Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Marcelo Grether, líder de M&A e novos negócios do Grupo Decolar: aquisições não param por aqui (Divulgação/Exame)
O grupo argentino Despegar.com, que opera no Brasil com a marca Decolar.com,
anunciou nesta quinta-feira, 10, a compra de uma fatia de 51% da
startup brasileira Stays.net, pelo valor de 15,65 milhões de reais (3
milhões de dólares).
Fundada em 2016 pelo alemão Sven dos Santos, a Stays.net é
uma channel manager, ou seja, uma empresa de software de gestão voltada
para a reserva de aluguéis por temporada. Por meio da plataforma
desenvolvida pela Stays é possível centralizar e gerenciar reserva de
mais de 30 canais de anúncios diferentes.
Atualmente, a startup conta com um portfólio de mais de 17 mil imóveis e tem Airbnb, Booking e Expedia entre os seus clientes.
A compra da Stays.net é mais uma da lista recente da Decolar, que vem
apostando em uma estratégia de crescimento via aquisições. Em 2019, o
grupo argentino comprou a Viajes Falabella por US$ 27 milhões, companhia
de turismo chilena com forte atuação no Chile, Peru, Colômbia e
Argentina. Um ano depois, em 2020, adquiriu a fintech brasileira Koin,
especializada em parcelamento via boleto, por 20 milhões de reais.
Embora não tenha revelado quais serão as próximas investidas, Marcelo
Grether, líder de M&A e novos negócios do Grupo Decolar, afirmou
que a Stays.net não será a última aquisição da companhia.
“Estamos vendo outras oportunidades, mas, de um modo geral buscamos
empresas que tenham como características principais atuação na América
Latina, já que esse mercado é o nosso foco, capacidade de agregar valor,
seja por meio de uma marca forte ou novos canais de venda e, por
último, consiga se integrar à nossa plataforma rapidamente”.
A Stays.net chega para completar a expansão da Decolar que, desde 2019, quer ir além da venda de passagens aéreas.
Por conta disso, a companhia passou a oferecer serviços como ingressos
para atrações, transfers dos aeroportos, seguro viagem e aluguel de
carros.
“Hoje, o aluguel por temporada tem uma participação pequena nas
nossas vendas, cerca de 5% a 7%. Mas sabemos que esse segmento, que já
cresceu bastante durante a pandemia, tem muito potencial para ser
explorado”, afirma Grether.
Recuperação pós-pandemia
Assim como outras empresas do setor de turismo, a
Decolar.com sofreu com a pandemia. No primeiro trimestre do ano passado,
em meio à segunda onda da Covid-19 no Brasil, a Despegar.com teve um
resultado negativo de 37,4 milhões de dólares, uma queda de 146% em
comparação ao ano anterior.
Com o avanço da vacinação e retomada do setor, a Decolar parece ter
recuperado parte das perdas. Segundo o balanço do quatro trimestre de
2021, também divulgado hoje, a companhia teve um crescimento nas vendas
de 46%, totalizando 958,8 milhões de dólares, o equivalente a 75% do
nível pré-pandemia registrado no último trimestre de 2019.
“É muito difícil definir quando o setor do turismo como um todo vai
se recuperar totalmente. Achávamos que em dezembro de 2021 as coisas já
estariam normalizadas, mas veio a Ômicron e tivemos uma desaceleração”,
diz Grether.
“Mesmo assim, os números do quarto trimestre mostram que a Decolar
está se acomodando e esperamos uma recuperação cada vez mais rápida
daqui pra frente”, completa o executivo.
PARIS (Reuters) – A Stellantis acredita que pode ganhar terreno
no mercado de veículos elétricos e alcançar a líder Tesla nos próximos
anos, afirmou o presidente-executivo do grupo automotivo, Carlos
Tavares, nesta sexta-feira.
A quarta maior montadora de veículos do mundo apresentou neste mês
seu primeiro plano de negócios, com o objetivo de dobrar receita para
300 bilhões de euros por ano até 2030, ampliando esforços em modelos
eletrificados.
“Tenho muita confiança, e estou tentando não soar arrogante, sobre o
fato de que vamos alcançar a Tesla nos próximos anos e será uma
competição muito saudável”, disse Tavares a jornalistas.
O executivo também defendeu maior investimento em infraestrutura de
recarregamento de baterias na Europa e Estados Unidos, para que a
ampliação da disponibilidade do serviço possa convencer famílias a
confiarem em carros elétricos.
Tavares afirmou ainda que a Stellantis vai transferir a produção de
veículos comerciais da Rússia para a Europa Ocidental e que congelou
planos de novos investimentos no país após a invasão à Ucrânia.
A decisão reverte um plano anterior divulgado em janeiro de usar a
Rússia como base de exportação para atender a forte demanda da Europa
Ocidental.
Com o aporte, empresa quase triplica de tamanho e projeta crescer 50%
Os
fios entrelaçados que contam a trajetória de 35 anos da gaúcha Biamar
se abrem para um novo momento da marca, considerada uma das mais
importantes no segmento de malhas e tricots do Brasil. Com investimento
que ultrapassa os R$ 60 milhões, a empresa familiar revela ao público,
no dia 14 de março, seu novo complexo de mais de 22 mil metros
quadrados.
As inéditas instalações estão interligadas por um
túnel subterrâneo e por uma passarela ao antigo prédio, na Rua Júlio de
Castilhos, no bairro Vicentina, em Farroupilha, na Serra Gaúcha.
Dividido em seis andares, o edifício abrigará loja de dois pisos,
estoque de produtos a pronta entrega, depósito, entre outros. De forma
provisória, o espaço acomodará também a tecelagem e passadoria, até a
conclusão da ampliação da sede anterior, quando voltarão para o local.
"A
nova sede foi planejada para atender melhor o cliente lojista, que sai
da sua casa, da sua cidade para vir até Farroupilha fazer as compras
para a sua loja. Queríamos oportunizar uma experiência melhor, um
atendimento mais satisfatório e um mix maior de produtos. Com a
ampliação do espaço também poderemos desenvolver e lançar várias outras
linhas, algumas das quais já estão em desenvolvimento", explica o
diretor Itacir Ari Marmentini, que divide a sociedade do grupo Biamar
com a irmã, Devilda Marmentini Biazoli, e com o cunhado Segundo Biazoli.
Além da marca homônima, a companhia é detentora das marcas aBênção,
BlackPool e Urbanity.
Marca projeta crescer 50%
Com o novo prédio, a Biamar vai duplicar a área industrial e
quadruplicar o tamanho da loja, com produtos a pronta entrega e 27
caixas para atendimento. Com a ampliação, a companhia está gerando 50
vagas de empregos diretos e projeta aumentar em 50% o faturamento.
A
designer de moda e coordenadora de Criatividade e Estilo da Biamar,
Suélen Biazoli, explica que a pandemia trouxe muitos desafios, fazendo
com que a marca lançasse novos produtos e apostasse em linhas inéditas
nos últimos dois anos. A inovação resultou numa expansão de 40% na
receita da companhia durante período.
"Após as restrições do
isolamento social em 2020, tínhamos uma enorme preocupação com a
segurança dos nossos funcionários e, por esse motivo, desenvolvemos uma
máscara de proteção, que atendia as recomendações da OMS. Por ser
extremamente ergonômico, o produto passou a ser confeccionado para venda
ao público, e isso auxiliou de forma relevante no crescimento da nossa
empresa nos últimos dois anos. Neste período, também expandimos muito as
comercializações de produtos de tecido plano, lançamos a linha de shoes
e desenvolvemos e apostamos em matérias-primas próprias", contextualiza
Suélen, que integra a segunda geração da família na administração do
negócio.
A Biamar conta com 108 teares da empresa japonesa Shima
Seiki, uma linha de tecelagem em funcionamento 24 horas e produz mais de
3 mil peças por dia. Os produtos são confeccionados em tecnologia fully
fashion, que garante o menor desperdício possível.
Apesar de notícia positiva de redução do IPI, reflexos negativos sobre a economia perante ao conflito serão inevitáveis
Eduarda Pereira
A indústria automobilística apresentou discreta melhora nos indicadores em fevereiro
Depois
de um primeiro mês mais fraco, a indústria automobilística apresentou
discreta melhora nos indicadores em fevereiro, de acordo com o balanço
divulgado nesta terça-feira (8) pela Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores (Anfavea). Mesmo com um dia útil a menos, a
produção de 165,9 mil unidades cresceu 14,1% em relação a janeiro. O
primeiro bimestre do ano tem desempenho 21,7% inferior ao do mesmo
período de 2021, quando não havia uma crise de abastecimento de
semicondutores, nem mesmo uma variante tão contagiosa da Covid-19 como a
ômicron, que recentemente afastou muitos funcionários da linha de
montagem.
Já os licenciamentos totalizaram 129,3 mil veículos,
2,2% a mais que em janeiro e 22,8% a menos que em fevereiro do ano
passado. "As notícias de que o IPI automotivo estava prestes a ser
reduzido fizeram com que muitos clientes adiassem a concretização do
negócio", explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. A
expectativa é uma reação melhor do mercado em março, um mês mais longo,
sem feriados, com vários modelos com preços reduzidos nas lojas e
historicamente mais aquecido que janeiro e fevereiro.
Um
resultado bem mais expressivo veio das exportações, com 41,4 mil
unidades enviadas a outros países, 49,6% a mais que em janeiro e 25,4%
superior a fevereiro de 2021. No acumulado do bimestre, os embarques
cresceram 17,3% sobre igual período do ano passado, num esforço das
empresas para cumprir contratos atrasados por conta da pandemia e das
quebras na cadeia logística. Já os estoques nas fábricas e nas redes de
concessionárias cresceram de 114,4 mil veículos em janeiro para 120,1
mil no fim de fevereiro, permitindo leve redução nas filas de espera
para os modelos de maior procura e lançamentos recentes.
Redução do IPI e guerra na Ucrânia
O
setor automotivo foi surpreendido por duas notícias simultâneas no fim
de fevereiro: uma muito positiva e a outra alarmante. A boa nova foi a
redução de 18,5% do IPI para automóveis e comerciais leves. "É sempre
muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tributária
sobre a indústria de transformação no Brasil. A redução do Custo Brasil,
embora ainda tímida, é benéfica não só para o setor industrial, mas
também para a geração de empregos, para os consumidores e para a
sociedade como um todo", afirmou Moraes.
Por outro lado, o setor
vê com enorme perplexidade a invasão da Ucrânia pela Rússia. "Ainda é
cedo para avaliarmos os inevitáveis reflexos negativos sobre a economia
global e sobre o fluxo da cadeia logística do nosso setor, mas estamos
atentos e preparados para mitigar os danos e buscar alternativas em caso
de falta de insumos ou componentes", prometeu o presidente da Anfavea.
Mesmo
depois de todos os onze ministros apresentarem seus votos no julgamento
da revisão da vida toda, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal
Federal (STF), pediu
destaque do plenário virtual. Com isso, o julgamento, que estava 6 a 5 a
favor dos aposentados, será reiniciado no plenário físico.
Com a manobra, o voto do relator Marco Aurélio Mello, de acordo com
as regras do plenário virtual, não seria aproveitado e o novo ministro,
André Mendonça, ex-AGU, poderá votar e alterar o placar. Mas alguns
ministros, que consideraram o destaque como uma tentativa de manipular o
resultado do julgamento, articulam uma questão de ordem para manter o
voto de Marco Aurélio, a favor dos beneficiários.
O julgamento sobre a revisão da vida toda ocorre no RE 1.276.977.
Neste processo, segurados do INSS buscam recalcular suas aposentadorias
incluindo, na composição da média salarial, contribuições
previdenciárias realizadas antes de julho de 1994. Isso porque, em 1999,
uma reforma na legislação previdenciária mudou as fórmulas de cálculo
dos benefícios e definiu que, para pessoas que já contribuíam com o INSS
naquela época, os pagamentos antes do Plano Real (1994) não seriam
considerados.
Na última sexta-feira (4/3), o ministro Alexandre de Moraes havia
desempatado o julgamento e votado a favor dos aposentados. Moraes
acompanhou o relator, ministro Marco Aurélio, já aposentado, e o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o assunto, no
sentido de que o segurado do INSS tem, diante de mudanças nas regras
previdenciárias, o direito de optar pela regra que lhe seja mais
favorável. Ou seja, uma vitória para os beneficiários e uma derrota para
o governo. Leia a íntegra do voto de Alexandre de Moraes.
De acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e nota técnica
do Ministério da Economia, o impacto de autorizar a ‘revisão da vida
toda’ para os cofres públicos é de R$ 46,4 bilhões ao longo de dez anos.
Conforme informou o jornal o Estado de S. Paulo, a União atualizou os
cálculos do impacto aos cofres públicos para R$ 360 bilhões em 15 anos.
O grupo “Lesados pelo INSS Revisão da Vida Toda” contesta a previsão
do órgão federal e contratou estatísticos e matemáticos, que estimam
impacto econômico entre R$ 2,7 bilhões e R$ 5,5 bilhões nos gastos
federais com Previdência, conforme a mediana do indicador de inflação.
O relator, Marco Aurélio, havia opinado que não é legítima a
imposição de regra de transição mais gravosa que a definitiva.
“Desconsiderar os recolhimentos realizados antes da competência julho de
1994 contraria o direito ao melhor benefício e a expectativa do
contribuinte, amparada no princípio da segurança jurídica, de ter
levadas em conta, na composição do salário de benefício, as melhores
contribuições de todo o período considerado”, ponderou. Leia a íntegra do voto do relator.
O relator propôs a seguinte tese de repercussão geral: “Na apuração
do salário de benefício dos segurados que ingressaram no Regime Geral da
Previdência Social até o dia anterior à publicação da Lei nº 9.876/1999
e implementaram os requisitos para aposentadoria na vigência do
diploma, aplica-se a regra definitiva prevista no artigo 29, incisos I e
II, da Lei nº 8.213/1991, quando mais favorável que a norma de
transição”. Os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia, Rosa Weber e
Lewandowski acompanharam Marco Aurélio.
A divergência
O ministro Nunes Marques, responsável pelo destaque, havia aberto a
divergência, argumentando que o recurso sequer deveria ser conhecido por
uma questão formal, não fosse um erro cometido pelo STJ. Para Marques, a
Corte, ao acolher a tese da revisão da vida toda, de certa forma
entendeu ser inconstitucional a regra de transição da Lei 9.876/1999.
Porém, sustenta o ministro, a decisão foi proferida pela Primeira Seção
do STJ, quando somente o Órgão Especial é quem poderia declarar uma
norma inconstitucional.
No mérito, Marques entende que a tese não deve prosperar porque
entende ser uma falsa premissa o fato de que seria mais vantajoso para o
segurado considerar o cálculo de todo o período de contribuição,
inclusive antes de 1994. Segundo o magistrado, os trabalhadores tendem a
ter maiores salários na fase mais madura da vida, e não no começo de
carreira laboral, de sorte que, em tese, considerar todo o período
contributivo é incluir no cálculo as suas primeiras e presumivelmente
menores remunerações. Marques ainda destacou os impactos aos cofres
públicos que a autorização da revisão da vida toda poderia causar. Leia a íntegra do voto de Nunes Marques.
Assim, o ministro votou por dar provimento ao recurso do INSS e
propôs a seguinte tese de repercussão geral: “É compatível com a
Constituição Federal a regra disposta no caput do art. 3º da Lei
9.876/1999, que fixa o termo inicial do período básico de cálculo dos
benefícios previdenciários em julho de 1994 ”. Foi acompanhado pelos
ministros Toffoli, Barroso, Fux e Gilmar Mendes.
O que é a revisão da vida toda?
Em 1999, foi promulgada a Lei 9.876, uma reforma previdenciária que
criou duas fórmulas para apuração da média salarial, sobre as quais são
calculadas as aposentadorias. A regra geral definiu que, para
trabalhadores que começassem a contribuir a partir de 27 de novembro de
1999, o cálculo da previdência deveria ser sobre 80% dos recolhimentos
mais altos desde o início das contribuições.
Mas a mesma lei fixou uma regra de transição para quem já era
contribuinte: o benefício deveria ser calculado a partir das
contribuições realizadas a partir de julho de 1994 (quando foi
instituído o Plano Real). No STF, os segurados visam uma revisão, para
incluir nos cálculos todo o período de contribuição do segurado, e não
só após 1994. Dessa forma, beneficiaria os segurados que tiveram as
maiores contribuições antes desse período.
Até 1994, o país tinha uma alta inflação devido às mudanças
frequentes de moedas. Naquele ano, foi instituído o Plano Real. A Lei
9.876/1999 então definiu que iriam ser considerados os salários a partir
de julho de 1994. No entanto, algumas pessoas tiveram suas maiores
contribuições antes de 1994. Então quando elas começaram a se aposentar
depois disso, tiveram benefícios menores do que poderiam ter. E muitas
pessoas passaram a entrar no Judiciário para pleitear que a
aposentadoria considerasse todo o histórico contributivo, e não apenas
de 1994 para frente.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em 2019, pela validade
da “revisão da vida toda”, autorizando que, quando mais vantajosa, os
segurados teriam direito ao cálculo da média aritmética simples dos
maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período
contributivo, e não só a partir do Plano Real. O INSS recorreu ao STF
por meio do recurso extraordinário que está sendo julgado agora.
Na ocasião, o STJ fixou a seguinte tese: “Aplica-se a regra
definitiva prevista no art. 29, I e II da Lei 8.213/1991, na apuração do
salário de benefício, quando mais favorável do que a regra de transição
contida no art. 3o. da Lei 9.876/1999, aos Segurado que ingressaram no
Regime Geral da Previdência Social até o dia anterior à publicação da
Lei 9.876/1999″.
As tropas do exército russo invadiram o território ucraniano no dia 24 de fevereiro deste ano.
Desde então, a Ucrânia, segundo maior país da Europa, com população
de 44 milhões de pessoas, está sofrendo ataques e a segurança do
continente está ameaçada.
Empresas multinacionais estão se posicionando e cortando relações
com a Rússia a fim de exercer uma pressão econômica contra o conflito.
A interrupção dos negócios no país não significa, necessariamente,
uma posição contra a guerra, mas uma parada para o entendimento das
implicações do atrito.
Companhias ligadas ao setor da moda responderam à invasão optando por
suspender seus negócios na Rússia. A Vogue Ucrânia instou seus
conglomerados e empresas internacionais de moda e luxo a cessar
colaboração no mercado agressor.
Grandes marcas de moda com Burberry ofereceram ajuda aos ucranianos. Zara e H&M paralisaram suas operações.
As Big Four — PwC, EY, Deloitte e KPMG — empresas que dominam o
mercado de auditoria e consultoria e, juntas, empregam mais de 13.000
pessoas no país, já declararam encerrar suas operações no mercado russo.
BP, Shell, ExxonMobil, Boeing, General Motors, Volkswagen, Ford e
Volvo anunciaram a retirada de suas organizações do país e já
interromperam as vendas.
Disney, Warner Media e Sony Pictures pausaram os lançamentos de
filmes na Rússia. Meta e YouTube bloquearam os meios de comunicação na
região. Twitter pausou os anúncios nos dois países.
A Apple anunciou a pausa de todas as vendas de seus produtos por lá,
assim como sites de mídia social ocidentais tentaram bloquear anúncios
enganosos russos que tentavam inserir Fake News.
Diante da escalada bélica, o levante de empresas se afastando da Rússia cresce e a isola dos mercados globais.
O êxodo empresarial certamente é uma perda significativa para o país,
mas ainda não sabemos o quanto isso também irá respingar do outro lado.
Os telões da Times Square, em Nova Iorque, estampavam o logo da
Bossanova na última segunda-feira, ao lado de anúncios de marcas e
empresas estadunidenses. A ação celebra um clima que, nesta semana, tem
sido de comemoração: o micro venture capital brasileiro que aporta em
startups de estágio inicial atingiu a marca de 1.000 empresas investidas. Juntas, elas valem 6,5 bilhões de reais.
É a primeira vez que um fundo de VC brasileiro chega ao feito. Agora,
a Bossanova perde apenas para a americana Y Combinator em número de
startups investidas no Brasil e América Latina. Apesar do entusiasmo, o
consenso por lá é de que ainda há muito a percorrer. “Chegamos até aqui
depois de uma construção imensa e pela vontade de ir até as startups, ao
invés de esperar por elas”, diz João Kepler, CEO e fundador da
Bossanova.
Mesmo com a pandemia, que chacoalhou os planos do fundo — a meta era
ter 1.000 investidas ainda em 2020 — Kepler afirma que o desempenho da
Bossanova fugiu à curva nos últimos tempos. “Calculamos errado e não há
problema algum em falar isso. Mas ainda assim, 2021 foi um excelente ano
para nós”, diz. A média do desinvestimento, por lá, é de 7,2 vezes o
capital investido e em um prazo médio de dois anos e meio.
Desde 2016, já são 63 exits (saídas), termo que define a última etapa
do ciclo de investimento de uma startup, quando ela é vendida de forma
definitiva. Os exemplos mais bem-sucedidos são os das startups Melhor
Envio, comprada pela Locaweb por 83 milhões de reais; Agenda Edu,
comprada pelo Grupo Eleva; Kinvo, comprada pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME) por 72 milhões de reais e a Repassa, adquirida pela Renner.
“O nosso plano é exatamente esse”, diz Kepler. “Fazer com que essas startups virem alvo de grandes empresas”.
Atingir a meta das 1.000 startups no portfólio era algo já anunciado
pelo fundo desde 2016. Agora, aumentar essa carteira não será um marco
difícil de alcançar — a Bossanova tem hoje 2.000 startups na fila de
espera.
O multiverso empreendedor
Enquanto estuda a próxima métrica numérica relacionada ao portfólio,
Kepler afirma que a proposta do fundo continuará sendo apostar em
quantidade, melhorando o desenvolvimento econômico do maior número de
empreendedores.
Hoje a Bossanova aporta cheques de, em média, 350.000 reais. Segundo
Kepler, a ideia é manter esse padrão, ao invés de entrar em rodadas mais
avançadas, como a série A, por exemplo. “Com 1 milhão de reais, hoje
podemos investir em três empresas, ao invés de reduzir o alcance e
depositar o cheque em apenas uma”, diz.
Dar conta desse crescimento pedirá por mais tecnologia. Na
Bossanova, isso vai se dar com um novo sistema operacional que irá
automatizar a tomada de decisão, assinatura de contratos e outros
processos até então “humanos”. “A intenção é acelerar, permitindo o
crescimento mas sem crescer necessariamente o time”, explica.
A demanda também fez surgir uma nova necessidade por lá: ser
acessível a todos esses empreendedores. Afinal, como responder a tantas
empresas simultaneamente, e de forma que atenda às necessidades
particulares de cada uma? A resposta esteve na criação do que Kepler
chama hoje de comunidade. “Criamos uma comunidade pós-investimento com
inúmeros serviços à disposição”.
A ideia é que nessa comunidade, empreendedores e investidores se
apoiem, tenham acessos a eventos periódicos e serviços de apoio
educacional.
Junto do braço educacional, um novo banco está sendo estruturado para
sustentar o plano da Bossanova em atender a todas as necessidades de um
empreendedor e, consequentemente, mantê-lo na rede. A ideia é que os
fundadores das empresas investidas possam ter acesso facilitado a
serviços como cartão de crédito internacional e antecipação de
recebíveis, por exemplo.
Antecipando todos os cenários possíveis, a Bossanova deve ter uma espécie de multiverso para empreendedores.
“Queremos ir além do cheque, pois quanto mais profissionalizado fica o
mercado, mais decidido o empreendedor fica na hora de escolher a qual VC
recorrer. Queremos ter tudo para que sejamos essa escolha e ele não
precise sair da Bossanova atrás de outro fundo”, diz.
Na prática, o que a Bossanova está fazendo é criar um ecossistema
em torno da marca para ampliar o mix de serviços à disposição de um
cliente (no caso, o empreendedor), e ganhar a preferência ante os demais
concorrentes — uma prática cada vez mais comum em diferentes setores da
economia, em especial o varejo.
“O meu sonho mesmo é chegar a 5.000 startups nos próximos três anos,
mas ainda temos um longo caminho e entendemos a importância de sermos
parceiros e apoiadores do empreendedorismo nacional”, diz. "Seremos
também uma casa de investimentos, ao invés de um fundo de venture
capital tradicional".