O jornal britânico mostra em reportagem o desenvolvimento da operação que, na visão do periódico, está fazendo a própria democracia "cambalear" no Brasil
São Paulo – Ainda longe de terminar, a operação Lava Jato já é um marco histórico no combate à corrupção no Brasil, segundo o jornal britânico The Guardian.
Em uma longa reportagem, o jornal recupera a história desde o estopim
da operação, em 2014, até as mais recentes acusações que atingem o
presidente Michel Temer após as delações da JBS.
Segundo o repórter Jonathan Watts, que assina o texto, a
investigação, que partiu de suspeitas sobre doleiros e se estendeu para
englobar o coração da Petrobras, da Odebrecht e da vida política do
país, vive agora momentos críticos.
Em sua avaliação final, o repórter afirma que a própria independência
da investigação está em jogo, com a diminuição dos repasses às
entidades responsáveis, que está sendo levada a cabo pelo atual governo
de Michel Temer.
Watts avalia: “O Brasil certamente precisava enfrentar a corrupção,
que exacerbou a desigualdade e impediu o crescimento econômico. Mas a
operação Lava Jato valeu a dor que causou? Ela ajudou a derrubar o PT,
mas colocou, em seu lugar, uma administração tão manchada quanto a
anterior, só que muito menos disposta a promover a transparência e a
independência judicial”.
“A Petrobras – a campeã nacional da era Lula – está de joelhos […]
Grandes empresas e políticos tradicionais estão desacreditados. Os
eleitores sofrem para encontrar alguém em quem acreditar. Não é só a
política que está cambaleando, é a própria república”.
No longo prazo, o repórter finaliza, há quem acredite que a Lava Jato vai transformar o Brasil em um país mais justo.
Mas, na análise dele, o risco é que a operação abale de morte a já
frágil democracia do país, abrindo caminho para uma “teocracia
evangélica de direita” ou um retorno das ditaduras.
Mais importante do que quem cai na Lava Jato, para o The Guardian, é quem entra no lugar.
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