O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Paulo Picchetti, avaliou nesta segunda-feira, 10, que a tendência é que a atividade econômica surpreenda novamente para cima em 2024, como ocorreu em 2023 e 2022.
Picchetti ponderou que o crescimento não deve ser tão grande quanto o registrado nos últimos dois anos, mas que há possibilidade de revisões para cima nas projeções atuais, para acima de 2%.
Esse cenário, afirmou, ocorre junto com desaceleração da inflação, apesar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) continuar acima da meta no horizonte relevante da política monetária.
A dinâmica da inflação no Brasil, frisou, tem muito a ver com a de serviços, e nesse momento a inflação de serviços acima da meta é um desafio. Picchetti voltou a mencionar o mercado de trabalho robusto, mas pontuou que não existe transmissão direta da renda para os preços, e que é necessário atenção do Banco Central com esse tema.
Além dessas questões, pontuou o economista, há ainda o desafio adicional da desancoragem recente das expectativas.
Alta da renda
O diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central disse que há uma grande incerteza sobre o comportamento do mercado de trabalho no pós-pandemia. No Brasil, é possível que a reforma trabalhista tenha sido responsável por permitir um aumento da renda sem pressão na inflação de serviços, o que seria uma boa notícia para o BC, afirmou.
“Pode ser que isso esteja explicando como o aumento de rendimentos aqui não foi seguido, até agora, por um aumento da mesma proporção da inflação de serviços”, disse. “Se isso for verdade, é uma boa notícia, porque vai mostrar um comportamento benigno do que nos preocupa no BC, que não é aumento de salários, aumento de empregos.”
Ele explicou que a preocupação da autoridade monetária é com os riscos para a inflação. Picchetti participou de um webinar organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na noite de hoje.
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