Até o momento, quatro ministros sinalizaram que são desfavoráveis ao uso dos depoimentos da Odebrecht
No debate da manhã desta quinta-feira (8) os ministros
discutem questão preliminar colocada pelas defesas de Dilma Rousseff e
Michel Temer, segundo as quais os testemunhos e provas relacionados à
Odebrecht não poderiam ser considerados no julgamento, por não constar
nos 21 itens contestados inicialmente pelo PSDB. O argumento foi
rejeitado pelo relator Herman Benjamin e agora é apreciado pelos demais
ministros. Ele destacou que o próprio plenário do TSE autorizou, no
início de abril, a oitiva de novas testemunhas relacionadas ao caso da
Odebrecht, como o casal de publicitários João Santana e Mônica Moura,
responsável pela campanha presidencial de 2014. “Não vou rasgar decisão
deste tribunal”, afirmou.
A ministra Rosa Weber disse que não
seria possível sequer votar tal preliminar, uma vez que para aferir os
questionamentos das defesas seria necessário se debruçar sobre as
próprias provas, não sendo possível ao julgador simplesmente
desconsiderá-las por questões processuais. Ela defendeu que o TSE siga
diretamente para o julgamento do mérito da ação. Até o momento, além do
relator e de Rosa Weber, Luiz Fux indicou que votará a favor da
manutenção no julgamento das provas da Odebrecht. O presidente do TSE,
Gilmar Mendes, e os ministro Napoleão Maia, Admar Gonzaga e Tarcísio
Vieira deram indicativos de que irão se manifestar pelo descarte das
delações da Odebrecht na análise da ação de cassação. O julgamento foi
interrompido para almoço e será retomado às 14h30.
“Sanha cassadora”
O
presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, afirmou que é preciso
“moderar a sanha cassadora” da Corte Eleitoral. “Muitas vezes, há
exageros, exageros claros. Muitas vezes, por questões pequenas, nós
acabamos cassando os mandatos”, disse Mendes durante o debate sobre a
validade de provas da Odebrecht no caso, que é contestada pelas defesas.
“É preciso moderar a sanha cassadora porque, de fato, você coloca em
jogo outro valor, que é o do mandato, da manifestação popular.”
Para
Mendes, é necessário, no julgamento, ter em conta também a
“estabilidade do sistema eleitoral”. Ele interrompeu a manifestação do
ministro Luiz Fux, que defendia a inclusão dos testemunhos de executivos
da Odebrecht no julgamento de mérito da ação. “Não podemos ser
avestruzes”, afirmou Fux.
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