Para o banco "não é impossível que Temer continue presidente por vários meses" e Brasil pode manter estabilidade econômica mesmo com reformas superficiais
São Paulo – Os mercados internacionais estão dispostos a
dar ao Brasil “o benefício da dúvida” para continuar o ajuste fiscal, de
acordo com um relatório lançado hoje pelo Deutsche Bank.
Com inflação em queda e uma situação confortável na balança de
pagamentos, a avaliação dos investidores é que as margens de ganho são
suficientes para cobrir o risco atual do país.
A avaliação do time de pesquisa do banco é que a situação do
presidente Michel Temer permanece “muito frágil” após a crise política
disparada pela delação de executivos da JBS.
No entanto, os partidos ainda não chegaram a um consenso sobre um
possível sucessor. Por isso, “se não houver novos desenvolvimentos
implicando Temer ainda mais no escândalo, não é impossível que ele
continue sendo presidente por vários meses”.
Ainda assim, o banco considera que as reformas econômicas estão em risco e vê dois cenários básicos em relação à reforma da Previdência.
No primeiro, o governo focaria em passar apenas a fixação de uma
idade mínima de aposentadoria, um dos pilares da proposta, e que exige
uma Emenda Constitucional.
Isso tem pouco impacto fiscal no curto prazo, mas garantiria metade da economia prevista pela reforma em 10 anos, segundo cálculos de Paulo Tafner, pesquisador Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP).
A segunda opção seria usar medidas provisórias para passar pedaços da
reforma que não precisam entrar na Constituição, como mudanças nas
pensões ou no tempo mínimo de contribuição.
A vantagem é que essas partes teriam impacto fiscal já no curto prazo
e a desvantagem é que não atacam os problemas estruturais do sistema e
não mudam a trajetória de gastos no longo prazo.
O governo reafirma que o cronograma sofrerá apenas um pequeno atraso,
que não há “plano B” e que o objetivo segue sendo o de aprovar a PEC já
apresentada e negociada.
De qualquer forma, o Deutsche considera que a reforma da Previdência
sempre foi condição “necessária, mas não suficiente” para a
estabilização da dívida.
Nada faria o país escapar de subir impostos e cortar mais gastos para conseguir um superávit primário até 2020.
Essa necessidade só vai crescer se o governo só conseguir aprovar uma minirreforma, mas não seria o fim do mundo:
“Supondo a continuidade de um ambiente internacional benigno
(especialmente taxas de juros baixas nos Estados Unidos) e a ausência de
choques domésticos adicionais, o Brasil pode se safar e manter a
estabilidade econômica implementando apenas reformas superficiais antes
das eleições de 2018”, diz o texto.
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