quarta-feira, 26 de junho de 2024

De olho em shoppings, Habib’s anuncia modelo de franquias em formato quiosque

 


O Habib’s anunciou o lançamento de novas franquias em formato de quiosques, com objetivo de aumentar sua presença em shoppings centers e alavancar o crescimento da empresa através de unidades com menor custo de investimento.

Hoje, a empresa conta com pouco mais de 300 unidades pelo Brasil, número próximo aos 307 que possuía em 2018 segundo o ranking das maiores franquias do Brasil divulgado pela ABF. Foi a última vez que o restaurante apareceu na lista. Para efeitos de comparação, o McDonald’s, líder do segmento, fechou o ano passado com 2.662 lojas.

+ABF Franchising Expo 2024: veja datas, preços e atrações da feira de franquias

Cerca de 70% das unidades de Habib’s são hoje restaurantes no modelo “de rua”, e apenas 30% estão em shoppings centers. A expectativa é equilibrar este potencial até 2028, quando a empresa espera ocupar cerca de 400 lojas em shoppings centers de todo o Brasil.

Cardápio enxuto para quiosque

O primeiro quiosque aberto, no Shopping Metrô Tucuruvi, serviu de teste para o modelo de negócio. A partir dos erros e acertos dele, foram criados dois modelos, um interno e outro externo.

Ambos os formatos oferecem o mesmo cardápio, com sete sabores de esfihas, sorvetes de casquinha, sundae e milk shake, além de água, refrigerante e suco. Um forno especial com velocidade 10 vezes maior do que um convencional busca garantir que os produtos sejam assados na hora – uma esfiha demora em torno de 5 minutos, segundo a empresa.

Quanto vai custar as franquias

Os dois novos modelos são os mais baratos já disponibilizados pelo Habib’s. Para ambos, a taxa de franquia é de R$ 60 mil.

  • Quiosque interno
    Investimento inicial: a partir de R$ 440 mil (já inclusa taxa de franquia)
    Metragem: a partir de 7,5 m2 + 15 m2 de área de apoio
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 140 mil a R$ 200 mil
    Retorno do investimento: a partir de 20 meses
  • Quiosque externo
    Investimento inicial: a partir de R$ 460 mil (já inclusa taxa de franquia)
    Metragem: a partir de 7,9 m2 + 15 m2 de área de apoio
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 140 mil a R$ 200 mil
    Retorno do investimento: a partir de 21 meses

Modelos antigos

O Habib’s já oferecia quatro modelos de franquia. A taxa de franquia de todos é de R$ 130 mil. Os três primeiros são para ambientes internos, como shopping centers e galerias. O quarto prevê saída para a rua.

  • Loja 100% fast
    Investimento inicial: a partir de R$ 950 mil (já inclusa taxa de franquia)
    Metragem: a partir de 65 m²
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 250 mil
    Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Loja 100% fast com salão
    Investimento inicial: a partir de R$ 1,2 milhão
    Metragem: a partir de 80 m² (prevê um salão para até 30 lugares)
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 300 mil
    Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Loja convencional fast
    Investimento inicial: a partir de R$ 1,5 milhão
    Metragem: a partir de 185 m² (prevê um salão de até 90 lugares)
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 450 mil
    Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Loja convencional rua
    Investimento inicial: a partir de R$ 3,5 milhões
    Metragem: loja a partir de 350 m² – terreno a partir de 1.300 m²
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 650 mil
    Retorno de investimento: a partir de 40 meses


Entenda o que muda com decreto de meta contínua de inflação a partir de 2025

 


Marcos Strecker: "A pressão sobre o ministro não vai diminuir, já que as dúvidas sobre a fidelidade do governo Lula ao plano de austeridade de Haddad nunca se dirimiram por completo" (Crédito:Mateus Bonomi)

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou nesta quarta-feira, 26, decreto que formaliza a adoção de uma meta contínua de inflação a partir de 2025, com centro do alvo e o intervalo de tolerância definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mediante proposta do ministro da Fazenda.

O novo sistema para substituir o modelo atual de busca pela meta em cada ano-calendário foi normatizado um ano após o anúncio de sua adoção pelo governo. A aguardada regulamentação, com detalhes sobre a dinâmica do novo modelo, foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta.

De acordo com a medida, a meta será representada por variações acumuladas da inflação em doze meses, apuradas mês a mês. A partir de 1º de janeiro de 2025, será considerado que a meta foi descumprida quando essa inflação acumulada se desviar por seis meses consecutivos da faixa do intervalo de tolerância.

A meta e o intervalo de tolerância continuarão sendo fixados pelo Conselho Monetário Nacional.

O texto também define que a partir de 2025, o BC divulgará trimestralmente um Relatório de Política Monetária, que conterá o desempenho da nova sistemática de meta para a inflação, os resultados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação.

Em caso de descumprimento, o BC divulgará publicamente as razões do ocorrido no Relatório de Política Monetária e em carta aberta ao Ministro da Fazenda, com a descrição detalhada das causas, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.

A mudança ocorre 25 anos depois de o CMN ter estabelecido, pela primeira vez, uma meta de inflação a ser perseguida pelo BC. Em resolução de junho de 1999, o CMN definiu o sistema, dando início ao chamado “regime de metas”.

O centro da meta oficial para a inflação em 2024, 2025 e 2026 está definido em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A publicação do decreto ocorre antes da reunião do CMN, na qual o colegiado deve fixar a meta contínua de inflação com alvo em 3%. O encontro do CMN está marcado para esta quarta-feira, das 15h às 17h.

O que muda na meta de inflação

O CMN, que reúne os ministros da Fazenda e do Planejamento e também o presidente do Banco Central, define, periodicamente, uma meta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano. Cabe ao Banco Central perseguir essa meta, usando os instrumentos de política monetária ao seu alcance – sendo a taxa de juros (Selic) o principal deles.

Até agora, a meta de inflação era válida para o ano-calendário. Ou seja, o que importava era que estivesse dentro da meta em 31 de dezembro, mesmo que ficasse fora durante todo o ano. A partir de 2025, quando o Banco Central terá um novo presidente, essa meta passará a ser contínua, como já ocorre na maioria dos países que adotam o sistema de metas de inflação. Isso significa que o BC terá de olhar permanentemente para a meta, e não apenas para o resultado no fim do ano.

Para os especialistas, a mudança para a meta contínua pode ajudar o Banco Central a administrar choques inflacionários. Entre março de 2021 e agosto de 2022, por exemplo, o Copom elevou os juros de 2% ao ano para o atual patamar de 13,75% ao ano para tentar combater o aumento da inflação em função dos choques provocados pela pandemia.

Outro ponto destacado é o de que o novo regime reduz o risco de populismo econômico. Para deixar a inflação nos limites estabelecidos pela meta no fim do ano, muitos governantes optavam por segurar tarifas de transporte público, preços de combustíveis e de energia elétrica.

O BC tem demonstrado preocupação com um processo contínuo de desancoragem das expectativas do mercado para a inflação, que têm se afastado do centro da meta mesmo diante de dados benignos na inflação corrente.

O mais recente boletim Focus do BC, que capta projeções de mercado, apontou para uma inflação de 3,85% em 2025, atual foco da política monetária, já que alterações nos juros básicos geram efeito defasado na economia. Um mês antes, a estimativa estava em 3,75%.

Cientistas brasileiros criam plástico orgânico de babosa e batata doce com degradação em 120 dias

 


Inovação promissora contra a crise climática: plástico orgânico transforma-se em adubo

A boa notícia de hoje é sobre o bioplástico. E merece parabéns para cientistas brasileiros que desenvolveram um plástico orgânico, a partir de babosa e batata-doce

O trabalho foi a tese de doutorado em Agrobiologia do pesquisador José Thomaz de Carvalho, orientado pelo professor Leonardo Duarte da Silva, da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).

Se o plástico convencional demora de 200 a 5.000 anos para se decompor, a inovação nacional leva apena 120 dias para se reintegrar na natureza. Melhor ainda: também pode se transformar em adubo para o solo.

Jovens empreendedores podem participar desse tipo de inovação científica. Afinal, o desenvolvimento de tecnologias, materiais e produtos totalmente ou parcialmente biodegradáveis atende ao mercado consumidor, enquanto preserva o meio-ambiente.

Além da Batata-Doce, também é possível utilizar matérias-primas renováveis como Aloe Vera cultivada organicamente, assim como Amidos e Celuloses. O ideal é substituir resinas petroquímicas, que são fontes não renováveis.

Urgência - A humanidade produz mais de 430 milhões de toneladas de plástico derivado de petróleo anualmente, dos quais dois terços são descartáveis, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Essa produção massiva contribui para a poluição ambiental, ameaçando ecossistemas e afetando a saúde humana.

Então, cada vez mais precisamos de boas alternativas e inovação.

Viva o bioplástico e o planeta!


CEO & Investidora, Empreendedora Serial e Social. Professora MBA, Apresentadora TV, Futurista e Especialista em Inovação, Criadora mundial categoria Aliméticos e do Beautydrink® Diretora FIESP, Conselheira COFEM e CEMEC

 

https://www.linkedin.com/pulse/cientistas-brasileiros-criam-pl%C3%A1stico-org%C3%A2nico-de-babosa-arcangeli-swqrf/

terça-feira, 25 de junho de 2024

Datafolha/Simpi: Cresce procura por crédito entre MPI, mas só 40% conseguem empréstimos

As micro e pequenas indústrias têm buscado recursos no mercado para financiar suas operações, mas apenas 40% delas estão conseguindo sair dos bancos com contratos de empréstimos assinados. Mais da metade dos empresários deste segmento da indústria, 60%, deixam as agências bancárias com o pedido de empréstimo negado. É o que mostra a 13ª edição da Pesquisa Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria de maio, realizada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi) em parceria com o Datafolha.

O instituto de pesquisa abordou 712 empresas entre abril e maio nas cinco regiões do País. Apurou que o número de empresas que buscaram empréstimo no último bimestre aumentou 5 pontos porcentuais e alcançou um dos maiores índices da pesquisa, com 19%, perdendo apenas para o bimestre agosto-setembro de 2022, quando chegou a 20%.

De acordo com a pesquisa, a busca por financiamento teve aumento considerável quando focado nas pequenas indústrias, chegando a 37%, maior nível já registrado pelo Data Folha/SIMPI. No entanto, mesmo com a maior busca por empréstimo, a taxa de sucesso, de 40%, ainda é menor do que o porcentual de empresas a que foram negados, correspondente a 60% das MPIs.

O ambiente para a tomada de empréstimos por este segmento continua árido por conta da elevada taxa de juros ou mesmo pela simples ausência de linhas de crédito proporcionais ao tamanho da empresa.

Simpi, segundo contou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o seu presidente, Joseph Couri, tem feito reuniões com membros do governo e da rede bancária para tentar reverter este quadro de juros altos – e que nada tem a ver com a Selic, mas com juros de mercado.

“O que o governo, por meio do Banco Central, diz que vai manter é a Selic de 10,50% ao ano. Quando uma empresa vai ao banco pegar um empréstimo, o juro que é colocada para ela vai de 3% a 400%. Uma coisa é Selic e outra bem diferente é o valor cobrado pelo sistema financeiro sobre empréstimos”, diferencia Couri.

O problema, de acordo com o presidente do Simpi, é que por falta de linhas de créditos adequadas ao tamanho de suas atividades, 14% das empresas tomaram empréstimos pelo cheque especial e 11% usaram o crédito pessoal. Por isso é que, em alguns casos, as taxas chegam a 400%.

“Nós temos participado de discussões técnicas com o Banco Central, com o Ministério da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo, em Brasília, dentro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Conselhão da Presidência da República, e linhas de crédito têm sido anunciadas. Agora, 400% de juro é inadmissível em qualquer lugar do planeta ou até fora do Planeta Terra”, diz.

Do outro lado, no setor financeiro, de acordo com o presidente do Simpi, as instituições têm se mantido arredias por conta do conflito aberto entre o Poder Executivo e o Banco Central, bem como à futura mudança no comando da autarquia, ao fim de dezembro, e o nível de inadimplência.

Sam’s Club volta às origens e se torna a ‘joia’ do Carrefour; confira

 


Há dois anos sob comando do Grupo Carrefour, clube de compras aumenta em 80% sua receita, alcança 3 milhões de sócios e planeja dobrar de tamanho em cinco anos

 

 

José Rafael Vasquez, CEO do Sam’s Club Brasil: nas horas vagas atua como sommelier e ajuda na seleção de vinhos diferenciada disposta na adega do Sam’s (Crédito:Claudio Gatti)

José Rafael Vasquez começou a carreira no mundo corporativo como trainee no Carrefour. Evoluiu, galgou posições. Foi gerente de setor em lojas. Circulou pelo varejo em outras companhias como o Grupo Pão de Açúcar. Atuou por 19 anos no Walmart — chegando a vice-presidente da divisão de atacado, quando a rede americana comandava a operação do Sam’s Club. Saiu em 2014 para dar mais um giro pelo mercado. Passou por Supermercados Bretas, Roldão e Farmácias Pague Menos. No início de 2024, dez anos depois, ele reencontra o Sam’s Club para assumir o cargo de CEO da varejista no Brasil. E reencontra o Carrefour, grupo que adquiriu o clube de compras em junho de 2022. “O mundo dá voltas”, disse Vasquez sobre “o retorno para casa”. Destino! Que o colocou na empresa no momento em que ela também volta às origens após um período de desencontros com seu DNA. É o destino! “O segredo é se manter fiel à proposta de valor”, afirmou o executivo à DINHEIRO.

Quando ele fala em segredo, refere-se ao caminho percorrido para que o Sam’s obtivesse bons resultados a partir de junho de 2022, quando o Carrefour finalizou a negociação que girou em torno de R$ 7 bilhões à época. De lá para cá, não teve segredo. Foi trabalho para retomar as características do único clube de compras do Brasil.

Os resultados apareceram nesses dois anos nas mãos do Carrefour.
O Sam’s aumentou sua receita em 79,4% em 2023 em comparação com 2022.
Saiu de um patamar de vendas de R$ 3,5 bilhões para R$ 6,3 bilhões.
Os R$ 10 bilhões de faturamento devem ser alcançado em 2025.
A participação no volume total do Grupo Carrefour, que teve receita de R$ 115,5 bilhões ano passado, passou de 3,24% em 2022 para 4,45% em 2023. E tem aumentado.
Os resultados do primeiro semestre de 2024 mostram que a operação do Sam’s dentro do Carrefour já é de 5,75%.

“É importante conseguirmos ter um custo de operação baixo para vender itens que transmitem valor percebido para o sócio.”
José Rafael Vasquez, CEO do Sam’s Club Brasil

O crescimento exponencial do pupilo é bem maior do que o do mestre… ou da matriz, melhor dizendo.
Enquanto o Sam’s avançou em quase 80% suas vendas ano passado, o Carrefour aumentou 6,9%. A performance do clube é 11 vezes maior.
Quando comparada ao setor supermercadista, a discrepância é ainda mais evidente: 26 vezes maior. O segmento cresceu apenas 3,09% em 2023 na comparação com o ano anterior, segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

O número de sócios — que pagam R$ 75 de anuidade para comprar na varejista — era de 682 mil em dezembro de 2022. Passou para 851 mil em dezembro do ano passado e bateu em maio a marca de 3 milhões, após ações de marketing, principalmente on-line. O crescimento no número de associados que chegaram via digital foi de 622%. Atualmente, são 1,5 mil sócios novos por dia.

Um desempenho que tem levado o alto comando do Grupo Carrefour a observar o Sam’s como uma joia. Não à toa uma forte expansão está no pipeline do clube de compras. No ano passado foram inauguradas oito unidades. Estão previstas para este ano entre sete e nove inaugurações. Duas já estão de portas abertas, no bairro do Jabaquara, em São Paulo, e na Pampulha, em Belo Horizonte. Já são 53 unidades, em 16 estados e no Distrito Federal.

O plano é dobrar de tamanho em cinco anos e chegar a 100 lojas antes de 2030. Para isso, um investimento na casa de R$ 1,7 bilhão em novas lojas desde 2022, levando-se em conta a média R$ 30 milhões em cada operação, segundo analistas de mercado.

Para Marcela Zanetti, coordenadora da área de contratos, direito societário e M&A do escritório Benício Advogados, o Grupo Carrefour fez bem ao clube de compras, que apresenta crescimento após esse movimento. “Tem investido bastante no crescimento do Sam’s”, disse. “Quando o novo controlador já tem uma experiência sedimentada no mercado em questão, as chances de o novo empreendimento prosperar são maiores”, completou.

(Divulgação)

Na reformulação do Grupo Carrefour, destaque para as ‘lojas combo’, em que no mesmo terreno são montadas duas bandeiras. São 12 em atividade até agora

REFORMULAÇÃO

O Sam’s é fruto da reformulação pela qual passa o Grupo Carrefour desde o ano passado, no que chama de “iniciativas de otimização de ativos”. Traduzindo: fechamento de lojas deficitárias, ampliação de unidades lucrativas e mudanças de alguns modelos e, com isso, ser mais rentável. Nesse processo, a estratégia é reverter cerca de 40 hipermercados em lojas Atacadão ou Sam’s Club entre 2024 e 2026 — sendo 20 conversões para este ano. Inclusive com as chamadas ‘lojas combo’, em que no mesmo terreno são montadas duas bandeiras do grupo.

Já são 12 nesse modelo: sete com Sam’s e Atacadão e cinco com Sam’s e Carrefour. Já foram vendidas ou fechadas 123 lojas não rentáveis: 16 hipermercados, 94 lojas Todo Dia e 13 lojas Nacional e Bom Preço. Outras 19 deverão ter suas atividades descontinuadas até o fim de junho, colocando fim à bandeira Todo Dia no portfólio do grupo. Com o encerramento da operação dessas lojas, a expectativa é de adicionar R$ 200 milhões de Ebitda (lucro antes de juros e impostos) recorrentes por ano.

A missão de José Rafael Vasquez nesse contexto é fazer com que os negócios do Sam’s continuem se desenvolvendo a passos largos. Claro, com ações que fizeram o clube dar muito certo nos Estados Unidos nos seus 41 anos de atuação por lá — e 30 deles no Brasil. Por aqui, a varejista perdeu um pouco de suas raízes alguns anos atrás, ao tentar ficar mais parecida com os mercados tradicionais, que colocam pilhas de arroz, óleo, feijão e outros itens básicos na entrada e nos corredores. Não é esse o jogo do Sam’s.

Logo depois de ser convidado para assumir como CEO, Vasquez participou de uma reunião com a cúpula do grupo Carrefour. Na pauta, a garantia de que o gene do Sam’s seria mantido.

E quais seriam essas características tão importantes que fazem do clube um case de sucesso? Vamos a elas.

É um modelo de negócio voltado para uma operação de baixo custo, mas eficiente.
•  De longe, parece um atacarejo, com piso simples de concreto bem arrematado, estruturas metálicas à vista, pallets à mostra.
As caixas dos produtos são usadas como expositores, para gerar pouca manipulação de mercadoria. Um formato que eles chamam de ready display, com itens prontos para exibição nas gôndolas diretamente nas caixas.
Assim, os produtos, muitos deles importados, chegam empilhados na central de distribuição, são enviados às lojas e colocados à disposição nas gôndolas.
Só então as embalagens são abertas. Um processo mais fácil, que requer menos força de trabalho. “É importante conseguirmos ter um custo de operação baixo para vender itens que transmitem muito valor percebido para o sócio”, diz.

No modelo de negócio do clube de compras, o setor de eletrodomésticos tem produtos de maior valor agregado e na área de vestuário tem itens de famosas marcas de roupas (Crédito:©AndreConti/LINK)
(©AndreConti/LINK)

Se de longe parece um atacarejo, de perto é bem diferente. As lojas com 5 mil metros quadrados possuem 5,5 mil SKUs (stock keeping unit, ou unidade de manutenção de estoque). Cada produto é um SKU. Em supermercados normais, seriam 30 mil. No Sam’s, vale a teoria do ‘menos é mais’. O sortimento é menor, mas a curadoria é exigente para que um produto mais premium esteja nas prateleiras. E aqui entra outra diferença para o atacarejo: o consumidor. Os largos corredores não têm congestionamento de carrinhos. Os clientes escolhem os produtos com mais calma e conforto. “A gente vai atrás de itens que façam muito sentido ao perfil do sócio que a gente atende. É gerar valor agregado sempre”, frisou o Vasquez, que nas horas vagas atua como sommelier e ajuda na seleção de vinhos diferenciada disposta na adega do Sam’s.

Em suas visitas às unidades para observar o andamento da operação, ele se atenta às garrafas de rótulos exclusivos, pega nas mãos, faz comentários aos gerentes. Mas não sobre as notas frutadas dos tintos uruguaios ou do aroma cítrico dos brancos franceses. Sua preocupação é com a exclusividade das marcas.

Assim como ocorre em outros setores do clube, que oferece, por exemplo, as Tâmaras Khalas, importadas de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ou os bombons de chocolate Praliné Selection Elit, da Turquia. Produtos encontrados só no Sam’s entre as grandes redes varejistas. “Do total das nossas vendas, 25% são de itens importados. Boa parte deles comercializados com exclusividade por nós”, ressaltou Vasquez.

(Divulgação)

“Quando o novo controlador já tem experiência sedimentada no mercado, as chances de o novo empreendimento prosperar são maiores.”
Marcela Zanetti, especialista em contratos e M&A

● Exclusividade que também está presente no setor de vestuário do clube. Parceria com marcas como Levi’s, Fila, Guess, Calvin Klein, Náutica, Carter’s e Umbro são outro diferencial. Nenhum outro mercado expõe tantos produtos premium dessas empresas. “É como se déssemos um pulinho do Sam’s de Miami [EUA]. Tudo que tem lá, tem aqui também”, exemplifica o executivo.

Na parte alimentícia, a Friboi fornece para o Sam’s um produto específico, o Kit Semana, uma embalagem família com diversos tipos de proteína animal, em formato que atende às câmaras de resfriamento do clube ao gosto dos fregueses. Outras grandes companhias como P&G, Unilever, Pepsico, Mondelez e Nestlé disponibilizam ao Sam’s produtos com tamanhos diferentes — geralmente maiores, mais pesados ou com mais mililitros — e em quantidades maiores.

No segmento de eletroeletrônicos, outra distinção é a venda de televisores acima de 65 polegadas com mais incidência do que o próprio Carrefour. “Nosso público tem bastante aderência com esse formato”, apontou o CEO.

Análise corroborada por Gustavo Carrer, head de Desenvolvimento de Negócios da Inwave, desenvolvedora de tecnologia para redução de perdas e aumento da eficiência operacional. “O formato de clube tem a capacidade de atrair consumidores de renda mais alta, bem como de empresas que buscam produtos ou embalagens diferenciadas e preços compatíveis.”

Com tudo isso — itens importados, exclusivos e de maior valor agregado —, o tíquete médio do Sam’s é o dobro do hipermercado Carrefour. O número exato? Esse Vasquez mantém em segredo. “Mas são algumas centenas de reais”, despistou.

Em meio a tantos diferenciais, o clube de compras também tem sua marca própria, a Member’s Mark. Os produtos estão em praticamente todas as categorias. Muitos itens produzidos por marcas famosas para o Sam’s no sistema white label (em que a fabricação é terceirizada e o rótulo do produto é da varejista). Tem desde vinhos a chocolates. Destaque para sabão líquido para lavar roupas, que conquistou a liderança de vendas dentro do clube ao bater marcas famosas como OMO e Ariel. “É a relação custo-benefício”, explicou Vasquez. Os produtos Member’s Mark são responsáveis por 19% do total de vendas da varejista.

CANAIS DE VENDA

A venda física é o principal canal de receita do Sam’s Club. Mas há outros importantes, como o televendas, que geram entre 12% e 13% do faturamento. Em tempos de tecnologia avançada, o bom e velho telefone faz a diferença. A maioria dos que utilizam esse contato são revendedores que compram em grande quantidade. “Fazer atacado também não é pecado”, brincou o CEO ao ser indagado pela importância do televendas.

No e-commerce próprio, a representatividade é de 6%. Ingressar nos marketplaces é viável? Difícil pelo modelo de negócio baseado em sócios que compram com vantagens exclusivas na rede varejista. Mas está sendo estudado um formato para ingressar no iFood e no Rappi, referências em entrega sob demanda. “Estamos trabalhando para encontrar um caminho. A capilaridade deles é muito boa e isso nos interessa”, revelou Vasquez.

As novidades estão sempre no radar do Sam’s. A máxima interna do clube é ‘What’s next?’. O próximo — seja produto ou desafio — está por vir. E não é segredo que vai colaborar para a performance da varejista do Grupo Carrefour. É destino.

Reancoragem das expectativas de inflação é essencial para ajustes na Selic, diz BC

 


Sede do Banco Central em Brasília

A reancoragem das expectativas de inflação é vista pela diretoria do Banco Central como elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta, mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que foi tomada a decisão de interromper a sequência de cortes na taxa básica de juros.

No documento divulgado nesta terça-feira, 25, o BC também informou que elevou marginalmente a hipótese de taxa de juros real neutra em seus modelos, de 4,5% para 4,75%.

“O Comitê unanimemente avalia que se deve perseguir a reancoragem das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem”, disse o BC no documento.

O Copom ainda reiterou que o ambiente global incerto e cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação de projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

Na última quarta-feira, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria para interromper o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em agosto do ano passado.

“O comitê avaliou que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz a ata.

Copom debate juros neutros mais altos

O BC reforçou, por meio da ata, que eventuais ajustes futuros na Selic serão ditados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

“O comitê avaliou que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz a ata.

Segundo o Copom, o comportamento do mercado de trabalho e da atividade doméstica têm surpreendido e divergido da desaceleração esperada. Isso é verdade especialmente para consumo das famílias, disse o comitê. Além disso, o aumento das expectativas de inflação também é um fator de preocupação.

Além de elevar a hipótese dos juros neutros a 4,75%, o Copom também debateu cenários com taxa neutra entre 4,5% e 5%, “uma vez que muitos modelos apresentados indicam valores nesse intervalo”.

“Em função da incerteza intrínseca e da própria natureza da variável, o Comitê reforçou que a taxa neutra não é uma variável que deve ser atualizada em frequência alta e que tampouco deveria ter movimentos abruptos, salvo em casos excepcionais”, afirmou.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

‘O que aconteceu com o real é algo não repetível’, diz Persio Arida em evento sobre 30 anos da moeda

 


Na comemoração dos 30 anos do Plano Real, o ex-presidente FHC encontrou alguns dos economistas que criaram o mais bem-sucedido programa de estabilização da economia brasileira: Persio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco.

Na comemoração dos 30 anos do Plano Real, o ex-presidente FHC encontrou alguns dos economistas que criaram o mais bem-sucedido programa de estabilização da economia brasileira: Persio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco. (Crédito: Vinicius Doti/Fundação FHC)

O Instituto FHC realizou na tarde desta segunda-feira, 24, o evento “30 Anos do Plano Real” com a participação dos idealizadores do plano que criou a moeda brasileira em vigor até hoje. Estiveram presentes André Lara Resende, Arminio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Persio Arida.

“O que aconteceu com o real é algo não repetível”, avaliou Arida. Para o economista, o cenário e os personagens envolvidos no novo plano econômico à época são muito específico, e ajudaram a transformar o real hoje em um “bem público”.

“Havia um trabalho coletivo, não foi uma ideia do nada”, lembra. “O ponto foi entender a especificidade da economia brasileira. Conviver com indexação. E uma trajetória de sequências de planos, congelamentos de preços etc. Fomos de 20% [de inflação] em 1970 a mais de 2.000% antes do real. Havia no Brasil algo muito diferente dos processos normais de inflação”.

Persio destacou então a atuação de Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco (1992-1994), que, segundo Arida, tinha uma dupla característica que foi importante no momento: a de político e de intelectual.

“Difícil imaginar um ministro da Fazenda convencer o presidente da República, que tinha ideias próprias, e fazer aliança com partidos, percorrer o país com pedagogia democrática. Essa dupla característica foi vital para o sucesso do plano. Se não tivesse sido essa liderança política do FHC, nada disso teria acontecido.”

Outro ponto para o sucesso do plano, segundo Arida, foi o ambiente de ideias que originaram o real. “Sim, foi um plano original, mas só vingou porque teve ambiente de discussão e aperfeiçoamento dessas ideias e alguém que resolveu bancá-las politicamente”.