Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
A Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e o Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) assinaram nesta
quinta-feira (14), em Curitiba, memorando de entendimentos, cumprindo
uma das etapas do acordo de cooperação financeira entre as duas
instituições. O BRDE está captando 50 milhões de euros na AFD, que serão
investidos em projetos voltados à produção e consumo sustentáveis.
A
assinatura foi na Agência Paraná, com a presença do diretor-geral da
Agência, Rémy Rioux; do presidente do BRDE, Odacir Klein; dos diretores
João Luiz Agner Regiani, Luiz Corrêa Noronha e Renato de Mello Vianna.
Participaram também os conselheiros do Banco, Ogier Buchi e Valmor
Weiss; o secretário do Codesul, Antonio Carlos Bettega; secretários
estaduais e representantes do setor produtivo do Estado. Rémy Rioux
disse ser uma honra para a Agência Francesa de Desenvolvimento ser a
primeira instituição internacional a fechar uma parceria com o BRDE e
destacou a importância econômica da Região Sul nas relações da França
com o Brasil. O diretor anunciou que até o final do ano será assinada a
liberação dos 50 milhões de euros ao BRDE. “Nesta relação, a Agência
também poderá conduzir o BRDE aos fundos europeus de desenvolvimento,
especialmente os fundos verdes”, acrescentou.
“Estou
convencido de que só com a colaboração entre os bancos de
desenvolvimento seremos capazes de enfrentar grandes desafios mundiais,
como a questão das mudanças climáticas”, destacou Rioux. Ele veio ao
Brasil para comemorar os 10 anos de atuação da AFD no país. Esse momento
poderia ser apenas para assinatura de um memorando. Mas estamos
assinando um memorando com intenções e consequências, lembrando que
teremos até o fim do ano a liberação do financiamento solicitado”,
declarou Odacir Klein, presidente do BRDE. “Damos início a uma longa e
proveitosa relação com a AFD, instituição que reconhece a importância do
BRDE”, acrescentou. O diretor de Planejamento do BRDE, Luiz Corrêa
Noronha, destacou a importância dos valores captados na AFD, que serão
destinados a projetos sustentáveis. “São cinco grandes eixos de
investimentos: água, agronegócio sustentável, tratamento de dejetos,
cidades-sustentáveis e energias renováveis”, anunciou o diretor. “Hoje o
BRDE trabalha com a visão do desenvolvimento com sustentabilidade”,
afirmou Odacir Klein.
“Com os valores captados na Agência, o BRDE
dá um importante passo para ampliar suas fontes de recursos, garantindo
novos investimentos nos setores produtivos do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul”, projetou João Luiz Regiani, diretor de Operações do
BRDE.
Governo acredita que o projeto modificará a matriz econômica do Estado, com especial atenção ao meio ambiente
Por Dirceu Chirivino
dirceu@amanha.com.br
A criação de uma política estadual do carvão mineral e a
instituição do Polo Carboquímico do Rio Grande do Sul foi apresentada
nesta sexta-feira (15) pelo governador José Ivo Sartori (foto) e pelo
secretário de Minas e Energia, Artur Lemos, no Palácio Piratini. O
projeto de lei, que será encaminhado à Assembleia Legislativa, prevê a
criação de dois complexos carboquímicos, um na Região Carbonífera e
outro na Campanha. O projeto também cria o Programa de Incentivo ao Uso
Sustentável e Diversificado do Carvão Mineral do Rio Grande do Sul
(Procarvão – RS). Na solenidade, o governo destacou, inclusive, que o
projeto carbonífero terá especial cuidado com o meio ambiente. O
programa visa à ampliação da formação e à preparação da mão de obra, com
a criação e implantação de cursos técnicos, tecnológicos e de educação
continuada em áreas correlatas aos setores objetos desta lei. O
Procarvão – RS vai auxiliar na elaboração de políticas públicas para o
desenvolvimento da Região Carbonífera.
A iniciativa vai reduzir a dependência externa de insumos para a
agropecuária e indústria e promover o desenvolvimento econômico
sustentável, a partir do uso do carvão mineral. A criação do Polo
Carboquímico vai dar segurança jurídica e normatizar o setor. O Complexo
Carboquímico da Região Carbonífera abrange as cidades de Arroio dos
Ratos, Barão do Triunfo, Butiá, Charqueadas, Eldorado do Sul, General
Câmara, Minas do Leão, São Jerônimo e Triunfo. O segundo, o Complexo
Carboquímico da Campanha, está previsto para os municípios de Aceguá,
Caçapava do Sul, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul
(veja mapa acima).
Sartori destacou o papel importante que o
carvão tem na geração de energia em todo o mundo e disse que desde o
início de sua gestão o governo vem buscando soluções para potencializar o
uso do mineral.
“Este projeto é mais um resultado do trabalho
extensivo, que vai reduzir a nossa dependência externa de insumos, além
de promover o desenvolvimento econômico sustentável a partir do uso do
carvão mineral”, ressaltou. “Vamos deixar o investimento para quem
conhece a área, para quem sabe. Não cabe mais ao Estado minerar carvão.
Foi por isso que apresentamos na Assembleia a retirada da questão no
plebiscito da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), da CEEE e da
própria Sulgás. Tivemos coragem de tomar essa atitude”, destacou
Sartori. O governador também citou a recente missão ao Japão, em junho
deste ano, como uma experiência exitosa onde se conheceu mais sobre as
alternativas para o uso do carvão em que o Rio Grande do Sul pudesse
avançar e destacou que o estado possui hoje cerca de 90% das reservas do
Brasil.
Segundo o secretário Lemos, o potencial de investimento
do Polo Carboquímico é de cerca de US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 13,5
bilhões, na cotação de hoje). “É possível atrair investidores e para
isso, precisamos mostrar que este é um cenário favorável”, garantiu. Ele
também afirmou que o governo fez um estudo aprofundado sobre o tema,
onde se demonstrou que é economicamente viável a implantação de um polo
no Estado para a produção de insumos necessários para a atividade
econômica. “O Polo Carboquímico vai modificar a matriz econômica do
Estado. Estamos cumprindo uma exigência constitucional e ao mesmo tempo
dando segurança jurídica ao investidor”, afirmou.
“A indústria de
transformação gaúcha é a terceira maior do país, perdendo apenas para
São Paulo e Minas Gerais. Para ter competitividade, precisamos fazer com
que ela tenha acesso aos insumos energéticos. Bahia e Pernambuco, por
exemplo, têm plantas industriais menores que as nossas e consomem mais
gás. Não pouparemos esforços para que a atração do investimento ocorra
ainda no ano que vem. E que em um horizonte de 2020 a 2022 as nossas
indústrias já estejam utilizando esses insumos”, projetou. Lemos
acredita que os deputados farão um bom debate do projeto e que o texto
será aprovado.
A Cast group, uma das maiores companhias de serviços de TI
do Brasil, acaba de fechar a compra de mais uma empresa. Trata-se da
Avannt Consultoria, com sede em Ribeirão Preto (SP), com forte atuação
em sistemas voltados para o agronegócio. “Ela vai preencher uma lacuna
que tínhamos”, diz José Calazans, CEO da Cast group.
Essa é a quarta
aquisição da empresa neste ano, o que totaliza investimentos de R$ 50
milhões. Antes, a companhia já havia comprado a HRD, a Logix e a
Pelissari Gestão e Tecnologia. Com todos esses negócios, o faturamento
de 2017 deve alcançar R$ 500 milhões, R$ 120 milhões a mais do que o
previsto no início do ano.
A Guide é a antiga Corretora Indusval, fundada em 1967
Carlos Sambrana
O grupo chinês Fosun, o mesmo que já havia comprado a Rio
Bravo, do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, acaba de
adquirir mais uma empresa de investimentos no Brasil. Trata-se da Guide
Investimentos, do banco Indusval. Os principais executivos da empresa
reuniram os funcionários, desde as 18h, numa sala do hotel Tryp, no
bairro paulistano do Itaim, para comunicar a transação.
A Guide vem
trilhando o mesmo caminho da XP Investimentos, de Guilherme Benchimol,
pela busca dos clientes que investem com os bancos tradicionais. A
chegada dos chineses vai dar um impulso nessa estratégia.
O setor imobiliário foi, sem sombra de dúvida, um dos mais
afetados pela crise política e econômica que tem acompanhado o Brasil
desde 2014. O mercado de alto padrão, por mais que sofra menos, também
sentiu. “Os grandes negócios, aqueles com imóveis com valores acima de
R$ 5 milhões, caíram 40%”, diz Marcello Romero, CEO da Bossa Nova
Sotheby’s International Realty, uma das principais imobiliárias de luxo
do País. Para driblar esses percalços, a empresa, dona de uma base de 44
mil clientes, criou novos serviços como desenvolvimento imobiliário
para fundos de investimentos e a venda de imóveis de incorporadoras.
Também pretende criar um marketplace de decoração. Além disso, em
outubro, abrirá um escritório no Rio de Janeiro, em Ipanema, que se
juntará à unidade de São Paulo. Romero (foto abaixo) falou com a coluna:
No que ajuda ter o nome da casa de leilões Sotheby’s para vender imóveis?
A Bossa Nova existe desde 2012 e, em 2015, ao lado de investidores,
adquirimos o direito de uso da marca Sotheby’s por 25 anos, que podem
ser renovados por mais 25 anos. É uma marca reconhecida mundialmente.
Obviamente, as pessoas fazem a primeira associação com a casa de
leilões. Mas a área de real estate é um negócio muito atrativo. A marca
movimentou US$ 90 bilhões no mundo inteiro com a venda de imóveis. A Sotheby’s tem
escritórios em 60 países e muita força no segmento de alto padrão.
Vender imóvel é o único negócio aqui no Brasil?
Além da comercialização dos imóveis de alto padrão temos serviços
correlatos como análise e assessoria jurídica, e também de pós-venda.
Também tenho correspondência bancária com os principais agentes
financeiros no Brasil e de fora. Para vendas no exterior, temos todo o
trabalho através da plataforma do Banco Modal, que é nosso sócio,
remessa de dinheiro, assessoria jurídica fora do País e agora começo com
um serviço de administração de locação.
Esse serviço de gestão de locação é fruto do momento do Brasil?
Sim, os clientes estão pedindo. Também estamos estudando montar uma
plataforma de serviços agregados. Pensamos montar um marketplace e
oferecer clubes de descontos e vantagens na parte de decoração e tudo
que rodeia o mercado de alto padrão. Também estamos atuando na procura
de terrenos para desenvolvimento imobiliário. Um fundo francês nos
procurou para buscar oportunidades no Centro de São Paulo, para
retrofit.
Quantos imóveis a empresa oferece?
São nove mil imóveis de terceiros. 80% deles em São Paulo e 10% no Rio
de Janeiro. Outros 10% são de praia e de campo. Agora, contra tudo e
contra todos, vamos abrir uma loja em Ipanema. Outro negócio que estamos
explorando é uma plataforma de construtoras, com imóveis dos principais
players como Cyrela, Tecnisa, Alfa Realty, Idea Zarvos. Contamos com
215 empreendimentos e 1,5 mil unidades.
A crise econômica não afetou o número de compradores?
Sim, tivemos uma redução. Não é que esses clientes sofreram um processo
de empobrecimento, mas estão segurando. As taxas de juros estão altas e
há uma expectativa de queda no preço dos imóveis.
E não caíram?
O segmento de alto padrão não teve muito desconto. Não há incorporadores
dando descontos de 40%, como em outros tipos de imóveis. A variação
entre o preço pedido e o fechado é de, em média, 10%. O cliente de
imóveis de alto padrão faz uma compra mais racional.
Os donos de imóveis não têm dado desconto?
Eles também não têm pressa em vender. Se ele tem um imóvel de R$ 20
milhões, não vai baixar muito. Tenho proprietários que recebem propostas
30% abaixo e não vendem. Muitos preferem locar e isso aumentou cerca de
50%. E estou falando de aluguéis que começam em R$ 8 mil.
E a crise política, que gera incertezas, de que forma ela tem impactado o seu negócio?
Para você ter uma ideia, naquele fatídico 17 de maio, dia em que as
delações da JBS foram reveladas, eu tinha cinco processos de compra que
estavam na beira de serem assinados e foram cancelados. Os compradores
preferiram esperar. O tempo médio para fechar um negócio, que era de
seis meses, agora é de 1 ano.
Empresários
como Elie Horn, Roberto Justus e Rodrigo Galindo, bem-sucedidos em suas
respectivas áreas, estão apostando em um mercado inédito para eles: o
de clínicas médicas populares
Sangue novo: Victor Fiss
fundou a Cia. da Consulta quando tinha apenas 20 anos, e seduziu
investidores de peso, como Elie Horn e Eduardo Alcalay (Crédito: Gabriel
Reis)
Carlos Eduardo Valim
O jovem estudante de administração de empresas paulistano
Victor Fiss, de 21 anos, descobriu, no início do ano, que o empresário e
filantropo Elie Horn, fundador da incorporadora Cyrela e dono de uma
fortuna estimada em R$ 6 bilhões, era o anfitrião de um evento
beneficente em São Paulo. Deu um jeito de participar. Durante o jantar,
sentou-se ao seu lado, apresentou-se e contou o projeto de negócio que
estava desenvolvendo: uma rede de clínicas médicas populares, focada em
atender pessoas que buscam consultas por um valor em torno de R$ 100,
menos da metade da média praticada pelo mercado atualmente. “Fui na cara
de pau”, diz. Horn parece ter gostado da ousadia e também do que ouviu.
Naquele momento, a discreta Cia. da Consulta ganhava um sócio
bilionário (o valor do investimento não foi revelado). O pulo do gato,
que, no mundo dos negócios, costuma levar tempo, surgiu mais rápido do
que se podia imaginar para uma empresa que não tinha sequer um ano de
vida. Em 2016, o jovem empreendedor iniciara as operações aproveitando a
capacidade ociosa da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP).
Para este ano, a empresa, mais madura, foi em busca de
investidores-anjo e abriu uma clínica própria na Praça da Sé,
cartão-postal da capital paulista, que vai ser o modelo para o negócio.
No médio prazo, planeja ter 100 unidades, todas em São Paulo. “Não vejo
muito limite para o nosso crescimento”, afirma Fiss, que também preside a
empresa. “As clínicas vão ser a solução para o problema da saúde no
Brasil.”
A mesma percepção é compartilhada por outros grandes empresários. “O
mercado de saúde traz grande potencial para se ganhar dinheiro”, disse
Horn à DINHEIRO, em entrevista em maio deste ano. O empresário de 72
anos de idade, nascido na Síria e radicado no Brasil desde 1955, é
apenas um dos célebres investidores na Cia. da Consulta. Antes de chegar
até Horn, Fiss convenceu outros nomes de peso do mercado quanto ao
potencial do seu negócio. Claudio Haddad, economista e presidente do
conselho do Insper, também gostou da ideia de seu aluno e entrou como
sócio. Somam-se a ele o executivo Eduardo Alcalay, ex-GP Investimentos e
atual presidente do Bank of America Merrill Lynch (BofA) no Brasil, ao
qual Fiss considera o seu mentor; e Jose Victor Oliva, conhecido
empresário da noite e dono da Holding Clube, que realiza eventos. “Eu
fui atrás de cada um deles”, conta Fiss.
Todos esses grandes nomes fazem parte de uma nova leva de
investimentos em clínicas particulares com preços populares, que estão
surgindo nos últimos anos com planos ambiciosos para revolucionar o
atendimento médico no País, e desenvolver um setor que promete ser
bilionário em poucos anos. Além de todos eles, há outras grandes
reuniões de empresários reconhecidos. O publicitário e apresentador de
tevê Roberto Justus e o investidor Felipe Prata, da Nest Investimentos,
se aliaram à família de Ruy Marco Antonio, ex-dono do Hospital São Luiz,
para criar a Megamed.
Justus, que vendeu o seu grupo de comunicação Newcomm para a holding
britânica WPP, em 2015, antecipou a sua saída da operação para novembro
deste ano e vai dedicar parte do seu tempo ao setor de saúde. “Nunca
havia feito nada fora de comunicação, nem participado de conselhos de
administração, para não perder o foco”, diz o empresário. “Mas agora
temos um negócio de grande potencial, infelizmente, por problemas do
País. Temos um déficit histórico de saúde, e não acho que vá ser
resolvido nas próximas duas décadas.” Essas clínicas, então, se
posicionam para atender quem não pode esperar chegar a sua vez para ser
atendido pelo sistema público, ou quem tem dinheiro para pagar por
consultas e exames simples, mas não contam com planos de saúde. Essa
porção da população cresce à medida que a crise econômica provoca
demissões em massa e corte de custos por parte de empresas.
Em dois anos, o número de beneficiários de planos diminuiu de 51
milhões para 47 milhões de pessoas, segundo o Instituto de Estudos de
Saúde Suplementar (IESS). O Sistema Único de Saúde sofre com filas de
meses para atendimentos em muitas especialidades e os repasses aos
hospitais, que reclamam que a tabela de preços pagos não é reajustada
desde 2010, diminuíram com a crise. Mesmo precisando atender 150 milhões
de brasileiros, a oferta de médicos na saúde pública é bem menor.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o setor privado tem uma
oferta de médicos três vezes maior do que o SUS. Para atender toda essa
população má assistida, o modelo que vem sendo criado nas clínicas
envolve consultas que custam entre R$ 80 e R$ 200 para especialidades
diversas, como ortopedia, fisioterapia e gástrica, além, é claro, de
clínicos gerais.
Várias delas possuem centros de exames ou parcerias com grandes
laboratórios. Em geral, em exames simples. Mas, em algumas, podem ser
encontradas máquinas de tomografia e ressonância magnética. O modelo de
contratação dos médicos varia em cada clínica. Mas as novas redes
costumam atrair bons profissionais, que desejam substituir os
atendimentos prestados para planos de saúde, que pagam menos e obrigam
muitos médicos a fazerem longas séries de consultas apressadas.
O
objetivo é recuperar um pouco da medicina mais humanizada e ter filas de
espera pequenas.
O que chama ainda mais atenção é que muitos dos investidores que
buscam aproveitar essa oportunidade trilharam carreiras de sucesso em
outros negócios. Eles agora buscam replicar a experiência no setor de
saúde. É o caso de Rodrigo Galindo, que consolidou a empresa de educação
Kroton, e se tornou um dos investidores, na Clínica SiM, de Fortaleza. A
rede agora pretende dominar o mercado do Nordeste. Galindo se associou
aos “rivais” Carlos Degas Filgueira, presidente do grupo educacional
DeVry Brasil, Ari de Sá, fundador do sistema de ensino SAS, e Rafaela
Villela, sócia do fundo de investimento voltado à educação Gera Venture
Capital, do empresário Jorge Paulo Lemann.
Os outros participantes do grupo de investimento são Joaquim Ribeiro,
ex-presidente da Technos, e o advogado Rodrigo Piva, sócio do
escritório Motta, Fernandes Rocha. Em conjunto, eles adquiriram 45% da
empresa, por um valor não revelado, entre 2013 e 2015. O projeto começou
com o médico cearense Denis Cruz, que conheceu o conterrâneo Degas
Filgueira quando cursavam um MBA na Universidade Stanford, na
Califórnia. Ele foi o primeiro dos investidores externos da SiM, e
atraiu os outros nomes do setor de educação ao negócio. “Se, no Brasil,
25% das pessoas são cobertas por planos, no Nordeste são apenas 15%”,
afirma Cruz. “O nosso maior concorrente é o não tratamento.”
A rede já conta com seis unidades, todas na capital cearense. Mas uma
nova rodada de investimentos trouxe o apoio do fundo de venture capital
Monashees, que vai permitir abrir mais nove unidades até o fim do ano.
Para 2018, a meta é ir para o interior dos Estados, além de chegar a
Maceió, João Pessoa, Salvador e Belém, atingindo um número entre 35 e 40
clínicas. Mas, talvez nenhum plano seja mais agressivo do que o
esboçado pela Megamed. A meta é ser a maior rede do País em poucos anos.
Até o fim da década, poderá atingir um número de 300 unidades, por meio
de uma rede de franquias. A ideia foi apresentada a Justus, que foi o
primeiro controlador, pelo financista Felipe Prata.
O projeto, no entanto, só decolou com a entrada de Ruy Marco Antonio,
que estava saindo de um período de cinco anos de não competição
assinado por conta da venda da rede de hospitais São Luiz, em 2010. A
sua família adquiriu o controle da Megamed e o seu filho, Ruy Marco
Antonio Filho, assumiu como CEO do negócio. Por enquanto, são duas
clínicas na Zona Leste de São Paulo, com 30 médicos. “Não queremos ter
megaclínicas. Senão, vira SUS”, diz Marco Antonio. “Elas serão menores,
para atender a comunidade próxima.” Os franqueados vão garantir a
expansão. Onze estão próximas de começarem a operar.
A clínica de referência custou R$ 5 milhões, no bairro do Tatuapé, e
as franquias precisarão de R$ 2 milhões cada. “Logo, de cara, chegaremos
a 100 clínicas, mas existe um potencial muito maior. Cidades como
Curitiba, Maringá e São José do Rio Preto podem ter mais de uma”, diz o
empresário. “Mas o mercado já está poluído. Não poderemos esperar para
crescer devagar e com dinheiro próprio.” Por isso, o objetivo é se
posicionar rapidamente. “O boom das clínicas vai ser quase como o boom
da internet”, diz Prata. “Vai entrar gente boa e ruim no negócio, até
que, quem construir um modelo sobre bons alicerces e criar padrões
técnicos, vai sobreviver.”
Os novos investidores que chegam a esse setor vão encontrar um
pioneiro que também pretende aproveitar a tendência atual. O médico
Adiel Fares é filho do fundador da loja de móveis Marabraz. E, com a
morte do seu pai, em 1978, foi um dos grandes responsáveis pelo
crescimento da rede. Mas, nos últimos tempos, passou a se dedicar quase
que integralmente ao seu segundo negócio, a Clínica Fares, fundada
timidamente há 29 anos. Agora, acaba de inaugurar o seu terceiro
endereço, em Osasco (SP), com investimentos de R$ 20 milhões. Até 2018,
planeja ter oito unidades, todas com investimento próprio e linhas do
Finame e do BNDES.
O objetivo é dobrar de tamanho a cada ano, até
2019. As unidades da empresa são de maior porte do que as das rivais.
Uma das próximas a ser inaugurada, em Itaquera, numa das regiões mais
populosas de São Paulo, terá 13 mil metros quadrados. “Muitas pessoas
das classes A e B, moradoras de bairros nobres, têm vindo às nossas
clínicas porque perceberam que o custo da saúde ficou muito caro”,
afirma Fares. Em comum a todos os empresários que entraram no negócio
está o discurso de que o investimento, além de prometer ser um bom
negócio, trará benefícios ao País.
“Pela visão macro, o surgimento dessas empresas é interessante,
porque muita gente sem acesso a consultas vai começar a ter”, diz o
consultor Charles Lopes, professor da Ibmec-RJ e sócio-diretor da
B2Saúde Consultoria, especializada no setor. “A grande preocupação disso
é se, depois de ser atendida e fazer exames, a pessoa precisar de uma
cirurgia complexa ou de internação, por ter um quadro grave. Fica um
hiato, se ela não tiver um plano de saúde.” As clínicas podem resolver
uma parte do problema, mas, quem terá capacidade de pagar um hospital
particular do próprio bolso? “O modelo como um todo precisa mudar, e vai
mudar nos próximos dois anos”, diz. Nessa reconfiguração, essas novas
clínicas populares devem ter um papel essencial no novo mapa da saúde
que vai se formar no Brasil. E, com a presença de empresários
experientes e de sucesso em outros setores à frente do investimento, não
deverá demorar muito para isso acontecer.
Presente
na edição de 2017 de AS MELHORES DA DINHEIRO, Ilan Goldfajn deu
destaque as avanços econômicos, como queda da inflação, retomada do PIB e
queda da taxa de juros
Ilan Goldfajn discursa na abertura de AS MELHORES DA DINHEIRO 2017
Machado da Costa
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ressaltou o
momento de recuperação da economia brasileira, evidenciado,
principalmente, pela queda da inflação e da recuperação dos indicadores
de alguns setores, durante o evento As Melhores da Dinheiro 2017, em São
Paulo.
Segundo Goldfajn, medidas importantes têm sido tomadas para
reestruturar a economia brasileira e permitir que o País aproveite a
bonança global que tem favorecido as economias emergentes.
“A economia brasileira vive um período de desinflação e recuperação
econômica, fruto das medidas econômicas tomadas e da reorganização da
política monetária. A continuidade dos ajustes e reformas é importante
para a economia, com consequências sobre a inflação e toda a economia”,
afirmou.
Goldfajn lembrou de medidas provisórias que foram aprovadas no
Congresso e outras que estão em tramitação como fator importante na
manutenção da recuperação. Entre as medidas estão a MP 775, que
aperfeiçoa as garantias de registros eletrônicos, tornando mais seguras
transações eletrônicas, a 777, que institui a Taxa de Longo Prazo (TLP)
como a taxa de remuneração dos empréstimos do BNDES, e a 784, sobre
instrumentos punitivos contra a inadimplência.
“Essas medidas fazem parte da Agenda BC Mais, a agenda de reformas do
Banco Central, que tem como propósito aperfeiçoar o arcabouço jurídico,
a eficiência nas operações e a redução do custo de crédito”, disse.
O presidente do BC aproveitou para fazer uma comparação entre os dois
momentos. Há um ano, o Brasil enfrentava a recessão econômica e uma
inflação próxima de 9% em doze meses. “Nossa situação econômica só
apresentou avanços. Com aumentos de 1% e 0,2% no PIB nos primeiros dois
trimestres e uma inflação que passou de 9% em agosto do ano passado para
2,5% este ano. Isso mostra que os objetivos são críveis”, afirmou
Goldfajn.
A queda da taxa básica de juros (Selic) também foi outro ponto
abordado por Goldfajn. “A taxa Selic já recuou 600 bps (de 14,25% ao ano
para 8,25% ao ano) desde o começo do ciclo de flexibilização monetária e
há expectativas de quedas para frente”, afirmou. “Caso o cenário evolua
conforme esperado, o Copom (Comitê de Política Monetária) vê como
adequada uma redução moderada da magnitude da flexibilização monetária”,
disse, dando a entender que o ritmo de cortes na Selic deve
desacelerar.