terça-feira, 5 de março de 2024

'Quando super-ricos não pagam impostos, é o resto da população que paga', diz economista Gabriel Zucman

 


Jovem branco de terno durante fala

Crédito, Arquivo Pessoal

 

 O trabalho do economista francês Gabriel Zucman, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, têm sido um dos principais pilares de sustentação dos argumentos em defesa da tributação de grandes riquezas nos últimos anos.

Uma de suas publicações mais recentes, o relatório global sobre evasão de impostos de 2024, mostrou que um imposto global de 2% sobre a fortuna de bilionários poderia arrecadar US$ 250 bilhões (R$ 1,24 bilhão) - tributando menos de 3 mil pessoas em todo o mundo.

Discípulo do economista francês Thomas Piketty, Zucman defende que sistemas tributários que facilitam que os super-ricos não paguem impostos levam à instabilidade política e à corrosão das instituições democráticas no longo prazo.

"Quando os super ricos conseguem não pagar pagar impostos, é o resto da população que paga, e isso é insustentável", diz o economista, que também é diretor do Observário de Impostos da União Europeia, em entrevista à BBC News Brasil. 

 

Vencedor de prêmios como a prestigiada medalha John Bates Clark para jovens economistas, Zucman tem sido convocado em diversos países para dar conselhos sobre políticas econômicas - notoriamente, foi considerado o "guru tributário" dos candidatos presidenciais americanos Bernie Sanders e Elizabeth Warren, que concorreram às primárias em 2020.

Na última semana, o economista esteve em São Paulo a convite do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para dar uma palestra em um dos encontros do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo.

Ele discursou para ministros da Economia dos países do grupo com o objetivo de convencer líderes mundiais das vantagens de um imposto global mínimo a ser pago pelos super-ricos.

Em entrevista à BBC News Brasil pouco antes do encontro, Zucman defendeu não apenas as vantagens de uma medida do tipo, mas também a viabilidade de tal acordo.

Ele diz que já existem experiências econômicas internacionais bem-sucedidas e que pesquisas recentes mostram onde os países erraram em tentativas de tributar bilionários no passado.

O economista diz ainda que não haveria um impacto negativo de um imposto sobre riquezas para a grande maioria da população e refuta argumentos de que isso poderia prejudicar o crescimento econômico.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Zucman à BBC News Brasil.

Jovem branco de camisa preta com as mãos no bolso

Crédito, Arquivo Pessoal

 Legenda da foto,

 Zucman une pesquisas teóricas e empíricas sobre impostos e desigualdade

BBC News Brasil - Em seu trabalho o sr. propõe um imposto mínimo sobre grandes riquezas, um imposto global de pelo menos 2%. Qual a diferença entre cobrar imposto sobre riqueza e imposto de renda?

Gabriel Zucman - Essa é uma questão importante. Um ponto de partida é que, de acordo com estudos feitos em diversos países, os super-ricos pagam muito menos imposto proporcionalmente do que o resto da população. O motivo é que, quando você é muito rico, é muito fácil estruturar sua riqueza de forma que ela não gere o que é considerado renda.

Por exemplo, indivíduos como Jeff Bezos [fundador da Amazon] ou Elon Musk [presidente da Tesla], algumas das pessoas mais ricas do mundo, às vezes não têm nenhuma renda passível de tributação. Porque a noção de renda não é muito bem definida para os ricos, eles podem minimizar sua renda.

Então, nossa proposta é que haja um imposto global mínimo sobre riqueza, porque a riqueza é mais bem definida. Se você é bilionário, isso normalmente significa a soma do valor de mercado de todos os seus ativos menos a dívida.

Então, para as pessoas que pagam imposto de renda, não haveria cobrança a mais, mas, para os super-ricos, a cobrança seria uma porção da sua riqueza.

BBC News Brasil - Isso se aplicaria somente aos bilionários? Qual seria o ponto de corte?

Zucman - A ideia é um imposto mínimo global para os muito ricos, e quem entraria nessa categoria é algo que precisa ser discutido. Mas, para começar, cobrar 2% sobre a riqueza dos bilionários é algo que afetaria menos de 3 mil pessoas no mundo todo e geraria uma receita de US$ 250 bilhões.

Conceitualmente, não há nenhum motivo para taxar somente os bilionários, poderíamos taxar pessoas com centenas de milhões de dólares. Mas a ideia geral é ser um imposto para os super-ricos. Não é um imposto para quem só está bem de vida.

BBC News Brasil - Um acordo internacional do tipo é viável? É uma proposta bastante ambiciosa.

Zucman - É viável, com certeza. Quais são as principais dificuldades? Existe o risco de evasão fiscal. Mas a gente pode aproveitar uma iniciativa de grande sucesso em cooperação internacional da última década: a criação do sistema automático de troca de informações bancárias. Isso tornou mais difícil para os ricos esconderem ativos.

Existe a questão de como medir a riqueza, mas, para isso, só precisamos formalizar regras comuns para a avaliação da riqueza, e isso é factível. Outro risco é a competição tributária [quando países ou Estados diminuem os impostos para atrair os ricos], mas um acordo internacional diminui as chances de países "perderem" residentes, porque vai haver um imposto mínimo global.

BBC News Brasil - Mesmo se houver uma cooperação internacional para um imposto mínimo, pode haver países que decidam não aderir. O que impede os super-ricos de se mudarem para esses países? Isso seria algo que precisaria ser unânime para dar certo?

Zucman - Com certeza, haveria países que ficariam de fora do acordo. Mas não precisamos de um consenso global, porque nunca vai haver um consenso realmente global. É possível ter um grande número de países, como aconteceu em 2021, quando 130 países concordaram com um imposto mínimo de 15% para multinacionais.

Alguns países não ratificaram o acordo, mas há uma cláusula que diz que os países que ratificam o acordo têm o direito de tributar as empresas multinacionais dos países que não cooperarem para que a sua taxa efetiva de imposto também atinja 15%, então, poderíamos aplicar essa lógica na tributação dos super-ricos.

É possível que um grande número de países concordem, mas mesmo que alguns não concordem, isso não seria um problema, porque sempre podemos arrecadar os impostos que os outros países não arrecadam. Os países podem dizer, 'olha, mesmo que você se mude para um paraíso fiscal, vamos continuar cobrando o imposto, então a mudança nem faz mais sentido'. Cria-se um mecanismo que, se um país não arrecadar aquele imposto, vai ter mais dinheiro na mesa para os outros arrecadarem.

BBC News Brasil - Como isso funcionaria?

Zucman - Haveria dificuldades se fosse um acordo somente de países pequenos. Mas, se grandes países do G20 concordarem e uma grande massa crítica aderir, não seria um problema se alguns outros países não aderissem, porque os países que aderissem poderiam cobrar os bilionários até atingir 2% da riqueza total - na medida em que eles têm necessariamente investimentos nos países que ratificaram ou durante o tempo em que passam nesses países.

Hoje, os muito ricos obtêm sua riqueza por possuírem empresas que têm clientes em todo o mundo e produzem em todo o mundo. Foi assim que se resolveu o problema da competição tributária no acordo para o imposto mínimo sobre multinacionais.

O resumo é que é possível criar esse imposto de uma forma que os ricos não poderiam evitá-lo se mudando. É muito importante entendermos que a competição tributária internacional não é uma lei da natureza. É uma escolha política. Podemos escolher tolerar isso ou não.

 Sombra de um homem em frente a uma apresentação com uma foto de um leão

 

Crédito, Agência Brasil

 Legenda da foto,

 No Brasil, milionários pagam menos impostos que professores, médicos e policiais

BBC News Brasil - Falamos de dificuldades operacionais e soluções, mas e as dificuldades políticas?

Zucman - A gente vê que há um caminho político em muitos países para isso. Um exemplo marcante são os Estados Unidos. Olha a evolução, é bem incrível. Em 2019, 2020, o presidente Joe Biden fez campanha contra um imposto sobre muito ricos. E, agora, ele apresentou um imposto de 25% sobre a renda de bilionários - com uma noção bem abrangente do que é renda.

Se você olhar para pesquisas de opinião de muitos países, vê que existe um apoio popular enorme para um sistema tributário mais progressista. Estamos falando de 70% a 80% de apoio entre pessoas de diversas orientações políticas.

Hoje, existe um entendimento melhor do que precisa ser feito concretamente para lidar com imposto sobre grandes riquezas. Muitos países tiveram impostos sobre riqueza no passado, mas que foram muito mal desenvolvidos, havia muita evasão fiscal, e os países toleravam a competição fiscal. Mas, desde então, tem havido muita pesquisa para entender essa experiência histórica, para aprender com os erros que alguns países cometeram. Então existem condições ideais para isso em muitos países grandes.

BBC News Brasil - Um argumento frequentemente usado por quem se opõe a essa ideia é que o imposto poderia desencorajar o crescimento econômico e diminuir o ritmo de geração de riqueza.

Zucman - O impacto negativo de um imposto sobre grandes fortunas seria zero para a grande maioria dos contribuintes e seus negócios. O impacto sobre o crescimento econômico seria, na verdade, positivo, porque a arrecadação poderia ser usada para ampliar o acesso à educação e à saúde e ampliar a infraestrutura, que são a chave do crescimento econômico.

Para a sociedade, o efeito seria muito positivo não só pelos investimentos possíveis gerados pela arrecadação, mas por outras razões. Quando os super-ricos conseguem não pagar impostos, é o resto da população que paga, e isso não é sustentável.

Um acordo reforçaria a confiança nas instituições democráticas e tornaria a globalização mais aceitável. E, com isso, os bilionários teriam benefícios, e seus negócios também. Eles deveriam apoiar - alguns apoiam.

BBC News Brasil - Quais são as áreas que criam mais oportunidades para evasão fiscal? Em seu relatório, o sr. citou o mercado imobiliário.

Zucman - Sim, o mercado imobiliário é uma das áreas, porque não está incluído no sistema de troca automática de informação bancária. É um ponto cego, mas a solução é muito simples: basta incluir propriedades imobiliárias no sistema.

BBC News Brasil - E as outras áreas? Hoje há uma preocupação com criptomoedas.

Zucman - Há evasão no mercado de criptomoedas com certeza. Mas, hoje, a principal forma dos muito ricos de evitar pagar impostos é criar empresas fantasmas, holdings artificiais que administram os negócios para evitar qualquer imposto de renda.

É um tipo de planejamento tributário, uma zona cinzenta entre evitar impostos e evasão fiscal. Essas empresas não têm nenhuma atividade econômica de fato. Esse é um problema que um imposto mínimo global sobre riquezas ajudaria a resolver.

BBC News Brasil - No Brasil, não são cobrados impostos sobre lucros e dividendos. O que o sr. pensa sobre isso?

Zucman - É um erro. Quase todos os países que têm imposto de renda também tributa dividendos. O problema de fazer isso é que dividendos são uma das principais formas de renda dos muito ricos, então, o que está acontecendo é que você não está tributando os mais ricos, o que é muito injusto.

O outro problema é que cria uma forma de evitar o pagamento de impostos. Uma das regras para uma legislação tributária eficiente é tributar diferentes formas de renda da mesma forma, assim as pessoas não podem estruturar sua renda para pagar menos impostos.

BBC News Brasil - A escola de pensamento que o sr. e Thomas Piketty seguem argumenta que o aumento da desigualdade vai gerar instabilidade política no longo prazo. Seu trabalho é uma crítica ao capitalismo ou uma maneira de "salvá-lo"?

Zucman - Meu trabalho é uma crítica ao capitalismo, no sentido de que há necessidade de uma crítica, porque sempre podemos fazer melhor. A forma como tributamos neste momento tem esse problema muito óbvio e gritante: o fato de favorecer a concentração de riquezas e a desigualdade. Concentração de riqueza significa também concentração de poder, o que corrói a democracia.

Estou muito focado em corrigir esse problema específico. Não vai consertar o capitalismo. Mas, junto com um imposto de renda progressivo, junto com um imposto sobre grandes heranças, pode ter um efeito grande.

O imposto sobre grandes riquezas não vai salvar o capitalismo, mas é um primeiro passo.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Financiamentos climáticos devem aumentar até 2030

 


A projeção foi feita pelo Banco Mundial em reunião ministerial do G20 
 
 
Ajay Banga participou de evento paralelo à reunião ministerial do G20

 

 

O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, afirmou nesta quarta-feira (28), em São Paulo, que até 2030, 45% dos financiamentos da instituição serão direcionados para iniciativas climáticas. A afirmação foi feita na abertura do evento Inovação Financeira para o Clima e Desenvolvimento, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que está sendo realizado no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, paralelo à reunião ministerial do G20. Segundo ele, esses financiamentos serão divididos entre ações de mitigação e de adaptação. "Ambos representam despesas com desenvolvimento. Mas geralmente as pessoas não entendem a importância de sermos igualmente conscientes sobre mitigação e adaptação. Então, o Banco Mundial vê as duas coisas como importantes", disse ele.

Também na abertura deste evento, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, considerou que o mundo tem avançado em ritmo lento nas ações de enfrentamento à crise climática."Temos de admitir que fomos lentos em relação às mudanças climáticas e ainda estamos desperdiçando dinheiro com atividades que criam esses problemas", disse ela. "Esta deve ser uma prioridade porque os eventos climáticos vão impactar o desempenho das economias e os negócios e afetar o bem estar das pessoas", acrescentou.

Com Agência Brasil

Planejamento diz que Orçamento de 2024 tem R$ 14,1 bi voltados a políticas para mulheres

 Governo tem políticas públicas para as mulheres como um de ...


A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 conta com R$ 14,1 bilhões de recursos que deverão ser empregados em políticas públicas para mulheres. O número consolidado foi destacado nesta segunda-feira, 4, em evento promovido pelo Ministério do Planejamento para divulgar o relatório da agenda transversal de Mulheres no Plano Plurianual (PPA) de 2024-2027. Segundo a pasta, esta agenda está presente em 45 dos 88 programas do PPA, distribuídos por 21 ministérios, com 85 objetivos específicos, 191 entregas e 75 medidas institucionais e normativas.

“São R$ 14,1 bilhões previstos como dotação inicial na LOA deste ano, dos quais R$ 423 milhões são gastos exclusivos e R$ 13,7 bilhões são não exclusivos”, informou a pasta.

O evento para lançamento do relatório contou com a presença de várias mulheres que ocupam cargos na Esplanada, como as ministras do Planejamento, Simone Tebet, da Gestão, Esther Dweck, da Igualdade Racial, Anielle Franco, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, além da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, a única mulher na composição atual da Suprema Corte, e da primeira-dama Janja Lula da Silva.

Em sua fala, Tebet destacou a participação das mulheres na elaboração do PPA participativo. Segundo ela, 61% dos que colaboraram com sugestões ao governo eram mulheres. “Para minha surpresa e acredito que nem o presidente Lula esperava, quem fez esse PPA foram basicamente as mulheres. 61% do planejamento do Brasil para os próximos quatro anos saiu do anseio das mulheres”, disse.

O relatório publicado nesta segunda pelo MPO foi elaborado com o apoio da ONU Mulheres e do Ministério das Mulheres. O documento destaca três indicadores de objetivos estratégicos diretamente relacionados às mulheres para o fim de 2027: reduzir em 16% o número de mortes violentas de mulheres nas residências, em 10% a disparidade da renda média do trabalho entre homens e mulheres e em 55% a mortalidade materna.

“Esses indicadores estratégicos desdobram-se em metas de objetivos específicos e entregas. Por exemplo, a de construir, em todo o Brasil, 117 unidades de atendimento às mulheres vítimas da violência. Ou atingir a marca de 42.192 agricultoras familiares atendidas por Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), 60% do total de 70.320 atendidos previstos para o fim de 2027”, afirma o Planejamento, que também tem a meta de aumentar para 45,2% a taxa de formalização das mulheres no mercado de trabalho, ao final da vigência do PPA.

Entre outros alvos estão também o de levar creche ou escola para 50,8% da população brasileira de 0 a 3 anos; de elevar a 45% o porcentual de mulheres nos espaços de poder e decisão; e de construir 90 centros de parto normal e 60 maternidades em todo o País nos quatro anos de vigência do PPA.

Produção brasileira de carne bovina deve atingir recorde de exportação, diz USDA

 Exportação de carne bovina bate recorde em julho, diz ...


São Paulo, 4 – A produção brasileira de carne bovina deverá alcançar 11,37 milhões de toneladas em equivalente carcaça (TEC) em 2024, de acordo com a representação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Brasília (DF). O volume representa aumento de 4% ante o ano passado, de 10,95 milhões de toneladas. A projeção considera o aumento do abate de gado, melhores condições econômicas dos consumidores, além da competição menor no exterior e uma demanda externa sólida, especialmente da China, diz a agência.

O consumo doméstico de carne bovina deve ser de 8,5 milhões de toneladas em 2024, aumento de 4% ante 2023, estima o USDA em Brasília. A previsão é baseada no aumento da disponibilidade de carne bovina no mercado doméstico, em virtude do aumento das taxas de abate e de uma melhoria – embora lenta – no cenário econômico, com preços relativamente mais baixos na primeira metade do ano.

Principal exportador global, o Brasil deve embarcar em 2024 um volume recorde de 2,955 milhões de toneladas de carne bovina, alta de 2%, representando 26% de toda a produção, segundo o USDA. A estimativa considera o aumento da produção de carne bovina, a forte demanda externa – especialmente da China e dos Estados Unidos – e os desafios enfrentados pelos concorrentes estrangeiros.

“A previsão é que as exportações para a China atinjam o pico na segunda metade de 2024 por causa dos preparativos para o Ano Novo Chinês, que em 2025 será celebrado em 29 de janeiro”, avalia a agência. Além disso, espera-se que a abertura de novos mercados traga “mais diversificação ao mercado de exportação”, a fim de diminuir a dependência do mercado chinês.

Suínos

O Brasil deverá produzir 4,68 milhões de toneladas (TEC) de carne suína em 2024, de acordo com estimativa da representação do USDA, em Brasília (DF). O volume representa aumento de 4%, na comparação anual, como resultado do aumento do abate, redução do custo de alimentação e investimentos realizados para aumentar a produção, segundo a agência. Contudo, o volume fica abaixo da projeção anterior de 4,88 milhões de toneladas, por causa da preocupação com os preços e a disponibilidade de ração, além das condições econômicas lentas, acrescenta.

O USDA prevê um aumento de 4% no consumo doméstico de carne suína em 2024, para 3,18 milhões de toneladas em equivalente carcaça. Isso deve ocorrer em virtude da maior disponibilidade de carne suína no mercado interno e preços mais baixos para os consumidores, “o que tornou a carne suína mais competitiva em 2023 em comparação com outras fontes de proteína”, segundo a agência.

Quanto às exportações, a expectativa é de aumento de 6% em 2024 em relação ao ano anterior, para 1,5 milhão de toneladas, segundo o USDA, representando 32% de toda a produção. A previsão se baseia no aumento da disponibilidade de carne suína, boa demanda externa, aumento nas compras de novos mercados, ampliação das exportações para consumidores existentes e no status sanitário do Brasil em comparação com seus concorrentes que enfrentam a Peste Suína Africana, especialmente na Europa, de acordo com o relatório.

Conforme dados oficiais do USDA, a China importará 2,25 milhões de toneladas de carne suína em 2024. No ano passado, o Brasil ultrapassou a Espanha e se tornou o maior exportador do produto para o país asiático.

Campos Neto: parcelamento de dívida de cartão foi um dos temas mais difíceis enfrentados no BC

 Roberto Campos Neto – Wikipédia, a enciclopédia livre


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira que o tema do parcelamento sem juros dos cartões de crédito é um dos temas mais difíceis que ele já enfrentou no BC. Ele fez esta afirmação mais cedo ao ser perguntado durante evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) sobre os resultados das reuniões que a autarquia fez para tratar do fim do parcelamento sem juro dos cartões de crédito.

Para a entidade, é fundamental para o comércio que seja mantido o instrumento do parcelamento sem juros para que o varejo continue vendendo.

“Costumo dizer que esse foi um dos temas mais difíceis que enfrentei no Banco Central porque ele é de difícil solução, compreensão, de difícil análise e gente precisa pensar qual vai ser a solução curto prazo, de médio prazo e estrutural de longo prazo”, disse o banqueiro central.

Ele lembrou que problema começou com a identificação o juro e a inadimplência no rotativo dos cartões de crédito estavam muito altos. E, alguns casos, continuou Campos Neto, havia uma inadimplência acima de 60%.

“Não existe produto financeiro que funcione com uma inadimplência de 60%”. A primeira análise que a gente mostrou que o número de parcelas não tinha subido tanto para justificar a inadimplência, mas que o bolo do parcelamento sem juro enquanto instrumento de crédito havia subido muito em relação ao sistema de crédito como um todo.

“A segunda coisa que a gente viu foi que o número de cartões havia crescido muito. Um terceiro fenômeno percebido foi o de que havia tido um aumento muito grande do limite dos cartões e para gente que estava endividado”, disse o presidente do BC acrescentando que a conclusão foi a de que precisa ter uma coisa mais equilibrada pela frente.

Isso, de acordo com Campos Neto, melhorou um pouco com a decisão do Congresso de que a dívida do cartão de crédito não pode ser mais que o dobro da divida principal.

“Isso faz com que para as dívidas de longo prazo melhores um pouco, mas é importante mencionar que no cartão de crédito não tem endividamento de longo prazo. As pessoas geralmente ficam muito tempo. Então, como a limitação era juros sobre o principal no prazo de um ano, isso não afetava tanto o juro de curto prazo. Quando a gente pega o juro efetivo caiu, mas não muito”, explicou Campos Neto.

Então, segundo ele, é preciso ainda costurar este assunto e ver como deixar em uma forma equilibrada. “Mas a gente não tem uma solução hoje, pelo menos temos uma identificação dos problemas.”

Presidente do AIIB fala que banco da Ásia está pronto para fornecer grandes recursos no Brasil

 Brasília 04/03/2024, O presidente Lula recebe o Presidente do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (Asian Infrastructure Investment Bank – AIIB), Jin Liqun. Foto: Ricardo Stuckert/PR


O presidente do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), Jin Liqun, disse depois de reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que o órgão está pronto para fornecer “grandes quantias” para projetos no Brasil. Mencionou estradas, ferrovias, portos e aeroportos, principalmente os que liguem o Brasil ao Oceano Pacífico – uma forma encurtar a viagem de produtos brasileiros rumo à China.

“Temos só três projetos, um montante de US$ 350 milhões, que é muito pouco. Prometemos fazer mais para melhorar a conectividade com a Ásia, o poderá ser um grande ganho para o Brasil nos próximos anos”, disse o presidente do AIIB. “Prometemos que podemos fazer projetos amplamente definidos como infraestrutura, como estradas, ferrovias, aeroportos, portos, renováveis, transmissão. Qualquer coisa que seja importante para esse país seria nosso trabalho”, afirmou.

Ele também citou, em abstrato, projetos para mitigar efeitos de mudanças climáticas.

“Estamos prontos para prover grandes montantes de recursos para o País”, disse Jin Liqun.

Ele afirmou que não discutiu obras específicas com Lula, mas que se houver bons projetos o banco poderá financiar.

O executivo falou a jornalistas no Palácio do Planalto. Além de Lula, também participaram da reunião o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), Dilma Rousseff.

Feirão Serasa e Desenrola quer limpar o nome de 72 milhões de brasileiros

 


Lançado nesta segunda-feira, 4, e com duração até 28 de março, o 1º MegaFeirão Serasa e Desenrola promete ajudar brasileiros a quitar dívidas com descontos de até 96%. Promovido pela Serasa em parceria com o Ministério da Fazenda e os Correios, o inédito mutirão emergencial de renegociação de dívidas oferece ofertas variadas, seja online para o Brasil todo nas plataformas da Serasa – site e app – ou presencialmente em São Paulo, no Palácio dos Correios (Praça Pedro Lessa, s/n – Centro Histórico).

Em janeiro, o Brasil registrou 72 milhões de inadimplentes (43,91% da população), de acordo com o Mapa de Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa. Durante o período, o valor total das dívidas chegou a R$ 382,8 bilhões, com média de R$ 5.311,96 por pessoa endividada.

O levantamento também identificou que o público de 41 a 60 anos é o grupo que mais acumula débitos (35%), seguido pelos consumidores de 26 a 40 anos (34,2%) e pelos que têm mais de 60 anos (18,8%). Já as pessoas de até 25 anos são as que menos têm dívidas (12%).

Rio de Janeiro, Mato Grosso e Distrito Federal são as unidades federativas com maior representatividade de inadimplentes, com 53,46%, 52,60% e 52,41% da população adulta endividada, respectivamente. Piauí, Santa Catarina e Maranhão, por sua vez, registraram as menores médias: 35,59%, 37,01% e 38,93%, respectivamente.

Na tabela abaixo estão o número e a representatividade de inadimplentes em todos os Estados:

 

A capital com o maior valor em débitos é São Paulo, onde os consumidores devem mais de R$ 30 bilhões. Rio de Janeiro (R$ 17,3 bilhões) e Brasília (R$ 9 bilhões) aparecem na sequência.

O estudo da Serasa mostra ainda que o segmento de bancos e cartões é responsável pela maior parte das dívidas no Brasil (29,37%). Em seguida, destacam-se as Utilities – contas básicas de água, luz e gás – (23,09%), instituições financeiras (16,76%) e varejistas (10,95%).

 

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