sexta-feira, 5 de março de 2021

Catarinense Hering anuncia maior investimento em 140 anos


Empresa aportará R$ 131 milhões especialmente em tecnologia 
 
 
Apesar da queda de 36% no fluxo de clientes, a Hering destaca a evolução nos indicadores de eficiência, como o crescimento de 12% no ticket médio

Ao relevar os números do quarto trimestre de 2020, assim como os resultados alcançados em 2020, a Cia. Hering informou que terá seu maior investimento da história de 140 anos. O aporte totalizará totalizando R$ 131 milhões, direcionados especialmente para programas de tecnologia focados na reestruturação da arquitetura de sistemas e dados, desenvolvimento de infraestrutura, plataformas digitais e estratégia de inovação, modernização do parque industrial e logístico, além de melhorias na experiência de lojas. No acumulado de 2020, a empresa aportou R$ 47 milhões, queda de 27,4% em relação ao exercício de 2019, resultado das medidas adotadas para evitar a deterioração do caixa durante o período da pandemia. Clique aqui para acessar o release de resultados da Hering na íntegra.

De acordo com a Hering, o faturamento anual atingiu R$ 1,3 bilhão, queda de 29,9% em relação ao exercício de 2019. "A instabilidade na operação devido aos fechamentos de lojas, horários de funcionamento reduzidos e limitação da circulação de pessoas contribuíram para a queda no faturamento dos canais físicos. Por outro lado, destaca-se a performance do canal digital com crescimento de 230,6% e aumento de 9,9 pontos percentuais na penetração das vendas", explica a companhia catarinense em seu balanço. O lucro líquido totalizou R$ 342,9 milhões em 2020, avanço de 59,7% na comparação com 2019 (veja alguns dos principais indicadores na tabela ao final desta matéria).

As vendas das lojas físicas totalizaram R$ 115,6 milhões, 11,6% inferior ao quarto trimestre de 2019. Apesar da queda de 36% no fluxo de clientes, impactado pelo fechamento do comércio em alguns dias de dezembro nos estados de São Paulo e Minas Gerais – praças onde primordialmente as lojas próprias estão localizadas – a Hering destaca a evolução nos indicadores de eficiência da operação, como o crescimento de 12% no ticket médio, impulsionado pelo maior volume de peças por atendimento, por exemplo.

A companhia encerrou o ano com 778 lojas, das quais 758 no Brasil e 20 no mercado internacional. Entre outubro e dezembro foram abertas 29 lojas cumprindo o plano de expansão anunciado no segundo trimestre, inaugurando 130 lojas no ano. Para o ano de 2021, a Hering expandirá seu varejo físico através de aberturas de 110 novas lojas em formatos compactos e conversão de 25 mega lojas.

A Cia. Hering é a 62ª maior empresa da região e a 15ª maior de Santa Catarina, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ com o apoio técnico da PwC. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.

 https://amanha.com.br/categoria/empresa/catarinense-hering-anuncia-maior-investimento-em-140-anos?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Catarinense+Hering+anuncia+maior+investimento+em+140+anos+-+Grupo+Amanh%C3%A3+%283%29&utm_medium=email&utm_source=EmailMarketing&utm_term=News+Amanh%C3%A3+05_03_2021

quinta-feira, 4 de março de 2021



Por R$ 275 milhões

Aliansce compra mais 21% do Shopping Leblon e se torna acionista controladora 

04 março 2021

 

Por Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com - A Aliansce (SA:ALSO3) Sonae comunicou aos acionistas a compra de mais 21% da participação no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, por R$ 275 milhões, passando a acionista controlador, com 51% do empreendimento.

Segundo o documento divulgado nesta quinta-feira (4), o investimento resulta em uma taxa de capitalização de 6,9% sobre o resultado operacional do shopping para 2021. A companhia estima a taxa interna de retorno real e desalavancada em 8,8%.

Para a última aquisição de 4,9% de participação no shopping, ocorrida em maio de 2019, a taxa de capitalização estimada era de 6,7% e foi convertida em 7,3% no final de 2019, informou a companhia.

A empresa diz ainda que a venda e aluguel por m² das lojas satélites do shopping foi de R$ 3.777e R$ 341 em 2019, respectivamente, contra a média do portfólio Aliansce de R$ 2.104 e R$ 155.

Ontem, os papéis da administradora foram negociados a R$ 6,59, com queda acumulada de 16,3% nos últimos trinta dias e alta de 3,78% nas últimas 52 semanas.

 

 https://www.spacemoney.com.br/geral/aliansce-compra-mais-21-do-shopping-leblon-e-se-torna-acionista/163585/

“A única saída é vacina, vacina e vacina”, diz Marcelo Silva, do IDV e do Unidos pela Vacina


Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) e um dos coordenadores do Unidos pela Vacina, explica a situação que o grupo tem encontrado nos municípios do País e os próximos passos do Movimento

 


No início de fevereiro, o movimento Unidos pela Vacina, encabeçado pela empresária Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, foi lançado ao lado de grandes nomes do capitalismo com a meta de ajudar a acelerar a vacinação no Brasil.

Executivos como Paulo Kakinoff, CEO da Gol; Walter Schalka, da Suzano; Nizan Guanaes, fundador da Nideias; Chieko Aoki, CEO da rede de hotéis Blue Tree; João Carlos Brega, CEO da Whirpool na América Latina, e outros pesos-pesados da economia fazem parte do projeto.

Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), também está nesse time e tem feito a ponte entre o Movimento e o Governo Federal. O Unidos Pela Vacina, diz ele, já mapeou a situação em 1.541 municípios brasileiros. O cenário encontrado até agora é preocupante.

“Há uma falta de estrutura nos municípios. Faltam seringas, agulhas, geladeiras, batas”, diz Silva ao NeoFeed. Mas o Movimento, que já conta com a participação de cerca de 1 mil empresários, executivos e profissionais liberais, está trabalhando para acelerar a entrega de suprimentos.

O Unidos pela Vacina tem organizado um plano de distribuição ao lado dos poderes públicos e, para isso, conta com o apoio de uma extensa malha formada pelos transportadores que atuam no varejo. As companhias aéreas Gol e Azul também estão nesse plano.

Paralelo a isso, o grupo prepara uma campanha nacional para conscientizar a população da importância da vacinação. “Temos de acabar com esses mitos de chip e mais não sei o quê. Isso não existe. A gente tem de vacinar. Enquanto não vacinarmos a maioria da população brasileira, não vamos sair desse problema”, diz Silva. Acompanhe os principais trechos da entrevista:

Qual é o propósito do movimento?
Ajudar a acelerar o processo de vacinação. Queremos que toda a sociedade se engaje com a gente. Os poderes público, privado e movimentos que estejam acontecendo.

E qual é o diagnóstico que vocês já têm?
Há uma falta de estrutura nos municípios. Faltam seringas, agulhas, geladeiras, batas.

Como vocês estão mapeando isso?
Com uma pesquisa através do Instituto Locomotiva, do Renato Meirelles. É um questionário num aplicativo, fácil de preencher as demandas de cada município. Estamos conversando também com os secretários estaduais e os governadores para entender quais são os gargalos. E tudo de acordo com o plano nacional de imunização.

Quantos municípios vocês já conseguiram mapear?
A última posição que tive dava conta de mais 1.541 municípios mapeados. E temos um movimento muito importante de fazer campanhas.

Que tipo de campanhas?
Vamos fazer campanhas em redes sociais para conclamar a população a se vacinar. Os mais velhos, todos. Temos de acabar com esses mitos de chip em vacina e mais não sei o quê. Isso não existe. A gente tem de vacinar. Enquanto não vacinarmos a maioria da população brasileira, não vamos sair desse problema. Porque aí vem as cepas, as variantes e aí não saímos desse ciclo vicioso.

“Temos de acabar com esses mitos de chip em vacina e mais não sei o quê. Isso não existe. A gente tem de vacinar”

As fake news estão atrapalhando muito? Você falou de as pessoas acreditarem que tem chip na vacina…
Estão e as pesquisas estão mostrando que tem muita gente nas periferias e nas favelas que acreditam nisso. Tem até uma pesquisa feita pela Central Única das Favelas (Cufa) que traz esse dado.

Mas o movimento vai participar da logística, ajudar na distribuição?
Estamos nos preparando, contatando empresas de transportes, empresas aéreas como a Gol e a Azul, e todos os transportadoras que trabalham com o varejo estão a nossa disposição. O gargalo maior é a vacina. Chegando as vacinas, temos condições de ajudar para acelerar. Um dos nossos lemas é não querer saber do passado, o que não foi feito não nos interessa. Agora, o que nos interessa é o daqui para frente.

Entendo que você não queira olhar para o passado, mas o presente é muito preocupante, aliás, os números são piores. Como você está vendo esse nosso presente?
Com imensa preocupação. Cada dia que passa, a gente fica mais angustiado em obter as vacinas. É a única alternativa para quebrarmos esse círculo vicioso.

Quando teremos as vacinas?
O comprador de vacina é o Ministério da Saúde. O nosso target é vacinar a maioria da população brasileira até setembro.

Do ponto de vista econômico, como está enxergando esse projeto?
A economia só vai deslanchar quando 70% da população estiver vacinada. Enquanto isso, vamos viver esse drama de fecha, abre, lockdown, abre parcialmente. A área de serviços é penalizadíssima. Bares, restaurantes, hotéis, lazer. Tudo isso é, absolutamente, prejudicado. A economia fica travada. Essa queda de 4,1% do PIB só não foi maior porque o auxílio emergencial ajudou muito o consumo.

Qual será o desempenho do PIB nesse ano?
Não quero ser pessimista, mas acho que o primeiro trimestre será prejudicado. Ninguém esperava que em janeiro, fevereiro e março tivéssemos um pico desse. Por isso que a vacina é necessária. A única saída é vacina, vacina e vacina.

Até quando você acha que vamos viver esse abre e fecha?
Nossa esperança é até o fim de março, mas tem experts falando que vai até abril. Depende muito da vacina.

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“O problema não é o lockdown, mas sim ficar com medidas paliativas”, diz CEO da CVC


Em entrevista ao NeoFeed, Leonel Andrade, CEO da operadora de turismo CVC , defende a adesão da população a um lockdown rigoroso de duas a três semanas, fala que o setor de turismo já sente os efeitos dessa segunda onda e diz que a única solução definitiva é a vacinação

 


Leonel Andrade, CEO da CVC (foto: Rafael Arbex/Estadão Conteúdo)

Poucos setores da economia são tão afetados pela pandemia do novo coronavírus como o de turismo. Ao contrário do varejo, que acelerou a digitalização para vender mesmo com as lojas fechadas, uma viagem não realizada nunca mais é recuperada.

Mas, a despeito desse cenário, a recuperação vinha acontecendo. Em dezembro, as vendas chegaram a 50% do ano anterior. Com o recrudescimento da pandemia no Brasil, que tem uma média de mais de mil mortes por dia há mais de 30 dias, as vendas voltaram a recuar.

“Estima-se que o setor vinha em uma recuperação da ordem de 50% sobre o ano anterior e recuou, nos últimos dias, para cerca de 30% a 35%”, diz Leonel Andrade, CEO da operadora de turismo CVC, em entrevista ao NeoFeed. “Agora, com essas medidas mais restritivas nessa semana e daqui para frente, é óbvio que vai reduzir ainda mais.”

Mas não pense que Andrade seja contra as medidas restritivas de circulação, como um lockdown rigoroso. Ao contrário. Nesta entrevista, ele defende o fechamento da economia por duas a três semanas, citando como exemplos países que tomaram essa atitude e obtiveram bons resultados, como Portugal, Itália e Alemanha.

“Não é saúde ou economia? No fim, a gente não resolve nem uma coisa, nem outra”, afirma Andrade. O executivo defende ainda que todos os esforços do setor público e privado sejam direcionados à vacinação. E resume o caminho para sair da crise de forma definitiva. “A única solução está na vacinação urgente, imediata e com muito foco”, afirma Andrade.

O executivo diz que a CVC está preparada para passar por essa fase, até por conta da capitalização realizada pelos acionistas, que colocaram R$ 700 milhões na empresa com o compromisso de mais R$ 400 milhões até setembro deste ano. “Mas o setor é muito pulverizado em muitas pequenas empresas, pequenos empresários, franqueados. E aí ninguém está 100% razoavelmente preparado.” Acompanhe os principais trechos da entrevista:

O Brasil tem batido recordes de mortes por conta da Covid-19, que estão no patamar de mais de mil por dia há mais de um mês. Já há impacto no setor de turismo?
Sim, o que aconteceu é que o setor vinha se recuperando bem até o início de dezembro. E, de meados de dezembro para cá, voltou a ter um recuo forte, porque começaram a ter restrições. Por exemplo, o Nordeste está fechando praias. As pessoas obviamente começaram a ter uma série de inseguranças. Então, há muita requisição para remarcação e cancelamento de viagens. Houve também um recuo forte de compras de novas viagens de novo.

De quanto foi esse recuo?
De grosso modo, estima-se que o setor vinha em uma recuperação da ordem de 50% sobre o ano anterior e recuou, nos últimos dias, para cerca de 30% a 35% de um ano atrás. Agora, com essas medidas mais restritivas nessa semana e daqui para frente, é óbvio que vai reduzir ainda mais.

“O setor vinha em uma recuperação da ordem de 50% sobre o ano anterior e recuou, nos últimos dias, para cerca de 30% a 35%”

Pode explicar melhor esses dados?
São dados pré-pandemia. Quando você compara início de dezembro de 2020 contra dezembro do ano anterior. Nesse período, estava vendendo cerca de 50% menos. Agora, com certeza, vamos para baixo de 30%.

Mesmo com a recuperação que você citou o desempenho do setor ainda estava bem abaixo de uma situação normal, não?
Sim, mas vamos entender. Quando você olha o setor de turismo, há três pilares: o doméstico, o internacional e o corporativo. O corporativo foi muito baixo, quase inexistente em dezembro. O internacional também, com muitas fronteiras fechadas. A recuperação estava todo no doméstico, que chegou a fazer 70% de um ano para outro. Agora, com certeza, vai para cerca de 30%.

Você comentou recentemente que previa que o setor ia voltar para a normalidade em dezembro de 2021. Ainda mantém essa estimativa?
O que eu tenho dito, e mantenho, é que vamos ter, no último trimestre do ano, um movimento muito forte no setor doméstico, voltando a níveis prováveis pré-crise. No internacional não dá para prever, porque, mesmo que você tenha uma vacinação resolvida no Brasil, não significa que as fronteiras estarão abertas. E o corporativo ainda não vai voltar à normalidade.

Como resolver essa situação?
De curtíssimo prazo, acredito que o lockdown tem de ser realizado. Na verdade, por mais dolorido que seja, temos de tomar essa decisão: fechar tudo e todo mundo tem de ter a disciplina de colaborar e dar exemplo. Países como Portugal, por exemplo, fizeram isso e tiveram uma redução drástica. Em duas ou três semanas, eles reduziram drasticamente o contágio com o lockdown. O maior problema para mim não é o lockdown, mas sim ficar com medidas paliativas que não resolvem. E ficamos sempre com incertezas em todos os setores. Obviamente, a vida é muito mais importante do que qualquer coisa. O cliente bom é o cliente vivo. Por mais dolorido que seja, que se feche mesmo durante duas ou três semanas. Se todo mundo fechar, a gente vai ter ganhos substanciais.

“Na verdade, por mais dolorido que seja, temos de tomar essa decisão: fechar tudo”

Que outras medidas?
Outro ponto fundamental é que todo mundo tem que colaborar, lavar as mãos e usar máscara. Isso são coisas básicas. Mas a solução definitiva é a vacinação. Todos nós, seja do setor público ou do setor privado, devíamos estar 100% focados em fazer a vacinação andar e dar certo. Ninguém pode ter dúvida sobre isso. Não é saúde ou economia? No fim, a gente não resolve nem uma coisa, nem outra. A única solução está na vacinação urgente, imediata e com muito foco.

No ano passado, era tudo muito novo e o cenário era de extrema incerteza. Dá para se preparar dessa vez?
Além de não estarmos preparados no ano passado, nós não tínhamos experiência em relação a doença. Ainda havia muita polêmica. As experiências internacionais mostram que o lockdown funciona desde que seja feito com altíssima adesão, como são os casos de Itália, Alemanha, Portugal e vários outros. O que estamos menos preparados é para o vai-e-vem. E quando olhamos no setor de turismo, a pior coisa que pode acontecer é o vai-e-vem. Imagina vender um monte de viagem e depois cancelam ou remarcam? Você não consegue fazer coisa nenhuma com falta de  previsibilidade. O impacto nas companhias aéreas e no setor hoteleiro é gigantesco. E, óbvio, que o impacto financeiro também. É muito melhor meter o dedo na ferida. Por mais dolorido que seja, se tem uma perspectiva de melhorar substancialmente, é melhor que se tome essa medida.

E a CVC está mais preparada para essa segunda onda da pandemia?
A CVC está beneficiada pelo aporte de capital feito pelos acionistas (foram R$ 700 milhões com compromisso de mais R$ 400 milhões até setembro deste ano). Isso faz com que ela tenha capacidade de passar por essa fase. Mas o setor é muito pulverizado em muitas pequenas empresas, pequenos empresários, franqueados. E aí ninguém está 100% razoavelmente preparado. O melhor é que a gente consiga sair rápido da crise. E, para isso, no curto prazo, precisa de lockdown. E foco em vacina para que, nos próximos meses, a gente consiga de fato ter o Brasil em outro patamar.

Que medidas foram tomadas pela CVC?
Foram tomadas muitas medidas de redução de custo e de digitalização. Mas o setor de turismo é muito difícil. No setor de varejo, como Casas Bahia ou Magazine Luiza, o produto vai até o cliente. Chega tudo em casa: livro, flores, farmácia, supermercado e eletroeletrônico. Agora, em viagem, não. É você que vai até a viagem. Então, por mais que se faça qualquer investimento é sempre paliativo, porque não substitui a transação. No setor de turismo, não existe paliativo, a não ser a vacinação.

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“O brasileiro desencanou da pandemia”, diz o presidente do Hospital Albert Einstein


Em entrevista ao NeoFeed, Sidney Klajner afirma que, no fim do ano passado, boa parte da população começou a viver como se a pandemia não existisse mais, revela que a ocupação dos leitos do hospital está no limite e reflete sobre o que levou o País a chegar a essa situação

 

Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein

No ano passado, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em São Paulo, se preparou para uma guerra para enfrentar a pandemia do coronavírus. Em março logo que a covid-19 “desembarcou no País”, o hospital contratou 1,7 mil profissionais de saúde temporários.

Além disso, transformou quase 300 leitos em unidades de terapia semi-intensiva e de terapia intensiva. A expectativa para os altos índices de contaminação era tão grande que a instituição chegou a montar um hospital de campanha no estacionamento da sede, localizada no bairro do Morumbi.

No fim das contas, em 2020, o fluxo foi grande, porém, não chegou ao que se esperava. Mas, por incrível que pareça, ele chegou em 2021. “Em janeiro batemos o recorde de leitos ocupados, que foi 155 e esse recorde já foi batido três vezes. Hoje estamos no máximo que já tivemos com 164 leitos ocupados por covid”, diz ao Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein, ao NeoFeed.

Atualmente, por conta da covid-19 e também devido ao aumento das cirurgias eletivas que estavam reprimidas, a ocupação do hospital chegou a 99%. “Está muito além do limite. O jeito de a gente navegar bem, tendo um pulmão de funcionamento de gestão, varia entre 90% e 92%. O ideal, com os gestores mantendo tudo bem, seria 90% de ocupação.”

Na entrevista exclusiva ao NeoFeed, Klajner fala sobre o que mudou com essa segunda onda mais forte, o aumento do nível de transmissão causado pela nova cepa de covid-19, a preocupação com o aumento no número de casos e também reflete sobre a mudança de comportamento da população no fim do ano passado, quando as pessoas começaram a relaxar.

Klajner, que também comentou a nova fase vermelha imposta no estado de São Paulo, não deixou de dar o seu recado aos governantes. “Há a falta de uma liderança única, em que a população confie de maneira adequada. Como muitas lideranças estão falando de maneira diferente, você acaba escolhendo aquilo que melhor lhe aprouver para seguir”, disse. Acompanhe:

No ano passado, o Einstein estava se preparando para uma guerra. Naquela época não aconteceu o que se imaginava. O caos chegou agora?
Na verdade, o caos está presente de novo, de uma maneira muito mais real do que foi na primeira onda. Mas também com uma expertise de quem lida com isso um pouco melhor, no sentido de saber quem deve estar internado e em que momento isso tem de acontecer. Temos um pouco de domínio, principalmente, sabendo aquilo que não funciona, que está documentado e demonstrado apesar de algumas lideranças insistirem em tratamento precoce.

O que funciona?
A única salvação nossa de tratamento é vacina.

O hospital está mais cheio?
Há uma demanda reprimida das doenças que não são a Covid, pacientes procurando o hospital de forma mais intensa. Principalmente as doenças de alta complexidade. Portanto, a demanda reprimida e a falta do controle das doenças que aconteceram durante o ano passado estão fazendo com que a ocupação do que não é covid-19 seja muito alta.

“O caos está presente de novo, de uma maneira muito mais real do que foi na primeira onda”

Quais doenças?
Oncológicas que faltaram controle, doenças cardiológicas. No meu caso, que sou cirurgião do aparelho digestivo, tenho operado com atraso procedimentos eletivos que estavam agendados e foram cancelados no ano passado. Tudo isso demanda o sistema de saúde em um momento em que a covid está demandando o sistema de saúde. Vou te dar um exemplo, de quinta-feira para sexta-feira da semana passada, tivemos 70 admissões do pronto-socorro para internação. Destas, 26 eram covid. Ou seja, um terço era covid e dois terços não eram.

Mas aumentou muito a covid em relação ao que estava?
Sim, aumentou. No ano passado, tivemos um pico, em maio, de 138 leitos ocupados por covid. Em agosto tivemos uma estabilidade de mais ou menos 50 leitos ocupados por covid, o que durou quatro meses. Em novembro, começou a subir. Em janeiro batemos o recorde de leitos ocupados, que foi 155 e esse recorde já foi batido três vezes. Hoje estamos no máximo que já tivemos com 164 leitos ocupados por covid. E, deste total, 74 pacientes estão ou na UTI ou na semi-intensiva.

Já chegou no limite? Está faltando UTI?
O preparo que o Einstein teve, desde janeiro do ano passado, esperando uma situação catastrófica com as notícias que vinham da Itália e Espanha, fez com que o time estivesse pronto. Através de inovações e infraestrutura, como portas que isolam o ambiente, temos capacidade de transformar uma ala normal e uma ala exclusiva de covid-19 muito rápido. Dos 610 leitos do hospital, temos capacidade de transformar 300 em UTI.

Mas, hoje, qual é a taxa de ocupação do hospital?
Hoje, a taxa de ocupação está em 99%. Está muito além do limite. O jeito de a gente navegar bem, tendo um pulmão de funcionamento de gestão, varia entre 90% e 92%. O ideal, com os gestores mantendo tudo bem, seria 90% de ocupação. A ocupação é máxima e, graças a nossa expertise, não temos deixado ninguém sem leito.

“A única salvação nossa de tratamento é vacina”

Essa situação preocupa?
Preocupa muito. Pode chegar num ponto de ter de suspender atendimentos eletivos. Por enquanto, não estamos avaliando isso. O que estamos fazendo é descentralizar procedimentos de baixa complexidade para outras unidades nossas externas, estamos sensibilizando o corpo clínico autônomo para dar alta mais cedo, de horário. Disponibilizamos uma equipe de médicos que é contratada para oferecer a oportunidade de eles darem alta para o paciente sem a necessidade de esperar o titular chegar. Orientamos também que as cirurgias eletivas não fiquem concentradas numa sexta-feira e se distribua durante toda a semana.

O que mudou no perfil da doença, do ano passado para cá?
Em ciência, não podemos afirmar com certeza aquilo que a gente observa, você precisa de dados comparativos para poder falar. Mas o que tem comprovação de trabalhos mais controlados é que a transmissibilidade dessa nova cepa é muito maior. Agora, não dá para afirmar que letalidade é maior e nem que acomete pessoas mais jovens. Na verdade, quem está se aglomerando e fazendo festa são os jovens. Estatisticamente, você vai ver mais jovens internados.

Você disse que o nível de transmissibilidade aumentou. Quanto?
Três ou quatro vezes mais. No início da pandemia, uma pessoa contaminava três outras, agora uma contamina dez.

O que você diria para as pessoas que estão na rua sem se cuidar?
Não é nem dizer, é suplicar. O brasileiro, de uma hora para outra, no fim do segundo semestre do ano passado, desencanou da pandemia como se ela não existisse mais. Passaram a ignorar e ter uma convivência normal a ponto de marcar reuniões e festividades. É uma doença de transmissão aérea.

“No início da pandemia, uma pessoa contaminava três outras, agora uma contamina dez”

Na sua opinião, por que as pessoas desencanaram?
Parte da nossa cultura brasileira, da cultura latina, é de encontrar pessoas. Existe essa parte cultural e também o cansaço de estar confinado, de não encontrar pessoas, de não celebrar. Principalmente as pessoas mais jovens, mas eles são veículos e trazem infecção para aqueles que têm alto risco e estão em casa.

Qual é a solução para diminuir essa curva de contaminação?
Existem duas medidas que podem frear o que está acontecendo agora. Uma delas é o uso constante de equipamento de proteção e a outra é o distanciamento que pode ser imposto ou adotado como um modelo de vida.

Como modelo de vida, vimos que não funcionou, as pessoas não adotaram isso…
Há a falta de uma liderança única, em que a população confie de maneira adequada. Como muitas lideranças estão falando de maneira diferente, você acaba escolhendo aquilo que melhor lhe aprouver para seguir. Então, se não tem uma liderança para ditar o modelo de comportamento, você tem de impor uma restrição como foi imposta agora no Estado de São Paulo para a fase vermelha.

“Se não tem uma liderança para ditar o modelo de comportamento, você tem de impor uma restrição como foi imposta agora no Estado de São Paulo para a fase vermelha”

Fará diferença?
Essa imposição vai fazer diferença para frear a contaminação, o Brasil está acima de 80% de ocupação de leitos. Outra medida é a adoção da máscara, tem um impacto brutal. Usar a máscara, evitar festas, eventos. As torcidas receberam os times campeões da Libertadores e do Brasileiro como se não tivesse pandemia. Isso é fruto de uma liderança dúbia ou tripla onde cada um coloca aquilo que é mais importante. O que é mais recomendado hoje é máscara, higienização e distanciamento e lockdown. A Europa está mostrando isso.

As classes mais abastadas também relaxaram bastante. O pessoal não se ligou?
Não é que não se ligou, às vezes não vê com tanta importância porque sabem que têm por trás uma instituição para cuidar. Tem o cansaço, a falta do entendimento, a colocação da manutenção da economia como algo prioritário, não antevendo que essa é uma crise de saúde e, se morrermos, não teremos economia.

Se as pessoas tinham essa segurança de contar com o atendimento de uma instituição, no cenário atual, com a iminência de hospitais privados estarem 100% ocupados, essas pessoas tomarão mais consciência de que pode faltar atendimento?
Acho que sim. O que aconteceu no Rio Grande do Sul, de atingir 100%, de hospitais de altíssima qualidade fecharem suas portas para pacientes que chegam de ambulância, talvez seja um alerta. Isso pode acontecer aqui do lado.


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Butantan recebe insumos para 14 milhões de doses da CoronaVac

 



João Doria
“Esta é a maior de todas as remessas que já chegaram”, disse o governador João Doria (PSDB) (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Instituto Butantan recebeu na manhã desta quinta-feira um novo lote do insumo farmacêutico ativo (IFA) da CoronaVac, vacina contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac, para o envase de 14 milhões de doses do imunizante que serão entregues ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde.

A carga, importada da China, chegou ao aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, depois de passar por escalas em Helsinque, na Finlândia, e em Lisboa, em Portugal, disse o governo do Estado de São Paulo, ao qual o Butantan é vinculado, em nota.

“Esta é a maior de todas as remessas que já chegaram”, disse o governador João Doria (PSDB), que acompanhou a chegada do lote.

Até o momento, o Butantan entregou 14,45 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde. Além da vacina envasada em São Paulo, o PNI conta até o momento com 4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com a Universidade de Oxford, que foram importadas prontas da Índia.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao governo federal, tem um acordo com a AstraZeneca e recebeu IFA para envasar o imunizante da farmacêutica anglo-sueca.

O Butantan tem contrato com o Ministério da Saúde para fornecer 100 milhões de doses da CoronaVac e espera concluir essa entrega até agosto.

Além disso, a pasta manifestou interesse em comprar mais 30 milhões de doses do imunizante e, segundo o presidente do Butantan, Dimas Covas, o instituto concordou em realizar o fornecimento, mas a formalização do acordo depende de mudanças contratuais solicitadas pelo Butantan à pasta.

O instituto quer retirar do novo contrato a cláusula de exclusividade presente nos acordos anteriores envolvendo a CoronaVac.

Taesa vê lucro saltar 195% no 4° trimestre com ajuda do IGP-M



Energia Eletrica
No ano, a companhia encerrou com margem Ebitda de 81,9%, contra 82,7% em 2019 (Imagem: Pixabay)

A transmissora de energia elétrica Taesa (TAEE11) registrou lucro líquido de 829 milhões de reais no quarto trimestre de 2020, um salto de 194,7% na comparação anual, ajudada pela disparada do IGP-M, que corrige parte de seus contratos, e após aquisições e conclusão de projetos.

A empresa, controlada pela estatal mineira  Cemig (CMIG3) e pela colombiana ISA, fechou 2020 com ganhos totais de 2,26 bilhões de reais, pouco mais que o dobro do resultado de 1,1 bilhão em 2019, segundo balanço divulgado na noite de quarta-feira.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) regulatório foi de 302 milhões de reais no último trimestre de 2020, alta de 17% ano a ano, com margem de 78,9%, contra 76,1% em mesmo período de 2019.

No ano, a companhia encerrou com margem Ebitda de 81,9%, contra 82,7% em 2019.

A receita líquida da Taesa para o período de outubro a dezembro somou 1,17 bilhão de reais, com significativa expansão de 148,5% em base anual, “em função das aquisições recentes e entrada em operação de algumas concessões”, segundo a empresa.

Também houve impacto positivo do reajuste inflacionário de receitas asseguradas em contratos de concessão da empresa, parte eles associados ao índice de inflação IGP-M, que disparou em 2020, com alta acumulada de 24,5% no ano.

Enquanto no último trimestre de 2020 o IGP-M avançou um acumulado de 11,24%, em 2019 o índice chegou a ter variação negativa de 0,01% em setembro e acumulou 0,97% nos últimos três meses, destacou a Taesa.

A correção monetária dos ativos rendeu 493,5 milhões de reais em receita líquida para a empresa no trimestre, impressionantes 1.290% a mais que no mesmo período de 2019. No fechado do ano, foram 1 bilhão de reais, alta de 513%.

Além disso, a Taesa concluiu em 2020, no primeiro semestre, as aquisições da São João Transmissora, São Pedro Transmissora e Lagoa Nova Transmissora, enquanto energizou dois empreendimentos novos, EDTE e Mariana.

 Com esses efeitos, a Taesa destacou que voltou a registrar crescimento do resultado operacional após dois anos de redução de receita devido à menor remuneração de linhas de transmissão mais antigas.

Os custos, despesas, depreciação e amortização regulatórios da companhia aumentaram 9,6% no último trimestre, para 143,6 milhões de reais, enquanto avançaram 18,8% em 2020, para 517,8 milhões.

TAEE11 Taesa
Com esses efeitos, a Taesa destacou que voltou a registrar crescimento do resultado operacional após dois anos de redução de receita devido à menor remuneração de linhas de transmissão mais antigas (Imagem: Facebook/Taesa)

Mas custos com pessoal, material, serviços e outros recuaram 0,4% no último trimestre, para 80,9 milhões, embora tenham subido 14,6% no ano, para 275,7 milhões de reais.

A Taesa fechou 2020 com investimentos totais de 1,5 bilhão de reais, contra 718,3 milhões em 2019. O valor ficou abaixo do previsto pela companhia, devido ao atraso em uma licença ambiental, mas a Taesa disse que aumentou com isso as projeções para 2021.

A companhia prevê aportes neste ano (Capex nominal) de entre 570 milhões e 630 milhões de reais, contra de 310 milhões a 340 milhões antes.

Dividendos

O conselho da Taesa aprovou proposta de 561,9 milhões de reais em dividendos adicionais propostos, a serem pagos até 31 de maio, ou 1,63 real por Unit.

Caso a proposta seja aprovada em assembleia, a empresa terá distribuído um total de 1,6 bilhão de reais em proventos aos acionistas pelo resultado de 2020, incluindo pagamentos anteriores, ou 98,5% do lucro líquido ajustado.

Taesa Setor Elétrico Empresas
O conselho da Taesa aprovou proposta de 561,9 milhões de reais em dividendos adicionais propostos, a serem pagos até 31 de maio, ou 1,63 real por Unit (Imagem: Facebook da Taesa)

A Taesa encerrou 2020 com dívida líquida de 5,2 bilhões de reais, alta de 12,6% frente ao final do terceiro trimestre. A companhia tem 905,6 milhões de reais em caixa.

A alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda ficou em 3,8 vezes ao final do ano, acima das 3,4 vezes ao fim de setembro de 2020.


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