sexta-feira, 7 de junho de 2024

Meio-ambiente inteiro

 


A natureza influencia os negócios, sim 
 
 
Negócios de todos os porte e setores acabaram afetados por uma sequência de fortes chuvas previstas com apenas uma semana de antecedência

 

Você já deve ter visto uma ilustração assim. No centro, um retângulo com a identificação: "empresa". E em seu entorno, palavras soltas, como "leis", "política", "cultura", "economia", "concorrentes", "fornecedores" e "consumidor". Eis a maneira pela qual professores e livros-texto costumam apresentar o macroambiente em que uma organização está inserida, destacando as principais fontes de influência às quais está sujeita e, claro, a origem de obstáculos e oportunidades com que irá deparar. Raramente, no entanto, essa ilustração contempla o maior e mais abrangente fator de todos: o ambiente natural.

Se havia qualquer dúvida sobre a importância desse elemento, ela acabou mês passado, com as enchentes do Rio Grande do Sul. Negócios de todos os porte e setores acabaram afetados por uma sequência de fortes chuvas previstas com apenas uma semana de antecedência. Para evitar problemas assim – ou simplesmente sincronizar oferta e demanda, timing de chegada de produtos às gôndolas ou projetar ciclos de produção – é que grandes companhias têm se servido das agências de meteorologia.

Hoje, os ramos que tradicionalmente contratavam previsões climáticas, como agronegócio e energia, respondem por apenas 35% da carteira de clientes da Climatempo, maior consultoria da área no Brasil. O restante inclui varejistas, indústrias, prestadores de serviços e agências de propaganda. Segundo o sócio de uma dessas empresas, a Nottus, "eventos climáticos extremos (...) afetam a operação de setores cada vez mais diversos, que precisam colocar as variações do clima na sua planilha de custos e riscos" (Folha de S. Paulo, 18/05/24). Entre eles, alguns aos quais não costumamos atentar: construção civil (que precisa programar calendário de obras e justificar eventuais atrasos), fabricantes de inseticidas (cuja demanda aumenta com o calor), hospitais (para administrar o uso de geradores) e produtoras de show (como o recente espetáculo da Madonna no Rio).

Em uma projeção de médio e longo prazo, o aquecimento global tende a aumentar a importância de produtos como ares-condicionados e ventiladores, tornando-os essenciais em determinadas regiões, bem como de purificadores de água, refrigeradores e frigobares (Valor, 21/05/24). Tudo em função da natureza, que mal costuma aparecer no checklist das escolas e dos livros de administração, mas volta e meia dá as caras e mostra que, ao analisar um cenário de negócios, não se pode fazê-lo pela metade: nada de meio-ambiente, é ambiente inteiro.

 

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