O presidente da companhia admitiu que o cenário do país pode impactar em alguma medida as metas da estatal
São Paulo – A Eletrobras continuará
trabalhando em seus planos de privatizar subsidiárias e vender ativos
para reduzir dívidas mesmo com o agravamento da crise política no
Brasil, disse nesta terça-feira o presidente da companhia, Wilson
Ferreira Jr..
Apesar disso, ele admitiu que o cenário do país pode impactar em alguma medida as metas da estatal.
O executivo estava em Nova York e participava de diversas reuniões
com investidores para apresentar o programa de desinvestimentos da
companhia quando surgiram as acusações dos donos da empresa de alimentos
JBS contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, que
levaram o Brasil novamente a um momento de forte tensão política.
Segundo Ferreira, as reuniões promovidas nos Estados Unidos estavam
todas lotadas na última quarta-feira, demonstrando forte interesse na
empresa, mas no dia seguinte, após as notícias, o clima era de
“preocupação” e busca por informações.
Ainda assim, ele garantiu que a empresa seguirá com o cronograma e
deverá encontrar interessados em comprar os ativos que deseja colocar no
mercado.
“Não há nenhum comprometimento, seja na agenda de privatizações, seja
na venda de ativos. O que sempre preocupa é se o ambiente político
acaba arrastando o ambiente econômico… a gente acaba tendo mais
dificuldade de fazer isso pelo menos nos preços que se poderia atingir”,
disse Ferreira.
“Num processo de venda (de ativos) em energia, por óbvio esses ativos
ficam mais valorosos se a economia cresce mais”, explicou ele, que
falou com jornalistas após evento da Universidade Mackenzie, em São
Paulo.
A Eletrobras já anunciou um plano de vendas de fatias em ativos de
geração e transmissão de eletricidade para levantar até 4,6 bilhões de
reais, que serão utilizados para pagamento de dívidas.
Em apresentação recente, a estatal estimou que pode obter 2,2 bilhões
de reais com as vendas de ativos em energia em 2017 e mais 2,4 bilhões
de reais em 2018.
Continuidade
O presidente da Eletrobras também evitou comentar especulações sobre
sua continuidade à frente da estatal, caso as denúncias contra Michel
Temer ganhem força a ponto de inviabilizar a continuidade do atual
governo.
“Vim aqui para fazer um trabalho de resgate e recuperação da
Eletrobras que está em curso… meu mandato vai até abril de 2019. Claro
que sou indicado pelo controlador, o governo brasileiro, mas não vou
especular sobre a saída de um ou de outro”, disse.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse algo semelhante ao
ser questionado sobre o assunto na semana passada. Afirmou que pretende
cumprir seu mandato até abril de 2019.
O CEO da Eletrobras afirmou que o governo Temer vem apoiando a
reestruturação da estatal e mudanças nas regras do setor elétrico para
favorecer a atração de investidores, em um movimento conduzido pelo
ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
“O ministro é muito importante nessa agenda, torço para que ele continue, assim como o presidente Temer”, afirmou.
O PSB, partido de Coelho Filho, passou a apoiar a renúncia de Temer
após as últimas acusações contra Temer, e por isso tem defendido que o
ministro entregue o cargo.
Mas Coelho Filho disse à Reuters nesta terça-feira que irá continuar
no ministério mesmo após a decisão de sua legenda. Segundo ele, o
momento de crise política no país exige “lealdade” e sua saída não
contribuiria para melhorar o cenário.
A permanência de Coelho Filho garante que técnicos do alto escalão do ministério também continuem no governo.
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