com o portal, o depoimento do ex-presidente ao juiz Sergio Moro começou oficialmente às 14h10 e não será transmitido ao vivo.
A defesa do petista entrou com recurso para que uma equipe independente fosse autorizada a gravar fala dele ao juiz. O pedido, no entanto, foi indeferido pelo ministro Félix Fische, relator da Operação Lava Jato no tribunal.

13h55 – STJ nega terceiro e último recurso da defesa de Lula
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal, o ministro Félix Fischer negou o terceiro habeas corpus que pedia que o STJ considerasse o juiz Sergio Moro suspeito para julgar a ação penal.
Os advogados do ex-presidente também pediram que a corte adiasse o depoimento do petista por no mínimo 90 dias para rever a análise de toda a documentação do caso e que uma equipe independente fosse autorizada para gravar a fala dele ao juiz – os dois pedidos também foram negados pelo Tribunal. 

13h45 – Acompanhe a chegada de Lula no prédio da Justiça


13h30 – Lula sai de escritório e vai ao prédio da Justiça, diz Folha
Ex-presidente deixa escritório e se dirige ao prédio da Justiça, em Curitiba, onde deve prestar depoimento a Sergio Moro, segundo a Folha de S.Paulo.

13h15 – Movimentos ocupam praça Santos Andrade a favor de Lula


13h02 – Jato que levou Lula tem relação com o mensalão, diz Veja
A revista informou que a aeronave está registrada no nome de uma empresa do ex-ministro Walfrido Mares Guia. A empresa foi investigada por injetar recursos no esquema montado por Marcos Valério.


12h29 – Advogado de Lula diz que depoimento vai “liquidar qualquer dúvida”
Na página oficial do deputado Henrique Fontana (PT-RS) no Twitter, o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, diz que o depoimento do petista será “sereno”.


12h22 – O que pesa contra Lula
Réu em três ações penais, Lula deve responder hoje aos questionamentos do juiz Moro e dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato relacionados às suspeitas em torno do tríplex no Guarujá e o armazenamento do acervo presidencial.
A suspeita é de que a OAS repassou o apartamento 164-A do Edifício Solaris de 215 metros quadrados do Edifício Solaris, na Praia das Astúrias, no Guarujá, para o ex-presidente. Oficialmente, o imóvel ainda pertence à empreiteira — mas segundo Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, disse em depoimento, o tríplex era de fato de Lula.
Segundo o MPF, Lula teria recebido propina da ordem de 3,7 milhões de reais em contratos da OAS com duas refinarias da Petrobras. Parte desse valor, segundo os procuradores, está relacionada ao caso do tríplex: R$ 1,1 milhão destinados à compra do apartamento, R$ 926 mil para a reforma e o restante para compra de móveis, eletrodomésticos, transporte e armazenamento de bens.
Além disso, os procuradores sustentam que a OAS teeria pagado R$ 1,3 milhão para a empresa Granero guardar itens que Lula recebeu durante o exercício da presidência, entre 2002 e 2010. O pedido teria sido feito pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e do próprio ex-presidente da República.


12h16 – Em Curitiba, manifestantes fazem marcha pró-Lula


12h09 – Lula foi vaiado na saída do aeroporto, diz Folha
De acordo com o jornal, um grupo de 20 pessoas teria vaiado o ex-presidente na saída do Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba.

12h04 – Em Curitiba, manifestantes pregam outdoor em apoio a Lula
Banner em Curitiba, em apoio ao ex-presidente Lula, que presta depoimento para Sérgio Moro 10/05/2017

12h01 – Lula é recebido por parlamentares e dirigentes do PT em aeroporto
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido por parlamentares e dirigentes do PT após desembarcar no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Veja o registro do momento publicado pelo deputado federal Henrique Fontana:

11h50 – Vídeo mostra policiais em frente ao prédio da Justiça Federal


11h30 – Dilma fala em defesa do ex-presidente

11h16 – STJ nega recursos da defesa de Lula para adiar depoimento
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) informou que dois dos três recursos protocolados pela defesa do ex-presidente Lula para reverter decisões tomadas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região foram negados. 

11h04 – Dilma Rousseff também já esta em Curitiba
Em sua conta oficial no Twitter, a ex-presidente informou que já está na capital paranaense.


10h45 – Lula desembarca em Curitiba, diz G1
De acordo com o portal, o ex-presidente chegou ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba.

Rubens Ometto: ‘Só vamos investir se as reformas saírem



Rubens Ometto: ‘Só vamos investir se as reformas saírem’


Entrevista com Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e presidente do conselho de administração da Cosan. Para empresário, Michel Temer está no caminho certo ao conduzir as reformas para que o País volte a crescer.

"O que ganhamos no campo devolvemos nos portos e terminais", afirmou. "Temos um malha ferroviária muito aquém do potencial. A prioridade inicial precisa ser terminar os investimentos que já tiveram início para que funcionem com eficiência e, num segundo tempo, começar a fazer os greenfields", disse.

O empresário Rubens Ometto Silveira Mello, fundador do grupo Cosan, que atua em áreas de distribuição de combustíveis, usinas sucroalcooleiras a logística, está otimista em relação à economia. Ometto diz que o presidente Michel Temer fez importantes mudanças desde que assumiu, como o encaminhamento e aprovação de importantes reformas. Para ele, a aprovação das reformas é essencial para atrair investimentos. “Só vamos investir no País, se todas as reformas forem aprovadas.”


Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:


O sr. vê sinais de recuperação da economia?
Vejo que o Brasil está melhorando. (O presidente Michel) Temer está fazendo um excelente trabalho. O fato de ele dizer que não é candidato permite não fazer um governo populista. Ele está querendo deixar como legado as reformas e fazer o que precisa ser feito. Já aprovou o Teto dos Gastos, está conduzindo as reformas Trabalhista e da Previdência. Depois, virá a Política e a Tributária. Com isso, fará com que a inflação caia e que o País acabe com déficit fiscal. A inflação caindo, tem reflexo nos juros e aumenta a credibilidade do Brasil e volta a gerar emprego.

Mas já há ambiente para criar emprego?
Se o País voltar a crescer, claro que há. Arriscaria dizer que, se Temer não conseguir fazer as reformas, não vai mais ter reforma. Ele é do ninho político. Ele tem condição de convencer (os políticos) e entender as demandas. Até agora está (convencendo). Temos de apoiá-lo porque é fundamental para o País. E, se não for aprovado, estamos entre o céu e inferno. Tem de ter um patriotismo em favor de um bem maior e essas reformas consolidam isso.

Quais são as prioritárias?
Todas. O Brasil precisa se modernizar. Por que existe a corrupção? Porque você tem um Estado fortemente empresário. Se você tira o governo da posição de empresário, não tem corrupção. Se tem corrupção na minha empresa, eu combato. Se é uma empresa do governo, não tem ninguém olhando isso com interesse macro. Se tirar o governo como empresário, a corrupção diminui.

Havia no governo anterior uma relação promíscua entre o setor privado e público?
No governo petista piorou muito. Mas qualquer governo que tenha o Estado como empresário, o convite à corrupção é muito grande.

Como combater isso?
Sistema de gestão com meritocracia. Qual o estímulo que tem uma pessoa que é funcionária pública e não pode ser mandada embora? Se não tem dono, não tem gente em cima preocupada em fazer uma gestão saudável e dar o máximo do rendimento. Isso gera um prejuízo enorme.

O prefeito João Doria ganhou a eleição com esse discurso. O sr. acha que falta um pouco desse gestor no governo federal?
Acho. O Doria é um caso específico. Tem de fazer com que isso seja generalizado. Surgirão outros expoentes como ele.

Mas há forte resistência dos servidores públicos para aprovar a reforma da Previdência. O governo tem de endurecer?
Acho. Tem que ser duro o suficiente até conseguir aprovar. O ótimo é o inimigo do bom.

O que compete ao governo exatamente?
O setor público tem de se concentrar em saúde, educação e defesa. Não deve se meter na parte econômica, fazendo intervenção com política artificial de preços. Não se controla a inflação intervindo na economia. Já se tem as agências reguladoras. Vamos muito a Brasília pedir autorização. Isso leva você a supervalorizar o funcionário público. O nível de corrupção é elevado com a participação enorme do Estado na economia, com o excesso de regras.

Como o sr. vê o cenário econômico e político para 2018? Novas lideranças vão aparecer?
Novas lideranças sempre aparecem.

O sr. tem ambição política?
Não. Nem para cargos.

A imagem do empresariado ficou arranhada com a Lava Jato?
O empresário é sempre visto como bandido. É injusto. Única novela que eu vi que o empresário era bom foi em Pecado Capital (de Janete Clair), com o personagem de Lima Duarte (Salviano Lisboa).

Qual o legado da Lava Jato?
Vai haver renovação grande. E é muito saudável. Muda a maneira de fazer negócio entre público e privado.

A crise deixou os ativos baratos e atraiu investidores estrangeiros. Como vê esse movimento?
Não me preocupo. Tenho expertise, sei o que vou fazer, sei o que eles vão fazer. Confio na minha competência, eu já vi esse filme várias vezes. Nossa sociedade com a Shell foi bem-sucedida porque aliamos a expertise tecnológica da Shell e estamos do lado do negócio. O olho do dono engorda o rebanho. Investidores estrangeiros são bem-vindos.

Os futuros investimentos da Cosan estão ligados ao cenário político e econômico?
Se as reformas não forem aprovadas, eu não tenho interesse nenhum em fazer investimentos no Brasil.

Tem algum investimento congelado na Cosan?
A gente nunca para (de investir). Tem muita coisa rolando. Mas a gente poderia ser muito mais agressivo.

Há interesse da Cosan em investir na Ferrogrão e em outros setores?
Interessa sim (a Ferrogrão, ferrovia que ligará a região Centro-Oeste ao Norte do País). Faz sentido ao nosso negócio. Mas não tem nada em curso. O projeto ainda está muito cru. A Cosan sempre analisa oportunidades nas áreas onde atua 

(O Estado de S.Paulo, 9/5/17)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/rubens-omettoso-vamos-investir-se-as-reformas-sairem.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/

terça-feira, 9 de maio de 2017

Fitch espera por reformas antes de decidir sobre rating do Brasil


O rating soberano do Brasil pela Fitch atualmente é BB, com perspectiva negativa

 




Sede da Fitch Ratings em Londres




São Paulo – A Fitch Ratings aguarda maior clareza na agenda de aprovação de reformas pelo governo do presidente Michel Temer, notadamente a da Previdência, antes de considerar uma eventual ação sobre a nota do Brasil, disse nesta terça-feira o diretor da agência de classificação de risco no país, Rafael Guedes.

“Os analistas da agência esperam mais clareza na aprovação de reformas e no cenário de recuperação fiscal e de atividade econômica antes de tomar qualquer medida”, disse Guedes, durante apresentação a investidores.

O rating soberano do Brasil pela Fitch atualmente é BB, com perspectiva negativa.



Para onde olha a maior exportadora do Sul?


O ajuste comandado por Abilio Diniz quer devolver os bons resultados da BRF, uma ambição desafiada pela Carne Fraca

 

Por Marcos Graciani

 

graciani@amanha.com.br
O ajuste comandado por Abilio Diniz quer devolver os bons resultados da BRF, uma ambição desafiada pela Carne Fraca

A tempestade perfeita ocorrida em 2016 abalou a estratégia  da BRF – até então tida como segura – de manter metade de sua receita atrelada ao comércio exterior. O preço do milho, matéria-prima básica da cadeia de frangos e suínos, inflou no Brasil, refletindo a  quebra da safra. Já a colheita recorde do grão nos Estados Unidos fez com que a companhia de Itajaí (SC) perdesse competitividade lá fora.  Se não bastasse isso, enquanto os produtores brasileiros de frango reduziram a produção ante o cenário adverso do setor, concorrentes ao redor do mundo aproveitaram o momento de maior competitividade relativa e aumentaram a oferta do produto. 

Na Tailândia, por exemplo, a produção de carne da ave cresceu 10,7% em 2016, e os volumes exportados para outros países da Ásia aumentaram consideravelmente no segmento in natura. Na Europa, a Polônia elevou a produção em cerca de 13% em 2016 (dados até outubro) e elevou seus embarques para outros países do continente. O mesmo ocorreu com a Ucrânia, que, além da alta na produção de frango, teve forte crescimento no volume de exportação, com destaque para mercados do Oriente Médio e da Europa.

Por aqui, a crise econômica fez com que os consumidores buscassem produtos mais baratos. Por causa da política de repasse de preços encabeçada pela BRF, a concorrência passou a acompanhar o movimento de maneira mais rápida. No início do ano passado, por exemplo, os reajustes de preços feitos pela BRF no Brasil para compensar a alta dos grãos só foram seguidos por outros players dois meses depois, o que ajudou a reduzir a participação de mercado da empresa.

Isso fez com que a reintrodução da marca Perdigão, lançada no segundo trimestre para ganhar mercado da Seara, tirasse share da própria Sadia, grife de maior rentabilidade no portfólio da BRF. Esse conjunto de fatores fez com que a companhia catarinense reportasse seu primeiro prejuízo anual desde que foi criada, em 2009. No ano passado, a empresa teve um prejuízo líquido  de R$ 372 milhões, ante um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões em 2015. O revés foi provocado pelo desempenho do quarto trimestre, período no qual a empresa teve perda de R$ 460 milhões. A BRF também foi afetada pela alta do real perante o dólar. A valorização da moeda brasileira reduziu a rentabilidade das exportações da empresa. No acumulado de 2016, a receita líquida da companhia aumentou  4,8%, chegando a R$ 33,7 bilhões. O crescimento das vendas no ano passado decorreu, sobretudo, das aquisições feitas pela empresa no exterior.

O resultado desanimador fez com que Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração da companhia, viesse a público anunciar mudanças. A BRF contratou a consultoria BCG para dar suporte ao novo desenho de gestão. O plano foi apresentado em uma reunião de conselho que durou quase 10 horas – praticamente o dobro do tempo habitual. “Não queremos ficar à mercê dos ciclos ou mesmo do câmbio”, afirmou Diniz. O empresário também revelou a criação de um comitê para corrigir os erros, em particular na ligação entre a cadeia produtiva e o consumidor. Diniz comentou durante a análise do resultado anual, diante de analistas de mercado, que a reorganização levada a cabo na empresa, a partir de 2013, fez com que houvesse uma ruptura no gerenciamento da cadeia produtiva. A partir de agora, no entanto, a BRF reestabelecerá o canal entre produção e vendas.

A companhia também voltará a centralizar a maior parte das decisões, pois a descentralização exercida tanto em nível global como regionalmente, no Brasil, foi avaliada como muito excessiva. A decisão foi tomada ainda no final do ano passado, mesmo com o comitê passando a operar apenas a partir de fevereiro. O grupo composto por Abilio, Eduardo D´Ávila, José Carlos Magalhães (sócio da Tarpon, gestora de recursos que tem uma fatia da BRF) e Walter Fontana (membro do conselho de administração da BRF e ex-presidente da Sadia) tem reuniões semanais. “Passamos a olhar muito mais o consumidor. Acho que isso é certo, mas tem de equilibrar. O consumidor puxa, mas você tem de  empurrar com a produção”, admite Diniz. Ele também negou boatos de que a Península, sua firma de investimentos, estaria deixando a operação da BRF. “Está na hora de olharmos primeiro no espelho e depois na janela, pois a janela você não controla e o espelho você controla”, compara Diniz, buscando demostrar o comprometimento com as mudanças em curso.


Política agressiva
 

Se muitas coisas tendem a mudar na nova gestão comandada pelo comitê, a política agressiva da BRF no exterior deve seguir inalterada. Pelo menos foi o que deu a entender o CEO Pedro Faria. “Temos de compreender que, na maior parte dos mercados onde atuamos, a BRF é, talvez, o maior player e, de certa forma, temos a capacidade de comandar ações”, argumenta. Na Arábia Saudita, por exemplo, a companhia repassou o aumento de impostos para o preço final. No Oriente Médio como um todo, porém, a empresa optou por se defender às custas da redução da rentabilidade média de curto prazo. Essa estratégia fez com que se reestabelecesse um nível de estoque mais saudável nesses mercados. “O cenário competitivo que enfrentamos no Oriente Médio não é diferente daquele a que estamos acostumados historicamente”, atesta Faria. Essa parte do mundo, aliás, é a maior aposta da BRF no plano internacional. 

Tanto é que, desde o inicio de janeiro, a empresa iniciou as operações da OneFoods (anteriormente chamada de Sadia Halal). Esse braço é destinado ao mercado halal, onde o processamento e o consumo de alimentos é feito de acordo com as tradições muçulmanas. A BRF mira um público consumidor aproximado de 1,8 bilhão de pessoas. Sediada em Dubai, nos Emirados Árabes, a empresa tem cerca de 15 mil funcionários. O fornecimento dos produtos será feito a partir de dez plantas industriais: oito no Brasil, uma em Abu Dhabi e outra na Malásia. Hoje, a companhia detém quase metade ( 45%) do mercado de frango em países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar e Omã. 

Para alguns especialistas, a escolha pelo mercado halal também configura a ponta de lança para que a empresa de Itajaí se torne global, de fato. “A BRF ainda é majoritariamente brasileira. A oportunidade de se tornar global, operando fábricas fora do país, faz com que se mitigue o risco interno”, opina Ronaldo Kasinsky, analista da área de alimentos e bebidas do Santander. A ambição da empresa é que as suas unidades fabris no exerior representem 25% da produção total dentro de alguns anos – hoje, esse índice é de 10%. Também como parte desse plano, a BRF anunciou, em janeiro, seu desembarque na Turquia, o maior consumidor de frango halal do mundo. Lá, a companhia assumiu as operações da Banvit, maior produtora de aves no país. A Turquia tem uma população de cerca de 80 milhões de pessoas, que responde por cerca de 10% do consumo halal em todo o mundo. Ainda assim, o consumo local de frango per capita é pequeno, cerca de 20 quilos ao ano, e o mercado de alimentos processados apresenta baixa penetração. Ou seja, o país oferece grande potencial de crescimento para a maior exportadora do Sul. 

A BRF já afirmou no passado que também planeja ter uma planta industrial na China, em até cinco anos. Um passo foi dado em novembro de 2016, quando a  multinacional brasileira concluiu a aquisição de 1,9% de participação na chinesa Cofco Meat. “A BRF vem dando pequenos passos para atingir o objetivo de ser cada vez mais global. Isso demanda tempo e parcimônia. Pode ser que os recentes anúncios a façam ampliar o prazo de seus objetivos por dois ou mais anos, mas o que interessa é não desviar do norte”, avalia Vinícius Piccinini, analista de renda variável da Quantitas. 


O desafio da Carne Fraca

 
A Carne Fraca, operação que apura o envolvimento de frigoríficos acusados de subornar fiscais para comercializar produtos em condições impróprias, também atingiu a BRF. Alguns países chegaram a interromper a exportação de carne, mas depois reconsideraram a decisão. A questão é simples: algumas nações são quase “dependentes” da proteína brasileira – e não podem simplesmente suspender a importação e desabastecer o país. Ainda que esse detalhe torne o cenário menos nebuloso, o quadro da BRF é bem mais complexo. “No curto prazo, o consumidor tem bons argumentos para pagar menos pela marca, o que deixa a companhia em uma posição muito ruim de negociação. O X da questão é entender qual será a capacidade dela de aguentar essa queda de braço, visto que a BRF lida com um produto perecível”, alerta Piccinini. Ou seja, o desafio de Abilio Diniz se tornou ainda maior.
http://www.amanha.com.br/posts/view/3962

Atlantia deve fazer oferta de aquisição da Abertis em breve


Segundo duas fontes, a Atlantia assegurou um pacote de financiamento avaliado em cerca de 11 bilhões de euros para bancar uma oferta em dinheiro e ações




Londres/Milão/Madri – O grupo italiano de rodovias Atlantia está planejando fazer uma oferta de aquisição da rival espanhola Abertis nos próximos dias, disseram nesta terça-feira duas fontes com conhecimento da situação.

Uma fusão entre Atlantia e Abertis criaria a maior operadora de rodovias da Europa, com um valor de mercado combinado de mais de 36 bilhões de euros.

No Brasil, a Abertis é controladora indireta da Arteris, uma das maiores operadoras rodoviárias do país. Já a Atlantia foi uma das interessadas em 2015 em fazer um aporte na EcoRodovias, rival da Arteris, operação que acabou sendo realizada pelo grupo Gavio, também italiano.

A fusão também poderá acelerar os planos da Atlantia em se diversificar para além de seu mercado local, uma vez que o grupo combinado vai gerar cerca de 60 por cento de seus resultados fora da Itália.

“É uma questão de dias. A oferta deve ocorrer mais para o final da semana ou início da próxima semana”, disse uma das fontes, acrescentando que as duas partes têm interesse em um acordo amigável.

Representantes da Atlantia não puderam comentar o assunto de imediato e a Abertis preferiu não se manifestar.

As fontes afirmaram que a Atlantia assegurou um pacote de financiamento avaliado em cerca de 11 bilhões de euros para bancar uma oferta em dinheiro e ações.

A Atlantia tem uma reunião de conselho de administração marcada para a sexta-feira para discutir resultados trimestrais e poderá tentar formalizar a oferta pela Abertis, disseram as fontes.


CMAA investe até R$ 500 mi em usina de açúcar e etanol

CMAA investe até R$ 500 mi em usina de açúcar e etanol



Aclamado por seus pares ao chegar ao almoço anual que promove para marcar a abertura da safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais, José Francisco Santos, 61 – fundador da Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) e da JF Citrus –, exala carisma ao cumprimentar todos os cerca de 300 convidados. No discurso, dispara frases como: “Criei meus filhos para serem gestores, e não herdeiros”, referindo-se a Francisco José, diretor da JF Citrus, uma das quatro maiores produtoras de laranja do país; Carlos Eduardo, presidente da CMAA; e Luiz Gustavo, membro do conselho da JF Citrus e da CMAA.

É com toda essa energia contagiante que José Francisco Santos, presidente do conselho de administração da CMAA e da JF Citrus, fala também do novo investimento do grupo – uma usina de açúcar dentro da unidade Vale do Pontal, em Limeira do Oeste, no Triângulo Mineiro, que será inaugurada no dia 16 de maio. O investimento total – incluindo a compra da usina, a plantação e a área de açúcar – Santos calcula que foi de R$ 450 milhões a R$ 500 milhões. “Serão 2,5 milhões de toneladas de cana. Ela vai produzir álcool, açúcar e energia”, conta Santos. Só para adaptar e criar a fábrica de açúcar foram investidos R$ 80 milhões para a produção de 60 mil toneladas de açúcar. A área plantada é de 20 mil hectares.

A outra usina da CMAA, a Vale do Tijuco, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, já está com a moagem anual de 4 milhões de toneladas de cana numa área plantada de 50 mil hectares. Lá são produzidos 35 mil sacos de açúcar por dia. “Ficamos em terceiro lugar no ano passado. Prefiro estar entre os melhores do que estar entre os maiores”, dispara Santos, diante de um crescimento sustentável do grupo.

Empregos gerados. O presidente da CMAA, Carlos Eduardo Turchetto Santos, conta que as duas usinas geram 2.000 empregos diretos, sendo 1.300 na Vale do Tijuco e 700 na Vale do Pontal. “Com a fábrica de açúcar, houve um incremento de quase cem pessoas já contratadas e em treinamento”. Juntas, as duas usinas vão faturar R$ 1 bilhão neste ano.

Questionado sobre se tem mais alguma unidade sucroenergética no radar, Santos, antes de responder, pensa por instantes, olha para o horizonte e responde: “Pode ter. Mas o mercado melhorou. Usina que tem cana boa para moer e boas terras não está passando dificuldades”, desconversa.

JF Citrus está entre as 4 maiores

Mineiro de Oliveira, José Francisco Santos é um dos quatro maiores produtores do país com sua JF Citrus. “Neste ano vamos produzir 8 milhões de caixas de laranja, sendo 90% para exportação. Trabalhamos mais com suco concentrado”, diz, animado. Cada caixa de laranja tem 40,8 kg, acrescenta o empresário, que tem 700 empregados e outros 2.000 na safra.

Com uma área plantada de 12 mil hectares para o negócio da laranja, Santos explica que as plantações estão distribuídas entre Minas Gerais e São Paulo, sendo que esse último detém 70% da produção. “Temos laranja em Avaré, Mogi Mirim e Bebedouro (as três em São Paulo) e, em Minas, na cidade do Prata, onde temos mais de 1 milhão de pés irrigados, e em Comendador Gomes”, afirma.

Santos conta que paga US$ 400 para cada tonelada de suco de laranja que exporta, por isso ele é a favor de uma taxa para o Brasil importar etanol 

(O Tempo)

Coach compra varejista de luxo Kate Spade por US$ 2,4 bilhões


No início deste ano, a companhia afirmou que estava buscando alternativas estratégicas para seu negócio, como uma venda

 






São Paulo – De olho na Geração Y, A Coach anunciou ontem, 8, que comprou a Kate Spade por US$ 2,4 bilhões. A varejista de luxo estava à venda desde o início do ano.

O preço, de US$ 18,50 por ação, representa um prêmio de 27,5% em relação ao valor das ações em 27 de dezembro de 2016. Essa data não foi escolhida por acaso. Segundo a Coach, foi o último dia em que o preço das ações não foi afetado por especulações de compra.

Em novembro, o fundo de investimentos Caerus Investors enviou uma carta à A Kate Spade, pressionando que a companhia se colocasse à venda. “Estamos profundamente preocupados com o declínio íngreme do valor das ações da Kate Spade nos últimos dois anos e meio, provocado pela inabilidade da direção de alcançar as próprias metas”, diz a carta.

No início deste ano, a companhia afirmou que estava buscando alternativas estratégicas para seu negócio, como uma venda.

A Coach, fabricante de bolsas e acessórios de luxo baseada em Nova York, afirmou que a aquisição fará dela uma companhia de grandes e reconhecidas marcas de luxo modernas.

Para Victor Luis, CEO da Coach, “a Kate Spade tem uma posição de marca verdadeiramente única e diferenciada com amplo sortimento de produtos de estilo de vida e de forte reconhecimento entre os consumidores, especialmente millienials”.

Essa atração entre a população mais jovem é justamente sua maior força e um dos principais motivos para a compra, dizem analistas.

“A experiência extensa da Coach em abrir e operar lojas especializadas globalmente, além da construção de marcas em mercados internacionais pode desbloquear o potencial de crescimento global da Kate Spade, em grande parte inexplorado”, diz o presidente.

As empresas esperam sinergias, ou cortes de custos advindos da aquisição, de US$ 50 milhões em três anos. Este valor virá de melhorias em eficiência operacional, na escala e gestão de estoque e otimização da rede de fornecedores da Kate Spade.