A cifra supera o valor de mercado do frigorífico e também é três vezes maior que o volume de recursos em caixa
Após as delações que revelaram as fraudes cometidas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, a JBS tem
pela frente uma maratona de processos e investigações que pode culminar
na cobrança de mais de R$ 31 bilhões da empresa no Brasil – resultado
da aplicação de potenciais sanções, multas e ressarcimentos, além de
dívidas fiscais.
A cifra supera o valor de mercado do frigorífico, de R$ 21 bilhões, e
também é três vezes maior que o volume de recursos em caixa, de R$ 10,7
bilhões.
Nessa conta estão R$ 10,3 bilhões acordados na noite desta
terça-feira, 30, com o Ministério Público Federal para fechar o acordo
de leniência com a empresa. Há também três casos sob investigação cuja
penalidade, entre multas e devoluções aos cofres públicos, pode chegar a
R$ 16,9 bilhões.
O frigorífico é investigado por ganhos com a valorização do dólar
após a divulgação das delações e também por sonegação fiscal com a
suposta geração de ágio artificial na fusão com o grupo Bertin.
Além
disso, é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) por
empréstimos obtidos no BNDES.
O cálculo feito pelo Estadão/Broadcast toma como base as sanções
máximas previstas pelos órgãos responsáveis pelas investigações –
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Receita Federal e TCU. Ficaram de
fora dessa conta as possíveis indenizações a investidores que podem
entrar com ações coletivas contra a JBS e a fatura a ser entregue pelo
Departamento de Justiça dos EUA, onde está a principal operação do
grupo.
A cifra pode subir ainda mais, caso outros órgãos da administração
pública decidam investigar as fraudes cometidas pelos irmãos Batista. No
entendimento de procuradores e advogados consultados, o acordo de
leniência em negociação com o MPF ajuda a atenuar, mas não livra a
empresa de penalidades por outros órgãos.
Segundo um advogado especializado em direito penal empresarial, caso
sejam comprovadas todas as práticas e ilícitos, as novas sanções poderão
facilmente duplicar os R$ 10,9 bilhões. Analistas de grandes bancos têm
recomendado a seus clientes evitar as ações da JBS, porque ficou
praticamente impossível estimar o passivo da companhia. Ontem, as ações
do frigorífico caíram 3,9%.
Os passivos em potencial da JBS se estenderam para a esfera estadual.
Os executivos admitiram o pagamento de propina a governadores em troca
de favores relacionados ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS).
Por isso, pelo menos seis Estados disseram que estão passando um
pente-fino sobre os incentivos fiscais concedidos à empresa. Em três
deles, o valor fiscal discutido soma R$ 3,3 bilhões, considerando apenas
dados abertos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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