O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira que o tema do parcelamento sem juros dos cartões de crédito é um dos temas mais difíceis que ele já enfrentou no BC. Ele fez esta afirmação mais cedo ao ser perguntado durante evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) sobre os resultados das reuniões que a autarquia fez para tratar do fim do parcelamento sem juro dos cartões de crédito.
Para a entidade, é fundamental para o comércio que seja mantido o instrumento do parcelamento sem juros para que o varejo continue vendendo.
“Costumo dizer que esse foi um dos temas mais difíceis que enfrentei no Banco Central porque ele é de difícil solução, compreensão, de difícil análise e gente precisa pensar qual vai ser a solução curto prazo, de médio prazo e estrutural de longo prazo”, disse o banqueiro central.
Ele lembrou que problema começou com a identificação o juro e a inadimplência no rotativo dos cartões de crédito estavam muito altos. E, alguns casos, continuou Campos Neto, havia uma inadimplência acima de 60%.
“Não existe produto financeiro que funcione com uma inadimplência de 60%”. A primeira análise que a gente mostrou que o número de parcelas não tinha subido tanto para justificar a inadimplência, mas que o bolo do parcelamento sem juro enquanto instrumento de crédito havia subido muito em relação ao sistema de crédito como um todo.
“A segunda coisa que a gente viu foi que o número de cartões havia crescido muito. Um terceiro fenômeno percebido foi o de que havia tido um aumento muito grande do limite dos cartões e para gente que estava endividado”, disse o presidente do BC acrescentando que a conclusão foi a de que precisa ter uma coisa mais equilibrada pela frente.
Isso, de acordo com Campos Neto, melhorou um pouco com a decisão do Congresso de que a dívida do cartão de crédito não pode ser mais que o dobro da divida principal.
“Isso faz com que para as dívidas de longo prazo melhores um pouco, mas é importante mencionar que no cartão de crédito não tem endividamento de longo prazo. As pessoas geralmente ficam muito tempo. Então, como a limitação era juros sobre o principal no prazo de um ano, isso não afetava tanto o juro de curto prazo. Quando a gente pega o juro efetivo caiu, mas não muito”, explicou Campos Neto.
Então, segundo ele, é preciso ainda costurar este assunto e ver como deixar em uma forma equilibrada. “Mas a gente não tem uma solução hoje, pelo menos temos uma identificação dos problemas.”
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