A negociação, que começou em 1999, estava finalmente numa fase decisiva, com todos os governos dispostos a fechar um entendimento até o fim do ano
Genebra – Um grupo de deputados europeus pediu que a negociação para a criação de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a Europa seja suspensa diante da crise política no Brasil.
Numa carta à chefe da diplomacia de Bruxelas, os eurodeputados citam a
instabilidade do governo de Michel Temer e as acusações de corrupção
envolvendo o chefe de Estado no País.
A negociação, que começou em 1999, estava finalmente numa fase
decisiva, com os governos tanto da Europa quanto do bloco sul-americano
dispostos a fechar um entendimento até o fim do ano.
Para isso, porém, os dois lados precisam ceder. A Europa tem de
incluir uma abertura maior para seu mercado no setor agrícola e de
carnes, enquanto o Mercosul terá de admitir um corte mais profundo de
tarifas no setor industrial.
Mas a crise política hoje no Brasil põe uma pressão extra sobre o
processo. No Parlamento Europeu, 22 deputados enviaram uma carta para a
chefe da diplomacia da Comissão Europeia, Federica Mogherini, alertando
que a negociação “precisa ser interrompida diante da crise política no
Brasil”.
A carta é assinada por representantes de quatro grupos políticos.
Além da instabilidade política, a carta obtida pelo Estado ainda alerta
Federica sobre o “aumento da violência no campo e o uso de forças
armadas para reprimir protestos”.
Um dos grupos que apoiaram a iniciativa foi o Podemos, partido na
Europa que chacoalhou a política espanhola nos últimos anos. De acordo
com o deputado Xabier Benito, vice-presidente da Comissão para o
Mercosul dentro do Parlamento, o “Tribunal Superior de Justiça investiga
o presidente Temer e seu entorno político por supostos delitos de
corrupção”.
Miguel Urbán, porta-voz de Podemos na Europa, também insiste que é
“absolutamente inaceitável que a Comissão Europeia continue com as
negociações de um acordo de comércio com o Mercosul sem considerar a
grave situação de direitos humanos no Brasil.”
Demanda
Além de suspender imediatamente o acordo, o grupo pede que a comissão
“avalie o impacto sobre os direitos humanos das relações de comércio e
investimentos existentes entre a UE e o Mercosul”.
O grupo de deputados representa menos de 10% do Parlamento Europeu.
Mas fontes apontam que os deputados que assinaram a carta ocupam cargos
importantes dentro das comissões de trabalho do Parlamento.
Oficialmente, Bruxelas indica que continua comprometida com o
processo. Um dos objetivos é de ter um acordo desenhado já para dezembro
para ser anunciado no mesmo mês durante da Conferência Ministerial da
OMC, em Buenos Aires. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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