Trata-se da primeira planta a ser construída desde que a Kraft e Heinz anunciaram a combinação de seus negócios
São Paulo – A Kraft Heinz –
gigante de alimentos que tem como acionistas a 3G, dos bilionários
brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira, Marcel Telles, e o
americano Warren Buffet, da Berkshire Hathaway – deve anunciar hoje a
construção de uma nova fábrica no Brasil.
A unidade será erguida na cidade de Nerópolis, em Goiás, com
investimentos de R$ 380 milhões. Ao Estado, Pedro Drevon, presidente do
grupo no Brasil, disse que a nova planta deverá entrar em operação em
abril do próximo ano e vai consolidar a expansão da companhia no País.
A nova unidade vai produzir as linhas da Heinz e da Quero Alimentos,
como ketchup, mostarda, maionese e molhos de tomate. É a primeira planta
que será construída desde que a Kraft e Heinz anunciaram a combinação
de seus negócios, em 2015.
“Será uma fábrica independente da nossa unidade já em operação”,
disse Drevon. O grupo já possui uma fábrica também no município de
Nerópolis, que foi adquirida quando a Heinz comprou Quero Alimentos, em
março de 2011.
Embora fique no mesmo município, a segunda fábrica será erguida em
local diferente. “A escolha por Goiás foi em função de o Estado ser
conhecido como a “casa do tomate”. Faz todo sentido fazer o investimento
lá”, disse o executivo. Mas a motivação não é só essa: o grupo terá a
garantia benefícios fiscais do programa estadual Produzir. A expectativa
é criar 500 vagas, entre empregos diretas e indiretas. Atualmente, o
grupo gera 2 mil empregos.
Ampliação
A fábrica que já está em operação vai receber investimentos de R$ 100
milhões para a modernização e ampliação. “A nossa nova unidade será
construída para ser sustentável, com sistema de tratamento de água e
energia renovável”, disse Drevon.
A Kraft Heinz faturou quase R$ 1 bilhão no País em 2016. Drevon prevê
expansão em vendas neste ano, mas evita fazer previsões. Os produtos do
vasto portfólio da companhia, segundo ele, têm demanda para atender a
todos os tipos de consumidores – desde classe A e B, que consumem a
marca Heinz, até a classe média baixa, mais afetada pela crise, que
busca produtos da Quero.
A atual unidade produz 23 mil toneladas de produtos por mês. A
segunda fábrica começará com capacidade para 15 mil toneladas/mês,
segundo o executivo.
Mais popular
De olho no consumidor de renda mais baixa, a companhia está
relançando o suco em pó Ki-Suco, com nova fórmula, e também já colocou
no mercado um macarrão instantâneo, do tipo lámen.
Segundo Drevon, há espaço no mercado brasileiro para todos os tipos
de produtos e marcas. Segundo ele, o Ki-Suco terá sua produção
inicialmente terceirizada, mas poderá ser produzida nas unidades da
Kraft Heinz no futuro, mas essa decisão ainda não foi tomada.
A atual crise não pesou contra a decisão da companhia de fazer o
investimento no País. Em 2015, quando a Kraft anunciou sua fusão com a
Heinz, o novo grupo mapeou onde precisava fazer expansões pelo mundo.
O presidente da Kraft Heinz no País, que iniciou sua carreira no 3G,
do trio de bilionários brasileiros, reporta-se diretamente ao executivo
Bernardo Hees, que discutiu com os principais acionistas globais a
importância do mercado no Brasil.
Complementar
Para o especialista em alimentos e bebidas, Adalberto Viviani, a
decisão da Kraft Heinz em investir no Brasil em um momento de recessão é
acertada.
“Em períodos de incertezas da economia, empresas com marcas
regionais, sem capital de giro são as mais afetadas. Nesse caso, se você
tem capital para investir, o melhor a fazer é apostar nos mercados já
consolidados, que têm demanda firme”, disse.
Segundo Viviani, as diferentes marcas da Kraft Heinz são
complementares. Para ele, o fato de a classe média querer manter o
padrão de consumo abre oportunidade para aumento de vendas das linhas de
negócio do grupo.
Para Drevon, o potencial de demanda pelos produtos da companhia e as
vendas efetivas serão o termômetro para que a Kraft Heinz continue
investindo no País.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.