quarta-feira, 10 de maio de 2017

Procura-se líder climático




Procura-se líder climático
Por Carlos Rittl

Nos próximos dias, os Estados Unidos de Donald Trump poderão se tornar o primeiro país do mundo a abandonar o acordo do clima de Paris, ratificado por 142 nações. A decisão será tomada por um grupo de assessores mais próximos do presidente, que estão no momento divididos, de um jeito que reflete bem a insanidade dos dias atuais: o ministro do Meio Ambiente é a favor de abandonar o tratado, enquanto o secretário de Estado, ex-CEO da maior petroleira do mundo, defende a permanência dos EUA na mesa.

Qualquer que seja o veredicto, será provavelmente um gesto apenas simbólico. Afinal, semanas atrás, Trump tomou a decisão política que importava mais sobre o assunto, ao assinar um decreto que autoriza a Agência de Proteção Ambiental a desmontar o Plano de Energia Limpa de Barack Obama. O plano é a principal regulação federal destinada a cortar emissões de carbono do setor de geração de energia.

O ato significa que o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo está abandonando a ação contra as mudanças climáticas num momento em que os fatos e a ciência nos gritam que ela deveria estar sendo criticamente acelerada. Os impactos da decisão para os objetivos do Acordo de Paris deverão ser gravíssimos. Mas igualmente ruim fica a situação da economia americana: Trump entregou de bandeja sua competitividade à China.

A premissa por trás do desmonte do Plano de Energia Limpa é uma suposta “guerra ao carvão” que teria sido movida por Obama. Mentira pura – ou, para usar uma expressão do léxico trumpista, “fato alternativo”: o que condenou o carvão à morte nos EUA não foi a regulação ambiental, mas sim a competição com tecnologias energéticas melhores e mais eficientes. O carvão declinou porque os americanos descobriram no gás natural extraído por fraturamento hidráulico uma fonte mais barata, abundante, eficiente e menos poluente. E foi só quando a realidade dessa competição já estava precificada na economia americana que o ex-presidente pôde adotar suas regulações mais ousadas da poluição das termelétricas e ampliar os incentivos às energias renováveis, que são o futuro da energia global.

Com o decreto, Trump dá uma banana para a inovação tecnológica, que sempre foi a pedra de toque da economia de seu país, na tentativa de prover uma sobrevida a duas fontes energéticas condenadas – o carvão e o petróleo. Esses dois setores hoje geram menos empregos do que as energias renováveis, mas isso não importa para Trump, mais interessado em proteger os investimentos de seus aliados na indústria fóssil.

O plano tende a fracassar, já que enfrentará forte oposição da sociedade civil, de Estados, de estados, cidades e de diversas indústrias poderosas, que apostam num futuro descarbonizado. A cruzada obscurantista de Trump contra a ciência da mudança climática foi alvo de uma marcha de cientistas no dia 22 de abril, que ocorreu em 600 cidades em todos os continentes, inclusive no Brasil. E, no dia 29, 200 mil pessoas marcharam pelo clima em Washington e outros milhares em mais de 370 cidades mundo afora.

É previsível, ainda, que haja uma chuva de ações judiciais exigindo a manutenção do plano energético de Obama. Que ninguém tenha dúvida: a matriz energética americana já está embicada para a descarbonização, e a maior prova disso foi que as emissões do país no ano passado caíram 1,6% - as menores desde 1990 – mesmo com um crescimento econômico de 3%. Isso quer dizer que o PIB americano está enfim desacoplado dos combustíveis fósseis.

No entanto, o decreto autorizando o fim do Plano de Energia Limpa terá repercussão imediata em dois aspectos. O primeiro é que, mesmo sem sair formalmente do Acordo de Paris, Trump terá provavelmente minado a chance de a humanidade alcançar sua meta mais ambiciosa, a de estabilizar o aquecimento global em 1,5oC.

Para que isso tivesse uma chance razoável de ocorrer, o mundo precisaria cortar profundamente emissões até 2020. Como os EUA respondem por 17% das emissões do mundo, precisariam liderar esse esforço. Mas nem mesmo o Plano de Energia Limpa, se fosse 100% implementado, daria conta da tarefa: ele contempla menos de 20% da NDC, a tarefa que os EUA impuseram a si mesmos como contribuição ao Acordo de Paris de cortar de 26% a 28% das emissões até 2025 em relação a 2005. Ou seja, os EUA precisariam estar criando novas políticas de corte de emissões para que a meta do 1,5oC tivesse mais chance. E estão fazendo o oposto. O sinal é o pior possível, já que outros países, como a Rússia, podem sentir-se tentados a agir de forma análoga.

O segundo efeito é deixar um vácuo de liderança na área de clima e energia, a ser preenchido por quem se apresentar. O primeiro candidato natural é a China, que tem nas energias renováveis prioridade de sua política industrial e já se apresentou neste ano, no Fórum de Davos, como substituta dos EUA nessa agenda. Investimentos que iriam para os Estados Unidos (“America First”?) agora farão a curva e tomarão rumo ao leste.

Mas há outros países que perderam relevância internacional recentemente e que deveriam estar interessados nisso. Veja, por exemplo, o Brasil: o país teve um grande sucesso recente de combate às emissões, com a queda do desmatamento na Amazônia; possui vasta experiência em biocombustíveis; e uma matriz energética ainda relativamente limpa. Caso resolvesse encarar o desafio, como fez a China, o Brasil poderia investir num programa maciço de descarbonização, de produção de commodities agrícolas com baixa emissão e de criação de uma indústria de base florestal.

Infelizmente, porém, nossos líderes parecem quase tão apegados ao passado quanto Donald Trump: destinamos 70% dos nossos investimentos em energia aos combustíveis fósseis, como o petróleo do pré-sal. Sintomático, aliás, nossa direita e nossa esquerda estejam engalfinhadas atualmente num debate sobre qual é o melhor método de jogar o carbono do pré-sal na atmosfera: se o “neoliberal” ou o “estatista”. E nosso Congresso, amplamente representado no Executivo, está mais ocupado em dizimar terras indígenas, unidades de conservação e regulações ao agronegócio do que em olhar para a frente. Na pátria das oportunidades perdidas, estamos deixando passar mais uma. A China agradece (Carlos Rittl é secretário-executivo do Observatório do Clima e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza)

Petrobras ainda não decidiu modelo de venda da BR Distribuidora

Petroleira disse que "está analisando o reinício de um novo processo de desinvestimento" de sua participação na BR Distribuidora





São Paulo – A Petrobras informou que não há nenhuma deliberação de sua diretoria executiva ou Conselho de Administração sobre o modelo de venda da unidade de combustíveis, a BR Distribuidora, segundo comunicado da companhia nesta terça-feira.

O comentário da petroleira foi divulgado após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira dizer que a Petrobras voltou a cogitar a hipótese de uma abertura de capital da BR Distribuidora como forma de levantar recursos sem vender o controle da companhia a um sócio.

A reportagem, que não cita fontes, disse que a proposta foi apresentada por diretores da Petrobras como uma alternativa.

No comunicado ao mercado sobre a BR Distribuidora, a Petrobras disse que “está analisando o reinício de um novo processo de desinvestimento” de sua participação na empresa, seguindo procedimentos de uma sistemática para vendas de ativos que foi revisada e aprovada pela diretoria e “está alinhada às orientações do Tribunal de Contas da União”.


Petrobras e Exxon negociam parceria no Brasil e exterior


Segundo fontes, executivos de alto escalão das duas empresas se encontraram na semana passada nos EUA

 




Petrobras e Exxon estão negociando uma parceria estratégica que pode envolver vários ativos no Brasil e no exterior em diferentes segmentos da indústria, segundo pessoas familiarizadas com a negociação que pediram para não serem identificadas porque as conversas não são públicas.

Executivos do alto escalão das empresas se encontraram na semana passada em Houston. Parceria em negociação segue modelo do acordo de US$ 2,2 bilhões fechado com a Total em dezembro.

O Brasil se prepara para dois leilões de blocos no pré-sal neste ano. Carla Lacerda, presidente da Exxon no país, disse na semana passada que a cia. está pronta para voltar para o Brasil.

Na semana passada, Parente teve encontros privados com Carla e Felipe Arbelaez, chefe da BP na América Latina, durante a Offshore Technology Conference in Houston, segundo informaram as fontes.

Arbelaez, que confirmou conversa com Parente, disse que com as mudanças nas regras, “todas as companhias estão reavaliando as suas estratégias para Brasil. Eventos como esses são oportunidades para os executivos se encontrarem,”, disse em entrevista; “tivemos alguns encontros com eles”.

No passado, a Exxon teve um raro caso de fracasso na exploração do pré-sal, concessão foi vendida em 2012. “Estamos aqui para dizer que vamos tentar novamente”, disse Carla durante o evento em Houston.

A Petrobras disse que está em constante contato com empresas do setor de petróleo e gás natural para avaliação de oportunidades e compartilhamento de experiências.

O dia do depoimento de Lula ao juiz Moro em Curitiba


O depoimento de Lula a Moro começou às 14h desta quarta-feira (10)

 


São Paulo – Pela primeira vez desde o início da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz federal Sergio Moro estão frente a frente desde às 14h desta quarta-feira (10), quando o petista – que é réu em cinco ações penais – começou a ser interrogado pelo magistrado.

Essa é apenas mais uma das inúmeras fases de um processo penal. Mas, em tempos de polarização política, o evento ganhou conotação de espetáculo com direito a atos pró e contra Lula agendados em todo o Brasil. Sem contar a ofensiva da defesa do ex-presidente para cancelar a audiência.

A última tentativa veio no final da tarde de ontem com a apelação dos advogados do ex-presidente ao STJ.  O Tribunal, porém, indeferiu os três recursos protocolados


ACOMPANHE O DEPOIMENTO DE LULA EM CURITIBA AO VIVO


16h55 – Depois quase 3 horas Moro faz rápido intervalo no depoimento 
O depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, que começou por volta das 14h15, fez uma pequena pausa após algumas perguntas ao ex-presidente.

16h42 – Moro e Lula “invertem gravatas”
Para o seu depoimento ao juiz federal Sergio Moro, o ex-presidente Lula decidiu usar uma gravata com com as cores azul, verde, amarela e branco. Em contrapartida, Moro escolheu uma da cor vermelha – tom símbolo do Partido dos Trabalhadores.
(Rodrigo Sanches/EXAME.com)


16h22 – Em Curitiba, ambulantes vendem “Pixulecos” e bonecos “Moro-herói”


16h11 – Veja as fotos do dia do depoimento de Lula ao juiz Moro em Curitiba

16h05 – Como assistir ao depoimento de Lula a Sergio Moro na internet
O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro será disponibilizado no sistema eletrônico da Justiça Federal do Paraná entre 17h30 e 18h, logo após o fim do interrogatório.
EXAME.com irá publicá-lo na íntegra, assim que o vídeo for liberado.

15h58 – Movimento Vem Pra Rua Brasil também comercializa boneco Pixuleco
Além do MBL, que anunciou desconto para quem usar o cupom “lulapresoamanhã”, o Vem Pra Rua Brasil também aproveitou o momento para impulsionar as vendas do boneco.


15h18 – Ação contra Lula pode ser julgada por Moro entre junho e julho
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser sentenciado pelo juiz federal Sérgio Moro  até o final de junho – se não houver suspensões do andamento processual -, por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá (SP).

O interrogatório de hoje, o Dia D da Lava Jato, marca o final da etapa de oitiva dos réus do processo em que ele é acusado pela Procuradoria da República por suposto recebimento de R$ 3,7 milhões em propinas da construtora OAS.

Terminada a fase de interrogatórios dos réus, o juiz abre prazo de 10 dias para o Ministério Público Federal fazer suas alegações finais da acusação contra Lula e os demais réus. Entregue os memoriais ao juízo, é aberto mais 10 dias para as alegações finais da defesas.

Superada essa etapa, Moro começa a contar o prazo para sua sentença.


15h10 – Hashtag criada em apoio ao ex-presidente está nos trending topics mundiais
A hashtag #MoroPersegueLula está na segunda colocação do Trending Topics mundial do Twitter.
Na manhã desta quarta-feira (10), o tópico #MoroOrgulhoBrasileiro também ficou entre os assuntos mais comentados da rede social em todo o mundo.

14h50 – Advogados de Lula convocam entrevista coletiva às 18h
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, os advogados do petista devem falar sobre o depoimento.
A expectativa, segundo a publicação, é que o interrogatório termine antes das 17h.

14h40 – MBL anuncia venda de boneco “Pixuleco” com desconto
Em protesto contra o ex-presidente Lula, o Movimento Brasil Livre (MBL) está anunciando a venda do boneco com desconto de R$ 5 para quem utilizar o cupom “lulapresoamanhã”.


14h36 – “Lula está muito tranquilo, muito sereno e com a verdade”, diz Gleisi Hoffmann


14h25 – Depoimento de Lula começou às 14h10, diz VEJA
De acordo com o portal, o depoimento do ex-presidente ao juiz Sergio Moro começou oficialmente às 14h10 e não será transmitido ao vivo.
A defesa do petista entrou com recurso para que uma equipe independente fosse autorizada a gravar fala dele ao juiz. O pedido, no entanto, foi indeferido pelo ministro Félix Fische, relator da Operação Lava Jato no tribunal.

13h55 – STJ nega terceiro e último recurso da defesa de Lula
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal, o ministro Félix Fischer negou o terceiro habeas corpus que pedia que o STJ considerasse o juiz Sergio Moro suspeito para julgar a ação penal.
Os advogados do ex-presidente também pediram que a corte adiasse o depoimento do petista por no mínimo 90 dias para rever a análise de toda a documentação do caso e que uma equipe independente fosse autorizada para gravar a fala dele ao juiz – os dois pedidos também foram negados pelo Tribunal. 

13h45 – Acompanhe a chegada de Lula no prédio da Justiça


13h30 – Lula sai de escritório e vai ao prédio da Justiça, diz Folha
Ex-presidente deixa escritório e se dirige ao prédio da Justiça, em Curitiba, onde deve prestar depoimento a Sergio Moro, segundo a Folha de S.Paulo.

13h15 – Movimentos ocupam praça Santos Andrade a favor de Lula


13h02 – Jato que levou Lula tem relação com o mensalão, diz Veja
A revista informou que a aeronave está registrada no nome de uma empresa do ex-ministro Walfrido Mares Guia. A empresa foi investigada por injetar recursos no esquema montado por Marcos Valério.


12h29 – Advogado de Lula diz que depoimento vai “liquidar qualquer dúvida”
Na página oficial do deputado Henrique Fontana (PT-RS) no Twitter, o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, diz que o depoimento do petista será “sereno”.


12h22 – O que pesa contra Lula
Réu em três ações penais, Lula deve responder hoje aos questionamentos do juiz Moro e dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato relacionados às suspeitas em torno do tríplex no Guarujá e o armazenamento do acervo presidencial.
A suspeita é de que a OAS repassou o apartamento 164-A do Edifício Solaris de 215 metros quadrados do Edifício Solaris, na Praia das Astúrias, no Guarujá, para o ex-presidente. Oficialmente, o imóvel ainda pertence à empreiteira — mas segundo Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, disse em depoimento, o tríplex era de fato de Lula.
Segundo o MPF, Lula teria recebido propina da ordem de 3,7 milhões de reais em contratos da OAS com duas refinarias da Petrobras. Parte desse valor, segundo os procuradores, está relacionada ao caso do tríplex: R$ 1,1 milhão destinados à compra do apartamento, R$ 926 mil para a reforma e o restante para compra de móveis, eletrodomésticos, transporte e armazenamento de bens.
Além disso, os procuradores sustentam que a OAS teeria pagado R$ 1,3 milhão para a empresa Granero guardar itens que Lula recebeu durante o exercício da presidência, entre 2002 e 2010. O pedido teria sido feito pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e do próprio ex-presidente da República.


12h16 – Em Curitiba, manifestantes fazem marcha pró-Lula


12h09 – Lula foi vaiado na saída do aeroporto, diz Folha
De acordo com o jornal, um grupo de 20 pessoas teria vaiado o ex-presidente na saída do Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba.

12h04 – Em Curitiba, manifestantes pregam outdoor em apoio a Lula
Banner em Curitiba, em apoio ao ex-presidente Lula, que presta depoimento para Sérgio Moro 10/05/2017

12h01 – Lula é recebido por parlamentares e dirigentes do PT em aeroporto
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido por parlamentares e dirigentes do PT após desembarcar no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Veja o registro do momento publicado pelo deputado federal Henrique Fontana:

11h50 – Vídeo mostra policiais em frente ao prédio da Justiça Federal


11h30 – Dilma fala em defesa do ex-presidente

11h16 – STJ nega recursos da defesa de Lula para adiar depoimento
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) informou que dois dos três recursos protocolados pela defesa do ex-presidente Lula para reverter decisões tomadas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região foram negados. 

11h04 – Dilma Rousseff também já esta em Curitiba
Em sua conta oficial no Twitter, a ex-presidente informou que já está na capital paranaense.


10h45 – Lula desembarca em Curitiba, diz G1
De acordo com o portal, o ex-presidente chegou ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba.

Rubens Ometto: ‘Só vamos investir se as reformas saírem



Rubens Ometto: ‘Só vamos investir se as reformas saírem’


Entrevista com Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e presidente do conselho de administração da Cosan. Para empresário, Michel Temer está no caminho certo ao conduzir as reformas para que o País volte a crescer.

"O que ganhamos no campo devolvemos nos portos e terminais", afirmou. "Temos um malha ferroviária muito aquém do potencial. A prioridade inicial precisa ser terminar os investimentos que já tiveram início para que funcionem com eficiência e, num segundo tempo, começar a fazer os greenfields", disse.

O empresário Rubens Ometto Silveira Mello, fundador do grupo Cosan, que atua em áreas de distribuição de combustíveis, usinas sucroalcooleiras a logística, está otimista em relação à economia. Ometto diz que o presidente Michel Temer fez importantes mudanças desde que assumiu, como o encaminhamento e aprovação de importantes reformas. Para ele, a aprovação das reformas é essencial para atrair investimentos. “Só vamos investir no País, se todas as reformas forem aprovadas.”


Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:


O sr. vê sinais de recuperação da economia?
Vejo que o Brasil está melhorando. (O presidente Michel) Temer está fazendo um excelente trabalho. O fato de ele dizer que não é candidato permite não fazer um governo populista. Ele está querendo deixar como legado as reformas e fazer o que precisa ser feito. Já aprovou o Teto dos Gastos, está conduzindo as reformas Trabalhista e da Previdência. Depois, virá a Política e a Tributária. Com isso, fará com que a inflação caia e que o País acabe com déficit fiscal. A inflação caindo, tem reflexo nos juros e aumenta a credibilidade do Brasil e volta a gerar emprego.

Mas já há ambiente para criar emprego?
Se o País voltar a crescer, claro que há. Arriscaria dizer que, se Temer não conseguir fazer as reformas, não vai mais ter reforma. Ele é do ninho político. Ele tem condição de convencer (os políticos) e entender as demandas. Até agora está (convencendo). Temos de apoiá-lo porque é fundamental para o País. E, se não for aprovado, estamos entre o céu e inferno. Tem de ter um patriotismo em favor de um bem maior e essas reformas consolidam isso.

Quais são as prioritárias?
Todas. O Brasil precisa se modernizar. Por que existe a corrupção? Porque você tem um Estado fortemente empresário. Se você tira o governo da posição de empresário, não tem corrupção. Se tem corrupção na minha empresa, eu combato. Se é uma empresa do governo, não tem ninguém olhando isso com interesse macro. Se tirar o governo como empresário, a corrupção diminui.

Havia no governo anterior uma relação promíscua entre o setor privado e público?
No governo petista piorou muito. Mas qualquer governo que tenha o Estado como empresário, o convite à corrupção é muito grande.

Como combater isso?
Sistema de gestão com meritocracia. Qual o estímulo que tem uma pessoa que é funcionária pública e não pode ser mandada embora? Se não tem dono, não tem gente em cima preocupada em fazer uma gestão saudável e dar o máximo do rendimento. Isso gera um prejuízo enorme.

O prefeito João Doria ganhou a eleição com esse discurso. O sr. acha que falta um pouco desse gestor no governo federal?
Acho. O Doria é um caso específico. Tem de fazer com que isso seja generalizado. Surgirão outros expoentes como ele.

Mas há forte resistência dos servidores públicos para aprovar a reforma da Previdência. O governo tem de endurecer?
Acho. Tem que ser duro o suficiente até conseguir aprovar. O ótimo é o inimigo do bom.

O que compete ao governo exatamente?
O setor público tem de se concentrar em saúde, educação e defesa. Não deve se meter na parte econômica, fazendo intervenção com política artificial de preços. Não se controla a inflação intervindo na economia. Já se tem as agências reguladoras. Vamos muito a Brasília pedir autorização. Isso leva você a supervalorizar o funcionário público. O nível de corrupção é elevado com a participação enorme do Estado na economia, com o excesso de regras.

Como o sr. vê o cenário econômico e político para 2018? Novas lideranças vão aparecer?
Novas lideranças sempre aparecem.

O sr. tem ambição política?
Não. Nem para cargos.

A imagem do empresariado ficou arranhada com a Lava Jato?
O empresário é sempre visto como bandido. É injusto. Única novela que eu vi que o empresário era bom foi em Pecado Capital (de Janete Clair), com o personagem de Lima Duarte (Salviano Lisboa).

Qual o legado da Lava Jato?
Vai haver renovação grande. E é muito saudável. Muda a maneira de fazer negócio entre público e privado.

A crise deixou os ativos baratos e atraiu investidores estrangeiros. Como vê esse movimento?
Não me preocupo. Tenho expertise, sei o que vou fazer, sei o que eles vão fazer. Confio na minha competência, eu já vi esse filme várias vezes. Nossa sociedade com a Shell foi bem-sucedida porque aliamos a expertise tecnológica da Shell e estamos do lado do negócio. O olho do dono engorda o rebanho. Investidores estrangeiros são bem-vindos.

Os futuros investimentos da Cosan estão ligados ao cenário político e econômico?
Se as reformas não forem aprovadas, eu não tenho interesse nenhum em fazer investimentos no Brasil.

Tem algum investimento congelado na Cosan?
A gente nunca para (de investir). Tem muita coisa rolando. Mas a gente poderia ser muito mais agressivo.

Há interesse da Cosan em investir na Ferrogrão e em outros setores?
Interessa sim (a Ferrogrão, ferrovia que ligará a região Centro-Oeste ao Norte do País). Faz sentido ao nosso negócio. Mas não tem nada em curso. O projeto ainda está muito cru. A Cosan sempre analisa oportunidades nas áreas onde atua 

(O Estado de S.Paulo, 9/5/17)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/rubens-omettoso-vamos-investir-se-as-reformas-sairem.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/

terça-feira, 9 de maio de 2017

Fitch espera por reformas antes de decidir sobre rating do Brasil


O rating soberano do Brasil pela Fitch atualmente é BB, com perspectiva negativa

 




Sede da Fitch Ratings em Londres




São Paulo – A Fitch Ratings aguarda maior clareza na agenda de aprovação de reformas pelo governo do presidente Michel Temer, notadamente a da Previdência, antes de considerar uma eventual ação sobre a nota do Brasil, disse nesta terça-feira o diretor da agência de classificação de risco no país, Rafael Guedes.

“Os analistas da agência esperam mais clareza na aprovação de reformas e no cenário de recuperação fiscal e de atividade econômica antes de tomar qualquer medida”, disse Guedes, durante apresentação a investidores.

O rating soberano do Brasil pela Fitch atualmente é BB, com perspectiva negativa.



Para onde olha a maior exportadora do Sul?


O ajuste comandado por Abilio Diniz quer devolver os bons resultados da BRF, uma ambição desafiada pela Carne Fraca

 

Por Marcos Graciani

 

graciani@amanha.com.br
O ajuste comandado por Abilio Diniz quer devolver os bons resultados da BRF, uma ambição desafiada pela Carne Fraca

A tempestade perfeita ocorrida em 2016 abalou a estratégia  da BRF – até então tida como segura – de manter metade de sua receita atrelada ao comércio exterior. O preço do milho, matéria-prima básica da cadeia de frangos e suínos, inflou no Brasil, refletindo a  quebra da safra. Já a colheita recorde do grão nos Estados Unidos fez com que a companhia de Itajaí (SC) perdesse competitividade lá fora.  Se não bastasse isso, enquanto os produtores brasileiros de frango reduziram a produção ante o cenário adverso do setor, concorrentes ao redor do mundo aproveitaram o momento de maior competitividade relativa e aumentaram a oferta do produto. 

Na Tailândia, por exemplo, a produção de carne da ave cresceu 10,7% em 2016, e os volumes exportados para outros países da Ásia aumentaram consideravelmente no segmento in natura. Na Europa, a Polônia elevou a produção em cerca de 13% em 2016 (dados até outubro) e elevou seus embarques para outros países do continente. O mesmo ocorreu com a Ucrânia, que, além da alta na produção de frango, teve forte crescimento no volume de exportação, com destaque para mercados do Oriente Médio e da Europa.

Por aqui, a crise econômica fez com que os consumidores buscassem produtos mais baratos. Por causa da política de repasse de preços encabeçada pela BRF, a concorrência passou a acompanhar o movimento de maneira mais rápida. No início do ano passado, por exemplo, os reajustes de preços feitos pela BRF no Brasil para compensar a alta dos grãos só foram seguidos por outros players dois meses depois, o que ajudou a reduzir a participação de mercado da empresa.

Isso fez com que a reintrodução da marca Perdigão, lançada no segundo trimestre para ganhar mercado da Seara, tirasse share da própria Sadia, grife de maior rentabilidade no portfólio da BRF. Esse conjunto de fatores fez com que a companhia catarinense reportasse seu primeiro prejuízo anual desde que foi criada, em 2009. No ano passado, a empresa teve um prejuízo líquido  de R$ 372 milhões, ante um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões em 2015. O revés foi provocado pelo desempenho do quarto trimestre, período no qual a empresa teve perda de R$ 460 milhões. A BRF também foi afetada pela alta do real perante o dólar. A valorização da moeda brasileira reduziu a rentabilidade das exportações da empresa. No acumulado de 2016, a receita líquida da companhia aumentou  4,8%, chegando a R$ 33,7 bilhões. O crescimento das vendas no ano passado decorreu, sobretudo, das aquisições feitas pela empresa no exterior.

O resultado desanimador fez com que Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração da companhia, viesse a público anunciar mudanças. A BRF contratou a consultoria BCG para dar suporte ao novo desenho de gestão. O plano foi apresentado em uma reunião de conselho que durou quase 10 horas – praticamente o dobro do tempo habitual. “Não queremos ficar à mercê dos ciclos ou mesmo do câmbio”, afirmou Diniz. O empresário também revelou a criação de um comitê para corrigir os erros, em particular na ligação entre a cadeia produtiva e o consumidor. Diniz comentou durante a análise do resultado anual, diante de analistas de mercado, que a reorganização levada a cabo na empresa, a partir de 2013, fez com que houvesse uma ruptura no gerenciamento da cadeia produtiva. A partir de agora, no entanto, a BRF reestabelecerá o canal entre produção e vendas.

A companhia também voltará a centralizar a maior parte das decisões, pois a descentralização exercida tanto em nível global como regionalmente, no Brasil, foi avaliada como muito excessiva. A decisão foi tomada ainda no final do ano passado, mesmo com o comitê passando a operar apenas a partir de fevereiro. O grupo composto por Abilio, Eduardo D´Ávila, José Carlos Magalhães (sócio da Tarpon, gestora de recursos que tem uma fatia da BRF) e Walter Fontana (membro do conselho de administração da BRF e ex-presidente da Sadia) tem reuniões semanais. “Passamos a olhar muito mais o consumidor. Acho que isso é certo, mas tem de equilibrar. O consumidor puxa, mas você tem de  empurrar com a produção”, admite Diniz. Ele também negou boatos de que a Península, sua firma de investimentos, estaria deixando a operação da BRF. “Está na hora de olharmos primeiro no espelho e depois na janela, pois a janela você não controla e o espelho você controla”, compara Diniz, buscando demostrar o comprometimento com as mudanças em curso.


Política agressiva
 

Se muitas coisas tendem a mudar na nova gestão comandada pelo comitê, a política agressiva da BRF no exterior deve seguir inalterada. Pelo menos foi o que deu a entender o CEO Pedro Faria. “Temos de compreender que, na maior parte dos mercados onde atuamos, a BRF é, talvez, o maior player e, de certa forma, temos a capacidade de comandar ações”, argumenta. Na Arábia Saudita, por exemplo, a companhia repassou o aumento de impostos para o preço final. No Oriente Médio como um todo, porém, a empresa optou por se defender às custas da redução da rentabilidade média de curto prazo. Essa estratégia fez com que se reestabelecesse um nível de estoque mais saudável nesses mercados. “O cenário competitivo que enfrentamos no Oriente Médio não é diferente daquele a que estamos acostumados historicamente”, atesta Faria. Essa parte do mundo, aliás, é a maior aposta da BRF no plano internacional. 

Tanto é que, desde o inicio de janeiro, a empresa iniciou as operações da OneFoods (anteriormente chamada de Sadia Halal). Esse braço é destinado ao mercado halal, onde o processamento e o consumo de alimentos é feito de acordo com as tradições muçulmanas. A BRF mira um público consumidor aproximado de 1,8 bilhão de pessoas. Sediada em Dubai, nos Emirados Árabes, a empresa tem cerca de 15 mil funcionários. O fornecimento dos produtos será feito a partir de dez plantas industriais: oito no Brasil, uma em Abu Dhabi e outra na Malásia. Hoje, a companhia detém quase metade ( 45%) do mercado de frango em países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar e Omã. 

Para alguns especialistas, a escolha pelo mercado halal também configura a ponta de lança para que a empresa de Itajaí se torne global, de fato. “A BRF ainda é majoritariamente brasileira. A oportunidade de se tornar global, operando fábricas fora do país, faz com que se mitigue o risco interno”, opina Ronaldo Kasinsky, analista da área de alimentos e bebidas do Santander. A ambição da empresa é que as suas unidades fabris no exerior representem 25% da produção total dentro de alguns anos – hoje, esse índice é de 10%. Também como parte desse plano, a BRF anunciou, em janeiro, seu desembarque na Turquia, o maior consumidor de frango halal do mundo. Lá, a companhia assumiu as operações da Banvit, maior produtora de aves no país. A Turquia tem uma população de cerca de 80 milhões de pessoas, que responde por cerca de 10% do consumo halal em todo o mundo. Ainda assim, o consumo local de frango per capita é pequeno, cerca de 20 quilos ao ano, e o mercado de alimentos processados apresenta baixa penetração. Ou seja, o país oferece grande potencial de crescimento para a maior exportadora do Sul. 

A BRF já afirmou no passado que também planeja ter uma planta industrial na China, em até cinco anos. Um passo foi dado em novembro de 2016, quando a  multinacional brasileira concluiu a aquisição de 1,9% de participação na chinesa Cofco Meat. “A BRF vem dando pequenos passos para atingir o objetivo de ser cada vez mais global. Isso demanda tempo e parcimônia. Pode ser que os recentes anúncios a façam ampliar o prazo de seus objetivos por dois ou mais anos, mas o que interessa é não desviar do norte”, avalia Vinícius Piccinini, analista de renda variável da Quantitas. 


O desafio da Carne Fraca

 
A Carne Fraca, operação que apura o envolvimento de frigoríficos acusados de subornar fiscais para comercializar produtos em condições impróprias, também atingiu a BRF. Alguns países chegaram a interromper a exportação de carne, mas depois reconsideraram a decisão. A questão é simples: algumas nações são quase “dependentes” da proteína brasileira – e não podem simplesmente suspender a importação e desabastecer o país. Ainda que esse detalhe torne o cenário menos nebuloso, o quadro da BRF é bem mais complexo. “No curto prazo, o consumidor tem bons argumentos para pagar menos pela marca, o que deixa a companhia em uma posição muito ruim de negociação. O X da questão é entender qual será a capacidade dela de aguentar essa queda de braço, visto que a BRF lida com um produto perecível”, alerta Piccinini. Ou seja, o desafio de Abilio Diniz se tornou ainda maior.
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