quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Trump diz que tarifas comerciais recíprocas serão anunciadas nesta quinta-feira

 

WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que planeja anunciar tarifas comerciais recíprocas nesta quinta-feira, mas não deu outros detalhes sobre seu mais recente plano tarifário, que poderia atingir todos os países que cobram taxas sobre as importações norte-americanas.

“Hoje é o grande dia: tarifas recíprocas”, escreveu Trump em sua plataforma de mídia social.

Posteriormente, ele publicou que detalhará o mais recente pacote de tarifas em uma coletiva de imprensa às 15h (horário de Brasília).

Isso ocorrerá algumas horas antes da visita do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, à Casa Branca.

Modi, que tem chegada prevista para as 18h, comanda um governo que impõe as tarifas mais altas sobre as exportações norte-americanas do que qualquer outro grande parceiro comercial dos EUA.

A última rodada de tarifas tem aumentado os temores de uma guerra comercial global e ameaçado acelerar a inflação dos EUA.

Trump, que assumiu o cargo em 20 de janeiro, já anunciou tarifas sobre as importações de aço e alumínio a partir de 12 de março, impôs tarifa de 10% sobre os produtos da China e uma suspensão de 30 dias nas tarifas sobre produtos de Canadá e México.

Na quarta-feira, assessores comerciais de Trump estavam finalizando os planos para as tarifas recíprocas que o presidente dos EUA prometeu impor a todos os países que cobram taxas sobre as importações dos EUA.

Trump disse na segunda-feira que também está analisando tarifas separadas sobre automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos.

Especialistas em comércio afirmam que estruturar as tarifas recíprocas que Trump deseja representa grandes desafios para sua equipe, o que pode explicar por que essas tarifas não foram anunciadas na terça-feira.

(Reportagem de Susan Heavey, Andrea Shalal e David Lawder)

Após perder direito à marca, Eataly vira loja sem letreiro, sem site e sem perfil nas redes

 

Não existe empresa sem nome ou marca. Mas é essa a situação que vive hoje o Eataly no Brasil, que perdeu uma disputa judicial com a franqueadora italiana e agora não pode mais usar a marca Eataly no país. O processo segue em segredo de Justiça. A gestão brasileira disse que a decisão sobre a perda da marca no país foi dada “em um processo arbitral sigiloso” e que não é definitiva.

Procurada por IstoÉ Dinheiro para detalhar sobre a perda da marca, a empresa no Brasil diz estar “em um momento de arbitragem” e que “não poderem se posicionar além da nota oficial” (ver abaixo).

A especialista em varejo alimentar, Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice, diz que não é possível saber o que levou a franqueadora a retirar o nome da franqueada brasileira, mas certamente deve envolver algum descumprimento de contrato, que pode ser desde o processo de recuperação judicial em que a empresa está envolvida ou até mesmo falta de padronização da operação.

“Todo mundo que está no sistema de franquias, tem que cumprir normas, regras. O franqueador cobra. Não é uma grande surpresa [tirar o nome] se não cumprir regras. Essas regras passam, por exemplo, por ter x% de produtos importados, um mix mínimo, regras estabelecidas que, mesmo com troca de comando, precisam ser respeitada”.

Sem nome, o complexo dedicado à gastronomia italiana (massas, molhos, café, trattoria, pizzaria e escola de culinária) também ficou sem site e redes sociais ativos.

Trump pode resgatar lei de 1930 dos EUA para aplicar tarifas recíprocas

 

Especialistas em comércio e direito dizem que o presidente Donald Trump provavelmente vai tirar o pó de uma lei comercial de 1930, esquecida há décadas, para respaldar as novas tarifas recíprocas dos EUA, que se equipararão aos impostos de importação mais altos de outros países.

Trump disse que as novas tarifas dos EUA entrariam em vigor “quase imediatamente”, e a Seção 338 da Lei de Comércio de 1930 proporcionaria um caminho rápido para impô-las.

A lei — usada como ameaça, mas nunca aplicada para impor tarifas — aparece apenas esporadicamente em registros do governo. Ela permite que o presidente imponha taxas de até 50% contra importações de países que discriminam o comércio dos EUA.

Essa autoridade pode ser acionada quando o presidente descobre que um país impôs uma “taxa, exigência, regulamentação ou limitação injustificada” que não é aplicada igualmente a todos os países.

A medida também pode ser desencadeada por discriminação em taxas alfandegárias ou outras taxas, regulamentações ou outras restrições que “prejudiquem” o comércio dos EUA.

Trump, que há muito reclama que os EUA cobram taxas mais baixas do que a maioria dos outros países, disse que suas novas tarifas recíprocas entrariam em vigor quase imediatamente. A tarifa de 10% para automóveis da União Europeia, quatro vezes a taxa de 2,5% para carros de passeio dos EUA, é um ponto particularmente sensível para o presidente.

“Acredito que é exatamente esse o caminho que eles vão seguir”, disse Dan Cannistra, sócio do escritório de advocacia Crowell & Moring, sobre a Seção 338.

“Eles vão dizer à UE: ‘Vocês estão dando zero por cento em carros para a Coreia, vocês estão dando 10% para os EUA. Vocês estão nos discriminando’.”

Ação rápido

As ferramentas comerciais que Trump usou em seu primeiro mandato levariam mais tempo para impor tarifas, incluindo o estatuto de segurança nacional da Seção 232 para aço e alumínio e a lei de práticas comerciais desleais da Seção 301 para importações chinesas. Esses processos requerem investigações e comentários públicos, o que pode levar meses.

Até agora, Trump tem priorizado em seu novo mandato ferramentas que permitam ação imediata sobre tarifas. Isso incluiu o primeiro uso do International Emergency Economic Powers Act para impor tarifas — 10% sobre produtos chineses e 25% sobre produtos mexicanos e canadenses, neste último caso com início previsto em março e exigências relacionadas ao tráfico de fentanil e à segurança de fronteiras.

Na segunda-feira, Trump simplesmente modificou sua proclamação anterior da Seção 232 sobre metais para aumentar rapidamente as tarifas de alumínio para 25% — equiparando-se às tarifas de aço — e cancelar todas as isenções de impostos sobre aço e alumínio, a partir de 12 de março.

A Seção 338 está na mesma categoria de soluções de ação rápida, permitindo que o presidente aja unilateralmente e imponha tarifas em 30 dias, disse Nazak Nikakhtar, ex-alto funcionário do Departamento de Comércio durante o primeiro mandato de Trump.

Nikakhtar, agora sócio do escritório de advocacia Wiley Rein, disse que a equipe comercial do primeiro mandato de Trump pesquisou cenários para usar a Seção 338, mas optou por ferramentas mais familiares.

“A conclusão foi que era uma lei válida. O Congresso poderia ter revogado, mas não o fez”, disse Nikakhtar. “Seu benefício é que é mais imediato.”

Um porta-voz da Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário da Reuters sobre o possível uso da Seção 338.

Empobrecer o vizinho

A Lei de Comércio de 1930, que inclui a Seção 338, é mais conhecida pelos aumentos significativos de tarifas dos EUA e pelas retaliações subsequentes que, segundo historiadores econômicos, pioraram a Grande Depressão da década de 1930.

Após a Segunda Guerra Mundial, os países buscaram padronizar as tarifas globais para evitar o retorno das políticas econômicas de “empobrecer o vizinho” do pré-guerra, marcadas por restrições comerciais competitivas e desvalorizações cambiais.

As tarifas de Nação Mais Favorecida (NMF) resultantes, acordadas mutuamente, formaram a base do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês) de 1947 e seu sucessor de 1995, a Organização Mundial do Comércio (OMC).

John Veroneau, cuja pesquisa de 2016 ajudou a renovar o interesse na Seção 338, disse que uma ação unilateral de Trump para impor tais tarifas efetivamente explodiria o sistema NMF.

“Seria um terremoto em Genebra anunciar as intenções dos EUA de se afastar da NMF incondicional e negociar nossas tarifas em uma base bilateral”, disse Veroneau, ex-representante comercial adjunto dos EUA durante o governo George W. Bush e sócio do escritório de advocacia Covington & Burling.

Ele disse que o governo Franklin Roosevelt ameaçou impor tarifas da Seção 338 na década de 1930 contra França, Alemanha, Espanha e Japão, mas nunca o fez.

À medida que as forças comunistas consolidavam o controle da China em 1949, um telegrama do então Secretário de Estado Dean Acheson menciona a Seção 338 como um remédio potencial contra a “política comercial comunista” chinesa discriminando o comércio dos EUA. Acheson observa que o presidente poderia excluir completamente as importações chinesas.

O telegrama é a última referência oficial conhecida do governo dos EUA à lei, disse Veroneau.

Taxas diferentes

Não está claro se a ação de Trump será ampla ou direcionada a alguns setores ou países. Mas o cerne da ação tarifária do presidente será voltado para alinhar as tarifas dos EUA com as taxas frequentemente mais altas de outros países.

O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse na segunda-feira que as altas tarifas da Índia bloqueiam as importações.

A taxa tarifária média ponderada pelo comércio dos EUA é de cerca de 2,2%, de acordo com dados da OMC, em comparação com 12% para a Índia, 6,7% para o Brasil, 5,1% para o Vietnã e 2,7% para os países da União Europeia.

Embora as tarifas tenham sido acordadas pelas administrações dos EUA ao longo do tempo, Cannistra disse acreditar que o uso da Seção 338 por Trump resistiria a um desafio legal, porque a evolução do sistema tarifário está “cheia de inconsistências” que foram negociadas pelos países para proteger seus interesses econômicos.

“Não há nenhuma descoberta além da existência de discriminação, e você provavelmente poderia descobri-la em 30 segundos analisando as tabelas tarifárias concorrentes”, disse Cannistra.

Além das tarifas diferenciadas, Nikakhtar afirmou que Trump poderia incluir práticas regulatórias de países que trabalham para excluir produtos dos EUA como discriminatórias ao comércio norte-americano. Este é o caso de restrições à importação de culturas geneticamente modificadas ou padrões de segurança ou emissões de veículos na União Europeia e no Japão.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Lula participa de anúncio de investimento de R$70 bi da Vale em Carajás, diz Planalto

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na tarde da próxima sexta-feira do anúncio de investimento de R$70 bilhões da Vale na expansão da mineração de ferro e cobre em Carajás, no município de Parauapebas (PA), de acordo com nota do Palácio do Planalto.

Segundo o comunicado, trata-se de um investimento a ser realizado de 2025 a 2030.

A Vale apresentará o projeto “Novo Carajás”. A presença dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, está prevista no evento.

BCE deve fazer cortes graduais de juros e não ter como meta nível “neutro”, afirma Nagel

 

O Banco Central Europeu (BCE) deve flexibilizar a política monetária apenas gradualmente e não ter como meta um nível “neutro” difícil de definir para as taxas de juros, disse o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, nesta quarta-feira.

O BCE reduziu as taxas de juros cinco vezes desde junho do ano passado e deu a entender que haverá ainda mais flexibilização nos próximos meses, à medida que a economia desacelera, alimentando especulações sobre até que ponto poderá reduzir sua taxa de depósito de 2,75%.

Economistas veem a taxa neutra, que não estimula nem desacelera o crescimento, como um destino possível, e suas opiniões receberam um impulso quando o BCE publicou um documento mostrando que esse nível pode estar em torno de 1,75% a 2,25%.

Mas Nagel, assim como muitos de seus pares, minimizou o nível neutro, também chamado de “R-star” na linguagem dos bancos centrais, argumentando que se trata de um bom conceito teórico que não é muito útil para a formulação de política monetária, dada a incerteza sobre seu nível exato.

“Quanto mais nos aproximamos da taxa neutra, mais apropriado se torna adotar uma abordagem gradual”, disse Nagel em um discurso em Londres. “Os limites do conceito também são claros: seria arriscado basear as decisões principalmente em estimativas de R-star.”

Quais empresas brasileiras serão mais afetadas pelas tarifas de Trump sobre aço?

 

A taxação em 25% sobre as importações de aço decretada por Donald Trump não irá prejudicar igualmente todas as empresas brasileiras. Análise feira pelo Itaú BBA aponta que ao menos uma companhia pode ser beneficiada pela medida: a Gerdau.

Fundada em 1901 quando João Gerdau adquiriu uma fábrica de pregos em Porto Alegre, a Gerdau hoje possui indústrias em outros países que devem salvar a companhia dos impactos da taxação, diz o relatório.

O estudo do Itaú BBA aponta que o maior impacto cairá sobre as empresas não estão listadas na bolsa de valores. Responsáveis por cerca de 80% das exportações de aço do país. Duas empresas com capital fechado são destacadas no estudo pela sua exposição aos danos: a Ternium Brasil e a ArcelorMittal.

Outras siderúrgicas com capital aberto terão seus prejuízos atenuados devido à baixa participação dos Estados Unidos em seus negócios. Apenas cerca de 3% das receitas da Usiminas e 4% da CSN provém da América do Norte.

Gerdau fabrica aço nos EUA

Segundo o Itaú BBAA, a Gerdau tem capacidade instalada para produzir 3,8 milhões de toneladas nos EUA e 4,8 milhões de toneladas na América do Norte como um todo.

A companhia exporta cerca de 300 mil toneladas por ano de aço fabricado no Canadá para os EUA. No entanto, o relatório aponta que a empresa deve ter capacidade de transferir esta produção para o país de Donald Trump caso seus compradores não estejam dispostos a arcar com os custos extras de importação.

“Estimamos que um aumento de 5% no preço médio da Gerdau em seu portfólio de vendas nos EUA resultaria em um ganho de 12% no EBITDA da empresa”, calcula o Itaú BBA.

Representantes do setor esperam negociação

O Instituto Aço Brasil, principal representante do país, disse aguardar uma negociação entre os governos brasileiro e americano para melhorar as condições para as empresas exportadoras. A entidade recordou que, em seu primeiro mandato, Donald Trump instituiu imposto semelhante e, posteriormente, determinou cotas isentas para seus principais parceiros comerciais.

“Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras”, afirmou a principal entidade do setor siderúrgico nacional, que reúne empresas como Gerdau, Usiminas e ArcelorMittal.

Segundo dados da fabricante de aço Nucor citados no relatório do Itaú BBA, as isenções e cotas de livre comércio representavam cerca de 82% dos volumes de aço importados para os EUA em 2024.

Menos importações brasileiras

Outra entidade a comentar os novos tributos decretados por Trump foi a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), instituição multisetorial voltada para fortalecer o comércio e o investimento entre Brasil e Estados Unidos.

Em nota, a Acham lembra que o Brasil importa US$ 1,4 bilhão em carvão para ser utilizado na indústria do aço. Além disso, compra produtos feitos de aço como máquinas e equipamentos, peças para aeronaves, motores automotivos e outros bens da indústria de transformação.

“Com as sobretaxas, há o risco de redução das importações brasileiras desses produtos de origem norte-americana”, afirma a nota.

Dados do Instituto Aço Brasil apontam que, nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram superávit comercial médio de US$ 6 bilhões. Já ao considerar especificamente os principais itens da cadeia do aço – carvão, aço e máquinas e equipamentos – o comércio entre os dois países é de US$ 7,6 bilhões, sendo os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões.

Avanço da inflação nos EUA

As taxações sobre o alumínio e o aço anunciadas por Donald Trump podem ainda aumentar a inflação no país. “Aço e alumínio são produtos no começo da cadeia [de produção]. Então, esta taxação tem um efeito cascata para inflação alta, ainda que demore para chegar no consumidor”, explica o analista da Empiricus Matheus Spiess.

Dados oficiais divulgados nesta quarta-feira mostram que a inflação estadunidense subiu 0,5% no mês passado, depois de avançar 0,4% em dezembro. Em 12 meses, a alta acumulada chega a 3,0%, após registro de 2,9% em dezembro. Projeções de economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,3% e 2,9%, respectivamente.

Os novos números mudaram a expectativa de analistas do mercado em relação aos juros nos EUA, que devem permanecer altos por mais tempo e manter assim a moeda do país mais valorizada.

Lula participa de anúncio de investimento de R$70 bi da Vale em Carajás, diz Planalto

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na tarde da próxima sexta-feira do anúncio de investimento de R$70 bilhões da Vale na expansão da mineração de ferro e cobre em Carajás, no município de Parauapebas (PA), de acordo com nota do Palácio do Planalto.

Segundo o comunicado, trata-se de um investimento a ser realizado de 2025 a 2030.

A Vale apresentará o projeto “Novo Carajás”. A presença dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, está prevista no evento.