Para jornal britânico, situação de Temer é menos frágil do que a de Dilma há um ano — fato que torna futuro político do Brasil ainda mais incerto
São Paulo – Com seu mandato por um fio desde que o
conteúdo das delações dos executivos do grupo J&F vieram à tona, a
situação do presidente Michel Temer hoje é menos frágil do que a enfrentada por Dilma Rousseff em 2016 — embora ninguém nunca tenha acreditado que ele fosse um santo, segundo editorial do jornal britânico Financial Times publicado neste domingo.
O periódico lembra que, mesmo antes de assumir a Presidência, Temer
era conhecido como um negociador de bastidores, “contaminado” pelas
investigações da Operação Lava Jato.
“Mesmo que seu governo não fosse menos corrupto que o de [Dilma]
Rousseff, era mais competente e desfrutava de apoio no Congresso”, diz o
texto.
De acordo com a publicação, é justamente por esse aspecto que o
governo Temer ganhou sobrevida nos últimos dias. Por um lado, diz o
editorial, “as elites políticas e econômicas sabem que uma recuperação
permanente depende das reformas” do peemedebista.
Por outro, segundo o texto, a base aliada até está desmoronando, “mas
ainda não entrou em colapso” basicamente porque a sucessão do
peemedebista ainda não está clara – diferentemente do que aconteceu com
Dilma Rousseff, que tinha um vice-presidente “ávido” para tomar seu
lugar.
Mas o jornal pondera que Temer está perdendo apoio rapidamente e que
“sua permanência na Presidência pode ser mais uma razão para a crise do
que uma solução”.
Para o jornal, o próprio presidente deve ter consciência desse fato e
estaria só alongando sua estada no Planalto em busca de um horizonte
parecido com o perdão presidencial conferido pelo presidente americano
George Ford a Richard Nixon, que renunciou à Casa Branca após o
escândalo de Watergate.
Apesar do peso político de duas deposições presidenciais em menos de
um ano, o jornal britânico afirma que os mercados parecem calmos diante
da aposta de que, independentemente de quem assumir o lugar de Temer,
não há outro caminho para o Brasil senão a continuidade das reformas
econômicas.
Politicamente, contudo, o futuro ainda não parece tão claro. “A
percepção popular é de uma elite [política] mais interessada em escapar
da cadeia do que em governar. Esse é um caminho perigoso que pode dar
abertura para oportunistas e populistas em 2018”, diz o texto. Fato que
leva o Financial Times a concluir que qualquer calma nos mercados não
deve durar por muito tempo.
Nova decisão proíbe
gestão Doria de retirar usuários de drogas das ruas à força
142
Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
30/05/201710h53 > Atualizada 30/05/201713h25
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