quinta-feira, 10 de maio de 2018

3corações acelera expansão com outra aquisição no país




 Pedro Lima: Aposta em marcas regionais para se aproximar do consumidor


O Grupo 3corações, líder no mercado de café no Brasil, deu mais um passo em sua estratégia de apostar em marcas locais como uma das formas de alavancar o seu crescimento. A empresa, joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss, acaba de fechar a aquisição das marcas e maquinários da Café Manaus, que tem sede na capital amazonense e pertencia à família Assayag.

Essa é a quarta aquisição feita pelo grupo desde 2016, um sinal de que no pulverizado segmento de café brasileiro, há bastante espaço para consolidação. No começo de 2016, a 3corações adquiriu as marcas de café e derivados da Cia Iguaçu de Café Solúvel e no primeiro semestre do ano passado, comprou em leilão a marca pernambucana Cirol. No segundo semestre de 2017 também adquiriu a marca Toko, de Juiz de Fora (MG). De 2015, antes dessas aquisições, até o ano passado, a receita líquida da empresa subiu 46%, para R$ 3,7 bilhões.

A 3corações não está sozinha nesse movimento de consolidação. Em 2016, a Jacobs Douwe Egberts (JDE), segunda maior em café torrado e moído no país e dona da marca Pilão, adquiriu o Grupo Seleto e, no ano passado, comprou o portfólio de marcas locais de café da Cia Cacique, entre elas Pelé e Graníssimo. Já a Melitta adquiriu, em 2017, as marcas mineiras de café Barão e Forte D+ e maquinários do Grupo Mogyana, de Piumhi (MG). Comprou ainda uma estrutura fabril em Varginha (MG) para instalação de sua terceira unidade de produção de café no país.

Em entrevista ao Valor, o presidente do Grupo 3corações, Pedro Lima, afirmou que, com as recentes aquisições, a empresa aposta em "marcas clássicas, para se aproximar do consumidor" local. Dentro dessa estratégia, a 3corações conta com a fidelidade do consumidor a marcas regionais de café, um fato usual nesse mercado no Brasil.

A transação fechada há cerca de 15 dias – após mais de um ano de negociação – inclui a marca Café Manaus, Café Tapajós e Café Betania. Segundo Lima, paralelamente à aquisição dos ativos, a 3corações constrói uma fábrica em Manaus para torrefação de café e um novo centro de distribuição.

A unidade começou a ser construída no fim de 2017 e deve entrar em operação em julho deste ano. 

Por enquanto, as marcas adquiridas estão sendo produzidas na unidade antiga da Café Manaus, explicou.

Por questões de confidencialidade, o presidente da 3corações não revela o valor do negócio, mas informou que a compra dos ativos da Café Manaus e a construção da nova fábrica demandaram cerca de R$ 70 milhões.

A 3corações já tem presença relevante no Amazonas e com o Café Manaus vai ampliá-la. A empresa atua na região principalmente com a marca Santa Clara, que tem 40% de "share" de mercado, segundo Lima. A marca Café Manaus tem outros 25% do mercado local, acrescentou. Afora as marcas de café torrado e moído, a transação com a Café Manaus envolveu as linhas de solúvel e capuccino. As cápsulas com a marca Café Manaus deixarão de ser produzidas.

O faturamento que a nova aquisição vai agregar à receita do Grupo 3corações "não é muito relevante", admitiu Lima. "Mas é relevante para a região". Um dos planos da empresa ao ter uma plataforma industrial e de distribuição de café em Manaus é poder exportar produtos para países vizinhos à região, segundo o presidente do 3corações.

Com a unidade em Manaus, o grupo passará a ter cinco fábricas voltadas ao segmento de café. As outras unidades estão em Fortaleza (CE), Natal (RN), Santa Luzia (MG) e Montes Claros (MG). Nesta última, a empresa produz as cápsulas de café e outras bebidas para as máquinas do sistema TRES.

Como sempre quando questionado sobre o tema, Pedro Lima reforçou que o grupo "continua buscando oportunidades" de aquisições em café no país. Mas, juntamente com a estratégia de aquisições, a companhia aposta no crescimento orgânico. Afora a planta em Manaus, o grupo está instalando uma nova linha em Montes Claros, para duplicar a capacidade de produção de cápsulas da unidade a partir de junho deste ano.

Com 25% do mercado de café em volume no Brasil, segundo a Nielsen, seguido pela JDE (19%), o grupo 3corações comercializa as marcas Santa Clara, 3corações, Iguaçu, Itamaraty, Pimpinela e outras. Além de café, produz derivados de milho e refrescos.


 (Assessoria de Comunicação, 9/5/18)

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Cade aprova compra de unidade de fertilizantes da Vale pela Yara

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Operação foi anunciada em novembro de 2017, no valor de US$ 255 milhões



BRASÍLIA - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ratificou, nesta quarta-feira, a aprovação da compra do complexo de fertilizantes da Vale, localizada em Cubatão (SP), para a companhia norueguesa Yara International Asa.
 
A operação havia sido aprovada pelo colegiado em março, mas, a pedido do conselheiro João Paulo de Resende, o Cade deveria reconsiderar a decisão, dada a informação de que a Petrobras hibernaria duas fábricas de fertilizantes, que respondem por cerca de metade do consumo de amônia no Brasil. 

A operação foi anunciada em novembro de 2017, no valor de US$ 255 milhões. A unidade da Vale é responsável pela fabricação de fertilizantes à base de nitrogênio e fosfato. Para o Cade, o ato de concentração não daria à Yara uma posição dominante em nenhum dos mercados em que opera.

Durante a votação, seis dos sete conselheiros do Cade foram favoráveis ao ato de concentração. Houve uma abstenção, por parte da conselheira Paula Farani.

OAB não pode executar dívidas inferiores ao valor de quatro anuidades, diz TRF-1

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Como quaisquer conselhos de fiscalização profissional, a Ordem dos Advogados do Brasil não pode executar judicialmente dívidas referentes a anuidades inferiores a quatro vezes o valor cobrado por ano da pessoa física ou jurídica inadimplente. Assim entendeu a 7ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região ao rejeitar recursos ajuizados pela OAB e pela Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás.

A entidade moveu ação de execução para receber R$ 2.241,87 de um advogado inadimplente por três anos. O juízo de primeiro grau, porém, extinguiu o processo com base no artigo 8º da Lei 12.514/2011, que impede o uso dessa via para conselhos profissionais cobrarem valores inferiores ao total de quatro anuidades.

A Ordem considerava que a legislação não seria aplicável ao caso porque a entidade é distinta de outras entidades de fiscalização. Alegou ainda que a existência de regulamentação específica de caráter especial consolidada na Lei 8.906/94 deveria se sobrepor à norma de natureza geral.

Já a desembargadora Ângela Catão, relatora do caso, afirmou que a 7ª Turma do Superior Tribunal de Justiça já concluiu que a Lei 12.514 não exclui a Ordem. Também citou entendimento pacificado da corte segundo o qual as anuidades da OAB não têm natureza tributária.

A relatora afirmou que “a cobrança não pode prosseguir, pois, a soma das multas administrativas com as anuidades é inferior ao limite mínimo de que trata a mencionada norma”.

“Importante ressaltar que o limite mínimo se refere ao valor monetário de quatro anuidades, não a cobrança de quatro anuidades em si, como bem explicitado pelo STJ”, afirmou, em voto seguido por unanimidade. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRF-1.


Clique aqui para ler a decisão.
Processo 0004154-72.2014.4.01.3503

Raízen e WX anunciam Joint Venture para comercialização de energia

Raízen e WX anunciam Joint Venture para comercialização de energia


Raízen consolida-se como player integrado de energia ao firmar parceria com WX Energy, somando robustez financeira e base sólida de clientes à expertise no trading do mercado livre.

A Raízen, uma das empresas de energia mais competitivas do mundo, acaba de anunciar a criação de uma Joint Venture com a comercializadora WX Energy, fortalecendo sua atuação no mercado livre de energia, em linha com a estratégia de ampliação de negócios para sua consolidação como player integrado de energia.

No novo negócio, a Raízen aportará sua sólida posição no mercado, com ampla carteira de clientes, força comercial e financeira. Já a WX Energy traz consigo um time altamente capacitado, uma mesa de trading em operação e expertise na análise fundamentalista de preços. Juntas, as duas companhias consolidam um modelo que permitirá a criação de soluções integradas e customizadas para os diferentes perfis de clientes no setor, acelerando a curva de crescimento e contribuindo para a competitividade de um mercado em ascensão.

A Joint Venture terá participação majoritária da Raízen, e a operação da empresa continua a cargo da equipe da WX. A Raízen, que já é líder na geração de bioeletricidade a partir da biomassa, com suas 26 unidades autossuficientes em energia, sendo que 13 produzem excedente exportado para o grid, terá uma melhor opção para distribuição de sua energia excedente, em especial a geração de energia incentivada.

“É uma forma de nos aproximarmos ainda mais de nossos clientes, porque evoluímos de geradores para comercializadores, atuando de forma direta e competitiva no mercado de energia elétrica, agregando ao nosso portfólio e aumentando nossa oferta de soluções energéticas integradas”, explica João Alberto Abreu, vice-presidente Executivo de Etanol, Açúcar e Bioenergia.

“A WX Energy vem investindo na formação de uma equipe de primeira linha, altamente especializada. Construímos  um forte background no trading de energia, aumentamos a liquidez da empresa e operamos mais de 4,4 TWh no ano de 2017”, contextualiza Daniel Sica. “Apostamos no crescimento do mercado livre. O momento  demanda a ampliação da capacidade de fazer negócios. Vamos desenhar produtos aliando solidez financeira à expertise técnica.”, complementa Luiz Henrique Macêdo, sócios da WX Energy.

A WX Energy foi fundada em 2014 por profissionais do setor elétrico com o objetivo de prover liquidez para geradores e consumidores no mercado livre de energia e estabelecer relações comerciais transparentes e duradouras com parceiros de negócios. A empresa atua no mercado livre com contratos de energia de curto, médio e longo prazo, contratos atrelados ao preço spot da energia, contratos de swap de fonte, contratos de opção, e operações estruturadas envolvendo diferentes fontes de energia.

O mercado livre já representa 28% da energia elétrica comercializada no País e deve dobrar de tamanho nos próximos anos. Segundo o relatório Energy Outlook, de julho de 2017, o setor deve receber 26 bilhões de dólares em investimentos no Brasil até 2040. Junto com a geração eólica e solar, a biomassa deve ser um dos tipos de energia que mais vai se desenvolver nos próximos anos. Atualmente, o volume de bioeletricidade gerado pela Raízen é suficiente para abastecer uma cidade com até 10 milhões de habitantes .

(Assessoria de Comunicação, 8/5/18)

Multiplus conclui acordo com Latam para internacionalização

SÃO PAULO (Reuters) - A operadora de programas de fidelidade Multiplus informou nesta quarta-feira a conclusão do acordo de internacionalização com a Latam Airlines, por meio do qual terá exclusividade do programa de milhagem da companhia aérea para Brasil, Paraguai, América do Norte e Europa.

O acordo, anunciado em setembro do ano passado, tinha o objetivo de manter ativos os dois programas de fidelidade do grupo, sem que Multiplus e Latam Pass competissem entre si.

Pelo acerto, o Latam Pass ficará com o direito de atuar exclusivamente no Chile, Argentina, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Uruguai, Bolívia, países da América Central e nos demais países e regiões não compreendidos dentro da área de atuação exclusiva da Multiplus.

A Multiplus informou que a operação foi efetivamente implementada nesta quarta-feira, sem impactos contábeis ou fiscais relevantes. A partir de sexta-feira, a empresa passará a ter acesso irrestrito aos voos oferecidos pelas companhias aéreas do grupo Latam.

Segundo a Multiplus, “a implementação da operação é positiva, permitindo, inclusive, possível maximização de oportunidade de crescimento em diversos mercados e regiões”.


Por Flavia Bohone

terça-feira, 8 de maio de 2018

GDC investirá R$ 300 mi em complexo industrial em Itajaí


A companhia é a maior empregadora privada no município 

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
GDC Alimentos investirá R$ 300 milhões em complexo industrial em Itajaí


O governo de Santa Catarina assinou nesta quinta-feira (3) o protocolo de intenções (foto) com a GDC Alimentos (Gomes da Costa), do Grupo Calvo, e a prefeitura de Itajaí para a centralização de seis unidades operacionais da companhia. Elas ficarão agrupadas em um complexo industrial, com investimento privado de R$ 300 milhões. O novo complexo reunirá todas as operações da empresa, incluindo as indústrias de alimentos, embalagens e a operação logística. Atualmente, as unidades operam em quatro locais distintos da cidade. 

No documento, a empresa assume o compromisso de manter e ampliar suas atividades em Itajaí. A prefeitura se compromete a dar suporte ao projeto, além de coordenar a viabilização dos incentivos econômicos e fiscais. Já o governo catarinense vai viabilizar a pavimentação do acesso ao novo complexo e encaminhamento dos benefícios dos programas estaduais Pró-Emprego e de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (Prodec).

O presidente da Gomes da Costa, Enrique Orge Miguez, observa que depois de concluídas as obras de ampliação, o complexo do Grupo Calvo em Itajaí será destaque mundial. “Será um dos maiores projetos da empresa no mundo, no segmento de enlatados, com tecnologia de ponta, incluindo produção de alimentos de alto valor agregado como óleos especiais e Ômega 3”, destaca Miguez. A GDC é a maior empregadora privada no município com um quadro de mais de 2 mil funcionários diretos.


 http://www.amanha.com.br/posts/view/5492

Avança negociação para zona de livre-comércio entre EFTA e Mercosul


Representantes do governo brasileiro que participam nas rodadas de negociações entre o EFTA e o Mercosul não acreditam que um acordo sairá até o final do ano, porém indicam avanços importantes. Em entrevista à swissinfo.ch, o diplomata André Odenbreit Carvalho explica onde ainda há divergências. 




Homem sentado à mesa com os óculos na mão.
O ministro André Odenbreit Carvalho não acredita que haverá um desfecho do acordo até o final do ano.
(Cortesia MRE)
 
A capital argentina Buenos Aires recebeu de 9 a 13 deste mês a terceira rodada de negociação entre os países que compõe a Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA, na sigla em inglês), integrado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, e os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul), entre eles o Brasil.

O acesso a ambos os mercados e a construção de regras que envolvem medidas técnicas, sanitárias, fitossanitárias foram o foco das discussões. A reportagem da swissinfo.ch conversou com o negociador brasileiro no EFTA-Mercosul e diretor do Departamento de Negociações Comerciais e Extra-regionais do Itamaraty, ministro André Odenbreit Carvalho.

Conforme ele, os avanços são significativos, mas um desfecho ao acordo, que terá nova rodada em julho, provavelmente em Genebra, não vai ocorrer este ano. Carvalho acredita ainda que independente das eleições presidenciais de outubro no Brasil não haverá alteração no rumo das negociações.

swissinfo.ch: Onde avançaram as tratativas?

 

André Odenbreit Carvalho: Foi uma rodada organizada em formato pleno, ou seja, todos os grupos de negociação participaram. Com isso vários temas foram tratados. Comércio de bens serviços, investimentos, compras, desenvolvimento sustentável, regras. Toda agenda de temas comerciais e associados a comércio. Em alguns conseguimos avançar muito na consideração de texto negociador.

swissinfo.ch: Em que setores?

 

A.O.C.: Por exemplo, na discussão de concorrência já há um texto essencialmente acordado. E existe também muito avanço na área de facilitação de comércio. A parte desenvolvimento sustentável também avançou e existe a expectativa de que nessas áreas que eu mencionei já estaríamos próximos de conseguir fechar texto nas próximas rodadas ou até com apenas mais uma rodada. Solução de controvérsias também é um exemplo. Então esses são os casos em que a discussão de texto avançou mais.

swissinfo.ch: E onde ainda há limitações?

 

 A.O.C.: Em todas as áreas, mesmo naquelas onde ainda existem diferenças seja de conceito ou abordagem de linguagem, mesmo nessas situações estamos avançando em direção ao que se chama de texto consolidado. Em que você não está numa fase em que cada lado apresenta a sua visão como algo estanque, separada da visão do outro, e sim você já tem pontos de contato suficientes que permitem combinar textos, ainda que frequentemente com colchetes, com trechos de linguagem que ainda não temos a linguagem final.

 

swissinfo.ch: Então já há mais flexibilidade e denominadores comuns em pontos mais complexos?

 

A.O.C.: Nesses que houve maior aproximação como regra são aqueles em que geralmente é mais fácil, porque você está lidando com áreas onde o que é colocado na mesa é fortemente pautado pelo que são os sistemas nacionais ou então você está lidando com temas onde há um marco internacional recente de tratamento. Então, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) teve avanços recentes na área de facilitação de comércio e as partes todas acordaram isso, você consegue trazer esses entendimentos para dentro do seu acordo. E não há grande desafio de linguagem e não há grande desafio de atualização porque as referências mutuamente aceitas são recentes.

swissinfo.ch: E quais temas exigem maior aproximação?

 

A.O.C.: Por exemplo, um tema que é de regulamentação, mas que está associado a isso, é o tema de medidas sanitárias e fitossanitárias, que tenha impacto direto sobre a negociação de produtos agrícolas. Houve avanço, houve discussão e boa vontade das duas partes. Mas ali o exercício de texto ainda vai exigir muito mais trabalho.

swissinfo.ch: Onde residem mais essas diferenças?

 

A.O.C.: A base tanto em medidas sanitárias quanto fitossanitárias e em barreiras técnicas, a base comum, são os instrumentos da OMC que disciplinam as matérias. Onde às vezes você tem diferenças, e é isso que precisa solucionar na negociação, são certos passos de procedimento com base nessa normativa mutuamente aceita. E aí é preciso encontrar m ponto de equilíbrio, porque avançar mais em procedimentos associados a barreiras técnicas frequentemente oferece um impulso ao comércio de produtos industriais. Avançar mais nas medidas sanitárias e fitossanitárias, avançar mais nos produtos agrícolas. Então é sempre bom conseguir um certo equilíbrio na agenda SPS, que é a sanitária e fitossanitária, e na TBT, de medidas técnicas, para que você tenha clareza que todo conjunto de bens está avançando de forma equilibrada.

swissinfo.ch: O avanço nessas regras vem mais do Mercosul ou EFTA neste momento?

 

A.O.C.: Vejo os dois lados trabalhando para tentar estabelecer parâmetro de equilíbrio. Acho que não é possível dizer que um lado está mais focado e empurrando mais a agenda de SPS e outro empurrando mais a agenda de TBT. Agora, é evidente que o Mercosul por ter produtos agrícolas como pauta importante tem interesse que esse capítulo seja robusto. Por exemplo, criar instrumentos de administração do acordo que possam vir a resolver problemas de SPS durante a implementação é um tema que nos interessa. Mas isso não se faz às custas da agenda TBT, onde essencialmente estamos pleiteando o mesmo tipo de atenção. Existe interesse em buscar, por exemplo, soluções de equivalência entre regras dentro do Mercosul e regras dentro do bloco EFTA e essa equivalência funciona como uma solução de facilitação de comércio, tanto para a agenda TBT quando a agenda SPS. Diria que não há um lado empurrando mais do que o outro. Você pode ver alguns elementos onde há claramente o interesse de uma parte, mas não de modo a apresentar isso como divergência ou diferença notável de estratégia negociadora.

swissinfo.ch: E quanto a tributação tarifária para essa zona de livre comércio?

 

A.O.C.: Existe uma discussão que está se tornando cada vez mais concreta em termos de apresentação de ofertas de acesso. Dentro dessa negociação se espera que as ofertas de acesso para bens, serviços e compras governamentais, existe a expectativa de que a gente possa apresentar isso logo em uma das próximas etapas negociadores, que é o que de fato transforma a negociação em mais específica e detalhada. E achamos que brevemente chegaremos a isso com o EFTA. Na última reunião já saímos um pouco dos comentários mais genéricos sobre como cada lado pensa montar sua oferta de acesso e entramos mais em um desenho de interesses e sensibilidades que cada lado tem.




swissinfo.ch: Há uma celeridade dos países da EFTA em buscar fechar o acordo com o Mercosul antes do bloco da União Europeia. O acordo com o Mercosul está mais perto da EFTA ou da União Europeia neste momento?

A.O.C.: Eu diria que é muito difícil você controlar a tal ponto o tempo da negociação de modo a garantir que conclua dois processos na mesma época. A nossa negociação com a União Europeia é mais antiga, tem um número maior de rodadas. Diria que ela está em alguns pontos mais amadurecida, melhor costurada. Agora, às vezes você pode ter um processo que avança depois, mas pelo fato dele conseguir soluções mais rápidas e adotar enfoque mais sintético no tratamento dos temas, consegue ganhar uma velocidade maior. Não estamos negociando com a preocupação de que o processo A conclua antes do processo B. Temos a clareza de que para o bloco EFTA é um fator importante em seu cálculo de negociação o fato de que nós também estamos negociando com a União Europeia., porque a parceira EFTA – União Europeia é muito significativa. Porque várias das bases de regulamentação são semelhantes ou mesmo harmonizadas. Então, o que estamos decidindo com a União Europeia interessa a EFTA, tanto do ponto de vista da regulamentação, quanto do ponto de vista da sua posição competitiva na Europa e no Mercosul. Todos nós sabemos que o que estamos acordando com a União Europeia é relevante para a negociação com a EFTA. Mas os dois lados também têm claro que você não pode exagerar isso e imaginar que a negociação com a União Europeia poderia servir como parâmetro completo e acabado para tudo que vamos fazer com a EFTA. Cada processo tem suas especificidades, cada processo é o resultado de um certo intercâmbio de concessões. E nós achamos que certamente o conjunto das concessões que vamos trocar com a EFTA vai levar a um desenho que provavelmente terá muito em comum com a União Europeia, mas não necessariamente uma identificação plena.

swissinfo.ch: Uma negociação desse porte e desse tamanho poderá ter sua costura final quando?

 

A.O.C.: Julgando a partir da minha experiência eu diria que o final deste ano é prazo curto. Nós teremos avanços certamente, estaremos bastante mais amadurecidos, mas não me surpreenderia se precisássemos de um pouco mais de tempo.

swissinfo.ch: Onde essa relação com a EFTA, olhando agora para o Brasil, interessa?

 

A.O.C.: Da perspectiva brasileira você tem uma agenda de interesses que é bastante diversificada. Olhando a pauta agrícola e por nosso potencial e capacidade exportadora, que seja carne, soja, frutas, café, cana, etanol, açúcar, somos fortes produtores e exportadores desse conjunto. E alguns desses produtos tem uma interação muito forte de cadeia de valor com os processos econômicos dentro da EFTA. Então, digamos que os exemplos de produtos alimentares processados é um exemplo clássico, onde várias das commodities vendidas pelo Brasil entram diretamente em cadeias de valor agregado na EFTA. Nós achamos que isso poderia acontecer num ritmo bem mais acelerado. E nós temos também uma agenda industrial importante, cobrindo esses produtos de relativa sofisticação média. Temos aí uma pauta em torno de produtos como calçados e têxteis, temos uma pauta exportadora da indústria de aviação, que oferece também um exemplo de produtos de ponta, e toda a gama intermediária cobrindo eletroeletrônicos, máquinas agrícolas. Enfim, nós temos essa vantagem e que ao mesmo tempo é uma sensibilidade. O Brasil entra numa negociação comercial em que por um lado terá que olhar cuidadosamente vários produtores seus potencialmente sensíveis à capacidade competitiva que a EFTA tem, sabidamente muito relevante em alguns setores, mas ao mesmo tempo temos muitas capacidades ofensivas dentro da negociação.

swissinfo.ch: Uma preocupação com o Brasil é a segurança política. O pleito de outubro pode ter que tipo de impacto nessas negociações?

 

A.O.C.: Avaliando o momento negociador do Brasil agora, e isso vale para todas as negociações, da EFTA, União Europeia e vale também para a negociação recente com o Canadá, existe uma base de apoio pública e privada a essas negociações, uma base muito ampla. O setor privado brasileiro, tanto na área agrícola quanto industrial, ele identifica muito mais o lado de oportunidades do que o lado de riscos. Há um interesse expressivo de conquistar mercados e maior competitividade a partir de uma abertura de importações. E isso é um marco novo, eu acho, nessa etapa negociadora. O grau de apoio que temos do empresariado brasileiro e o fato de que esse apoio cobre não só o setor agrícola, que sempre percebeu a oportunidade das negociações, mas o setor industrial também. E olhando pelo viés do debate político, é importante notar que uma negociação emblemática dessa nova fase, que é a negociação com a União Europeia, ela recebeu um impulso muito significativo durante o governo Dilma Rousseff. Ou seja, tínhamos um governo com uma certa característica política que identificou a importância da negociação comercial e essa importância foi mantida durante o governo Temer. Então, eu interpreto isso como uma demonstração de que mesmo com variações dentro do espectro político você tem uma identificação das negociações comerciais como algo importante para o Brasil fazer. E se nós olharmos o Mercosul, vamos identificar o mesmo tipo de dinâmica nos sócios. E isso representa uma oportunidade importante porque nós temos esse forte consenso de apoio favorável. E eu acho que a eleição que vamos ter no Brasil, enfim, algum tipo de interesse poderá surgir a partir de alguma agenda que um candidato ou vencedor da eleição queira colocar, que pode ganhar algum matiz, mas acho que a direção geral será mantida, pois parte de uma certa visão política que é compartilhada por muitos partidos e grupos políticos.

swissinfo.ch: E onde a Suíça pode ganhar com essa zona de livre comércio?

 

A.O.C.: Acho que a Suíça tem a ganhar em várias áreas. Na área de serviços a Suíça tem várias capacidades expressivas. Na agenda industrial existem vários setores de grande competitividade. Por exemplo, na área de química nós podemos perceber isso. Se olharmos também na agenda agrícola e de alimentos, sabemos da força muito expressiva da Suíça na área dos alimentos processados. Eu acho que todas as diferentes áreas de negociação. E lembrando também todo lado de compras governamentais, aonde existe uma oportunidade muito grande para a participação em licitações. Eu penso que a Suíça, certamente, em todos esses campos você consegue, e sem muito esforço, encontrar produtos emblemáticos. Seja os alimentos na pauta agrícola, a química fina na parte industrial, os serviços financeiros na agenda de serviços e investimentos. São muitas as oportunidades.

swissinfo.ch: E o que ficou de missão e pautas para o próximo encontro?

 

A.O.C.: Temos uma agenda grande de continuidade em todos esses grupos negociadores, possivelmente em julho, em Genebra. Um detalhado registro de obrigações, seja para apresentação de textos, seja para oferecer comentários aos textos que foram oferecidos pela outra parte. Então todos esses grupos têm um trabalho intersecional importante e temos essa grande tarefa, no centro do nosso foco, que é preparar a troca de oferta de acessos, cobrindo bem serviços e compras. Essa é a agenda de continuidade.

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