Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
O levantamento "Agenda 2019",
realizado pela consultoria Deloitte após o 2º turno das eleições, com
826 organizações de todo o Brasil – que faturam, juntas, o equivalente a
43% do PIB nacional – e 12% delas da região Sul, apontou alguns
destaques nas prioridades indicadas pelo empresariado local em relação
ao próximo governo e aos seus próprios negócios, quando as respostas
locais são comparadas às da amostra nacional.
Enquanto 58%
das empresas cujas sedes estão baseadas no Paraná, em Santa Catarina e
no Rio Grande do Sul pretendem investir em Pesquisa e Desenvolvimento em
2019, na amostra nacional, o item aparece indicado por 49% das
organizações. Já no quesito prioridades governamentais para melhorar a
gestão pública, o fator mais indicado pelos empresários paranaenses,
catarinenses e gaúchos é o ajuste fiscal, com 70% de apontamentos,
enquanto, na média nacional, a prioridade é o combate à corrupção, com
62%.
Estudo da entidade estima tempos de recuperação para a indústria
Por Dirceu Chirivino
dirceu@amanha.com.br
Enredado pelo crescimento
muito devagar do PIB, o Brasil continua convalescente após a crise mais
intensa de sua história. Depois de avançar 1% no ano passado, o índice
deve chegar a 1,3% em 2018. Essas são algumas das conclusões do Balanço
2018 e Perspectivas 2019, documento compilado pela Unidade de Estudos
Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul
(Fiergs) e apresentado nesta terça-feira (4), em Porto Alegre (veja as
projeções para a economia brasileira na tabela ao final desta
reportagem). Tanto a indústria brasileira quanto a gaúcha deixaram para
trás a mais profunda recessão já registrada, mas ainda há um longo
caminho para recuperar o que foi perdido nos últimos anos. No período
entre 2014 e 2016, a produção no Brasil caiu 16,7% e no Estado recuou
18,5%. Assim, os crescimentos do biênio 2017-2018 somados não chegam a
um terço do tombo acumulado. Com isso, a produção industrial brasileira
encerrará o ano 12,5% abaixo dos níveis de 2013, enquanto a gaúcha deve
fechar 14,2% abaixo. São, portanto, tempos de recuperação para o setor,
que ainda carece de consolidação, segundo o estudo apresentado pela
federação. “A indústria vive no realismo. Nós vivemos no mundo real.
Nós não temos fantasias. E se tem o seguinte: no final do mês sempre no
dia que vence o imposto, o governo do Estado quer receber. E se eu não
pagar, ele me cobra com multas e juros. Já o que eu tenho a receber do
Estado e ele atrasar, ele não me paga esses juros. Então, são duas
realidades completamente diferentes. Este é o mundo real que vivemos”,
desabafou Gilberto Petry, presidente da Fiergs. Porém, o industrial se
mostrou otimista com o futuro. “Em meados de 2014, senti os primeiros
sinais de que íamos entrar num compasso meio ruim. No ano seguinte eu
aconselhava que os empresários deveriam segurar o caixa. Enfrentamos
essa situação até agora. Hoje se apresenta uma situação em que eu saí do
realismo pessimista para o realismo otimista. O mundo real nos mostra
que se abre uma janela de oportunidades “, projetou. Respondendo a uma
pergunta relembrando a declaração de Paulo Guedes, em 30 de outubro,
afirmando que “salvaria a indústria brasileira, apesar dos industriais
brasileiros”, Petry entendeu que a fala do futuro ministro da economia
de Jair Bolsonaro foi um momento de impulsividade, porém rebateu a
crítica. “Nós também poderíamos dizer que a indústria se salvará,
apesar dos bancos”, afirmou.
O
desempenho da economia brasileira nesse ano será muito inferior ao que a
Fiergs aguardava no final do ano passado (+2,7%). Diversos fatores
tornaram o cenário repleto de incertezas, impactando profundamente a
atividade nesse ano. O cenário internacional, que nos últimos anos
colaborou com as economias emergentes na forma de uma ampla liquidez e
apetite por ativos de maior risco, passou por um ajuste profundo em
resposta à política monetária mais restritiva dos Estados Unidos. A
economia brasileira, que havia se beneficiado do quadro anterior – um
dos elementos fundamentais para que o país atingisse a taxa Selic mais
baixa da história –, acabou sendo afetada pelos influxos de capitais,
volatilidade cambial e desaceleração da economia argentina. Entretanto,
mais uma vez o colchão de segurança composto pelos US$ 380 bilhões de
reservas internacionais evitou que a economia brasileira sofresse tanto
quanto a Turquia e a Argentina, e apaziguou o risco de um contágio. “A
expectativa de crescimento da economia mundial tem sido puxada para
baixo. Quem mais nos compra no mundo está crescendo menos. A crise da
Argentina é mais importante para o Rio Grande do Sul do que para o
Brasil”, avaliou André Francisco Nunes de Nunes, economista-chefe do
Sistema Fiergs. “Temos muito poucos acordos comerciais comparando-nos
com México, Peru e outros países. Precisamos mudar a nossa diplomacia
comercial. Temos de fazer acordos comerciais onde sejamos a
protagonistas”, sugeriu Petry.
A
federação estima que o Rio Grande do Sul deve crescer 1,1% este ano,
resultado abaixo do projetado ao final ao final do ano passado (1,4%),
ainda que a indústria tenha tido um avanço maior. Além disso, a economia
local registrou uma queda mais acentuada da produção do setor primário
em relação ao resto do país. Como o desempenho dos setores foi
heterogêneo, segmentos com crescimento acentuado puxaram o resultado
agregado. Para a Fiergs, o grau de incerteza para 2019 é elevado por
dois fatores: o aprofundamento da crise fiscal e a não-adesão do Estado
ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Na visão da entidade, a evolução
negativa das finanças públicas se manteve extremamente preocupante e
será a principal fonte de risco no mercado doméstico para 2019. O avanço
das despesas obrigatórias e o elevado patamar da dívida pública colocam
em dúvida a estabilidade econômica do país no médio prazo. Os atrasos
nos pagamentos de servidores e fornecedores, que marcaram os últimos
exercícios, tendem a continuar no ano que vem. Está cada vez mais
difícil enxergar um horizonte positivo para as finanças gaúchas, de
acordo com o relatório apresentado pela federação. “Em conversa com o
governador eleito, Eduardo Leite, disse-lhe que, desconsiderando a
dívida fiscal, o Rio Grande do Sul se equivaleria a uma empresa que
trabalha com déficit operacional. A situação do Estado não é fácil. É
preciso cortar muitos custos”, contou Petry.
Apesar
de um resultado muito abaixo do esperado em 2018, os elementos que
sustentaram a projeção mais otimista ainda estão presentes. Além do
menor endividamento de empresas e famílias, a Fiergs destaca o
crescimento da população em idade ativa, o elevado grau de ociosidade
das plantas fabris, a diminuição do preço dos ativos reais e a
obsolescência tecnológica nas empresas, o que traz a necessidade de
investimentos de manutenção e atualização. Esse processo natural de
esgotamento do ciclo recessivo se soma à baixa inflação e a queda nas
taxas de juros para criar o ambiente para a recuperação cíclica da
economia. Portanto, o cenário base contempla uma aceleração na taxa de
crescimento brasileira para 2,8% em 2019, em decorrência da diminuição
da incerteza e do avanço na agenda de reformas. O Rio Grande do Sul
tende a apresentar uma aceleração menos intensa, com crescimento de
2,4%, por conta da continuidade do delicado quadro das finanças
públicas. No cenário superior, a federação estima uma aceleração mais
forte no crescimento, com rápida realização das reformas, melhora do
quadro fiscal e cenário externo favorável para os investimentos. No caso
da economia regional, além do cenário nacional mais positivo, o avanço
da atividade e a adesão ao RRF atenuam os efeitos da crise nas finanças
públicas.
A
anulação ou rescisão do contrato de franquia, com fundamento na Lei
8.955/94, exige a demonstração do nexo entre a conduta omissiva do
franqueador e o prejuízo alegado pela franqueada.
Com esse entendimento,
o juiz Alexandre Bucci, da 10ª Vara Cível de São Paulo, deu parcial
procedência a um pedido de rompimento de contrato de franquia.
A
ação declaratória de resolução contratual com pedido de indenização por
perdas e danos foi ajuizada por uma franqueada de Araraquara contra
franqueadora do ramo de lavanderias. De acordo com a autora,
representada pelo Novaes, Plantulli e Manzoli Sociedade de Advogados, a
promessa de retorno de investimento financeiro e empresarial em 36
meses não correspondeu à realidade, incluindo os volumes de peças
processadas na loja, o número de clientes atendidos e os custos
operacionais. A parte pede a restituição do valor investido e a rescisão
do contrato com indenização.
A autora ressalta que investiu 230% a
mais em propaganda do que o sugerido pela empresa que detém o negócio
de franquias e, mesmo assim, não teve o resultado prometido. Se avaliado
os dados reais, relatou, seriam necessários 11 anos de operação para o
retorno. Destacou também o fato de ter alcançado, com uma boa gestão da
operação, ocupado a posição 193 no ranking das 433 unidades da rede.
Alega que a empresa requerida sabia dos fatos e agiu com ofensa à boa-fé
ao omitir intencionalmente informações relevantes na Circular de Oferta
da Franquia (COF).
Ao julgar parcialmente procedente o pedido, o
juiz confirmou que "a Circular de Oferta de Franquia, na espécie se
mostrou falha no âmbito da qualidade das informações repassadas à
franqueada, situação que trouxe inegáveis impactos na tomada de decisão
pelo negócio que se mostrou economicamente inviável no decorrer do
tempo, não por culpa da autora, válido registrar". De acordo com a
decisão, empresa ré ignorou um fracasso anterior obtido por outro
franqueado na mesma região.
O magistrado ressaltou parte da
conclusão pericial que indica que as informações da franqueadora para
pautar a decisão da franqueada foram dadas de forma clara e correta,
porém, "com qualidade e amplitude insuficientes para que pudessem
subsidiar a correta tomada de decisão e as expectativas corretas de
retornos", disse o juiz ao reafirmar a importância do COF para que o
interessado saiba os riscos do empreendimento.
Para o juiz, se a
empresa dona da rede de lavanderias tivesse informado à franqueada
autora da ação dos motivos do insucesso e do fechamento da loja anterior
"poderia viabilizar que deles fossem extraídas o que se denominava de
'lições aprendidas' para não fomentar os mesmos erros do passado".
Outra falha de informações
apontada por Alexandre Bucci dizia respeito à capacidade de penetração
junto aos consumidores da macrorregião. "Parece evidente que uma postura
mais cautelosa e colaborativa, por parte da franqueadora, bem poderia
ter norteado melhor a decisão sobre o formato e tamanho da loja, o que
se refletiria na decisão de investimento, bem como impactaria nas
expectativas de vendas e retorno do capital investido, podendo-se até
mesmo deliberar pela não aceitação do negócio", disse o magistrado.
Pela
violação do princípio da boa-fé objetiva, o juiz declarou rescindido o
contrato de franquia e condenou a empresa ré a restituir à autora R$
1.238.561,00, valor relacionado aos gastos e aos custos com a aquisição e
operacionalização da franquia frustrada. A requerida também deverá
arcar com "outros possíveis prejuízos ainda não materializados
numericamente, porém, evidentemente decorrentes da rescisão contratual" e
ao pagamento de 80% das custas e despesas processuais.
Clique aqui para ler a decisão.
Processo 1052037-85.2017.8.26.0100
São Paulo – “De repente surgiu o agronegóciona
minha carreira. Um headhunter me liga e pergunta se eu conhecia a
Agropalma”. Neste momento, em 2016, que a gerente executiva de RH,
Marcella Novaes pensou pela primeira vez na vida em trabalhar para uma
empresa do agronegócio.
Naquela ocasião, ela estava atuando na área de mineração e no seu currículo
trazia passagens na indústria de tecnologia e varejo. “Ir para a
mineração já foi uma disruptura, ir para o agronegócio foi outra”, conta
a executiva.
A diferença é que a mineração havia sido um passo sonhado, planejado e
fruto de um interesse pessoal, enquanto a migração da executiva para o
agronegócio foi uma consequência do poder de atração de um setor que
responde sozinho por mais de 20% do PIB. Vale lembrar que a empresa eleita em 2018 a melhor para trabalhar no Brasil pelo GUIA VOCÊ S/A, a São Martinho, é do agronegócio.
“A remuneração
e o projeto na Agropalma me atraíram”, diz Marcella. Como gerente de RH
da Agropalma, a missão principal oferecida à executiva foi a de
redefinir a cultura da companhia produtora de óleo de palma. Pertencente
ao conglomerado Alfa – dono do Banco Alfa, da C&C, Hotel
Transamérica, La Basque, entre outras – a empresa buscava uma
identidade corporativa única e marcante.
Confira as médias salariais oferecidas atualmente pelo setor de
agronegócio para gerentes e diretores segundo a consultoria de
recrutamento EXEC:
Tamanho da empresa
Média salarial para gerente
Média salarial para gerente sênior
Média salarial para diretor
Médio porte
12 mil reais a 18 mil reais
18 mil reais a 22 mil reais
28 mil reais a 35 mil reais
Grande porte
18 mil reais a 25 mil reais
25 mil reais a 32 mil reais
35 mil reais a 60 mil reais
Atração em alta nos últimos três anos
Movimentos de carreira como o de Marcella crescem no Brasil.
Monitoramento feito pela EXEC com 2.750 profissionais em cargos de
gerência sênior e diretoria detectou um aumento progressivo na
movimentação de executivos oriundos de outras indústrias para posições
de liderança nas empresas do agronegócio nos últimos três anos.
Entre setembro de 2015 e 2016 o percentual de profissionais que
migraram de outras indústrias representou 12% das contratações para
cargos de liderança no agronegócio.
No mesmo intervalo, entre setembro de 2016 e o mesmo mês de 2017,
subiu para 18%. Entre setembro de 2017 e setembro de 2018 bateu a marca
de 20%.
Colecionando recordes em exportações bilionárias – e na participação
no PIB brasileiro, o agronegócio destoa do restante da economia e
precisa de novos perfis profissionais para manter seu protagonismo.
A crise econômica e a redução nos preços das commodities no mercado
internacional estimularam a competitividade e a inovação, o que causou e
ainda vem causando profunda renovação nas lideranças, segundo a sócia
da EXEC, Camila Marion.
“O segmento do agronegócio apresentava um perfil sempre mais
conservador em relação às pessoas, mas diante de tantas mudanças e
transformações que estão ocorrendo no mercado global, precisou agilizar a
renovação”, diz Camila.
Buscar pessoas com experiências internacionais e de outros mercados e
setores tem sido estratégia recorrente. “Na Agropalma, desde que eu
entrei temos atraído mais profissionais de multinacionais”, diz
Marcella. Com carreira desenvolvida gigantes como Coca-Cola, Nokia e
Dow, a executiva só vê ganhos em conectar esses novos líderes aos
funcionários de carreira na Agropalma.
“Temos muitos profissionais que entraram como jovens aprendizes e
estão até hoje e, aqui, eles têm reconhecimento por tempo de casa. É a
nossa realidade. Mas precisava dar uma mexida. Esses contrapontos são
interessantes e a diretoria entende isso. O pensamento retilíneo, que
era mais comum, passou a não ser porque trouxemos pessoas com esse
perfil diferente ”, conta.
As portas de entrada do agronegócio (para quem vem de outros setores)
A renovação na liderança, no entanto, se dá fora do ambiente técnico
do agronegócio, que exige, obviamente, profissionais com formação e
histórico no setor. Os novos gerentes e diretores têm sido requisitados
para atuar nas áreas, administrativas, financeira, de RH, segurança,
meio ambiente.
No caso de Marcela, um recrutador a procurou, mas gerentes de nível
sênior e diretores podem cadastrar o currículo no site da EXEC. O estudo
da consultoria mostra que entre junho de 2015 e 2016, proporção de
profissionais de outros setores nas posições de apoio nas empresas
clientes do setor de agronegócio era de 45% de profissionais de outras
áreas contra 55% de executivos com histórico de carreira no setor.
No mesmo intervalo, entre junho de 2016 e junho de 2017 a proporção
ficou entre 58% e 42%. Já entre junho do ano passado e junho de 2018 os
percentuais passaram a ser de 70% contra 30%.
A idade média dos líderes das áreas de apoio das empresas do
agronegócio também diminuiu. Em setembro desse ano, 60% dos líderes têm
entre 35 e 45 anos, 28% têm mais de 50 anos. Em 2015, essa proporção era
de 42% para 52%.
Espaço, criado em parceria com a ABDI, poderá ser usado por prefeitos de todo o Brasil
Da Redação
redacao@amanha.com.br
Um laboratório que está em
instalação no Parque Tecnológico Itaipu em parceria com a Associação
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) vai servir como vitrine
das tecnologias que podem ser implantadas para tornar as cidades
inteligentes. Prefeitos de todo o país poderão visitar o espaço e ver de
perto benefícios, por exemplo, da iluminação pública inteligente, com
sensor de wi-fi e tiro, e do monitoramento por drones. A inauguração do
Laboratório Vivo de Cidades Inteligentes está marcada para o dia 12 de
dezembro. A intenção é que a demonstração de tecnologias inovadoras
possa auxiliar os gestores públicos na tomada de decisão em relação aos
melhores investimentos que podem ser feitos em benefício do
desenvolvimento dos municípios. As cidades inteligentes utilizam
tecnologias para um aproveitamento mais eficiente dos recursos
disponíveis, com o menor impacto ambiental possível, e melhorar a
qualidade de vida dos cidadãos.
O
Laboratório Vivo do PTI vai envolver um conjunto amplo de atores,
formado por empresas, centros de tecnologia e pesquisa, pessoas e seus
dispositivos, a fim de disseminar os conceitos e as soluções das cidades
inteligentes. O novo laboratório, que está sendo instalado no Edifício
das Águas do PTI, vai funcionar como uma plataforma em que serão
testadas e certificadas as soluções para as cidades inteligentes. No
espaço também serão customizados sistemas para a gestão dos dispositivos
usados nessas cidades. As tecnologias já existentes no PTI, como o
sistema de compartilhamento de veículos elétricos, as bicicletas
compartilhadas e sensores inteligentes ligados à Internet das Coisas
(IoT) serão integradas no novo Laboratório, por meio da construção de
uma Central de Comando e Controle Operacional (CCO).
O
objetivo do PTI e da ABDI é, a partir do próximo ano, organizar
caravanas de prefeitos para conhecer tecnologias e conferir a
confiabilidade de sistemas como o de iluminação inteligente e o de
compartilhamento de carros e de bicicletas no Laboratório. Por isso, as
instituições já estão em contato com a Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) e com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP). “Uma cidade
mais conectada, com melhor utilização dos recursos e pensamento
sistêmico, permite ao poder público prover mais e melhoradas soluções
aos cidadãos”, afirma Jorge Augusto Callado, diretor superintendente do
PTI. “As experiências da população com os serviços das cidades passam a
ser mais ágeis e com soluções completas, diminuindo filas e burocracias e
melhorando a gestão do município e seus equipamentos”, exemplifica o
diretor.
As
mulheres dos EUA casadas com homens investigados – ou denunciados – por
crimes do colarinho branco vêm aprendendo uma lição providencial: a de
que a primeira medida que devem tomar, quando a notícia da provável
condenação cai como uma bomba em suas vidas, é contratar um advogado
próprio. Antes que fiquem privadas de seus direitos.
Nos EUA e em
alguns outros países do mundo, isso acontece com frequência, diz a
escritora Lisa Lawler, que fundou o Projeto Mulheres do Colarinho Branco
(The White-Collar Wives Project). Mulheres perdem casas com tudo o que têm dentro, carros, alianças de casamento e outros bens que teriam chance de conservar.
Em
um caso recente, uma mulher se divorciou do marido após saber que ele
fora denunciado por corrupção. No divórcio, como é de praxe, ela ficou
com metade do fundo de aposentadoria do casal. Mas o dinheiro, que
pertencia apenas a ela, foi confiscado. Provavelmente, ela não teve um
advogado para defendê-la.
“Essas mulheres, ainda que inocentes, se
veem em um pântano jurídico, econômico e psicológico, no qual não sabem
como navegar. Elas enfrentam uma crise de identidade, porque não sabem
mais nem mesmo quem são”, diz Lisa Lawler, que começou a escrever um
blog para “mulheres do colarinho branco”, como ela mesma.
Ela
também escreveu o e-book “Guia de sobrevivência das mulheres do
colarinho branco: O que esperar quando seu marido é denunciado por um
crime do colarinho branco” (The White-Collar Wives Survival Guide: What
to Expect When Your Husband Is Prosecuted for a White-Collar Crime).
A
advogada Guinevere Moore, sócia da banca Johnson Moore, de Chicago, e
conselheira da ABA (American Bar Association), aconselha as “mulheres do
colarinho branco” a contratar seus próprios advogados imediatamente
após saberem que seus maridos estão em apuros com a justiça.
Ela
afirma que há medidas críticas que precisam ser tomadas para proteger
uma “mulher inocente”, incluindo responsabilidades tributárias (que é de
sua área de especialização), segundo o Jornal da ABA.
“Não venda
nada, não transfira bens em seu nome, em nome do marido ou em nome do
casal para terceiros, sem antes falar com seu advogado”, ela recomenda.
“Não dá para fazer operações escondidas, para enganar os investigadores,
porque elas sempre deixam pistas fáceis de seguir. Faça as coisas
legalmente, para proteger seus ativos tanto quanto possível e evitar a
ruína financeira”.
Segundo a advogada, muitas mulheres pensam que
contratar um advogado próprio as coloca contra seus maridos. “Mas isso
não é verdade. Contratar um advogado coloca a mulher e o marido (além de
filhos) em uma posição melhor, porque ela pode proteger ativos que o
marido não pode”, ela afirma.
O Projeto Mulheres do Colarinho
Branco, segundo Lisa Lawler, vem se focando mais nos efeitos colaterais,
muitas vezes negligenciado, da condenação de maridos corruptos. “Essas
mulheres são tratadas como bens móveis, sem qualquer legitimidade
jurídica para defender e reter a parte de propriedades não contaminadas
pela acusação de corrupção contra seus maridos”.
Ela acredita que
há outros tipos de crime que resultam na prisão do marido e deixam a
mulher inocente em um “pântano jurídico e econômico”. Também nesses
casos, ela deve contratar um advogado. E, em qualquer dos casos, deve
buscar ajuda de um grupo de apoio para conseguir enfrentar melhor
estigmas sociais, especialmente os que afetam as crianças nas escolas.
O
estudo “Pais atrás das grades: o que acontece com seus filhos?” revelou
que, nos EUA, mais de 5 milhões de crianças têm pais que foram para a
cadeia ou prisão. E que, provavelmente, elas experimentam outros eventos
traumáticos em algum ponto da vida, mais problemas emocionais e mais
problemas na escola.
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
A
melhoria do desempenho e dos resultados e a nova maneira de pensar a
relação com o cliente garantiram o prêmio ao diretor-presidente do
Bradesco
“Minha função ganhou mais
propósitos. Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação, mas nós,
brasileiros que lideramos grandes empresas, também temos de ser mais
ativos para melhorar o País” - Octavio
de Lazari Júnior: novo foco é vender produtos para os 28 milhões de
clientes que não possuem contas-correntes
A gravata que Octavio De Lazari Júnior, o diretor-presidente
do Bradesco, veste na foto ao lado, é uma deferência aos leitores da
DINHEIRO. Há alguns meses, toda a alta cúpula do banco foi dispensada de
vestir o acessório — uma liberalidade impensável para o fundador Amador
Aguiar. “Agora só usamos gravatas quando temos reuniões com alguma
autoridade”, diz Lazari.
Usar gravata pode ser um assunto secundário. No entanto, é apenas uma
das muitas mudanças que vêm ocorrendo na Cidade de Deus, sede do
Bradesco, em Osasco, região metropolitana de São Paulo. Há pouco menos
de um ano na presidência, Lazari vem derrubando alguns dogmas, sobretudo
na forma de encantar os clientes. E os resultados são claros. Nos três
primeiros trimestres de 2018, a última linha do balanço exibiu um lucro
líquido recorrente de R$ 15,7 bilhões, alta de 11,1% em relação ao mesmo
período de 2017. O Bradesco emprestou mais: nesses nove meses, foram
concedidos R$ 523 bilhões em empréstimos, ante R$ 487 bilhões entre
janeiro e setembro do ano passado. Também emprestou melhor: nesse
período, a provisão para devedores duvidosos – a fatia dos empréstimos
que são considerados praticamente perdidos – caiu 29%, de R$ 15,2
bilhões em 2017 para R$ 10,8 bilhões neste ano. Com tudo isso, a
rentabilidade patrimonial anualizada no terceiro trimestre foi de 19%,
um ponto percentual acima da média dos trimestres anteriores. “E eu já
avisei que, a partir de agora, 19% ao ano é o piso, é o mínimo
aceitável”, diz Lazari. Esses resultados garantiram ao executivo de 55
anos de idade e quase 40 de banco o prêmio de EMPREENDEDOR DO ANO de
2018.
Para manter os lucros em ascensão, Lazari está promovendo alterações
profundas na maneira de tratar a freguesia. “Antes o banco era um
couraçado e os clientes navegavam ao redor dele. Agora, colocamos o
cliente no centro e pensamos o tempo todo como podemos atender melhor às
necessidades dele.” Como essas inovações dependem bastante de
tecnologia, as portas de abriram para quem pode desenvolver soluções.
Por meio da InovaBra, misto de aceleradora e incubadora, já são 160 as
fintechs e startups que auxiliam no desenvolvimento de produtos e
serviços, especialmente para os celulares. No início do segundo
trimestre, o Bradesco começou a distribuir seguros pelos celulares. E os
resultados surpreenderam. “Esperávamos vender 250 mil apólices, mas
vendemos 500 mil”, diz Lazari. “Ninguém imagina que alguém vai contratar
um seguro odontológico às três horas da manhã do sábado, mas acontece.”
Assim como nos seguros, os empréstimos concedidos por meio de celulares
também vem crescendo aceleradamente.
Segundo o presidente, na média são concedidos 80 mil financiamentos
para pessoas físicas nos fins de semana, 40 mil por dia. Às
sextas-feiras, são fechados de 28 mil a 30 mil negócios desse tipo. A
lógica é simples. Pedir dinheiro emprestado não é uma situação
agradável. Se o cliente puder fazer isso sem ter de conversar com um
gerente, fica mais fácil. “E aos fins de semana as pessoas têm mais
tempo e tranquilidade para calcular se o total é adequado, se o prazo é o
melhor e se as parcelas cabem no bolso.” O banco inovou também na
maneira de conceder empréstimos imobiliários. Em vez do arranjo
habitual, em que um gerente analisava a papelada de cada mutuário em
potencial, agora os processos passam por uma estrutura semelhante à das
linhas de montagem. Com isso, o prazo habitual de 60 dias para aprovação
de um pedido caiu à metade, e o banco concedeu R$ 7,2 bilhões nesses
financiamentos nos três primeiros trimestres.
A maior alteração foi criar novas formas de a clientela se relacionar
com o Bradesco. Desde sua fundação, a meta era conquistar correntistas.
Deu certo: hoje, são 27 milhões de contas-correntes ativas. Porém, de
sua experiência na seguradora, Lazari percebeu um potencial
não-explorado muito grande. Os computadores da Bradesco Seguros têm 50
milhões de pessoas em sua base de dados. Desses, 28 milhões não têm
contas-correntes, mas possuem apólices de seguro, planos de previdência
ou de capitalização. “A conta-corrente deixou de ser a única chave para o
cliente entrar no banco”, diz o executivo. “Podemos nos relacionar com
eles de várias maneiras, sem que eles sejam obrigados a abrir uma
conta.” Por isso, no início do terceiro trimestre foi criada uma
diretoria estatutária focada apenas em não-correntistas. E os
prognósticos são animadores. “Quantas empresas começam com uma base de
28 milhões de clientes para trabalhar?”, pergunta o executivo.
O mercado concorda com o otimismo. No ano, até o dia 28 de novembro,
as ações do banco subiram 26,6%, dez pontos percentuais acima do Índice
Bovespa e um ponto percentual mais que o índice setorial do mercado
financeiro. Segundo Tatiana Brandt, analista da Eleven Financial, o
banco tem sido muito bem-sucedido em ampliar a concessão de empréstimos
e, ao mesmo tempo, manter baixos tanto os custos quanto as provisões
para devedores duvidosos. “A qualidade das novas safras de crédito é
superior à das anteriores, algo fundamental para a sustentação dos
resultados futuros”, escreveu ela em um relatório do início de novembro.
Ela recomenda a compra dos papéis, com um preço-alvo de R$ 42,00,
representando uma alta potencial de 9,3%.
Quinto presidente do banco em 75 anos, Lazari cumpriu a trajetória
habitual. Começou a trabalhar no Bradesco, seu único empregador, aos 15
anos como contínuo, em boa parte por pressão familiar. O palmeirense
Lazari treinava nas categorias de base da Sociedade Esportiva Palmeiras,
mas seu pai preferia vê-lo seguir uma carreira menos incerta. Assim
como Luiz Carlos Trabuco Cappi, seu antecessor no cargo, passou por
vários postos até ascender ao comando da seguradora, divisão estratégica
para garantir os resultados em anos difíceis. O bom trabalho o
capacitou para a presidência entre os sete vice-presidentes executivos.
Mesmo admitindo que a nova função ampliou uma jornada de trabalho já
extensa, Lazari se diz animado. “Minha função ganhou mais propósitos.
Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação, mas nós, brasileiros
que lideramos grandes empresas, também temos de ser mais ativos para
melhorar o País.”
“A transição do tijolo para o click está acelerada”
O diretor-presidente do Bradesco entende que novas tecnologias,
capazes de melhorar produtos e serviços, são hoje cruciais para a boa
performance de um banco. Sua resposta é o Inovabra, que abriga 160
startups. “As fintechs não são concorrentes, são parceiras”, afirma
Lazari
Quando o sr. assumiu a presidência, em março, o sr. disse que
sua função era preservar o que precisava ser preservado e adaptar o que
precisava ser adaptado. Como isso está funcionando na prática?
A transição do tijolo para o click está acelerada. Não é por acaso. É
uma consequência dos passos e das mudanças que implantamos para isso
pudesse acontecer. Um bom exemplo é a Inovabra, que é um ecossistema
criado para promover a inovação dentro do Bradesco. Há muita coisa lá.
Temos 160 startups desenvolvendo novas tecnologias para melhorar
depressa os produtos e serviços que precisamos entregar para nossos
clientes.
O que mudou?
Nossa maneira de construir produtos e serviços. Antes era desenvolvido
pela área de TI, agora que faz são as pessoas que vão vender os produtos
e serviços do banco. Passamos a olhar o Bradesco sob a ótica do
cliente, o que propiciou uma mudança muito grande na qualidade. Há
vários exemplos. O cliente pode customizar os APPs como quiser. Também
criamos um portal para microempreendedores individuais, os MEIs. Hoje, o
empreendedor entra no portal que desenvolvemos e pode contratar um
contador ou baixar um programa de controle de estoque, ou fazer um custo
de educação financeira no Sebrae. Com nossos parceiros, desenvolvemos
isso em apenas 90 dias. Também reduzimos o prazo de concessão de
empréstimos imobiliários. Antes a aprovação demorava de 60 a 70 dias,
hoje sai em 30 dias. Colocamos especialistas em uma esteira para
analisar a documentação, e a contratação ficou mais ágil. Já concedemos
R$ 7,2 bilhões em novos empréstimos neste ano.
O banco está usando os conceitos de marketplace?
A indústria financeira e especialmente o Bradesco enfrentam um grande
desafio. Temos quatro gerações de clientes, dos baby boomers até os
millenials. Como distribuir centenas de produtos para uma base tão
diversificada? Optamos por colocar tudo no celular e o cliente contrata
quando tiver tempo. A seguradora vendeu 500 mil itens por celular, o
dobro do que havíamos previsto. Temos clientes que compram planos de
seguro odontológico às 3 horas da manhã de um sábado. Não era algo que
estávamos esperando, mas aconteceu. Atualmente, um terço dos empréstimos
é concedido via celular. Já concedemos mais empréstimos nos fins de
semana do que nos dias úteis. São 28 mil concessões em uma sexta-feira, e
40 mil no sábado e outros 40 mil no domingo.
Por que isso acontece?
O fim de semana é a hora que a pessoa tem tranquilidade para consultar o
sistema, estudar a proposta, avaliar se o prazo ou o valor são os mais
adequados. E isso evita que o cliente tenha aquele constrangimento de
ter de pedir o crédito. O cliente se sente empoderado, protagonista do
que quer fazer com a própria vida.
A parceria com as fintechs é para evitar que elas se tornem concorrentes?
As fintechs não são os concorrentes que tememos. Elas são muito mais
parceiras que podem nos ajudar a encontrar soluções mais rápidas do que
concorrentes. A minha preocupação é com as big techs, com Amazon,
Google, Facebook. Essas é que são concorrentes pesadas. Seu poder de
distribuição é grande. E a partir do momento que tudo é eletrônico, elas
podem vir disputar nosso mercado.
Essas empresas oferecem muito risco ao negócio?
Oferecem um risco de médio a alto. Elas têm tamanho e tecnologia e têm
acesso a bases muito amplas de clientes. Temos de nos adaptar, mudar o
modelo de negócios para poder concorrer. Mas eu sempre lembro as pessoas
que banco, crédito e dinheiro dependem de confiança. Se nós tivermos a
sabedoria de entender as necessidades de cliente e atendê-las com
conveniência, vamos continuar no mercado. Por exemplo, criamos uma área
exclusiva para não-correntistas no banco. Assim, quem não tem
conta-corrente poderá ser atendido.
Para vender o que?
Esse é o desafio. Temos 27 milhões de correntistas. A conta corrente é a
chave para a entrada no banco, mas ela é só um dos produtos do banco. A
partir de agora, não mais. Na seguradora há 50 milhões de segurados,
mas apenas 22 milhões são correntistas do Bradesco. Temos 28 milhões de
pessoas que já tem relação, seja por meio de um seguro, de um plano de
capitalização. Eu preciso estar perto deles. Claro que vou continuar
querendo abrir contas, mas esses clientes poderão entrar no banco pelo
CPF, pelo CNPJ. Eles terão um marketplace para se relacionar com o
banco, sejam ou não correntistas.
Qual seu prognóstico para 2019?
Estamos otimistas. As pessoas que vêm sendo indicadas para a equipe
econômica têm opiniões acertadas e ponderadas. A pauta é extensa. Temos
de fazer uma reforma da previdência, uma reorganização tributária para
gerar empregos. Mas eu converso com analistas internacionais, e todos
querem investir no Brasil. O País é estratégico para a economia mundial.
O sr. está prestes a completar seu primeiro ano na presidência do banco. O que mudou na sua vida?
Estou trabalhando mais, mas estou tão feliz quanto antes. A maior
mudança é perceber o quanto o nosso país é importante não só para os
brasileiros, mas também para a economia mundial. Os propósitos da minha
jornada aumentaram. Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação,
fui escolhido para isso. Mas eu acredito que nós, brasileiros que
lideram grandes empresas, temos de ser mais protagonistas. Temos de ser
mais presentes, mais ativos no contato com os governos, para poder
melhorar o País. Para que esse crescimento que se espera não seja mais
um voo de galinha.