quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Milei abre maior banco da Argentina ao capital privado

 

O presidente da Argentina, Javier Milei, decretou a transformação em sociedade anônima do Banco de la Nación, a maior instituição bancária do país, cuja privatização havia sido rejeitada pelo Congresso, de acordo com medida publicada no diário oficial nesta quinta-feira (20).

“A transformação do Banco de la Nación Argentina em uma sociedade anônima contribuirá para a modernização de sua estrutura jurídica e operacional, permitindo maior flexibilidade em sua gestão e adaptação às melhores práticas do mercado financeiro”, disse Milei no decreto.

O governo incluiu o Banco de la Nación em uma lista de empresas estatais sujeitas à privatização quando impulsionou um mega-pacote de leis ao Congresso, mas o Parlamento se opôs, excluindo-o.

No entanto, a mesma lei deu a Milei poderes extraordinários para declarar emergência econômica, financeira, energética e administrativa pelo período de um ano.

Sindicatos bancários rejeitaram o decreto e enfatizaram que é “contraditório querer vender o que funciona, a menos que o único objetivo seja uma negociação espúria e uma nova fraude”, em referência ao escândalo envolvendo o presidente por ter apoiado, em suas redes sociais, o lançamento de uma criptomoeda que se revelou um golpe.

O episódio levou a denúncias nos tribunais e reações da oposição pedindo seu impeachment.

Dados oficiais divulgados pelo banco corroboram os bons números da entidade financeira argentina.

Em 2024, os desembolsos da instituição “tiveram um crescimento extraordinário de mais de 600%”, disse o banco no final de janeiro, observando que tem “a melhor taxa de cobrança da história recente”.

Como resultado, a entidade financeira “aumentou sua participação de mercado em mais de 600 pontos, chegando a 17,5% do total”, declarou, “reafirmando sua liderança no sistema financeiro em qualquer medida: ativos, depósitos, empréstimos e patrimônio”.

De acordo com o decreto, os acionistas serão o Estado argentino, que deterá 99,9% do capital social do banco “e exercerá todos os seus direitos através do Ministério da Economia”, e a Fundação Banco de la Nación, com 0,1% das ações.

O sindicato La Bancaria enfatizou que o Banco de la Nación “tem os melhores números de lucratividade do sistema financeiro, concentra o maior número de clientes, depósitos, créditos e assistência a empresas e indivíduos” e acrescentou que se declarou em “estado de alerta e mobilização” contra o decreto presidencial.

Belém vive corrida imobiliária antes da COP 30; diárias chegam a R$ 285 mil

 

Belém vive uma desenfreada corrida imobiliária em direção à Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30). Em clima de euforia comercial, moradores e empreendedores enxergam uma chance imperdível de alugar imóveis a preços de compra, com aluguéis chegando a R$ 3 milhões para os doze dias da conferência.

O afã ganha impulso com as obras de revitalização numa cidade repleta de deficiências, que especialistas criticam por hipervalorizar zonas nobres em detrimento de vizinhas precarizadas. A explosão dos aluguéis é acompanhada ainda pela ameaça de despejo de inquilinos locais.

A nove meses do megaevento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a crise climática, os belenenses de várias classes sociais oferecem hospedagem por temporada para os esperados 50 mil visitantes. O aluguel para acomodações de classe média baixa gira em torno de R$ 1 mil para o período da conferência. Mas, para os imóveis das classes média e alta, o céu é o limite.

Em duas plataformas que firmaram parcerias com o governo do Pará, Airbnb e Booking.com, a metade mais cara das 1,2 mil acomodações disponíveis para pelo menos uma pessoa em novembro tem diárias que vão de R$ 6 mil até R$ 285 mil.

Com significativas disparidades, o aluguel mensal médio de um imóvel de 100 metros quadrados na cidade amazônica era de R$ 5,5 mil em janeiro, o terceiro mais caro entre as capitais do Brasil, segundo o Índice FipeZAP. Só no ano passado, os leitos disponibilizados pelo Airbnb em Belém e região chegaram a 5,2 mil – um aumento de 54% em relação ao ano anterior, diz a plataforma.

Também as agências imobiliárias viram aumentar a clientela ansiosa para alugar seus apartamentos a preços que hoje são tão variados quanto eram antes impensáveis, saindo a pelo menos alguns milhares de reais pela diária. Os corretores investem numa enxurrada de propaganda, mirando quem quer ganhar dinheiro na COP30.

“Os proprietários calculam os preços em dólar, e os valores ficam às vezes fora da realidade. Muitos deles desistiram de vender seus imóveis para alugar na COP”, diz o corretor Genardo de Oliveira. “É uma loucura.”

A organização da COP30 aposta no aluguel de temporada para gerar 11,5 mil leitos e contornar a deficiência da capacidade hoteleira de Belém. Segundo dados oficiais, em 2022 havia apenas 12,2 mil unidades habitacionais de hospedagem, dos quais 91% eram hotéis.

Vale tudo para alugar em dólar

Alguns proprietários estão dispostos a ir longe para não perder um bom negócio numa cidade onde a oferta imobiliária é limitada e a demanda, de repente, virou global. Para muitos, está na mesa até não renovar ou rescindir contratos com inquilinos de longa data para alugar na COP30. Há ainda quem demande reajustes no aluguel acima dos índices padrão como condição para manter contratos.

“É um momento de monetizar para ter renda extra onde você mora”, afirma o corretor Fabrício de Menezes. “Pessoas que nunca pensaram em alugar antes agora vão disponibilizar seus apartamentos. A maioria vai, inclusive, se ausentar da cidade.”

É o caso da família de Víndia Barros, que decidiu alugar o seu apartamento no bairro Umarizal, um dos mais nobres de Belém, depois de uma vizinha fechar um contrato de oito meses com uma empresa. Ela espera conseguir R$ 30 mil por diária em novembro. O valor hiper inflado já passou a ser chamado de mediano entre os moradores da região. “É uma forma de ganhar uma renda extra e colaborar com o evento”, ela diz. “Quero pedir o valor que é justo e que está na média do mercado.”

No caso de Luciana Contente, proprietária de dois imóveis num bairro nobre próximo às sedes da COP30, a solução foi um arranjo que se vai se tornando comum. Em troca de se ausentar em novembro, seu inquilino vai levar 5% dos R$6 00 mil que ela quer lucrar com a locação por 20 noites de um apartamento. Hoje, o aluguel mensal do imóvel gira em torno de R$3 mil.

“De início, meu inquilino se mostrou relutante. Mas, quando falei sobre o valor e que a gente poderia dividir lucros, ele se mostrou muito favorável”, conta. Com o dinheiro, Luciana e o marido pretendem dar entrada num novo imóvel e fazer uma terceira acomodação para a COP30.

Agentes imobiliários desaconselham novos clientes a renunciar a contratos de longo prazo ou vender bens mirando um novo imóvel, já que os aluguéis podem retroceder.

O médico Marcelo Seguin insistiu na aposta e botou um carro à venda por R$350 mil na expectativa de inteirar o valor para um apartamento de alto padrão. “É uma especulação. Seria para ganhar um dinheiro rápido, em dez ou 15 dias”, ele diz. “A gente vai ver se a minha expectativa pode virar prejuízo.”

Na semana passada, o governador Helder Barbalho negou que os preços sejam abusivos e disse que o dinheiro vai servir à economia local. O governo estadual disse ainda que o Procon vai fiscalizar hotéis da capital para adequar as tarifas na COP30. Mas não comentou o caso dos imóveis privados, que, no caso da Booking.Com e do Airbnb, são controlados pelos locatários, segundo as plataformas.

Já o governo federal promete mais 26 mil leitos e uma plataforma oficial para gerir acomodações, a fim de conter a especulação.

Cidade dividida

Enquanto isso, Belém assistiu nos últimos dois meses a uma tendência de aumento nos aluguéis de longo prazo que deverá permanecer pelo menos temporariamente.

“Passado o evento, a pressão extraordinária sobre os valores de aluguel tende a diminuir, a menos que haja outros fatores estruturais que sustentem a alta”, como a valorização imobiliária em áreas revitalizadas, explica o coordenador do FipeZAP, Alison Oliveira.

No caminho para a COP30, Belém se tornou um canteiro de obras, com projetos para melhorar a mobilidade, saneamento, desenvolvimento urbano, turismo e conectividade antes da conferência, com foco na sustentabilidade.

“A obra na frente do meu prédio vai ficar linda. Sem dúvidas, a infraestrutura e o lazer vão melhorar”, celebra Vídia, que mora diante do Parque Linear em construção. “Era uma reivindicação antiga nossa.”

Mesmo com legados positivos, os investimentos também atraem críticas por beneficiar as áreas já mais valorizadas da cidade com projetos de alto custo e reforçar a segregação social.

“Algumas obras são importantes e necessárias, como o Parque da Cidade, mas outras não são uma exigência da ONU, custam milhões e beneficiam o mercado imobiliário principalmente”, afirma Roberta Rodrigues, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Na avaliação de especialistas, a reforma de grandes avenidas ao longo de rios urbanos pode ainda aprofundar a gentrificação na Cidade Velha, que faz parte do Centro Histórico de Belém, e no Reduto, antiga zona industrial do ciclo da borracha.

Já nas periferias e favelas, onde moram 57% da população, a cidade acumula uma longa história de amplos desafios estruturais. A cobertura de esgotamento sanitário só atendia 20% dos belenenses antes das reformas, aponta o Instituto Água e Saneamento.

“Certamente a maioria dos visitantes vai conhecer uma cidade resiliente criada para a COP30”, afirma Lucas Navegantes, jovem pesquisador da UFPA. “Mas existe uma segunda cidade, a das periferias. Lá, não se está pensando a mesma perspectiva de cidade.”

Em nota, o governo do Pará disse que os investimentos de R$ 4 bilhões beneficiarão a população, inclusive com 59 quilômetros de rede de esgoto sanitário. Já a prefeitura de Belém afirmou que não há gentrificação na Cidade Velha e que se dedica a programas de inclusão social e urbanização.

Bostic, membro não votante do Fed, espera dois cortes de juros em 2025

 

Por Howard Schneider

 

WASHINGTON (Reuters) – O presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, disse nesta quinta-feira que o banco central dos Estados Unidos ainda deve ser capaz de reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual este ano, embora ainda haja muita incerteza sobre o impacto das políticas comerciais e de imigração do presidente norte-americano, Donald Trump.

Dois cortes de 0,25 ponto percentual é “minha expectativa base”, disse Bostic a repórteres em uma ligação telefônica, mas “a incerteza em torno disso é bastante significativa… Há muitas coisas que podem acontecer e que podem influenciar isso em ambas as direções”.

Bostic não é membro votante este ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsável pela fixação dos juros.

Em um ensaio divulgado nesta quinta-feira, Bostic disse não achar que os EUA estejam enfrentando um novo salto de inflação, embora tenha acrescentado que há “apreensão generalizada” entre empresas sobre como novos impostos de importação, regras de imigração e mudanças nas regulamentações podem afetar perspectivas.

“Considerados como um todo, os dados recentes sobre a inflação forneceram evidências tanto para o otimismo quanto para o pessimismo”, escreveu Bostic no ensaio, que delineou a posição do Fed ao decidir se reduzirá ainda mais os juros.

De modo geral, as empresas não reagiram aos planos do governo Trump, mas a situação criou uma incerteza “generalizada” sobre o curso da economia este ano, disse Bostic.

Ele afirmou que sua linha de base, no entanto, continua sendo a de que a inflação “continuará em uma trajetória instável em direção à meta de 2% do Comitê Federal de Mercado Aberto”.

Isso pode eventualmente levar a mais cortes, mas, por enquanto, Bostic disse que a política monetária está “em um bom lugar e a economia está forte… Por várias razões, não é hora de complacência”.

Alckmin diz que será lançada mais uma tranche de LCDs de US$ 10 bi para a indústria

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O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira, 20, que será lançada mais uma tranche de Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD) de US$ 10 bilhões para a indústria. “É crédito com juro menor para estimular o desenvolvimento industrial”, frisou Alckmin.

Ele ainda mencionou a aprovação do programa Acredita Exportação, programa que eleva o porcentual de ressarcimento tributário que incide sobre os produtos que as MPEs vendem ao mercado externo. “É estímulo para exportar mais”, disse.

Nesta quinta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou um requerimento de urgência para a aprovação de um dos projetos do chamado Acredita Exportação.

Segundo deputados ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a expectativa é de que o mérito seja votado até a semana que vem.

Alckmin também fez elogios à atuação de Portugal no acordo entre União Europeia e Mercosul. “Foi decisivo, após um quarto de século, para celebrar este acordo”, salientou.

Alckmin participou da XIV Cimeira Bilateral Brasil-Portugal, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

CNPE dá aval para Brasil aderir à AIE e à Irena como país-membro

 Ministro Alexandre Silveira | Agência Brasil

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deu aval nesta terça-feira para a inclusão do Brasil como país-membro da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena).

No início do ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já havia anunciado a retomada do processo de adesão do Brasil à Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), durante agenda oficial em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

O governo do ex-presidente Bolsonaro havia interrompido as tratativas para a adesão brasileira.

Segundo a pasta de Silveira, a adesão “amplia a influência do país na transição energética, fortalece o planejamento da segurança energética a médio e longo prazo e possibilita acesso a oportunidades estratégicas, como capacitação técnica e desenvolvimento de políticas públicas”.

Foi informado ainda que o Brasil utilizará a presença nesses organismos para “impulsionar práticas sustentáveis, tecnologias de baixo carbono e mecanismos de financiamento da transição energética”.

Em outra frente, também foi aprovada hoje a adesão do Brasil à Carta de Cooperação entre Países Produtores de Petróleo (CoC), fórum consultivo da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e dos Países Produtores de Petróleo não-membros da Opep.

Brasil bateu recorde de cargas portuárias em 2024, com 1,32 bilhão de t, mostra Antaq

 Portos brasileiros em destaque

Os portos brasileiros bateram recorde de movimentação de cargas em 2024, com um total de 1,32 bilhão de toneladas. Os números foram apresentados pelo governo federal em evento na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Apesar de números mistos entre as diferentes categorias de terminais e cargas, o saldo final ficou 1,18% acima do volume verificado em 2023.

Os portos públicos registraram 474,38 milhões de toneladas, aumento de 5,13% em comparação com o ano anterior.

Dentre esses, o Porto de Santos, em São Paulo, destacou-se com a maior movimentação, alcançando 138,69 milhões de toneladas, crescimento de 2,05%. O Porto de Salvador, na Bahia, apresentou o maior crescimento porcentual, com acréscimo de 41,18% na comparação com 2023, totalizando 6,60 milhões de toneladas.

“O crescimento nos portos públicos mostra o trabalho que tem sido feito pelas autoridades portuárias”, disse o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Ele prometeu empenho do governo para manter as condições de avanço do setor. “Criar cada vez mais segurança jurídica para quem quer empreender”, afirmou.

Costa Filho disse que, ao lado de Antaq e do Tribunal de Contas da União (TCU), busca acelerar a carteira de concessões e arrendamentos. Os terminais autorizados experimentaram leve retração, movimentando 845,98 milhões de toneladas, redução de 0,91% em relação ao período anterior.

No segmento, o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, foi o destaque positivo, com 175,78 milhões de toneladas movimentadas, acréscimo de 5,68%.

Quanto ao tipo de navegação, o transporte de longo curso contabilizou 948,17 milhões de toneladas, crescimento de 2,29%. A cabotagem, que é a navegação entre os portos brasileiros, viu um acréscimo de 0,92%, totalizando 293,56 milhões de toneladas. A navegação interior, em cursos d’água internos como por rios, teve redução de 9,58%, movimentando 75,93 milhões de toneladas.

Em relação ao tipo de carga, o transporte de granel sólido teve queda de 0,25%, com 788,50 milhões de toneladas, enquanto o de granel líquido diminuiu 3,78%, somando 313,10 milhões de toneladas. Já a carga conteinerizada, experimentou um acréscimo de 20%, alcançando 153,33 milhões de toneladas.

Dentre as cargas em destaque, o trigo liderou com um aumento de 39,51%, totalizando 9,03 milhões de toneladas. O gás de petróleo apresentou crescimento de 35,31%, com 5,29 milhões de toneladas movimentadas. Os combustíveis, óleos e produtos minerais registraram um aumento de 23,63%, somando 4,06 milhões de toneladas.

Preços de remédios devem ter reajuste menor em 2025; entenda

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica nesta segunda-feira, 17, informando que o Fator Y, um dos componentes para o cálculo do reajuste anual dos preços dos medicamentos no país, será zero para 2025/2026.

O teto do reajuste para remédios em 2025 deve ser anunciado pelo governo até o final de março. Para decidir sobre o tamanho dos reajustes, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) usa a fórmula IPCA – Fator X + Fator Y + Fator Z.

O Fator X, que mensura a produtividade da indústria farmacêutica no país, foi definido pela CMED no mês passado em 2,459% para o período de julho de 2024 a junho de 2025.

O Fator Y, conforme a nota técnica da Anvisa, é definido como o ajuste de preços entre o setor farmacêutico e os demais setores da economia, calculado com base nos custos não recuperados pelo IPCA.

Tal ajuste, explicou a agência, permite minimizar o impacto desses custos que não são captados diretamente no cálculo do índice de inflação e que possuem impacto relevante sobre a estrutura de custo da indústria farmacêutica.

Enquanto isso, o Fator Z é um fator de ajuste de preços relativos intrassetores.

Projeção do mercado

Analistas do Itaú BBA afirmaram que o Fator Y ficou dentro das suas expectativas, mas abaixo do que veem como esperado pelo mercado, em torno de 1%. A partir dos fatores já publicados, eles calculam que o reajuste final dos medicamentos deve ficar em torno de 3,7%.

O teto para reajuste de medicamentos em 2024 ficou em 4,5%.

Confirmada as expectativas, o reajuste dos remédios também ficará abaixo da inflação oficial do país do ano passado que ficou em 4,83%.

“Para a Hypera, estimamos que menos de 40% das receitas da empresa estão expostas ao aumento de preços da CMED”, acrescentaram Vinicius Figueiredo e equipe em relatório enviado a clientes no final da segunda-feira.

“Dessa forma, há espaço para a empresa compensar esse efeito aumentando os preços no restante de seus produtos não regulados por preços.”

Reflexos para as farmácias

Em relação aos potenciais efeitos em drogarias, os analistas do Itaú BBA desta vez liderados por Rodrigo Gastim avaliaram negativamente um potencial reajuste abaixo da inflação, destacando que contrasta com os últimos dois anos, quando os ajustes estavam virtualmente em linha com o IPCA.

“Tal cenário pode prejudicar a capacidade das farmácias de entregar alavancagem operacional, particularmente no segundo semestre de 2025, pois esperamos que a inflação acelere ao longo do ano”, afirmaram os analistas, em relatório separado.

Após a definição do fator Y, e também considerando outras premissas, os analistas do Itaú BBA reduziram a previsão para o lucro líquido da RD Saúde em 7% para 2025 e em 8% para 2026.

Gastim e equipe ainda chamaram a atenção para outra medida que impacta os preços que ocorrerá simultaneamente neste ano: a resolução que reduz os preços máximos dos medicamentos para refletir uma diminuição de carga tributária ocorrida anos atrás – ou seja, a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.

Isso, na visão dos analistas, pode levar a uma redução de preços ao consumidor de até 2,59%, dependendo da carga tributária específica de cada produto.