Segundo fontes, a agência antitruste está considerando exigir a alienação de ativos com aproximadamente o mesmo número de alunos para aprovar o acordo
A Kroton Educacional pode ter que decidir se sua proposta de compra da Estácio Participações por US$ 1,8 bilhão vale a pena mesmo se não levar a nenhum ganho de participação de mercado.
O Cade, agência antitruste do Brasil, que analisa a aquisição da
Estácio, rede de ensino superior com mais de 500.000 estudantes, pela
Kroton, está considerando exigir a alienação de ativos com
aproximadamente o mesmo número de alunos para aprovar o acordo, segundo
duas pessoas com conhecimento do assunto.
A Kroton, que atende 1 milhão de estudantes, pode ser obrigada pelo Cade a vender o negócio de ensino presencial de sua unidade Anhanguera e
a divisão de ensino à distância da Estácio, disseram as pessoas, que
pediram anonimato por estarem discutindo negociações confidenciais.
As propostas do Cade podem ser duras o suficiente para ameaçar a
transação, considerando que o acordo assinado entre Kroton e Estácio no
ano passado tem uma cláusula que permite que as empresas deixem o
negócio se a autoridade reguladora exigir a venda de ativos equivalentes
a mais de 15 por cento da receita das duas empresas combinadas.
Kroton adquiriu a Anhanguera em 2014 e fechou acordo para compra da
Estácio no ano passado como parte de um plano para ganhar escala no
negócio da educação no Brasil, que depende em parte de subsídios do
governo para formar milhões de estudantes.
O Cade e as companhias não conseguiram chegar a um acordo nesta
semana após diversas reuniões e há mais negociações programadas para 28
de junho, disseram as pessoas.
“Todas as opções sobre a fusão estão em discussão ainda entre o Cade e
as empresas, e estão sob sigilo”, disse a conselheira Cristiane Alkmin,
relatora do caso no Cade, por telefone, em resposta ao pedido de
comentário da Bloomberg. “Qualquer informação sobre venda de ativos no
momento é mera especulação.”
A Kroton e a Estácio preferiram não comentar.
Quando aprovou a aquisição da Anhanguera pela Kroton, em 2014, o Cade
exigiu que a companhia vendesse a Grupo Uniasselvi e outros ativos em
três cidades, congelasse algumas matrículas e suspendesse a expansão de
determinados cursos. O acordo transformou a Kroton na maior empresa de
ensino de nível superior com fins lucrativos do mundo.
A oferta pela Estácio apenas dois anos depois surpreendeu o Cade, que
entende que a fusão proposta vai contra o espírito das exigências
feitas no acordo da Anhanguera, disse uma das pessoas. Este é um dos
motivos pelos quais as medidas que o Cade analisa para a fusão da
Estácio são tão duras, disse a pessoa.
A Kroton ganhou uma guerra de propostas contra a Ser Educacional, uma
concorrente de menor porte, pela Estácio no ano passado. A Ser e outras
empresas de ensino, além de grupos de defesa dos direitos dos
consumidores, exortaram o Cade a rejeitar o negócio porque a empresa
combinada teria mais de três vezes o tamanho da segunda maior
concorrente, o que poderia gerar um desequilíbrio no mercado de ensino
superior do Brasil.
A aquisição pode prejudicar os consumidores ao eliminar um
concorrente importante, especialmente no ramo de ensino on-line,
disseram membros do Cade em relatório, em fevereiro.
Este conteúdo foi originalmente publicado na Bloomberg.
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