Volkswagen começa produção no segundo semestre em Resende (RJ) e as primeiras entregas ocorrerão no início de 2025. Cidades como Brasília, São Paulo e Rio já demonstraram interesse
O e-Volksbus: por enquanto, a ideia é ser um veículo urbano, não para viagens interestaduais (Crédito:Divulgação)
A Volkswagen Caminhões e Ônibus apresentou oficialmente seu primeiro ônibus elétrico, batizado de e-Volksbus, que começará a ser produzido no centro mundial de engenharia da companhia em Resende (RJ), a partir do segundo semestre deste ano, com as primeiras entregas para o início de 2025.
Projetado para o uso urbano, o chassi Volkswagen terá uma capacidade de suportar 22 toneladas e uma autonomia de até 250 quilômetros.
O veículo virá com sistemas de carregamento que podem entregar 100% de carga em três horas ou ainda ser otimizado em até 1 hora e meia, a depender da estrutura disponível.
Segundo a empresa, há estudos internos em andamento para troca de componentes da bateria que permitiria a carga em 40 minutos. Além disso, o sistema de frenagem regenerativa ajuda a maximizar a autonomia da bateria e a reduzir o desgaste dos freios, além do sistema Eco-Drive Mode, que ajusta o consumo de energia do veículo.
A Volkswagen Caminhões e Ônibus vai fabricar os chassis utilizando uma solução de arquitetura modular, que permite a produção em sua fábrica desde um micro-ônibus de nove metros até um superarticulado de 23 metros.
A VWCO vai produzir o chassi, mas sua fábrica, em Resende, comporta operações de empresas parceiras para a montagem das carrocerias.
O e-Volksbus não será o primeiro veículo elétrico da empresa, que lançou o caminhão urbano e-Delivery em 2021, utilizado para operações last mile e outras entregas dentro das cidades, já em operação por grandes distribuidoras de bebidas como Ambev e Coca-Cola.
O presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, afirmou à DINHEIRO que, apesar de ainda não haver uma carteira de pedidos firmes, já existe o interesse manifestado por diversas cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, São José dos Campos e Brasília.
“Advogamos por incentivos do governo para ajudar municípios a comprar ônibus elétricos, uma espécie de Finame Verde.”
Roberto Cortes, CEO da VWCO
Segundo o executivo, o projeto já é pensado há 12 anos. “Em 2012 começou a se estudar o caminhão elétrico, que foi desenvolvido a partir de 2017 e lançado em 2021. A partir daí, começou a se projetar o e-Volksbus, em teste desde maio do ano passado”, disse.
Segundo a empresa, houve muita sinergia com o caminhão e-Delivery, além do know-how acumulado. Os dois veículos, inclusive, são dotados de tecnologias e componentes compartilhados para fazer frente às severas condições de operação no País. Outro diferencial do veículo é a proteção contra inundação, adequando o produto às realidades brasileiras.
Também estará equipado com sistema de ajoelhamento para maior acessibilidade dos passageiros e a suspensão pneumática integral. “Nosso compromisso é com a mobilidade e a redução das emissões nos centros urbanos, projetamos o ônibus para as condições do uso na cidade, queremos ajudar a diminuir a emissão de gases estufa”, disse. “Estamos no meio de um ciclo de investimentos de R$ 2 bilhões, de 2021 a 2025, que visa buscar energia limpa e maior eficiência dos veículos.”
PREÇO ALTO
O valor de um ônibus elétrico pode chocar o leitor, como disse o próprio Roberto Cortes. Um coletivo movido a diesel da Volkswagen custa em média de R$ 850 mil já pronto (dependendo da configuração). Já as primeiras unidades do elétrico custarão por volta de R$ 2,35 milhões cada.
O valor, afirmou Cortes, apesar de assustar inicialmente, é compensado por seu custo de produção 70% mais barato, que “paga a diferença” em até três anos de uso, diante das economias com o diesel e a manutenção mais simples e mais barata.
A tendência, no entanto, com a produção em escala, é de baratear o produto, disse o executivo, que defende que o governo federal, por meio do BNDES, crie algum programa de incentivo ou financiamento.
Outro desafio para a expansão dos ônibus emissão zero é a infraestrutura para o carregamento. Para o executivo da VW, é uma questão solucionável e, com a troca da frota paulatina, as empresas vão criar as condições ao longo do tempo.
Sobre projetar esses grandes veículos com maior autonomia, para viagens interestaduais, afirmou que por enquanto a montadora vai focar no uso urbano. “Para longas distâncias nós vemos maiores dificuldades na oferta de pontos de recarga, vai necessitar muito investimento ainda.”
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