As micro e pequenas indústrias têm buscado recursos no mercado para financiar suas operações, mas apenas 40% delas estão conseguindo sair dos bancos com contratos de empréstimos assinados. Mais da metade dos empresários deste segmento da indústria, 60%, deixam as agências bancárias com o pedido de empréstimo negado. É o que mostra a 13ª edição da Pesquisa Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria de maio, realizada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi) em parceria com o Datafolha.
O instituto de pesquisa abordou 712 empresas entre abril e maio nas cinco regiões do País. Apurou que o número de empresas que buscaram empréstimo no último bimestre aumentou 5 pontos porcentuais e alcançou um dos maiores índices da pesquisa, com 19%, perdendo apenas para o bimestre agosto-setembro de 2022, quando chegou a 20%.
De acordo com a pesquisa, a busca por financiamento teve aumento considerável quando focado nas pequenas indústrias, chegando a 37%, maior nível já registrado pelo Data Folha/SIMPI. No entanto, mesmo com a maior busca por empréstimo, a taxa de sucesso, de 40%, ainda é menor do que o porcentual de empresas a que foram negados, correspondente a 60% das MPIs.
O ambiente para a tomada de empréstimos por este segmento continua árido por conta da elevada taxa de juros ou mesmo pela simples ausência de linhas de crédito proporcionais ao tamanho da empresa.
Simpi, segundo contou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o seu presidente, Joseph Couri, tem feito reuniões com membros do governo e da rede bancária para tentar reverter este quadro de juros altos – e que nada tem a ver com a Selic, mas com juros de mercado.
“O que o governo, por meio do Banco Central, diz que vai manter é a Selic de 10,50% ao ano. Quando uma empresa vai ao banco pegar um empréstimo, o juro que é colocada para ela vai de 3% a 400%. Uma coisa é Selic e outra bem diferente é o valor cobrado pelo sistema financeiro sobre empréstimos”, diferencia Couri.
O problema, de acordo com o presidente do Simpi, é que por falta de linhas de créditos adequadas ao tamanho de suas atividades, 14% das empresas tomaram empréstimos pelo cheque especial e 11% usaram o crédito pessoal. Por isso é que, em alguns casos, as taxas chegam a 400%.
“Nós temos participado de discussões técnicas com o Banco Central, com o Ministério da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo, em Brasília, dentro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Conselhão da Presidência da República, e linhas de crédito têm sido anunciadas. Agora, 400% de juro é inadmissível em qualquer lugar do planeta ou até fora do Planeta Terra”, diz.
Do outro lado, no setor financeiro, de acordo com o presidente do Simpi, as instituições têm se mantido arredias por conta do conflito aberto entre o Poder Executivo e o Banco Central, bem como à futura mudança no comando da autarquia, ao fim de dezembro, e o nível de inadimplência.
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