sexta-feira, 15 de setembro de 2017

BRDE capta 50 milhões de euros de agência francesa


Valor será destinado a projetos sustentáveis

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
BRDE capta 50 milhões de euros de agência francesa


A Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) assinaram nesta quinta-feira (14), em Curitiba, memorando de entendimentos, cumprindo uma das etapas do acordo de cooperação financeira entre as duas instituições. O BRDE está captando 50 milhões de euros na AFD, que serão investidos em projetos voltados à produção e consumo sustentáveis.

A assinatura foi na Agência Paraná, com a presença do diretor-geral da Agência, Rémy Rioux; do presidente do BRDE, Odacir Klein; dos diretores João Luiz Agner Regiani, Luiz Corrêa Noronha e Renato de Mello Vianna. Participaram também os conselheiros do Banco, Ogier Buchi e Valmor Weiss; o secretário do Codesul, Antonio Carlos Bettega; secretários estaduais e representantes do setor produtivo do Estado. Rémy Rioux disse ser uma honra para a Agência Francesa de Desenvolvimento ser a primeira instituição internacional a fechar uma parceria com o BRDE e destacou a importância econômica da Região Sul nas relações da França com o Brasil. O diretor anunciou que até o final do ano será assinada a liberação dos 50 milhões de euros ao BRDE. “Nesta relação, a Agência também poderá conduzir o BRDE aos fundos europeus de desenvolvimento, especialmente os fundos verdes”, acrescentou.

“Estou convencido de que só com a colaboração entre os bancos de desenvolvimento seremos capazes de enfrentar grandes desafios mundiais, como a questão das mudanças climáticas”, destacou Rioux. Ele veio ao Brasil para comemorar os 10 anos de atuação da AFD no país. Esse momento poderia ser apenas para assinatura de um memorando. Mas estamos assinando um memorando com intenções e consequências, lembrando que teremos até o fim do ano a liberação do financiamento solicitado”, declarou Odacir Klein, presidente do BRDE. “Damos início a uma longa e proveitosa relação com a AFD, instituição que reconhece a importância do BRDE”, acrescentou. O diretor de Planejamento do BRDE, Luiz Corrêa Noronha, destacou a importância dos valores captados na AFD, que serão destinados a projetos sustentáveis. “São cinco grandes eixos de investimentos: água, agronegócio sustentável, tratamento de dejetos, cidades-sustentáveis e energias renováveis”, anunciou o diretor. “Hoje o BRDE trabalha com a visão do desenvolvimento com sustentabilidade”, afirmou Odacir Klein.

“Com os valores captados na Agência, o BRDE dá um importante passo para ampliar suas fontes de recursos, garantindo novos investimentos nos setores produtivos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, projetou João Luiz Regiani, diretor de Operações do BRDE. 

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Polo Carboquímico do RS deve atrair R$ 13,5 bi em investimento


Governo acredita que o projeto modificará a matriz econômica do Estado, com especial atenção ao meio ambiente

Por Dirceu Chirivino

dirceu@amanha.com.br
Polo Carboquímico do RS deve atrair R$ 13,5 bi em investimento


A criação de uma política estadual do carvão mineral e a instituição do Polo Carboquímico do Rio Grande do Sul foi apresentada nesta sexta-feira (15) pelo governador José Ivo Sartori (foto) e pelo secretário de Minas e Energia, Artur Lemos, no Palácio Piratini. O projeto de lei, que será encaminhado à Assembleia Legislativa, prevê a criação de dois complexos carboquímicos, um na Região Carbonífera e outro na Campanha. O projeto também cria o Programa de Incentivo ao Uso Sustentável e Diversificado do Carvão Mineral do Rio Grande do Sul (Procarvão – RS). Na solenidade, o governo destacou, inclusive, que o projeto carbonífero terá especial cuidado com o meio ambiente. O programa visa à ampliação da formação e à preparação da mão de obra, com a criação e implantação de cursos técnicos, tecnológicos e de educação continuada em áreas correlatas aos setores objetos desta lei. O Procarvão – RS vai auxiliar na elaboração de políticas públicas para o desenvolvimento da Região Carbonífera.

A iniciativa vai reduzir a dependência externa de insumos para a agropecuária e indústria e promover o desenvolvimento econômico sustentável, a partir do uso do carvão mineral. A criação do Polo Carboquímico vai dar segurança jurídica e normatizar o setor. O Complexo Carboquímico da Região Carbonífera abrange as cidades de Arroio dos Ratos, Barão do Triunfo, Butiá, Charqueadas, Eldorado do Sul, General Câmara, Minas do Leão, São Jerônimo e Triunfo. O segundo, o Complexo Carboquímico da Campanha, está previsto para os municípios de Aceguá, Caçapava do Sul, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul (veja mapa acima).

Sartori destacou o papel importante que o carvão tem na geração de energia em todo o mundo e disse que desde o início de sua gestão o governo vem buscando soluções para potencializar o uso do mineral. 

“Este projeto é mais um resultado do trabalho extensivo, que vai reduzir a nossa dependência externa de insumos, além de promover o desenvolvimento econômico sustentável a partir do uso do carvão mineral”, ressaltou. “Vamos deixar o investimento para quem conhece a área, para quem sabe. Não cabe mais ao Estado minerar carvão. Foi por isso que apresentamos na Assembleia a retirada da questão no plebiscito da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), da CEEE e da própria Sulgás. Tivemos coragem de tomar essa atitude”, destacou Sartori. O governador também citou a recente missão ao Japão, em junho deste ano, como uma experiência exitosa onde se conheceu mais sobre as alternativas para o uso do carvão em que o Rio Grande do Sul pudesse avançar e destacou que o estado possui hoje cerca de 90% das reservas do Brasil. 

Segundo o secretário Lemos, o potencial de investimento do Polo Carboquímico é de cerca de US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 13,5 bilhões, na cotação de hoje).  “É possível atrair investidores e para isso, precisamos mostrar que este é um cenário favorável”, garantiu. Ele também  afirmou que o governo fez um estudo aprofundado sobre o tema, onde se demonstrou que é economicamente viável a implantação de um polo no Estado para a produção de insumos necessários para a atividade econômica. “O Polo Carboquímico vai modificar a matriz econômica do Estado. Estamos cumprindo uma exigência constitucional e ao mesmo tempo dando segurança jurídica ao investidor”, afirmou. 

“A indústria de transformação gaúcha é a terceira maior do país, perdendo apenas para São Paulo e Minas Gerais. Para ter competitividade, precisamos fazer com que ela tenha acesso aos insumos energéticos.  Bahia e Pernambuco, por exemplo, têm plantas industriais menores que as nossas e consomem mais gás. Não pouparemos esforços para que a atração do investimento ocorra ainda no ano que vem. E que em um horizonte de 2020 a 2022 as nossas indústrias já estejam utilizando esses insumos”, projetou. Lemos acredita que os deputados farão um bom debate do projeto e que o texto será aprovado.
 
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O negócio é comprar


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A Cast group, uma das maiores companhias de serviços de TI do Brasil, acaba de fechar a compra de mais uma empresa. Trata-se da Avannt Consultoria, com sede em Ribeirão Preto (SP), com forte atuação em sistemas voltados para o agronegócio. “Ela vai preencher uma lacuna que tínhamos”, diz José Calazans, CEO da Cast group. 

Essa é a quarta aquisição da empresa neste ano, o que totaliza investimentos de R$ 50 milhões. Antes, a companhia já havia comprado a HRD, a Logix e a Pelissari Gestão e Tecnologia. Com todos esses negócios, o faturamento de 2017 deve alcançar R$ 500 milhões, R$ 120 milhões a mais do que o previsto no início do ano.


 http://www.istoedinheiro.com.br/o-negocio-e-comprar/

A Guide Investimentos agora é chinesa


A Guide Investimentos agora é chinesa
A Guide é a antiga Corretora Indusval, fundada em 1967


O grupo chinês Fosun, o mesmo que já havia comprado a Rio Bravo, do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, acaba de adquirir mais uma empresa de investimentos no Brasil. Trata-se da Guide Investimentos, do banco Indusval. Os principais executivos da empresa reuniram os funcionários, desde as 18h, numa sala do hotel Tryp, no bairro paulistano do Itaim, para comunicar a transação.

A Guide vem trilhando o mesmo caminho da XP Investimentos, de Guilherme Benchimol, pela busca dos clientes que investem com os bancos tradicionais. A chegada dos chineses vai dar um impulso nessa estratégia.

http://www.istoedinheiro.com.br/guide-investimentos-agora-e-chinesa/

“O tempo médio para fechar um negócio, que era de seis meses, agora é de 1 ano”, diz CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty


“O tempo médio para fechar  um negócio, que era de  seis meses, agora é de 1 ano”, diz CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty






O setor imobiliário foi, sem sombra de dúvida, um dos mais afetados pela crise política e econômica que tem acompanhado o Brasil desde 2014. O mercado de alto padrão, por mais que sofra menos, também sentiu. “Os grandes negócios, aqueles com imóveis com valores acima de R$ 5 milhões, caíram 40%”, diz Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty, uma das principais imobiliárias de luxo do País. Para driblar esses percalços, a empresa, dona de uma base de 44 mil clientes, criou novos serviços como desenvolvimento imobiliário para fundos de investimentos e a venda de imóveis de incorporadoras. Também pretende criar um marketplace de decoração. Além disso, em outubro, abrirá um escritório no Rio de Janeiro, em Ipanema, que se juntará à unidade de São Paulo. Romero (foto abaixo) falou com a coluna:




No que ajuda ter o nome da casa de leilões Sotheby’s para vender imóveis?
A Bossa Nova existe desde 2012 e, em 2015, ao lado de investidores, adquirimos o direito de uso da marca Sotheby’s por 25 anos, que podem ser renovados por mais 25 anos. É uma marca reconhecida mundialmente. Obviamente, as pessoas fazem a primeira associação com a casa de leilões. Mas a área de real estate é um negócio muito atrativo. A marca movimentou US$ 90 bilhões no mundo inteiro com a venda de imóveis. A Sotheby’s tem escritórios em 60 países e muita força no segmento de alto padrão.

Vender imóvel é o único negócio aqui no Brasil?
Além da comercialização dos imóveis de alto padrão temos serviços correlatos como análise e assessoria jurídica, e também de pós-venda. Também tenho correspondência bancária com os principais agentes financeiros no Brasil e de fora. Para vendas no exterior, temos todo o trabalho através da plataforma do Banco Modal, que é nosso sócio, remessa de dinheiro, assessoria jurídica fora do País e agora começo com um serviço de administração de locação.

Esse serviço de gestão de locação é fruto do momento do Brasil?
Sim, os clientes estão pedindo. Também estamos estudando montar uma plataforma de serviços agregados. Pensamos montar um marketplace e oferecer clubes de descontos e vantagens na parte de decoração e tudo que rodeia o mercado de alto padrão. Também estamos atuando na procura de terrenos para desenvolvimento imobiliário. Um fundo francês nos procurou para buscar oportunidades no Centro de São Paulo, para retrofit.

Quantos imóveis a empresa oferece?
São nove mil imóveis de terceiros. 80% deles em São Paulo e 10% no Rio de Janeiro. Outros 10% são de praia e de campo. Agora, contra tudo e contra todos, vamos abrir uma loja em Ipanema. Outro negócio que estamos explorando é uma plataforma de construtoras, com imóveis dos principais players como Cyrela, Tecnisa, Alfa Realty, Idea Zarvos. Contamos com 215 empreendimentos e 1,5 mil unidades.

A crise econômica não afetou o número de compradores?
Sim, tivemos uma redução. Não é que esses clientes sofreram um processo de empobrecimento, mas estão segurando. As taxas de juros estão altas e há uma expectativa de queda no preço dos imóveis.

E não caíram?
O segmento de alto padrão não teve muito desconto. Não há incorporadores dando descontos de 40%, como em outros tipos de imóveis. A variação entre o preço pedido e o fechado é de, em média, 10%. O cliente de imóveis de alto padrão faz uma compra mais racional.

Os donos de imóveis não têm dado desconto?
Eles também não têm pressa em vender. Se ele tem um imóvel de R$ 20 milhões, não vai baixar muito. Tenho proprietários que recebem propostas 30% abaixo e não vendem. Muitos preferem locar e isso aumentou cerca de 50%. E estou falando de aluguéis que começam em R$ 8 mil.

E a crise política, que gera incertezas, de que forma ela tem impactado o seu negócio?
Para você ter uma ideia, naquele fatídico 17 de maio, dia em que as delações da JBS foram reveladas, eu tinha cinco processos de compra que estavam na beira de serem assinados e foram cancelados. Os compradores preferiram esperar. O tempo médio para fechar um negócio, que era de seis meses, agora é de 1 ano.

http://www.istoedinheiro.com.br/o-tempo-medio-para-fechar-um-negocio-que-era-de-seis-meses-agora-e-de-1-ano/

O que importa é a saúde


Empresários como Elie Horn, Roberto Justus e Rodrigo Galindo, bem-sucedidos em suas respectivas áreas, estão apostando em um mercado inédito para eles: o de clínicas médicas populares

 

Crédito: Gabriel Reis
Sangue novo: Victor Fiss fundou a Cia. da Consulta quando tinha apenas 20 anos, e seduziu investidores de peso, como Elie Horn e Eduardo Alcalay (Crédito: Gabriel Reis)
 

O jovem estudante de administração de empresas paulistano Victor Fiss, de 21 anos, descobriu, no início do ano, que o empresário e filantropo Elie Horn, fundador da incorporadora Cyrela e dono de uma fortuna estimada em R$ 6 bilhões, era o anfitrião de um evento beneficente em São Paulo. Deu um jeito de participar. Durante o jantar, sentou-se ao seu lado, apresentou-se e contou o projeto de negócio que estava desenvolvendo: uma rede de clínicas médicas populares, focada em atender pessoas que buscam consultas por um valor em torno de R$ 100, menos da metade da média praticada pelo mercado atualmente. “Fui na cara de pau”, diz. Horn parece ter gostado da ousadia e também do que ouviu.

Naquele momento, a discreta Cia. da Consulta ganhava um sócio bilionário (o valor do investimento não foi revelado). O pulo do gato, que, no mundo dos negócios, costuma levar tempo, surgiu mais rápido do que se podia imaginar para uma empresa que não tinha sequer um ano de vida. Em 2016, o jovem empreendedor iniciara as operações aproveitando a capacidade ociosa da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP). Para este ano, a empresa, mais madura, foi em busca de investidores-anjo e abriu uma clínica própria na Praça da Sé, cartão-postal da capital paulista, que vai ser o modelo para o negócio. No médio prazo, planeja ter 100 unidades, todas em São Paulo. “Não vejo muito limite para o nosso crescimento”, afirma Fiss, que também preside a empresa. “As clínicas vão ser a solução para o problema da saúde no Brasil.”

A mesma percepção é compartilhada por outros grandes empresários. “O mercado de saúde traz grande potencial para se ganhar dinheiro”, disse Horn à DINHEIRO, em entrevista em maio deste ano. O empresário de 72 anos de idade, nascido na Síria e radicado no Brasil desde 1955, é apenas um dos célebres investidores na Cia. da Consulta. Antes de chegar até Horn, Fiss convenceu outros nomes de peso do mercado quanto ao potencial do seu negócio. Claudio Haddad, economista e presidente do conselho do Insper, também gostou da ideia de seu aluno e entrou como sócio. Somam-se a ele o executivo Eduardo Alcalay, ex-GP Investimentos e atual presidente do Bank of America Merrill Lynch (BofA) no Brasil, ao qual Fiss considera o seu mentor; e Jose Victor Oliva, conhecido empresário da noite e dono da Holding Clube, que realiza eventos. “Eu fui atrás de cada um deles”, conta Fiss.

Foto: Andre Lessa/Istoe
Todos esses grandes nomes fazem parte de uma nova leva de investimentos em clínicas particulares com preços populares, que estão surgindo nos últimos anos com planos ambiciosos para revolucionar o atendimento médico no País, e desenvolver um setor que promete ser bilionário em poucos anos. Além de todos eles, há outras grandes reuniões de empresários reconhecidos. O publicitário e apresentador de tevê Roberto Justus e o investidor Felipe Prata, da Nest Investimentos, se aliaram à família de Ruy Marco Antonio, ex-dono do Hospital São Luiz, para criar a Megamed. 

Justus, que vendeu o seu grupo de comunicação Newcomm para a holding britânica WPP, em 2015, antecipou a sua saída da operação para novembro deste ano e vai dedicar parte do seu tempo ao setor de saúde. “Nunca havia feito nada fora de comunicação, nem participado de conselhos de administração, para não perder o foco”, diz o empresário. “Mas agora temos um negócio de grande potencial, infelizmente, por problemas do País. Temos um déficit histórico de saúde, e não acho que vá ser resolvido nas próximas duas décadas.” Essas clínicas, então, se posicionam para atender quem não pode esperar chegar a sua vez para ser atendido pelo sistema público, ou quem tem dinheiro para pagar por consultas e exames simples, mas não contam com planos de saúde. Essa porção da população cresce à medida que a crise econômica provoca demissões em massa e corte de custos por parte de empresas.

Em dois anos, o número de beneficiários de planos diminuiu de 51 milhões para 47 milhões de pessoas, segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O Sistema Único de Saúde sofre com filas de meses para atendimentos em muitas especialidades e os repasses aos hospitais, que reclamam que a tabela de preços pagos não é reajustada desde 2010, diminuíram com a crise. Mesmo precisando atender 150 milhões de brasileiros, a oferta de médicos na saúde pública é bem menor. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o setor privado tem uma oferta de médicos três vezes maior do que o SUS. Para atender toda essa população má assistida, o modelo que vem sendo criado nas clínicas envolve consultas que custam entre R$ 80 e R$ 200 para especialidades diversas, como ortopedia, fisioterapia e gástrica, além, é claro, de clínicos gerais.

Foto: Gabriel Reis
Várias delas possuem centros de exames ou parcerias com grandes laboratórios. Em geral, em exames simples. Mas, em algumas, podem ser encontradas máquinas de tomografia e ressonância magnética. O modelo de contratação dos médicos varia em cada clínica. Mas as novas redes costumam atrair bons profissionais, que desejam substituir os atendimentos prestados para planos de saúde, que pagam menos e obrigam muitos médicos a fazerem longas séries de consultas apressadas. 

O objetivo é recuperar um pouco da medicina mais humanizada e ter filas de espera pequenas.

O que chama ainda mais atenção é que muitos dos investidores que buscam aproveitar essa oportunidade trilharam carreiras de sucesso em outros negócios. Eles agora buscam replicar a experiência no setor de saúde. É o caso de Rodrigo Galindo, que consolidou a empresa de educação Kroton, e se tornou um dos investidores, na Clínica SiM, de Fortaleza. A rede agora pretende dominar o mercado do Nordeste. Galindo se associou aos “rivais” Carlos Degas Filgueira, presidente do grupo educacional DeVry Brasil, Ari de Sá, fundador do sistema de ensino SAS, e Rafaela Villela, sócia do fundo de investimento voltado à educação Gera Venture Capital, do empresário Jorge Paulo Lemann.

Os outros participantes do grupo de investimento são Joaquim Ribeiro, ex-presidente da Technos, e o advogado Rodrigo Piva, sócio do escritório Motta, Fernandes Rocha. Em conjunto, eles adquiriram 45% da empresa, por um valor não revelado, entre 2013 e 2015. O projeto começou com o médico cearense Denis Cruz, que conheceu o conterrâneo Degas Filgueira quando cursavam um MBA na Universidade Stanford, na Califórnia. Ele foi o primeiro dos investidores externos da SiM, e atraiu os outros nomes do setor de educação ao negócio. “Se, no Brasil, 25% das pessoas são cobertas por planos, no Nordeste são apenas 15%”, afirma Cruz. “O nosso maior concorrente é o não tratamento.”
Foto: Claudio Gatti / Ag. Istoe
A rede já conta com seis unidades, todas na capital cearense. Mas uma nova rodada de investimentos trouxe o apoio do fundo de venture capital Monashees, que vai permitir abrir mais nove unidades até o fim do ano. Para 2018, a meta é ir para o interior dos Estados, além de chegar a Maceió, João Pessoa, Salvador e Belém, atingindo um número entre 35 e 40 clínicas. Mas, talvez nenhum plano seja mais agressivo do que o esboçado pela Megamed. A meta é ser a maior rede do País em poucos anos. Até o fim da década, poderá atingir um número de 300 unidades, por meio de uma rede de franquias. A ideia foi apresentada a Justus, que foi o primeiro controlador, pelo financista Felipe Prata.

O projeto, no entanto, só decolou com a entrada de Ruy Marco Antonio, que estava saindo de um período de cinco anos de não competição assinado por conta da venda da rede de hospitais São Luiz, em 2010. A sua família adquiriu o controle da Megamed e o seu filho, Ruy Marco Antonio Filho, assumiu como CEO do negócio. Por enquanto, são duas clínicas na Zona Leste de São Paulo, com 30 médicos. “Não queremos ter megaclínicas. Senão, vira SUS”, diz Marco Antonio. “Elas serão menores, para atender a comunidade próxima.” Os franqueados vão garantir a expansão. Onze estão próximas de começarem a operar.

A clínica de referência custou R$ 5 milhões, no bairro do Tatuapé, e as franquias precisarão de R$ 2 milhões cada. “Logo, de cara, chegaremos a 100 clínicas, mas existe um potencial muito maior. Cidades como Curitiba, Maringá e São José do Rio Preto podem ter mais de uma”, diz o empresário. “Mas o mercado já está poluído. Não poderemos esperar para crescer devagar e com dinheiro próprio.” Por isso, o objetivo é se posicionar rapidamente. “O boom das clínicas vai ser quase como o boom da internet”, diz Prata. “Vai entrar gente boa e ruim no negócio, até que, quem construir um modelo sobre bons alicerces e criar padrões técnicos, vai sobreviver.”

Foto: Felipe Gabriel
Os novos investidores que chegam a esse setor vão encontrar um pioneiro que também pretende aproveitar a tendência atual. O médico Adiel Fares é filho do fundador da loja de móveis Marabraz. E, com a morte do seu pai, em 1978, foi um dos grandes responsáveis pelo crescimento da rede. Mas, nos últimos tempos, passou a se dedicar quase que integralmente ao seu segundo negócio, a Clínica Fares, fundada timidamente há 29 anos. Agora, acaba de inaugurar o seu terceiro endereço, em Osasco (SP), com investimentos de R$ 20 milhões. Até 2018, planeja ter oito unidades, todas com investimento próprio e linhas do Finame e do BNDES. 

O objetivo é dobrar de tamanho a cada ano, até 2019. As unidades da empresa são de maior porte do que as das rivais. Uma das próximas a ser inaugurada, em Itaquera, numa das regiões mais populosas de São Paulo, terá 13 mil metros quadrados. “Muitas pessoas das classes A e B, moradoras de bairros nobres, têm vindo às nossas clínicas porque perceberam que o custo da saúde ficou muito caro”, afirma Fares. Em comum a todos os empresários que entraram no negócio está o discurso de que o investimento, além de prometer ser um bom negócio, trará benefícios ao País.

“Pela visão macro, o surgimento dessas empresas é interessante, porque muita gente sem acesso a consultas vai começar a ter”, diz o consultor Charles Lopes, professor da Ibmec-RJ e sócio-diretor da B2Saúde Consultoria, especializada no setor. “A grande preocupação disso é se, depois de ser atendida e fazer exames, a pessoa precisar de uma cirurgia complexa ou de internação, por ter um quadro grave. Fica um hiato, se ela não tiver um plano de saúde.” As clínicas podem resolver uma parte do problema, mas, quem terá capacidade de pagar um hospital particular do próprio bolso? “O modelo como um todo precisa mudar, e vai mudar nos próximos dois anos”, diz. Nessa reconfiguração, essas novas clínicas populares devem ter um papel essencial no novo mapa da saúde que vai se formar no Brasil. E, com a presença de empresários experientes e de sucesso em outros setores à frente do investimento, não deverá demorar muito para isso acontecer.


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Presidente do BC ressalta a recuperação do Brasil nos últimos 12 meses


Presente na edição de 2017 de AS MELHORES DA DINHEIRO, Ilan Goldfajn deu destaque as avanços econômicos, como queda da inflação, retomada do PIB e queda da taxa de juros

 

Presidente do BC ressalta a recuperação do Brasil nos últimos 12 meses
Ilan Goldfajn discursa na abertura de AS MELHORES DA DINHEIRO 2017
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ressaltou o momento de recuperação da economia brasileira, evidenciado, principalmente, pela queda da inflação e da recuperação dos indicadores de alguns setores, durante o evento As Melhores da Dinheiro 2017, em São Paulo.

Segundo Goldfajn, medidas importantes têm sido tomadas para reestruturar a economia brasileira e permitir que o País aproveite a bonança global que tem favorecido as economias emergentes.

“A economia brasileira vive um período de desinflação e recuperação econômica, fruto das medidas econômicas tomadas e da reorganização da política monetária. A continuidade dos ajustes e reformas é importante para a economia, com consequências sobre a inflação e toda a economia”, afirmou.

Goldfajn lembrou de medidas provisórias que foram aprovadas no Congresso e outras que estão em tramitação como fator importante na manutenção da recuperação. Entre as medidas estão a MP 775, que aperfeiçoa as garantias de registros eletrônicos, tornando mais seguras transações eletrônicas, a 777, que institui a Taxa de Longo Prazo (TLP) como a taxa de remuneração dos empréstimos do BNDES, e a 784, sobre instrumentos punitivos contra a inadimplência.

“Essas medidas fazem parte da Agenda BC Mais, a agenda de reformas do Banco Central, que tem como propósito aperfeiçoar o arcabouço jurídico, a eficiência nas operações e a redução do custo de crédito”, disse.

O presidente do BC aproveitou para fazer uma comparação entre os dois momentos. Há um ano, o Brasil enfrentava a recessão econômica e uma inflação próxima de 9% em doze meses. “Nossa situação econômica só apresentou avanços. Com aumentos de 1% e 0,2% no PIB nos primeiros dois trimestres e uma inflação que passou de 9% em agosto do ano passado para 2,5% este ano. Isso mostra que os objetivos são críveis”, afirmou Goldfajn.

A queda da taxa básica de juros (Selic) também foi outro ponto abordado por Goldfajn. “A taxa Selic já recuou 600 bps (de 14,25% ao ano para 8,25% ao ano) desde o começo do ciclo de flexibilização monetária e há expectativas de quedas para frente”, afirmou. “Caso o cenário evolua conforme esperado, o Copom (Comitê de Política Monetária) vê como adequada uma redução moderada da magnitude da flexibilização monetária”, disse, dando a entender que o ritmo de cortes na Selic deve desacelerar.

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