sexta-feira, 26 de maio de 2017

Maria Silvia Bastos deixa presidência do BNDES


Maria Silvia alegou "motivos pessoais". Ela foi a primeira mulher a chefiar a instituição e será substituída interinamente por Ricardo Ramos

 







São Paulo – Maria Silvia Bastos Marques, a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 
 
Ela deixou o cargo alegando “motivos pessoais” e será substituída de forma interina por Ricardo Ramos, do quadro de carreira do BNDES.

Maria Silva é a primeira baixa do time econômico do presidente Michel Temer em meio à crise política disparada pela divulgação de uma conversa entre Temer e Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS.

Ela foi a primeira mulher a chefiar a instituição e completaria um ano no cargo no dia 01 de junho (veja seu discurso de posse).

Sua gestão foi marcada pela queda dos desembolsos do banco e revisão dos modelos de financiamento do banco.

Veja a íntegra da carta enviada por Maria Silvia para os funcionários do BNDES e divulgada pela Folha:


_Prezados benedenses,_

Nesta sexta-feira, 26 de maio, informei pessoalmente ao presidente Michel Temer a minha decisão de deixar a presidência do BNDES.
Todos os diretores permanecem no cargo e o diretor Ricardo Ramos, pertencente ao quadro de carreira do BNDES, responderá interinamente pela presidência do Banco.
Deixo a presidência do BNDES por razões pessoais, com orgulho de ter feito parte da história dessa instituição tão importante para o desenvolvimento do país. Nas duas passagens que tive pelo Banco, como diretora, nos anos 90, e agora, como presidente, vivi experiências desafiadoras e de grande importância para a minha vida profissional e pessoal.
Neste ano à frente da diretoria do BNDES busquei olhar para o futuro, estabelecendo novos modelos de negócios e estratégias para o Banco, sem descuidar do passado e do presente, sempre tendo em mente preservar e fortalecer a instituição e seu corpo funcional.
Desejo boa sorte a todos, esperando que sigam trabalhando para que o BNDES continue sendo o Banco que há 65 anos faz diferença na vida dos brasileiros.
_Um grande abraço,_
Maria Silvia”


A executiva carioca de 60 anos já havia passado pela Petrobras e pelo BNDES, foi secretária de Finanças da Prefeitura do Rio de Janeiro entre 1993 e 1996 (gestão César Maia), e foi presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entre 1996 e 2002.

No BNDES, ela substituiu Luciano Coutinho, que ocupava o cargo desde 2007, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, afirmou em sua delação que o então ministro da fazenda Guido Mantega interferia para que o BNDES concedesse empréstimos à empresa.


Cenário


No início de maio, o site da revista Época havia apontado em nota da coluna Expresso, sem citar fontes, que Temer teria dado prazo de três meses para Moreira Franco substituir Maria Silvia.

A presidente do BNDES estaria sendo alvo de reclamações ostensivas de empresários que a acusam de fechar o caixa do banco estatal, segundo a revista.

Na época, o Planalto informou oficialmente, por meio da assessoria de imprensa, que “o presidente não tem a menor intenção de tirar a Maria Silvia”.

Na quinta-feira (18), um dia após serem divulgadas as denúncias contra o presidente, Maria Silvia disse a jornalistas durante fórum de economia no Rio de Janeiro que ainda era muito cedo para avaliar o impacto econômico:

“Não sabemos para onde vai a economia, agora o momento é de trabalharmos ainda mais, com serenidade, e aguardamos o que vai acontecer”.

No seu discurso no último sábado (20), Temer disse que Maria Silvia “moralizou o BNDES, colocou ordem na casa, e tem meu respeito e meu respaldo para fazê-lo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário