
Remédios empilhados em farmácia (Crédito: Agência Brasil)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica nesta segunda-feira, 17, informando que o Fator Y, um dos componentes para o cálculo do reajuste anual dos preços dos medicamentos no país, será zero para 2025/2026.
O teto do reajuste para remédios em 2025 deve ser anunciado pelo governo até o final de março. Para decidir sobre o tamanho dos reajustes, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) usa a fórmula IPCA – Fator X + Fator Y + Fator Z.
O Fator X, que mensura a produtividade da indústria farmacêutica no país, foi definido pela CMED no mês passado em 2,459% para o período de julho de 2024 a junho de 2025.
O Fator Y, conforme a nota técnica da Anvisa, é definido como o ajuste de preços entre o setor farmacêutico e os demais setores da economia, calculado com base nos custos não recuperados pelo IPCA.
Tal ajuste, explicou a agência, permite minimizar o impacto desses custos que não são captados diretamente no cálculo do índice de inflação e que possuem impacto relevante sobre a estrutura de custo da indústria farmacêutica.
Enquanto isso, o Fator Z é um fator de ajuste de preços relativos intrassetores.
Projeção do mercado
Analistas do Itaú BBA afirmaram que o Fator Y ficou dentro das suas expectativas, mas abaixo do que veem como esperado pelo mercado, em torno de 1%. A partir dos fatores já publicados, eles calculam que o reajuste final dos medicamentos deve ficar em torno de 3,7%.
O teto para reajuste de medicamentos em 2024 ficou em 4,5%.
Confirmada as expectativas, o reajuste dos remédios também ficará abaixo da inflação oficial do país do ano passado que ficou em 4,83%.
“Para a Hypera, estimamos que menos de 40% das receitas da empresa estão expostas ao aumento de preços da CMED”, acrescentaram Vinicius Figueiredo e equipe em relatório enviado a clientes no final da segunda-feira.
“Dessa forma, há espaço para a empresa compensar esse efeito aumentando os preços no restante de seus produtos não regulados por preços.”
Reflexos para as farmácias
Em relação aos potenciais efeitos em drogarias, os analistas do Itaú BBA desta vez liderados por Rodrigo Gastim avaliaram negativamente um potencial reajuste abaixo da inflação, destacando que contrasta com os últimos dois anos, quando os ajustes estavam virtualmente em linha com o IPCA.
“Tal cenário pode prejudicar a capacidade das farmácias de entregar alavancagem operacional, particularmente no segundo semestre de 2025, pois esperamos que a inflação acelere ao longo do ano”, afirmaram os analistas, em relatório separado.
Após a definição do fator Y, e também considerando outras premissas, os analistas do Itaú BBA reduziram a previsão para o lucro líquido da RD Saúde em 7% para 2025 e em 8% para 2026.
Gastim e equipe ainda chamaram a atenção para outra medida que impacta os preços que ocorrerá simultaneamente neste ano: a resolução que reduz os preços máximos dos medicamentos para refletir uma diminuição de carga tributária ocorrida anos atrás – ou seja, a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.
Isso, na visão dos analistas, pode levar a uma redução de preços ao consumidor de até 2,59%, dependendo da carga tributária específica de cada produto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário