Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet,e o ministro da
Economia, Fernando Haddad (Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdoi
A
equipe econômica anunciou nesta sexta-feira, 12, que vai divulgar na
próxima segunda-feira, 15, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
(PLDO) de 2025. O evento será conduzido pelo secretário executivo do
Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Gustavo Guimarães; pelo
secretário de Orçamento, Paulo Bijos; pelo secretário do Tesouro
Nacional, Rogério Ceron; e o da Receita, Robinson Barreirinhas.
Como o Estadão
antecipou, a expectativa é para a mudança da meta fiscal a ser seguida
no próximo ano. Com incertezas sobre a evolução da arrecadação, o
governo estuda alterar a meta para as contas públicas em 2025 prevista
no novo arcabouço fiscal – que é de um superávit de 0,5% do Produto
Interno Bruto (PIB). Discussões apontam até agora para um número entre
resultado primário zero e superávit de até 0,25% do PIB – repetindo a
meta estipulada para este ano.
Questionado
no início desta semana sobre o assunto, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, respondeu que a equipe econômica está fazendo as contas para
fixar uma meta fiscal “factível” para 2025. Haddad não cravou qualquer
número, mas considerou que, apesar de “boas coisas” terem acontecido no
último ano, a Fazenda também enfrentou percalços que mudaram o cenário e
que precisam ser considerados na definição.
Integrantes da equipe
econômica têm afirmado que insistir no patamar inicialmente projetado
para 2025 poderia até jogar contra a credibilidade do governo, que vem
num processo de convencimento da entrega de uma estabilidade fiscal.
Daí, a ideia de apresentar um número que seria considerado mais crível.
No
mercado, existe a avaliação de que o governo também terá de mudar a
meta fiscal para este ano . Se isso acontecer de fato, uma mudança na
direção para 2025 seria inevitável.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Um
dos desafios da reforma tributária é justamente melhorar a vida do
industrial brasileiro, afirmou há pouco o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad. O ministro também pediu celeridade ao Congresso para aprovação
da regulamentação da matéria até o fim do ano.
“Produzir
mais, produzir mais barato e melhor, e exportar muito, desonerando
investimentos e desonerando exportações, fazendo com que os produtos
industriais tenham uma alíquota de imposto de valor agregado menor”,
declarou o ministro.
Haddad
frisou que é importante que a indústria esteja atenta à regulamentação
da reforma, para que ela não seja desvirtuada. O ministro também
destacou a importância do marco de garantias, ao dizer que eles devem
fazer o spread dos bancos cair e as vendas da indústria subirem.
“As
notícias são boas no primeiro trimestre, ainda melhores na primeira
semana de abril. Temos tudo para crescer forte na indústria
automobilística, com a vantagem que agora se adequa às tecnologias
sustentáveis.”
Lula: Não conheci ministro da Fazenda com tanta disposição para conversar com Congresso como Haddad
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, é uma das pessoas que faz a diferença no governo.
“Nunca
conheci um ministro da Fazenda com tanta disposição para conversar com o
Senado e com a Câmara como o Haddad”, disse. “Se não conversar e não
tiver paciência para enfrentar a diferença, não conseguimos governar o
País.”
Lula exaltou a aprovação da reforma tributária e a
comparou a “um verdadeiro milagre”, em País democrático em que o partido
do presidente não tem maioria no Congresso.
O presidente e
o ministro participam da cerimônia de inauguração da nova sede em São
Paulo da Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos.
Lula
também elogiou o vice-presidente Geraldo Alckmin, ao dizer que ele foi o
primeiro acerto na campanha presidencial. “É um companheiro agregador e
que está com a cabeça 100% para discutir com empresários.”
O
presidente relembrou a época em que era oponente de Alckmin e afirmou
ter saudades de quando a política ficava na disputa entre PT e PSDB.
“Como era civilizado e não sabíamos”, disse Lula, que declarou que agora
o País está descobrindo como era bom ser civilizado e conversar com os
diferentes.
O
País precisa ver onde errou para conseguir voltar a ser a sexta maior
economia do mundo, afirmou há pouco o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Lula afirmou ter orgulho de dizer que o Brasil viveu
o melhor momento da indústria automobilística durante seus mandatos,
mas salientou que não consegue entender a evolução do cenário do setor.
“Quando
eu deixei a presidência, a última conversa que eu tive com a Anfavea
era de que em 2015 estaríamos produzindo seis milhões de carros. Estamos
em 2025 e estamos produzindo quase metade do que produzíamos em 2010.
Quem errou?”, questionou. “Foram vocês que desconfiaram do Brasil ou o
Brasil que deixou de fazer o que deveria ser feito?”.
O
presidente defendeu que é preciso “andar para frente sem olhar para
trás” e que o governo tem compromisso com “tecnologia nova, inovação,
geração de empregos, aumento da massa salarial, e, portanto, com a venda
de mais produtos e mais exportação.”
Lula ainda afirmou
que é preciso que o País aprenda ser grande e vá ao exterior vender
produtos. “Fico imaginando como os vizinhos do Brasil compram um carro
de 12 mil quilômetros de distância enquanto estamos aqui”, disse. Ao se
dirigir ao vice-presidente Geraldo Alckmin, Lula declarou que 2024 é “o
ano da viagem”.
‘Indústria passou a ter confiança no Brasil’
O
presidente afirmou que a indústria passou a ter confiança no Brasil,
diante, segundo ele, da segurança jurídica e da estabilidade econômica e
social promovidas no último ano de governo. Lula também declarou ter
carinho especial por setores que crescem e geram oportunidades, ao
comentar os incentivos dados à indústria automotiva anunciados no fim do
ano passado.
Em discurso na nova sede da Anfavea, o
presidente destacou que a conquista da credibilidade pelo governo foi
crucial para esse ganho de confiança, além da estabilidade jurídica do
País.
“Se Haddad vai negociar a política tributária dentro
do Congresso Nacional e não passar credibilidade na proposta e não
receber credibilidade dos interlocutores, as coisas não vão dar certo”,
disse Lula, que em seguida defendeu que ninguém acreditava que seria
possível passar a reforma tributária em um Congresso adverso, mas que a
aprovação foi possível a partir da construção de uma relação civilizada e
democrática.
Salão do Automóvel
Lula
da Silva pediu para que as montadoras retomem o Salão do Automóvel. O
presidente defendeu que o evento é um espaço para fazer negócios e disse
que “adorava ir à feira”.
O mandatário afirmou que não é
possível um País do tamanho do Brasil não ter um salão. “O Salão do
Automóvel está para o povo brasileiro como a corrida estava quando o
Ayrton Senna era vivo.”
O presidente frisou que o evento é
uma oportunidade para atrair visitantes de países para os quais o Brasil
deseja exportar. “É importante que o ministro da Indústria convide
muita gente para ir vê-lo e convide os ministros da Indústria e do
Comércio de outros países”, disse. “Quem quer vender precisa mostrar”.
Governo
brasileiro volta a abrir mercados e faz esforço conjunto para abocanhar
2% do comércio global até 2026 com produtos de maior valor agregado,
mas vai precisar driblar a burocracia e reverter o baixo investimento
para ter êxito
Governo Lula tem meta de levar o País a um volume de negócios da ordem de US$ 614 bilhões (Crédito:freepik)
editora3i
RESUMO
• Campeão das exportações brasileiras, o agronegócio pode melhorar seu desempenho se houver o estímulo certo • A indústria, um dos setores mais sedentos por exportações, é dos mais defasados: pátio fabril é antiquado e custoso • Nas saídas marítimas brasileiras imperam desafios burocráticos • Produtos originados na floresta amazônica e da sua biodiversidade representam apenas 0,17% do total das exportações
• Praticamente todos os setores demandam financiamento, mas sem
políticas públicas para infraestrutura, desburocratização e
digitalização de processos o fomento não levará o país muito adiante • Soluções já aparecem no horizonte: política de relações exteriores do governo tem aberto mercados antes fechados
A busca por novos mercados
sempre determinou as nações vencedoras e as perdedoras na história
desde que a sociedade civil se organizou. E o Brasil tenta se posicionar
nesse jogo em um momento-chave da geopolítica global. Com a economia
reagindo, e os países transformados após a pandemia, há novos mercados,
novas demandas e oportunidades mundo afora. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
quer aproveitá-las. Desde o início do mandato, o petista já abriu
frentes em 100 mercados em 49 países, firmou ou renovou 125 acordos
comerciais e tem na lista outros 58 em fase de assinatura (ainda que a
“cereja do bolo”, o acordo Mercosul-União Europeia, não tenha se
concretizado). O mundo, aparentemente, está pronto para receber o Brasil. Mas será que a economia brasileira está preparada para essa jornada?
• Hoje, o País tem apenas 1,46% de todo comércio global (isso considerando um universo que movimentará US$ 30,7 trilhões em 2024). • Em 2010, no melhor resultado da história, o Brasil abocanhou 1,6% do bolo, fruto de políticas públicas de incentivo, crédito barato e apoio empresarial. • E o que aconteceu desde então? Escândalos políticos, crise econômica e fuga de investimentos.
Motivos não faltaram para os produtos brasileiros sumirem das prateleiras do mundo. O governo Lula quer reverter esse cenário. Em
uma iniciativa multiministerial, quer que o País responda por 2% do
comércio mundial, com negócios na ordem dos US$ 614 bilhões. “O
Brasil já é o supermercado do mundo. E pode ser muito mais. Pode ser o
shopping, a concessionária, o salão de beleza. Estamos prontos. E temos
pressa”, disse o presidente. E os que querem carona na embarcação já estão de malas prontas.
Indústria
A
indústria talvez seja o setor mais sedento por exportações — e também
um dos mais defasados. Com raríssimas exceções (como a Embraer e algumas
montadoras), o pátio fabril brasileiro é antigo, antiquado e custoso. É como tentar atravessar o Atlântico de caiaque. Essa analogia, inclusive, foi feita pelo vice-presidente da República e chefe do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Ele tem sido o nome por trás da condução de uma política de fomento ao empresariado, que passa pela atualização do maquinário, oferta de crédito para expansão e consultoria para avançar na exportação.
O
problema é que reaver décadas de atraso, enquanto o mundo desenvolvido
trabalha com indústrias sob a ótica da tecnologia digital, seria um
feito quase hercúleo — e por isso tão difícil de se concretizar de forma
dissipada entre todas as cadeias industriais. O primeiro passo, diz
Alckmin, foi dado. O governo estuda políticas de fomento ao empresariado
com crédito para renovação de maquinário e investimentos em expansão.
Apesar das perspectivas positivas do vice-presidente, tal movimento resolveria apenas uma parte do problema. Os outros desafios envolvem excesso de burocracia para exportação e o Custo Brasil.
Segundo Marcelo Almeida Castro, consultor de exportação e ex-secretário de Negócios Internacionais do governo João Doria, em São Paulo, as fronteiras brasileiras são faraônicas. “Não
há espaço no Brasil de hoje, com os portos atuais, de aumentar
consideravelmente a exportação de bens duráveis, manufaturados e
produtos de maior valor agregado”, diz.
Nas saídas marítimas brasileiras também se concentram os desafios burocráticos. “O
Brasil ainda não segue as diretrizes internacionais, da OCDE
[Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], de
exigência de informações padronizadas nos produtos e isso torna a
liberação ridiculamente morosa”, afirma. O resultado? Produtos perecíveis, prontos para o embarque, parados. Filas enormes e saia-justa com os compradores.
E
esses problemas têm se acentuado à medida que a indústria brasileira
exportadora tenta navegar pelo mundo. Os mais recentes dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre o tema avaliam o mercado em 2022.
Segundo o estudo Coeficientes de Abertura Comercial (CAC), a participação da indústria nas exportações brasileiras subiu de 18,6% em 2021 para 20,3% no ano seguinte.
Apesar de parecer um número promissor, quando são avaliados os destaques na exportação, o panorama não é tão simples. As exportações industriais dependem, basicamente, do agronegócio processado, do beneficiamento de metais e papel e celulose. São
segmentos enormes, mas com impacto financeiro aquém do ideal quando se
quer uma indústria de transformação com grande valor agregado para
oferecer ao mundo.
Nesse
sentido, uma solução apontada por Castro (e que, segundo ele, já tem
sido negociada com o MDIC) é o desenvolvimento de uma estratégia
industrial para exportação que se assemelhe à política das “campeãs
nacionais” dos primeiros mandatos de Lula, mas com aportes menores e
mais dissipados.
“Entre 2006 e 2012 a indústria da construção
civil brasileira foi referência mundial. Nesse período também houve o
desenvolvimento da empresa que hoje é a maior do mundo na venda de
carnes [JBS]”, disse.
O risco, mais uma vez, é que parte desses recursos seja inócuo, como no segundo mandato de Lula. Além disso, há o nó político. Para
um avanço substancial das exportações de alto valor agregado o Brasil
precisaria deixar a condição institucional de emergente e entrar na
OCDE, o que abriria novos mercados, mas tiraria alguns benefícios tributários que os países considerados emergentes têm na captação de financiamento pelo mundo.
Meio Ambiente
Aqui é onde a indústria de alto valor agregado se une à sustentabilidade e à economia verde. Talvez seja nessa intersecção que resida a chave para o maior potencial brasileiro nas exportações.
A bioeconomia, como gosta de definir a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
é a construção de políticas públicas que tenham como alvo a
rentabilidade, a sustentabilidade e a responsabilidade social. Com essas
premissas, Marina tem rodado eventos pelo mundo acompanhada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, tentando apresentar o novo cartão-postal brasileiro.
O objetivo, segundo a ministra, é desenvolver a bioeconomia para levar ao mundo soluções em áreas como beleza, saúde e química.
“O mundo atual clama por soluções menos poluentes e o do futuro buscará
produtos integralmente sustentáveis, e nisso o Brasil pode ser líder”, disse.
De acordo com ela, a planta
amazônica usada para o desenvolvimento de um cosmético ou remédio, o
caminho feito pelo insumo por meio de hidrovias (e não caminhões), o
beneficiamento sem testes em animais, a produção de embalagens
ecológicas e a exportação marítima são capazes tornar o Brasil
referência nesse tipo de produto.
Hoje,
a participação de produtos originados na floresta amazônica e da sua
biodiversidade representa apenas 0,17% do total das exportações. No entanto, de acordo com Marina, com o estímulo à bioeconomia, é possível ampliar essa participação para 2%. A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI)
vai além e indica que, se desenvolvida, a bioeconomia pode gerar
faturamento adicional para a indústria de US$ 284 bilhões por ano até
2050.
E como fazer isso? Segundo Sérgio Feijó, doutor em bioeconomia pela Universidade Harvard e membro do Comitê Mundial do Clima, órgão ligado à ONU, será preciso focar em três frentes: • capacitação da mão de obra, • recursos pesados em Pesquisa & Desenvolvimento, • e crédito abundante para estimular a entrada no setor.
“Chegou
a hora de pensar se o papel da Zona Franca de Manaus, como está hoje, é
do melhor interesse para o Brasil”, disse. No entendimento do
especialista, os benefícios fiscais para os empresários que hoje atuam
lá seriam capazes de atrair empresas do mundo todo interessadas no
desenvolvimento de produtos de origem amazônica. “A Zona Franca, como
está hoje, pode ser replicada em qualquer estado brasileiro.”
Se o Brasil quer se destacar, diz ele, é preciso dar ao mundo uma estrutura industrial que nenhum lugar tem.
Agronegócio
Maior estrela das exportações brasileiras, o agronegócio também pode melhorar seu desempenho se houver o estímulo certo.
Com 100 novos mercados em 49 países para explorar desde o início do
terceiro mandato de Lula, o setor parece ter feito as pazes com a gestão
petista, muito por influência de Carlos Fávaro, que comanda o Ministério da Agricultura (Mapa).
Segundo ele, a política de relações exteriores do governo Lula tem dado vazão a mercados antes fechados.
Fávaro cita como exemplo a reabertura do mercado chinês para a venda de
frangos de alguns frigoríficos que estava parada há mais de um ano.
Antecipando o aumento da demanda, o ministro conta que sua pasta tem
trabalhado para reduzir a morosidade no embarque.
Uma das soluções é a certificação eletrônica para proteínas animais.
“Isso vai superar a burocracia e ganhar tempo nas exportações. Vamos
poder avançar ainda mais no mercado externo.” Em um segundo momento, diz
o ministro, a certificação digital também poderá ser usada para a
exportação de grãos.
Ao resolver as questões burocráticas, Fávaro
quer minimizar os impactos para o produtor, mas isso não resolve todo o
problema, em especial as questões que envolvem o fomento dos itens de
maior valor agregado.
Para Roberto Rodrigues, que esteve no lugar de Fávaro durante as duas primeiras gestões de Lula, o primeiro passo é abrir o mercado e desburocratizar. O segundo é negociar a venda do grão com algum tipo de beneficiamento. Ele cita como exemplo o açúcar e o suco de laranja, mercados em que o Brasil é o maior exportador do mundo. “O mesmo não acontece com o café. Vendemos a commodity [grão], mas pouco dele torrado ou moído.”
FINANCIAMENTO
O
combo, então, deve envolver o governo guiando novas rotas e empresas
capitalizadas. E isso significa investimento. Um dos caminhos
encontrados pelo governo Lula, além do Plano Safra, foi colocar o BNDES nessa equação.
O banco de fomento, presidido por Aloizio Mercadante, dá ao empresário suporte para navegar em mares estrangeiros. “Desde a oferta de crédito com lastro dolarizado até a consultoria para entender como exportar”,
diz. O BNDES, que também esteve por trás de empréstimos bilionários a
juros baixíssimos durante a saga das “campeãs nacionais”, mudou o foco.
“Vamos dissipar o investimento e impulsionar vários de uma vez ao invés
de capitalizar demais alguns poucos grupos.”
A questão do financiamento, que surge como demanda de todos os setores, não é a única barreira que impede o Brasil de chegar lá.
Para ser grande, é preciso se colocar como tal. Integrar as cadeias e
se adequar às normas internacionais de produção. Ter infraestrutura
eficiente, burocracia reduzida, digitalização de processos.
O
dinheiro, óbvio, é bem-vindo, mas se torna insuficiente se as políticas
públicas não acompanharem essa jornada pelos mares do mundo.
O
Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou
nesta sexta-feira, 12, a nomeação de Kristalina Georgieva a um segundo
mandato de cinco anos como diretora-gerente da instituição. A economista
búlgara, de 70 anos, era a única candidata ao cargo.
Em
comunicado, a cúpula do FMI classificou a liderança de Georgieva como
“ágil e forte”, em um período marcado por múltiplos choques globais.
Segundo o grupo, a diretora-gerente encabeçou a resposta sem precedente
do Fundo aos diferentes eventos, com a aprovação de mais de US$ 360
bilhões em financiamento a 97 países desde o começo da pandemia.
O
dólar se valorizou hoje, em um contexto de renovada cautela com as
tensões geopolíticas no Oriente Médio. Diante de relatos de potencial
ataque do Irã em solo israelense em breve, em retaliação após ataque que
matou oficiais iranianos na Síria, houve busca por segurança nos
mercados em geral. Além disso, investidores monitoravam indicadores e
declarações de dirigentes de grandes bancos centrais, como o Federal
Reserve (Fed, o banco central americano) e o Banco Central Europeu
(BCE).
No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a
153,24 ienes, o euro tinha baixa a US$ 1,0643 e a libra caía a US$
1,2451. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes,
registrou alta de 0,72%, a 106,038 pontos, com ganho semanal de 1,67%.
Alguns
meios internacionais publicaram reportagens, a partir de fontes em
Israel e nos EUA, mas também em alguns casos do Irã, de que Teerã
poderia atacar em solo israelense, eventualmente ainda nesta
sexta-feira. Embora não houvesse garantias de que isso ocorresse, havia
cautela nos mercados em geral, inclusive no cambial. Houve relatos de
dois drones iranianos explosivos interceptados por Israel, nesse
contexto.
A cautela favorecia o dólar e o iene. No caso da
moeda japonesa, havia também recuperação modesta, após ela ter batido
mais cedo mínimas em 34 anos, o que segundo o BBH tornava uma
intervenção cambial algo que podia ocorrer a qualquer momento. Para a
Oxford Economics, o iene tende a seguir fraco, enquanto o Bank of
America (BofA) também mencionava a chance de intervenção cambial em
breve por Tóquio.
Na agenda de indicadores, no Reino Unido a
produção industrial cresceu 0,1% em fevereiro ante janeiro, quando
analistas ouvidos pela FactSet previam estabilidade. O PIB mensal
do país avançou também 0,1%, o que para a Capital Economics era sinal
de que a recessão local acabou. Já na Alemanha, o índice de preços ao
consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 2,2% em março, na comparação
anual, desacelerando após a alta de 2,5% de fevereiro. Nos EUA, o
sentimento econômico medido pela Universidade de Michigan caiu de 79,4
em março a 77,9 na preliminar de abril, quando analistas previam 79,7. A
pesquisa de Michigan ainda mostrou alta nas expectativas de inflação no
país, para 12 meses (de 2,9% em março a 3,1% em abril) e para 5 anos
(de 2,8% a 3,0%).
Entre
dirigentes, Martins Kazaks e Madis Müller comentaram sobre a chance de
um corte nos juros se materializar em junho pelo BCE. Já do lado do Fed,
Jeffrey Schmid, presidente da distrital de Kansas City, recomendou
paciência ao BC americano, em quadro ainda incerto na trajetória
inflacionária. Susan Collins (Boston) falou em dois cortes de juros
neste ano, enquanto no monitoramento do CME Group voltava a ser
majoritária a chance de redução nas taxas até julho pelo Fed.
Na
região, o dólar avançava a 866,8405 pesos argentinos. A inflação ao
consumidor na Argentina subiu 11,0% em março, na comparação com
fevereiro, com alta de 287,9% na comparação anual. A leitura mensal
desacelerou pelo terceiro mês seguido, mas a anual foi a mais elevada em
33 anos, na leitura oficial.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea: "A primeira semana de abril foi a melhor desde 2014" (Crédito:Divulgação)
editora3i
RESUMO
•
Executivo diz que o projeto de incentivo à descarbonização, junto com
outras medidas, garantiu o maior montante de investimentos da história
no setor, de R$ 123 bilhões. • Para ele, a
aproximação da indústria com o governo tem trazido resultados positivos,
como a alta de 12% na produção do primeiro trimestre em relação ao ano
passado
Há dois anos na presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite tem o que comemorar. Somente
nos três primeiros meses deste ano, as principais indústrias do
segmento já se comprometeram a investir mais de R$ 123 bilhões no País.
Além disso, a primeira semana de abril de 2024 é a melhor para o mês
desde 2014. Os dados de março da indústria automobilística dão suporte
ao otimismo do setor. A produção de 195,8 mil veículos foi a melhor em
quatro meses e superou em 3,2% o volume de fevereiro. No acumulado do 1º
trimestre, 538 mil unidades deixaram as linhas de montagem, 0,4% a mais
que no mesmo período do ano passado. Já nas vendas internas, a média
diária foi de 9,4 mil unidades em março, uma alta de 7,9% em relação a
fevereiro e 8,5% sobre março de 2023. No ano, a média diária de emplacamentos já é 12,6% superior à do primeiro trimestre de 2023.
Em entrevista à DINHEIRO, o presidente avalia que os próximos meses
devem ser marcados pelo aumento contínuo na produção, e 2024 deve fechar
com 6% de aumento em relação ao ano passado – indo de 2,3 milhões de
automóveis em 2023 para 2,47 milhões projetados para este ano.
DINHEIRO – Nesses quase dois anos à frente da Anfavea, quais foram as principais conquistas da indústria? MÁRCIO DE LIMA LEITE –
A gente vive um bom momento. O que queríamos desde o início era que o
governo tivesse previsibilidade, e até agora está acontecendo. A Anfavea
está com uma relação mais próxima do governo. Independentemente de
partido, temos que trabalhar juntos para o País crescer e gerar
empregos. Nós também podemos
celebrar a política que batalhamos para definir as regras de importação
de veículos de novas tecnologias, como híbridos e elétricos, que tinham
uma alíquota de 0%, ou seja, muito aberto para importações e gerando
zero investimentos, pois ninguém investiria em um país que não cobra
tarifa para importar. A primeira coisa foi a mudança
nessa regra, que foi uma grande conquista do setor. Concomitante a isso,
também celebramos o Marco Legal das Garantias (sancionado pelo
presidente Lula no ano passado), possibilitando que um bem possa ser
utilizado como garantia em mais de um empréstimo, a redução no spread
bancário e maior agilidade na recuperação dos itens, o que representa
oferecer um crédito mais barato ao consumidor.
O sr. citou o Programa Mover na apresentação dos resultados. O que pode avançar com ele?
Também ficamos muito satisfeitos com a assinatura do decreto do
Programa Mover [Programa de Mobilidade Verde] no mês passado pelo
governo federal. Foi o resultado de muitas sugestões da nossa parte,
além da academia e do setor de autopeças.
Temos a certeza de que estamos diante de um programa que será
referência para o mundo em termos de descarbonização, com a liberdade de
escolha para os consumidores, que poderão optar pela rota tecnológica
mais interessante às suas necessidades.Após essas
medidas, foram R$ 123 bilhões de investimentos anunciados, o maior
montante da história. Então vejo como um momento muito importante, pois o
setor foi ouvido e conseguiu alguns reconhecimentos relevantes do papel
da indústria automotiva no PIB brasileiro.
“Precisamos
de uma indústria local de semicondutores, pois a crise está superada
neste momento, mas o Brasil continua dependente, o que não é bom’’
A crise na cadeia de semicondutores já foi superada?
Sim, ela foi superada e está 100% equacionada, no entanto, esse é um
ponto que a gente precisa desenvolver no País. Precisamos de uma
indústria local de semicondutores, pois a crise está superada neste
momento, mas o Brasil continua dependente, o que não é bom. Por isso,
estamos conversando muito com o governo, isso faz parte da nossa agenda,
a necessidade de avançarmos com a indústria. O terremoto que ocorreu em Taiwan, por exemplo, já exige da gente algum grau de preocupação, tamanha a dependência.
Vemos
um crescimento da produção de veículos nos últimos anos, mas ainda
estamos longe do recorde da indústria, do ano de 2013, com 3,7 milhões
de veículos fabricados. Existe uma projeção para superar essa meta? Nós estamos apresentando crescimento constante. Esse primeiro trimestre foi 12% superior ao ano passado. A primeira semana de abril foi a melhor desde 2014.Tem
crescido bastante, mas o número de 2013, de 3,7 milhões, ainda vamos
demorar para alcançar. No entanto, nós trabalhamos com um número mágico,
que é de produzir 3 milhões de unidades. Esse número nós acreditamos
que iremos alcançar em dois anos.
Como estão as vendas de veículos pesados e agrícolas?
Em ônibus há uma expectativa de alta com a retomada do programa
Caminhos da Escola, do governo federal, que visa comprar ônibus
escolares novos. Além disso, como estamos em ano de eleição, as
renovações de frotas das cidades tendem a aumentar. Nos caminhões e
máquinas agrícolas, apesar de uma projeção de queda na safra de soja,
isso não será suficiente para impactar as vendas. Nesse segmento nós
estamos otimistas com a Agrishow e as feiras do setor agropecuário, que
sempre impulsionam as vendas desses produtos.
“O Brasil precisa alavancar as exportações, precisamos ter mais acordos bilaterais, com a América Latina e outros países. É um trabalho que o setor precisa fazer junto ao governo. É o nosso grande calcanhar de Aquiles’’
No
1º trimestre houve um aumento nas vendas (9,1%), mas a alta da produção
não ocorreu na mesma intensidade (0,4%). O que aconteceu?
Apesar de o mercado ter crescido, a produção não acompanhou o mesmo
ritmo em função da alta nas importações. Foram 25 mil unidades
importadas no período. Além disso, as exportações tiveram queda de 28%,
sendo 30 mil carros exportados a menos. A produção brasileira foi
impactada em quase 60 mil unidades, mas como ela cresceu 10%, teve um
efeito quase neutro de 0,5%. Nosso desafio é fazer crescer o mercado
interno, ampliar exportações e olhar com cuidado para importações, que
trazem consigo tecnologia, mas que não podem impactar nos nossos
empregos. Quando a gente fala da atenção para as importações, é porque
na produção estão os empregos. Quando
falamos que a produção não cresceu tanto, apesar do mercado ter
crescido, alguém supriu essa demanda. A grande questão é que nós
precisamos monitorar a todo momento a entrada de produtos de fora do
Brasil, que acabam impactando direto as nossas produções locais.
A Anfavea estima quantos empregos novos gerados pela indústria nos próximos anos?
Não temos esse número. O que nós temos são 1,2 milhão de pessoas
empregadas em toda a cadeia da indústria. Para cada emprego direto,
geramos de 10 a 11 indiretos. Somente agora, neste mês, geramos 700
empregos diretos, o que equivale a cerca de 7 mil postos gerados em um
mês. É um efeito multiplicador.
Está havendo alguma dificuldade de liberação de importados?
Houve uma mudança na sistemática de liberação por parte dos órgãos
ambientais e isso tem ocasionado um pouco mais de demora nas liberações.
Tanto é que hoje nós temos 25 mil veículos aguardando liberação, um prejuízo para o mercado.E
tem a demora para importar peças. Isso é um assunto que estamos
procurando entender melhor. Os elétricos não sofrem com isso, pois não
existem as mesmas restrições ambientais, então a importação é mais
rápida do que a de híbridos e carros a combustão. Recentemente fomos
acionados porque o Mercosul está começando a discutir essa maior
lentidão na liberação das importações pelo Brasil. O fluxo vindo da
Argentina está sendo tratado com maior lentidão, causando um tratamento
mais moroso por parte deles também. Fazendo essa pergunta na Argentina,
sim, isso impacta para eles, que começam a se perguntar se isso não
agride a regra do Mercosul. Então queremos ver uma forma de termos uma
liberação mais ágil, principalmente para o que está no âmbito do mercado
sul-americano.
Falando
nos elétricos, o início da produção da BYD no Brasil vai gerar um
impacto positivo forte na produção nacional e na redução da importação?
Sem dúvida, hoje os maiores volumes de importações são das empresas que
estão vindo para produzir no País, o que é algo muito positivo. Temos
esse crescimento nas importações, mas que logo será substituído pela
produção local.
E as exportações, por que estão caindo?
Esse é o nosso grande calcanhar de Aquiles. O Brasil precisa alavancar
as exportações, precisamos ter mais acordos bilaterais, com América
Latina e outros países. Esse é um trabalho que o setor precisa fazer
junto ao governo, pois vivemos um momento de forte queda em relação a
nossa média histórica. O México
vive um grande momento e é nosso maior destino de exportações,
compensando em parte as perdas nas vendas para outros países
historicamente parceiros. A Argentina, que sempre foi
nossa maior parceira, vive um momento de transição, com mudanças
estruturais sendo realizadas, mas é um país que, sem a menor sombra de
dúvida, está encontrando seu caminho. Acredito que em breve nossas
exportações para eles terão um fluxo maior.
Pretendem expandir as exportações para outros países além da América Latina?
Há sim um trabalho na busca de novos mercados, não há dúvidas sobre
isso, inclusive com o governo brasileiro, ter um foco nesses países
também, apresentar o que o Brasil tem de melhor e a possibilidade de
exportações. Há essa busca constante de novos mercados.
O Salão do Automóvel, que aconteceu pela última vez em 2018, vai voltar a acontecer em 2024? Está caminhando bem. O
problema das importações, toda vez que tem alguma instabilidade, ou
algum fluxo, acaba tendo algum impacto nos custos do evento, pois tem
toda uma logística complexa para trazer veículos para um evento desse
tipo. E o que nós temos visto ao longo dos últimos meses
tem causado um certo incômodo, mas não o suficiente para impedir a
realização do evento.
Como o sr. enxerga o futuro do mercado de carros no Brasil? As ruas serão dominadas pelos elétricos, híbridos, flex? As ruas do Brasil serão ecléticas. Um
dos grandes méritos do Programa Mover é incentivar a descarbonização,
independentemente da rota tecnológica, algo que não ocorre em outros
países. No Brasil, o consumidor terá liberdade de
escolher entre veículos elétricos, híbridos, híbridos plug-in, a etanol,
no caso de pesados a GNV, biometano ou a qualquer outra tecnologia que
surja com o objetivo de neutralizar a pegada de carbono. Caberá a cada
fabricante calibrar suas estratégias de motorização às demandas de seus
clientes.