
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, avalia que o Brasil deve ter um 2025 de ‘juro para valer’, reiterando as projeções do banco de uma Selic de 15,25% no pico, e de 14,75% ao fim do ano – após um corte no segundo semestre. O executivo participou do evento Plano de Voo 2025, da Amcham Brasil, que ocorre nesta segunda-feira, 17.
Apesar do comentário, reiterando o cenário de Selic, Honorato analisa que ainda há pouca previsibilidade para firmar expectativas acerca da política monetária, e que o início de uma nova administração nos Estados Unidos também pesa na balança.
“É consensual que juros serão mais altos [globalmente], principalmente se Trump ‘chacoalhar’ mais – e nós emergentes sabemos melhor o valor da previsibilidade. Mas nem essa premissa podemos tomar como verdade. Ainda falta uma âncora sólida. O preço dos ativos pode ir de um lado para outro, como vimos ocorrer com o dólar. Essa desancoragem é o que vai mais dificultar a vida do Banco Central“, disse.
Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, complementou a fala citando que o fiscal de 2026 deve ficar no radar para projeções macroeconômicas – considerando que já nos próximos meses há datas chave para o tema.
“Depois que aprovar o orçamento, tivermos Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2026 aprovada, que acontece em abril, o orçamento de 2026 sendo detalhado em agosto, teremos mais fricções de informações sobre política fiscal, o que é importante nesse cálculo dos riscos dos ativos.”
Nesse sentido, Vescovi ressalta que o Santander enxerga ‘boas chances’ de o governo cumprir as metas fiscais, mas com desafios. A visão da casa é de que o Governo precisará realizar um contingenciamento de gastos entre R$ 17 bilhões e R$ 25 bilhões.
Dólar mais baixo deve ser fruto de fiscal controlado
Honorato, do Bradesco, aponta que os modelos sugerem um dólar mais próximo de R$ 5 do que de R$ 6, mas que o fiscal deve ser um componente relevante para reduzir a volatilidade e a depreciação da moeda.
“Moeda depende de muitos fatores. Se nos próximos 3 ou 4 anos tivermos um ajuste fiscal mais profundo, aí poderemos apostar em um dólar mais próximo da média histórica”, disse, após citar que a média histórica do dólar desde 1980 é de R$ 3,93, subindo paulatinamente conforme a janela de comparação fica mais curta.
Vescovi pontua que os ‘choques’ no câmbio não são sustentáveis, relembrando os episódios recentes que fizeram o dólar bater R$ 6,30, e perder fôlego constantemente logo em seguida.
“Falando de uma visão mais distanciada. O que vemos, quando colocamos nos modelos é que, quando há um choque no mercado cambial, ele não persiste. Em algum momento ele volta. No longo prazo pode ter tendência de depreciação, claro, mas quando víamos o dólar a R$ 6,30 ou até acima disso, é perceptível que os modelos não se sustentam. Tem várias reações que trazem esse dólar para um patamar mais ‘comportado’, digamos assim.”
Mercado vê Selic terminal de 15%
Conforme a edição mais recente do Boletim Focus, o consenso do mercado financeiro projeta uma taxa Selic terminal de 15% em 2025. A projeção é mantida há seis semanas consecutivas.
Já para o ano que vem, o mercado financeiro espera uma taxa básica de juros em 12,50% – projeção 0,25 ponto percentual (p.p.) maior do que há quatro semanas, quando o Focus apontava para 12,25% de Selic.
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