Projetos de infraestrutura devem ser os mais beneficiados pelo mecanismo, que não vai receber recursos públicos
Lu Aiko Otta,
O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Anunciado há dois anos, durante visita do presidente da
China, Xi Jinping, ao Brasil, o fundo binacional para financiar
empreendimentos no Brasil começa a funcionar em 1.º de junho, disse ao Estado
o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento,
Jorge Arbache. Mas, em vez dos US$ 50 bilhões prometidos à época, o
valor inicial será de US$ 20 bilhões, a serem aportados na proporção de
um dólar do Brasil para cada três da China.
O Fundo China será lançado no dia 30, durante o Brasil Investment
Forum, evento que contará com a presença do presidente Michel Temer e
CEOs de grandes grupos internacionais. Na ocasião, será anunciada uma
lista de 30 projetos candidatos a serem financiados pelo mecanismo. A
Ferrogrão, ferrovia ligando Sinop (MT), um centro produtor de grãos, até
o porto de Miritituba (PA) é um exemplo. A infraestrutura é um ponto
central do fundo, mas ele também financiará projetos em agronegócio,
tecnologia e manufatura.
Os chineses têm pressionado
para incluir na lista a Ferrovia Bioceânica, projeto orçado em US$ 80
bilhões, prioritário para eles. A ideia de uma ferrovia ligando o
Atlântico ao Pacífico foi anunciada também na visita do presidente
chinês. Porém, o Brasil é contra, segundo fontes da área técnica. Além
do custo elevado, há dúvidas quanto à viabilidade do projeto.
O
fundo terá três conselheiros de cada lado, que selecionarão projetos de
interesse comum e recomendarão aos bancos participantes que os
financiem. “A China tem 15 fundos de investimento, mas esse é o único em
que as decisões são paritárias”, disse o secretário.
Não haverá aporte de recursos públicos. Do lado brasileiro, o
dinheiro sairá preferencialmente da Caixa, que poderá utilizar o fundo
de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), e do
BNDES. O Banco do Brasil já demonstrou interesse em participar, segundo
o secretário. Do lado chinês, quem vai operar é o Claifund, o fundo
para financiamento na América Latina. Os recursos virão 85% das reservas
internacionais e 15% do Banco de Desenvolvimento da China.
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fundo-mantido-com-a-china-tera-us-20-bi-para-investir-no-brasil,70001784473
Nenhum comentário:
Postar um comentário