sexta-feira, 19 de maio de 2017

Em agenda nesta sexta, Temer recebe solidariedade de militares


O presidente quer dar explicações sobre os últimos acontecimentos que abalaram seu governo, apresentar sua versão para o fatos e se defender

 


*A reunião foi adiada pelo presidente Michel Temer, que deve fazer um novo pronunciamento ainda hoje.


Brasília – O presidente Michel Temer recebe, às 9h30 desta sexta-feira, 19, no Palácio da Alvorada, solidariedade dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, ao lado do ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Temer convidou os comandantes para um café da manhã, quando pretende lhes dar explicações sobre os últimos acontecimentos que abalaram seu governo, apresentar sua versão para o fatos e se defender.

O peemedebista está sendo pressionado a renunciar por causa das denúncias apresentadas em delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS, de que teria sugerido que o presidente avalizou a sua inicia de comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso.

O gesto dos comandantes militares tem um importante componente político já que significará uma espécie de endosso das Forças Armadas a Temer, que é alvo de investigação do Supremo Tribunal Federal (STF), está sob julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e na mira de oito pedidos de impeachment no Congresso.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, que estava a caminho do Timor Leste e retornou ao Brasil diante do agravamento da crise, desembarcará agora na manhã desta sexta na capital federal e também irá ao café da manhã.

Na quinta-feira, 18, os comandantes militares assistiram ao pronunciamento de Temer, negando que tenha tentado comprar o silêncio de Cunha e pedindo pressa nas investigações pelo STF, ao lado de Raul Jungmann, no gabinete do titular do Ministério da Defesa.

Na ocasião, a avaliação feita foi de que a fala de Temer foi “firme”, “contundente”, “convincente” e “curta, como deveria ser”.

As avaliações davam conta, ainda, de que, a partir de então, o momento era de esperar como o meio político reagiria, embora o entendimento inicial fosse de que não haveria debandada e os ministros se manteriam ao lado de Temer, pelo menos por enquanto.

O próprio Jungmann, cujo partido PPS pregava o afastamento do governo, na reunião, comunicou aos comandantes que permaneceria no cargo.

Em seguida, o ministro seguiu para o Planalto para confirmar sua decisão a Temer. Os militares acreditam ainda que as novas apurações e divulgações, assim como a reação do Congresso e das ruas a tudo isso é que definirão o que acontecerá no País.

 

Caserna


Pouco mais tarde, coube ao comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas se pronunciar pelas redes sociais, defendendo o cumprimento de todas as regras constitucionais.

O comandante do Exército disse que “a Constituição Federal Brasileira há de ser sempre solução a todos os desafios institucionais do país. Não há atalhos fora dela!”.

A afirmação do general reflete o sentimento dos outros dois comandantes da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, que acabou fazendo o papel de uma espécie de porta-voz das Forças Armadas.

Os comandantes estão alinhados com o ministro da Defesa e entendem que a sua permanência no cargo contribui para a estabilidade no País.

Ressaltam, no entanto, que qualquer solução no País tem de vir seguindo todas as regras constitucionais escritas, como têm acontecido até agora.

Os militares estão tranquilos e acompanhando todo o desenrolar dos acontecimentos à distância. Esta solidariedade, no entanto, poderá ser alvo de críticas de diversos segmentos da sociedade e até mesmo da reserva das Forças Armadas.

Temer têm um excelente relacionamento com os comandantes militares. A aproximação entre eles se deu quando a ex-presidente Dilma Rousseff delegou a missão ao então vice-presidente de coordenar o Plano Estratégico de Fronteiras, que integra Forças Armadas e polícias no combate ao tráfico e contrabando vindo de países vizinhos.

Na ocasião, Dilma, que enfrentava uma de suas crises com o seu principal aliado, o PMDB, quis dar mais poder ao vice, que havia se sentido desprestigiado após atritos com o ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, que havia acabado de deixar o cargo.

O desentendimento teria ocorrido antes da votação do Código Florestal, quando Palocci teria ameaçado tirar ministérios do PMDB caso seus parlamentares não obedecessem seguissem o entendimento do governo na votação da proposta. (Tânia Monteiro)
  
 

JBS aponta pagamentos de US$50 mi a Lula e US$30 mi a Dilma


A informação é do Ministério Público Federal e consta de inquérito no qual o presidente Michel Temer também é investigado

 




São Paulo – Os depoimentos de Joesley Batista, um dos controladores da JBS, e do executivo do grupo Ricardo Saud apontam para pagamentos de vantagens indevidas de 50 milhões de dólares ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de 30 milhões de dólares à ex-presidente Dilma Rousseff, ambos em contas no exterior.

A informação é do Ministério Público Federal e consta de inquérito no qual o presidente Michel 

Temer também é investigado.

Ibovespa avança quase 3% com correção após denúncia contra Temer


O Banco Central destacou que permanece atento às condições de mercado

 

Da Redação, com Agência Brasil

 

redacao@amanha.com.br
Dólar abre em queda e bolsa de valores em alta um dia após revelações de gravação entre Joesley Batista e Temer


O Ibovespa opera em correção de parte do dia do pânico da quinta-feira. Às 12h33, o índice operava em alta de 2,8%, a 63.345 pontos. No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 acumulavam queda de 37 pontos-base,a 9,7%. Os DIs, por sua vez, recuavam 19 pontos-base, a 11,19%. Os contratos de dólar futuro com vencimento em junho caíam 2,5%, sinalizando cotação de R$ 3,294. O dólar comercial recuava 3%, sendo vendido a R$ 3,2846.
 
Ontem, o Banco Central (BC) informou que fará leilões de swap cambial tradicional hoje (19), na segunda (22) e na terça-feira (23). A operação equivale à venda de dólares no mercado futuro e ajuda a segurar a alta ou a forçar a queda da moeda norte-americana. Ontem, o BC realizou quatro intervenções no mercado cambial. O BC destacou, em comunicado que “permanece atento às condições de mercado e, sempre que julgar necessário, poderá realizar operações adicionais de swap”.
 
Movimento na quinta
 
 
No primeiro dia de funcionamento do mercado financeiro depois da divulgação das delações premiadas, o índice fechou o dia com retração de 8,8%, aos 61.597 pontos. Às 10h21 de ontem, o pregão registrou queda de 10,47% e foi suspenso por meia hora, mecanismo conhecido como circuit breaker, que paralisa as negociações em momentos de fortes quedas.
 
 
 http://www.amanha.com.br/posts/view/4016

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Para conter alta do dólar, BC intervém pela 4ª vez no dia


Moeda norte-americana chegou a bater R$ 3,40 nesta quinta-feira; exportadoras são as únicas que ganham na bolsa brasileira

 




São Paulo — O Banco Central (BC) anunciou nesta tarde a quarta intervenção no mercado de câmbio, por meio de leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro e ajuda a segurar a alta ou forçar uma queda da moeda.

O objetivo dessas operações é oferecer proteção cambial para as empresas em momentos de forte oscilação da cotação e liquidez (recursos disponíveis) no mercado. Por volta das 15h33, o dólar comercial subia 5,95% a R$ 3,3176.

 O mercado vive um dia de horror nesta quinta-feira, depois das denúncias contra o presidente Michel Temer.

Reflexo na Bolsa

 

Na Bolsa, as exportadoras ganhavam com a subida da moeda. Às 15h20, as ações ordinárias da Fibria subiam mais de 10%. Os papéis preferenciais da Suzano tinham alta de 7,89%, os ordinários da Embraer, 4,20% e os da Klabin, pouco mais de 2%.

A bolsa brasileira chegou a paralisar as atividades no início do pregão desta quinta-feira. As operações foram suspensas por meia hora a partir do mecanismo do circuit breaker, que amortece movimentos bruscos do mercado. A paralisação acontece sempre que o Ibovespa cai mais do que 10%. Na abertura desta manhã, índice da bolsa chegou aos -10,6%.
Também às 15h20, o Ibovespa caía 8,10%, nos 62.066 pontos.

Com informações da Agência Brasil.

“Não renunciarei, sei da correção dos meus atos”, diz Temer


O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), abriu um inquérito contra o presidente 

 





São Paulo – O presidente Michel Temer afirmou em pronunciamento nesta quinta-feira (18) que não irá renunciar depois de depoimento do empresário Joesley Batista, um dos controladores do grupo J&F, cujo conteúdo foi divulgado na noite de ontem pelo jornal O Globo. “Não renunciarei, sei da correção dos meus atos”, disse Temer.

Ele é acusado de supostamente ter dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato. O diálogo teria sido gravado pelo empresário Joesley Batista, um dos controladores do grupo J&F.

“Ouvi o relato de um empresário que, por ter relação com ex-deputado, auxiliava a família do ex-deputado. Não solicitei que isso acontecesse. Só tive conhecimento desse fato nessa conversa com esse empresário. Não comprei silêncio de ninguém”, afirmou o presidente.

E continuou: “Não temo nenhuma delação, não preciso de cargo público, nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome”, disse.

No início da tarde de hoje (18), o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), abriu um inquérito contra o presidente a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Segundo o presidente, durante a investigação no STF, ele irá demonstrar que não tem nenhuma culpa. 

“Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso é com o Brasil e só isso me guiará”, concluiu.

Doria diz que é preciso “serenidade para proteger o Brasil”



Prefeito de São Paulo aguarda o término da reunião que ocorre em Brasília e reúne as bancadas tucanas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal

 






São Paulo – O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta quinta-feira, 18, que o momento atual da política brasileira demonstra que é “preciso ter serenidade e equilíbrio para proteger o Brasil”.

O tucano chegou nesta quinta, após uma viagem de negócios aos Estados Unidos ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Os dois planejavam conceder uma entrevista coletiva na tarde desta quinta sobre as revelações feitas nesta quarta-feira, 17, pelo jornal “O Globo” e confirmadas pelo Estado de S. Paulo.

De acordo com a publicação carioca, o empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, relatou no acordo de delação premiada firmado por ele que gravou conversa com o presidente Michel Temer, em março deste ano, na qual ele teria dado aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), preso na Operação Lava Jato.

Joesley também gravou conversa com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na qual o tucano pede R$ 2 milhões ao empresário sob o argumento de que precisaria de ajuda para pagar sua defesa na Lava Jato.

Na manhã desta quinta, o Supremo Tribunal Federal (STF) afastou Aécio do cargo de senador e ordenou a prisão da irmã e do primo dele. É esperado agora seu afastamento do cargo de presidente nacional do PSDB.

De acordo com Doria, a cautela é necessária porque muitos fatos têm vindo à tona a cada minuto. Uma manifestação de ambos, no entanto, não está descartada.

O prefeito e o governador aguardam pelo término da reunião que ocorre nesta quinta em Brasília e reúne as bancadas tucanas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

O posicionamento de Alckmin e Dória, ambos cotados para disputar a indicação do partido para a corrida presidencial de 2018, deve ser único. Os dois pretendem mostram que a legenda em São Paulo tem unidade e comando.

Antes disso, às 15h desta quinta-feira, Alckmin é esperado para cumprir uma agenda de governo na Bela Vista, no centro da capital, durante inauguração de um equipamento de saúde.

Episódio sepulta a ideia da Lava Jato como uma operação seletiva


Resultado de imagem para fotos da manifestação contra Temer








O governo estava sob a espada de Dâmocles e o risco que corria era binário. 

Ou entraria para a história como reformista acidental, ancorado em maioria congressual cuja coesão derivava do seu próprio risco coletivo. Ou seria abatido pelo tsunami das delações premiadas. 

O diabo estava no timing –da morosidade do devido processo legal –e este aparentemente favorecia a travessia do deserto. Mas a aposta era que o sucesso nas reformas poderia tornar a morte menos dolorosa, ou talvez até com certa dignidade.

O episódio significa uma ação ousada e exitosa de instituições de controle, agindo de forma eficiente e amparada na lei e sob a supervisão da Suprema Corte. Surpreendeu o país ao fornecer a bala de prata que acelerou a inexorável dêbacle.

As repercussões imediatas serão de grande monta, sobretudo no que diz respeito ao ritmo das necessárias reformas. A instabilidade resultante pode levar a conclusões infundadas. Mais uma vez é uma questão do copo meio vazio ou meio cheio.

Longe de constituir crise institucional, o episódio representa mais um passo na afirmação da lei. No médio prazo, essa ação sepulta a ideia da Lava Jato e da mídia como agentes de uma operação seletiva e antipopular. Pelo contrário, as legitimará, restaurando um certo senso de justiça. E em certo sentido contribui para pacificar um país marcado por forte polarização.

As propostas maximalistas de reinvenção institucional –como as de eleições diretas já–, embora tenham algum apelo normativo in abstrato, devem ser abandonadas porque violam a ordem constitucional vigente.

A anulação da chapa Dilma/Temer já está pautada e seguiu em ritmo célere e não antecipado. Se efetivada, a anulação será outro avanço institucional, dadas as evidências massivas de uso de propina na eleição presidencial. Embora tenha difícil viabilidade política, o impeachment poderá ser pautado, mas o desenlace provável serão eleições indiretas.

A historiografia argentina produziu um argumento influente sobre a derrocada histórica do país: os efeitos de longo prazo da chamada "década infame", na qual se praticou uma fraude de enormes proporções nas primeiras eleições sob a democracia de massa na década de 30.

Como resultado, a democracia representativa e a regra da lei foram deslegitimadas, e o estatismo plebiscitário vicejou. O conjunto de ações a que assistimos no Brasil nos últimos anos pode ter o efeito oposto. 

MARCUS MELO é professor de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco