quinta-feira, 1 de junho de 2017

The Guardian questiona se a Lava Jato valeu a pena


O jornal britânico mostra em reportagem o desenvolvimento da operação que, na visão do periódico, está fazendo a própria democracia "cambalear" no Brasil

 




São Paulo – Ainda longe de terminar, a operação Lava Jato já é um marco histórico no combate à corrupção no Brasil, segundo o jornal britânico The Guardian.

Em uma longa reportagem, o jornal recupera a história desde o estopim da operação, em 2014, até as mais recentes acusações que atingem o presidente Michel Temer após as delações da JBS.

Segundo o repórter Jonathan Watts, que assina o texto, a investigação, que partiu de suspeitas sobre doleiros e se estendeu para englobar o coração da Petrobras, da Odebrecht e da vida política do país, vive agora momentos críticos.

Em sua avaliação final, o repórter afirma que a própria independência da investigação está em jogo, com a diminuição dos repasses às entidades responsáveis, que está sendo levada a cabo pelo atual governo de Michel Temer.

Watts avalia: “O Brasil certamente precisava enfrentar a corrupção, que exacerbou a desigualdade e impediu o crescimento econômico. Mas a operação Lava Jato valeu a dor que causou? Ela ajudou a derrubar o PT, mas colocou, em seu lugar, uma administração tão manchada quanto a anterior, só que muito menos disposta a promover a transparência e a independência judicial”.

“A Petrobras – a campeã nacional da era Lula – está de joelhos […] Grandes empresas e políticos tradicionais estão desacreditados. Os eleitores sofrem para encontrar alguém em quem acreditar. Não é só a política que está cambaleando, é a própria república”.

No longo prazo, o repórter finaliza, há quem acredite que a Lava Jato vai transformar o Brasil em um país mais justo.

Mas, na análise dele, o risco é que a operação abale de morte a já frágil democracia do país, abrindo caminho para uma “teocracia evangélica de direita” ou um retorno das ditaduras.

Mais importante do que quem cai na Lava Jato, para o The Guardian, é quem entra no lugar.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Brasil pode ficar estável só com minirreformas, diz Deutsche Bank


Para o banco "não é impossível que Temer continue presidente por vários meses" e Brasil pode manter estabilidade econômica mesmo com reformas superficiais

 








São Paulo – Os mercados internacionais estão dispostos a dar ao Brasil “o benefício da dúvida” para continuar o ajuste fiscal, de acordo com um relatório lançado hoje pelo Deutsche Bank.

Com inflação em queda e uma situação confortável na balança de pagamentos, a avaliação dos investidores é que as margens de ganho são suficientes para cobrir o risco atual do país.

A avaliação do time de pesquisa do banco é que a situação do presidente Michel Temer permanece “muito frágil” após a crise política disparada pela delação de executivos da JBS.

No entanto, os partidos ainda não chegaram a um consenso sobre um possível sucessor. Por isso, “se não houver novos desenvolvimentos implicando Temer ainda mais no escândalo, não é impossível que ele continue sendo presidente por vários meses”.

Ainda assim, o banco considera que as reformas econômicas estão em risco e vê dois cenários básicos em relação à reforma da Previdência.

No primeiro, o governo focaria em passar apenas a fixação de uma idade mínima de aposentadoria, um dos pilares da proposta, e que exige uma Emenda Constitucional.

Isso tem pouco impacto fiscal no curto prazo, mas garantiria metade da economia prevista pela reforma em 10 anos, segundo cálculos de Paulo Tafner, pesquisador Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP).

A segunda opção seria usar medidas provisórias para passar pedaços da reforma que não precisam entrar na Constituição, como mudanças nas pensões ou no tempo mínimo de contribuição.

A vantagem é que essas partes teriam impacto fiscal já no curto prazo e a desvantagem é que não atacam os problemas estruturais do sistema e não mudam a trajetória de gastos no longo prazo.

O governo reafirma que o cronograma sofrerá apenas um pequeno atraso, que não há “plano B” e que o objetivo segue sendo o de aprovar a PEC já apresentada e negociada.

De qualquer forma, o Deutsche considera que a reforma da Previdência sempre foi condição “necessária, mas não suficiente” para a estabilização da dívida.

Nada faria o país escapar de subir impostos e cortar mais gastos para conseguir um superávit primário até 2020.

Essa necessidade só vai crescer se o governo só conseguir aprovar uma minirreforma, mas não seria o fim do mundo:

“Supondo a continuidade de um ambiente internacional benigno (especialmente taxas de juros baixas nos Estados Unidos) e a ausência de choques domésticos adicionais, o Brasil pode se safar e manter a estabilidade econômica implementando apenas reformas superficiais antes das eleições de 2018”, diz o texto.


Janot: sem restrição de foro, STF atingirá esgotamento em breve


O procurador defendeu que seja mantido no Supremo somente processos relacionados a crimes que estejam estritamente relacionados ao exercício do cargo




O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou hoje (31), em sustentação oral no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que, se não for dada uma nova interpretação mais restrita ao texto da Constituição sobre o foro privilegiado, a Corte atingirá em breve um esgotamento de sua capacidade processual.

“Se não houver mudanças de paradigma neste julgamento de hoje, não tenho dúvidas de que o Supremo em breve retornará ao tema, mas não mais por razões principiológicas, mas por imperativo prático. O aumento exponencial de demandas penais irá inviabilizar o regular funcionamento da Corte em curto espaço de tempo”, disse.

Janot defendeu que seja mantido no STF somente processos relacionados a crimes que estejam estritamente relacionados ao exercício do cargo e enquanto o investigado ou réu ocupar o posto.

Hoje, são automaticamente remetidos à Corte qualquer caso que envolva presidentes de Poder, ministros de Estado e membros do Congresso Nacional, mesmo os cometidos anteriormente e sem nenhuma relação com o cargo.

O STF iniciou na tarde de hoje o julgamento que vai decidir se o foro privilegiado será restringido.
A sessão começou com a leitura do voto do ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, e um pedido de vista não está descartado.

Além do relator, 10 ministros devem votar.

Montanha-russa processual


Para o procurador-geral da República, a atual interpretação provoca uma verdadeira “montanha-russa processual”, ao permitir repetidas subidas e decidas de processos entre as instâncias inferiores e o STF, a depender da nomeação ou eleição do investigado ou réu a cargos com prerrogativa de função.

Ele argumentou que o constituinte teve como objetivo proteger o exercício do cargo, e não a pessoa que o ocupa.

“A prerrogativa de foro tem uma razão de ser, o constituinte a criou para atender a determinados valores”, disse Janot.

“O que sobejar [ultrapassar] esse paradigma é intolerável proteção à pessoa e não a suas relevantes funções”, acrescentou.

Moody’s altera perspectiva de bancos brasileiros e da bolsa


A agência de classificação de risco alterou de estável para negativa a perspectiva dos ratings de 19 bancos brasileiros e da B3

 


A agência de classificação de risco Moody’s alterou a perspectiva dos ratings de 19 bancos brasileiros e da B3 (novo nome da BM&FBovespa) de estável para negativa. Os ratings foram mantidos.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 31, a Moody’s afirma que as ações de rating seguem-se à alteração da perspectiva da nota soberana do Brasil, revisada na sexta-feira, de estável para negativa.

Segundo a agência, qualquer desaceleração na recuperação econômica brasileira, que deveria ganhar força no segundo semestre, prolongará a pressão sobre a capacidade de reembolso e poderá levar a um aumento dos riscos de ativos para os bancos do país, quando esses riscos pareciam ter atingido o seu pico.

A Moody’s diz, ainda, que deve haver um aumento das inadimplências, o que exigirá que os bancos criem provisões adicionais, que podem prejudicar os lucros, “que deveriam começar a melhorar, graças à retomada do crescimento dos empréstimos e à queda dos custos de financiamento”.


Veja abaixo a lista dos bancos afetados:


Banco ABC Brasil S.A.
Banco Alfa de Investimento S.A.
Banco BBM S.A.
Banco Bradesco S.A.
Banco Bradesco S.A., Grand Cayman
Banco Cooperativo Sicredi S.A.
Banco Daycoval S.A.
Banco do Brasil S.A.
Banco do Brasil S.A. (Cayman)
Banco do Estado de Sergipe S.A.
Banco do Nordeste do Brasil S.A.
Banco Industrial do Brasil S.A.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Banco PSA Finance Brasil S.A.
Banco Safra S.A.
Banco Safra S.A. (Ilhas Cayman)
Banco Santander Brasil S.A.
Banco Santander Brasil S.A. (Ilhas Cayman)
Banco Sofisa S.A.
Banco Votorantim S.A.
Banco Votorantim S.A. (Nassau)
B3 (novo nome da BM&FBovespa S.A.)
Caixa Econômica Federal (CAIXA)
Itaú Unibanco Holding S.A.
Itaú Unibanco Holding S.A. (Ilhas Cayman)
Itaú Unibanco S.A.
Itaú Unibanco S.A. (Ilhas Cayman)
Banco BBM S.A.
Banco Daycoval S.A.
BNDES Participações S.A. – BNDESPAR
Itaúsa – Investimentos Itaú S.A.

Kraft Heinz investirá R$ 380 mi em nova fábrica no Brasil

 

 

Trata-se da primeira planta a ser construída desde que a Kraft e Heinz anunciaram a combinação de seus negócios

 







São Paulo – A Kraft Heinz – gigante de alimentos que tem como acionistas a 3G, dos bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira, Marcel Telles, e o americano Warren Buffet, da Berkshire Hathaway – deve anunciar hoje a construção de uma nova fábrica no Brasil.

A unidade será erguida na cidade de Nerópolis, em Goiás, com investimentos de R$ 380 milhões. Ao Estado, Pedro Drevon, presidente do grupo no Brasil, disse que a nova planta deverá entrar em operação em abril do próximo ano e vai consolidar a expansão da companhia no País.

A nova unidade vai produzir as linhas da Heinz e da Quero Alimentos, como ketchup, mostarda, maionese e molhos de tomate. É a primeira planta que será construída desde que a Kraft e Heinz anunciaram a combinação de seus negócios, em 2015.

“Será uma fábrica independente da nossa unidade já em operação”, disse Drevon. O grupo já possui uma fábrica também no município de Nerópolis, que foi adquirida quando a Heinz comprou Quero Alimentos, em março de 2011.

Embora fique no mesmo município, a segunda fábrica será erguida em local diferente. “A escolha por Goiás foi em função de o Estado ser conhecido como a “casa do tomate”. Faz todo sentido fazer o investimento lá”, disse o executivo. Mas a motivação não é só essa: o grupo terá a garantia benefícios fiscais do programa estadual Produzir. A expectativa é criar 500 vagas, entre empregos diretas e indiretas. Atualmente, o grupo gera 2 mil empregos.


Ampliação


A fábrica que já está em operação vai receber investimentos de R$ 100 milhões para a modernização e ampliação. “A nossa nova unidade será construída para ser sustentável, com sistema de tratamento de água e energia renovável”, disse Drevon.

A Kraft Heinz faturou quase R$ 1 bilhão no País em 2016. Drevon prevê expansão em vendas neste ano, mas evita fazer previsões. Os produtos do vasto portfólio da companhia, segundo ele, têm demanda para atender a todos os tipos de consumidores – desde classe A e B, que consumem a marca Heinz, até a classe média baixa, mais afetada pela crise, que busca produtos da Quero.

A atual unidade produz 23 mil toneladas de produtos por mês. A segunda fábrica começará com capacidade para 15 mil toneladas/mês, segundo o executivo.

 

Mais popular


De olho no consumidor de renda mais baixa, a companhia está relançando o suco em pó Ki-Suco, com nova fórmula, e também já colocou no mercado um macarrão instantâneo, do tipo lámen.

Segundo Drevon, há espaço no mercado brasileiro para todos os tipos de produtos e marcas. Segundo ele, o Ki-Suco terá sua produção inicialmente terceirizada, mas poderá ser produzida nas unidades da Kraft Heinz no futuro, mas essa decisão ainda não foi tomada.

A atual crise não pesou contra a decisão da companhia de fazer o investimento no País. Em 2015, quando a Kraft anunciou sua fusão com a Heinz, o novo grupo mapeou onde precisava fazer expansões pelo mundo.

O presidente da Kraft Heinz no País, que iniciou sua carreira no 3G, do trio de bilionários brasileiros, reporta-se diretamente ao executivo Bernardo Hees, que discutiu com os principais acionistas globais a importância do mercado no Brasil.

 

Complementar


Para o especialista em alimentos e bebidas, Adalberto Viviani, a decisão da Kraft Heinz em investir no Brasil em um momento de recessão é acertada.

“Em períodos de incertezas da economia, empresas com marcas regionais, sem capital de giro são as mais afetadas. Nesse caso, se você tem capital para investir, o melhor a fazer é apostar nos mercados já consolidados, que têm demanda firme”, disse.

Segundo Viviani, as diferentes marcas da Kraft Heinz são complementares. Para ele, o fato de a classe média querer manter o padrão de consumo abre oportunidade para aumento de vendas das linhas de negócio do grupo.

Para Drevon, o potencial de demanda pelos produtos da companhia e as vendas efetivas serão o termômetro para que a Kraft Heinz continue investindo no País. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

UE aprova aquisição da Telecom Italia pela Vivendi com condições


Para concluir a aquisição, a operadora de telecomunicações italiana deverá vender sua participação na operadora de rede digital terrestre Persidera

 






Bruxelas – O regulador antitruste da União Europeia aprovou hoje a aquisição da Telecom Italia pela Vivendi, sob a condição de que a operadora de telecomunicações italiana venda sua participação na operadora de rede digital terrestre Persidera.

A Vivendi tem uma significativa fatia minoritária na Mediaset, que também atua no mercado de acesso no atacado a redes de televisão digital terrestre dedicadas à transmissão de canais de TV, segundo a UE.

Na avaliação da UE, após a transação, a Vivendi teria um incentivo para elevar preços cobrados de canais de TV nesse mercado.

Persidera é uma joint venture entre a Telecom Italia e o Gruppo Editoriale L’Espresso.


Fonte: Dow Jones Newswires.

Brookfield segue em busca de ativos no Brasil, diz diretor

O executivo minimizou o cenário político instável do momento, pois avaliou que para quem tem visão de longo prazo, as crises não abalam o interesse







São Paulo – A Brookfield segue em busca de ativos para trazer mais capital para o Brasil, mesmo após realizar duas grandes aquisições no País, a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), da Petrobras, e a Odebrecht Ambiental, afirmou o sócio-diretor da empresa, Luiz Maia.

“Estamos olhando outros negócios, mais oportunidades no Brasil.”

Ele lembrou que nos dois casos, a Brookfield buscou co-investidores estratégicos. “Queremos trazer mais”, disse, durante apresentação no Fórum de Investimentos Brasil 2017, que se realiza até amanhã em São Paulo.

“O Brasil precisa importar mais capital e concorremos com distribuição de capital com outros países, como China e Índia. O Brasil precisa ter ambiente para conseguir atrair esse capital”, afirmou.

Ele minimizou o cenário político instável que o País atravessa no momento, pois avaliou que para quem tem visão de longo prazo, as crises não abalam o interesse.

“Quem está aqui há 117 anos e nunca saiu já viu coisas piores, guerras e regimes. Sempre olhamos o horizonte de longo prazo”, afirmou.

Apesar de uma de suas últimas compras ter sido de uma empresa com problemas financeiros graves e necessidade de capital, Maia disse que pagou preço de mercado pelo ativo.

“Não existe galinha morta, não existem ativos em liquidação, você paga a preço de mercado. Estamos comprando a preço justo, acreditando que vai valer mais no futuro porque o País vai estar melhor”, comentou, fazendo referência à compra da Odebrecht Ambiental.

O executivo salientou que o setor de saneamento é atrativo para a companhia tendo em vista o apoio que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem dado ao segmento e o potencial de crescimento desta área, já que atualmente apenas 40% da população brasileira têm acesso a tratamento de esgoto, e 80% têm acesso a água tratada.

Ele explicou que a companhia sempre busca ativos que gerem caixa e com uma plataforma que possa ser expandida, e salientou que a ideia é assumir controle e operar diretamente.

“Queremos negócios simples de serem tocados, nada high tech, mas com potencial”, resumiu.