Juntas, elas somariam 1,5 milhão de alunos, 1.080 polos de ensino à distância e 213 campi
São Paulo – Quase um ano depois do anúncio da fusão da Kroton e Estácio, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrou a transação de 5,5 bilhões de reais. O julgamento da operação, que criaria uma das maiores empresas de educação do mundo, foi feito ontem à noite, 28.
Cinco dos seis conselheiros votaram contra o negócio. A única a favor
foi a relatora do caso, Cristiane Alkmin J. Schmidt, que levantou
exigências para a operação, como a venda de ativos e a proibição de
novas fusões nos próximos cinco anos.
O órgão antitruste levantou três motivos principais que o levaram a barrar a fusão.
O primeiro ponto levantado pela conselheira relatora do caso é o
problema de concorrência que a união das duas maiores empresas
brasileiras do setor geraria.
Juntas, elas somariam 1,5 milhão de alunos, 1.080 polos de ensino à
distância e 213 campi. Elas teriam uma fatia de 23% do mercado
brasileiro de educação. A concentração seria ainda mais forte em oito
municípios brasileiros: Macapá, Campo Grande, Niterói, São José, Santo
André, São Luís, Belo Horizonte e Brasília.
A preocupação pelo acúmulo de mercado já havia sido levantada no
parecer do Cade de fevereiro deste ano. “Tanto nos cursos presenciais
quanto nos cursos à distância, o ato de concentração gera elevados
market shares e monopólios em diversos mercados locais. A instrução
realizada pela Superintendência apontou que a operação poderá aumentar o
poder de mercado da Kroton e reduzir o nível de rivalidade no mercado,
sem apresentar eficiências que compensem os problemas concorrenciais
encontrados”, diz o documento.
O Cade também considerou, na ocasião, que é difícil para novas
companhias entrarem o mercado de educação, que é “caracterizado por
elevadas barreiras regulatórias, economias de escala e escopo e
necessidade de grandes investimentos em marketing”. Dessa forma, a fusão
das duas maiores do setor criaria uma potência que dificultaria ainda
mais a concorrência e a entrada de novas rivais.
O segundo motivo é a concentração de mercado na modalidade de ensino à
distância (EAD). Segundo a relatora, a Kroton já possui 37% do mercado,
e passaria a deter 46% após a operação, aumentando mais ainda a sua
capilaridade nacional.
A terceira razão levantada pelo Cade foi a força das marcas da
Kroton. Entre outras marcas, a líder é dona da Pitágoras, que atua no
ensino básico, e da Anhanguera, comprada em 2014 e que opera no ensino
superior, duas instituições conhecidas e bem estabelecidas.
As marcas alavancam ainda mais o ensino à distância, segundo o Cade.
“A preocupação é que a compra da Estácio lhe dará uma vantagem
competitiva ainda maior”, disse Alkmin. Um dos remédios levantados.
A concentração de mercado poderia “impactar os preços cobrados e
reduzir os incentivos à diversificação, melhoria da qualidade e inovação
no ensino superior”, disse o Cade em fevereiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário